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Fernando Saraiva
Direito Financeiro
Para isso, o Estado precisa de recursos financeiros. O manejo desses recursos é o que
caracteriza a atividade financeira estatal.
A atividade financeira do Estado, que gera despesas públicas, está vinculada à satisfação
de três necessidades públicas básicas, inseridas na ordem jurídico-constitucional: a pres-
tação de serviços públicos, o exercício regular do poder de polícia e a intervenção no do-
mínio econômico1.
Podemos, também, falar sobre as necessidades de natureza essencial, que são as atendi-
das de forma direta e exclusiva pelo Estado, como segurança nacional, segurança pública,
atividade jurisdicional, que representas os interesses primários do Estado. São indelegá-
veis.
1
Harada Kyoshi, Direito Financeiro e Tributário, 24ª Edição, Editora Atlas, p. 5
blicas primárias, que são aquelas de interesse geral, satisfeitas exclusivamente pelo pro-
cesso do serviço público
Segundo Alberto Deodato, citado por Kyoshi Harada (idem), a atividade financeira do Es-
tado é a procura de meios para satisfazer às necessidades públicas.
Segundo Geraldo Ataliba, saudoso mestre: Direito Financeiro é a ciência exegética, que
habilita, mediante critérios puramente jurídicos, os juristas a compreender e bem aplicarem
as normas jurídicas, substancialmente financeiras, posta em vigor.
Regis Fernandes de Oliveira nos ensina que a disciplina jurídica da atividade financeira do
Estado denomina-se Direito Financeiro.
Já o mestre Reale: indica que o Direito Financeiro é uma disciplina que tem por objeto toda
a atividade do Estado no concernente à forma de realização da receita e despesa necessá-
rias à execução de seus fins
Orçamento
Segundo o mestre Aliomar Baleeiro, citado por Kiyoshi Harada, o orçamento é considerado
o ato pelo qual o Poder Legislativo prevê e autoriza ao Poder executivo, por certo período
e em pormenor, as despesas destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e outros
adotados pela política econômica ou geral do país, assim como a arrecadação de recitas já
criadas em lei.2
2
Uma introdução à ciência das finanças, 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1969, p. 397
3
Planos são diretrizes mais amplas, onde encontramos os princípios e finalidades para a ação. Os programas
servem para traçar o perfil do sujeito que se envolverá com o trabalho, comportamento, postura administrati-
va, diagnosticar a situação, elaborar as ações e medidas que deverão ser tomadas. Os programas afunilam os
planos, eles se referem às áreas restritas de atuação. Aqui podemos identificar o que será o objeto da ação.
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Baseado em “Dívida Pública: a experiência brasileira” publicado pelo Tesouro Nacional.
Assim, podemos dizer que a natureza jurídica de uma lei orçamentária é em parte individu-
al (efeito concreto) e em outra geral (efeito abstrato).
Orçamento – Programa
Esse tipo de orçamento foi introduzido no Brasil pela Lei 4.320/64 e do Decreto-lei 200/67 e
funciona como um plano de trabalho, um instrumento de planejamento da ação do governo,
pela identificação dos seus programas de trabalho, projetos e atividades, além do estabeleci-
mento de objetivos e metas a serem implementados, bem como a previsão dos custos relacio-
nados.
Os órgãos governamentais, por sua vez, deverão justificar anualmente, na fase de elaboração
da sua proposta orçamentária, a totalidade de seus gastos, sem utilizar o ano anterior como
valor inicial mínimo.
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Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online :
http://www.portaleducacao.com.br/administracao/artigos/44343/especies-de-orcamento-
publico#ixzz4FdRvIHlo
Princípios orçamentários
Os princípios que norteiam uma lei de orçamento anual são:
I. Exclusividade: a lei orçamentária não pode ter dispositivo estranho à fixação de despesa
e à previsão de receita;
II. Programação: deve ter conteúdo e forma de programação, com a formulação de objeti-
vos e o estudo das alternativas da ação futura para alcançar os fins da atividade governa-
mental;
III. Equilíbrio orçamentário: relação de equivalência entre o montante das despesas autori-
zadas e o volume da receita prevista no orçamento;
IV. Anualidade: período de um ano para a execução do orçamento;
V. Unidade: sistema integrado de planejamento/orçamento programa, realçando a neces-
sidade de que os orçamentos de todos os órgãos do setor público se fundamentem em
uma única política orçamentária, sejam estruturados uniformemente e se ajuste, a um mé-
todo único, relacionando-se com o princípio da programação;
VI. Universalidade: todas as rendas e despesas dos Poderes, fundos, órgãos e entidades
da Administração Direta e Indireta sejam incluídos no orçamento anual geral;
VII. Legalidade: leis de iniciativa do Presidente estabelecerão o plano plurianual, as diretri-
zes orçamentárias e os orçamentos anuais. O princípio da legalidade estende-se também
aos planos, programas, operações de abertura de crédito, etc.
VIII. Transparência orçamentária: O projeto de lei orçamentária será acompanhado de de-
monstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções,
anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia.
IX. Não vinculação da receita de impostos: por regra, é vedado a vinculação de receita de
impostos a órgão, fundo ou despesa.
X. O princípio da especialidade ou da especificação abrange tanto o aspecto qualitativo dos
créditos orçamentários quanto o quantitativo, vedando a concessão de créditos ilimitados, de-
vendo haver a explicitação da finalidade e da natureza da despesa.
Leis orçamentárias
Plano Plurianual (PPA)
Segundo a Constituição Federal:
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
III - os orçamentos anuais.
O PPA é um plano de longo prazo para atingir objetivos e metas traçadas e deve ser utili-
zado em todos os níveis de governo.
O PPA deve ser elaborado pelo Executivo e enviado ao Legislativo até quatro meses antes
do encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção do Chefe do
Executivo até encerramento da sessão legislativa (ano).
Sua vigência vai até o final do primeiro ano de mandato presidencial subsequente.
A lei que instituir o PPA estabelecerá de forma regionalizada, diretrizes, objetivos e metas
da Administração Pública para despesas de capital e outras delas decorrentes e para as
relativas aos programas de duração continuada
Diretrizes são linhas gerais de ação estipuladas em consonância com as políticas defini-
das, tendo em vista o atingimento dos macro-objetivos relacionados à materialização de
tais políticas. As diretrizes balizam o caminho a ser percorrido num determinado período de
tempo, buscando atingir os resultados mais expressivos visados pela ação governamental.
Ex. melhorar a educação e a rede de iluminação pública do Município.
Objetivos são os resultados concretos que se pretende obter e manter por intermédio de
um certo empreendimento considerado no seu global e não apenas em relação à parte que
será executada num determinado ano. Ex.: ampliar a rede de energia elétrica, construção
de novas escolas, etc.
Até o envio do projeto da LDO, deverá ser encaminhado ao Congresso Nacional um relató-
rio com informações necessárias sobre o adequado atendimento dos projetos em anda-
mento e despesas de conservação do patrimônio público. A inclusão de novos projetos
somente poderá ocorrer após concluídos os em andamento.
A lei de diretrizes orçamentárias disporá sobre equilíbrio entre receitas e despesas; crité-
rios e forma de limitação de empenho; normas relativas ao controle de custos e à avaliação
dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos e demais condi-
ções e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas.
De acordo com o projeto de lei de crimes fiscais, será responsabilizado o Prefeito que não
apresentar esse Anexo de Metas Fiscais.
A lei de diretrizes orçamentárias também conterá o Anexo de Riscos Fiscais, onde serão
avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas
(exemplo: aumento excessivo da moeda estrangeira), informando as providências a serem
tomadas, caso se concretizem.
A LDO deve conter os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial, bem como os
parâmetros e as projeções para seus principais agregados e variáveis, e ainda as metas
de inflação, para o exercício subsequente6.
Em síntese7:
De acordo com a Constituição, a LDO deve, no mínimo, identificar os seguintes itens:
I.Estabelecer as metas e prioridades da administração, incluindo as despesas de capital
previstas para o exercício seguinte;
II.Estabelecer critérios para elaboração da lei orçamentária anual, explicando onde serão
feitos os maiores investimentos, o valor que caberá ao Legislativo, o percentual para a-
bertura de créditos suplementares e outras informações prévias sobre o futuro Orçamen-
to; - Estabelecer as alterações programadas na legislação tributária, informando quais as
medidas que pretende aplicar na política de tributos;
III.Estabelecer os critérios que pretende implantar na política de Pessoal, na lei de cargos e
salários, no ordenamento salarial, na reestruturação de carreiras etc. Importante ressaltar
que serão nulas as despesas de pessoal não previstas na LDO.
6
De Oliveira Régis Fernandes, Ob. Cit., p. 696
7
http://www.consultormunicipal.adv.br
e. Estabelecer critérios para início de novos projetos, após o adequado atendimento dos
que estão em andamento;
f. Estabelecer critérios de programação financeira mensal para todo o Município, incluin-
do a Câmara Municipal,
g. Estabelecer o percentual da receita corrente líquida a ser retido na peça orçamentária,
como Reserva de Contingência.
É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade imprecisa ou com dotação
ilimitada.
A lei orçamentária não consignará dotação para investimento com duração superior a um
exercício financeiro que não esteja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize a
sua inclusão.
Não podem constar na LOA crédito com finalidade imprecisa, dotação para investimento
com duração superior a um exercício que não esteja previsto no PPA ou em lei que autori-
ze a inclusão.
Receita Pública
O ser humano é um animal gregário, tendo em vista que já a partir do seu nascimento sur-
ge a dependência a um ser da mesma espécie, tanto para sobreviver, quanto para se de-
senvolver.
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Tribunal de Contas do Estado de São Paulo
Ao longo da história observamos uma série de associações, ora com fins determinados por
seus criadores, denominadas sociedades individuais, ora com fins a serem determinados
por meio da oitiva de seus membros, chamadas sociedades políticas.
Este estudo inicia-se com uma superficial análise da estrutura de uma dessas sociedades
políticas, quiçá a mais complexa, intitulada pela expressão Estado.
Nela, encontramos uma relação de direitos fundamentais como a vida, a liberdade, a igual-
dade, entre outros; o desenho estrutural dos principais órgãos estatais, a saber, Executivo,
Legislativo e Judiciário; e, também, os objetivos fundamentais, que são tanto a razão quan-
to o fim da existência do Estado.
O modelo atual do Estado Brasileiro foi pincelado originariamente pela Constituição Fede-
ral de 1988.
Nela, fixou-se a forma federativa que possibilitou a descentralização política entre as enti-
dades federativas União, Estados Membros, Municípios e Distrito Federal, todas inseridas
num corpo maior, soberano e de convivência internacional denominado República Federa-
tiva do Brasil.
Esses encargos visam em último estágio o alcance dos objetivos fundamentais, insertos no
art. 3º da Carta Magna, nos seguintes termos:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do
Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
É evidente que para a manutenção de toda essa estrutura estatal, como para o custeio de
todas as atividades estatais, entre outras despesas, mister a obtenção de recursos finan-
ceiros.
Entre outras classificações, esses recursos públicos se denominam como receitas originá-
rias e receitas derivadas.
A Receita Pública Derivada vem de uma derivação da riqueza privada ao Estado, sendo
esta exigida unilateralmente pelo Poder Público, ou seja, sem a anuência do particular.
Essa atividade impositiva do Estado faz com que os cofres públicos sejam irrigados de
tributos e de multas.
Assim a Constituição Federal dispõe que pertencem aos Estados e ao Distrito Federal o
produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer nature-
za, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarqui-
as e pelas fundações que instituírem e mantiverem; vinte por cento do produto da arreca-
dação do imposto residual que a União venha a instituir.
Despesa Pública
As despesas públicas, segundo a Lei nº 4.320/64, classificam-se em:
§ 1º Classificam-se como Despesas de Custeio as dotações para ma-
nutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a
atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis.
§ 2º Classificam-se como Transferências Correntes as dotações para
despesas as quais não corresponda contraprestação direta em bens ou
Despesas de custeio
DESPESAS CORRENTES Transferências correntes
A entrada de recursos nos cofres estatais (erário) implica que o Estado deve aplicá-los,
mediante autorização legislativa, nos fins previamente traçados, gerando a despesa públi-
ca.
Para se realizar uma despesa pública, deve haver a correspondente previsão no orçamen-
to ou em créditos suplementares ou especiais. Essa previsão se dá por dotação.
Pela classificação é possível visualizar o orçamento por poder, por função de governo,
por sub-função, por programa e por categoria econômica.
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Segundo o Tesouro da Fazenda:
Programa é o instrumento de organização da atuação governamental que articula um conjunto de ações que concorrem
para a concretização de um objetivo comum preestabelecido, visando à solução de um problema ou ao atendimento de
determinada necessidade ou demanda da sociedade
Atividade é um instrumento de programação utilizado para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto
de operações que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto ou serviço necessário à
manutenção da ação de Governo.
Projeto é um instrumento de programação utilizado para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto
de operações, limitadas no tempo, das quais resulta um produto que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da
ação de Governo.
Categoria Econômica: a despesa, assim como a receita, é classificada em duas categorias econômicas, a saber, Despesas
Correntes e Despesas de Capital.
Elemento ou objeto de despesa tem por finalidade identificar os objetos de gasto, tais como vencimentos e vantagens
fixas, juros, diárias, material de consumo, serviços de terceiros prestados sob qualquer forma, subvenções sociais, obras e
instalações, equipamentos e material permanente, auxílios, amortização e outros que a administração pública utiliza para
a consecução de seus fins
Cada programa deve conter o objetivo; o órgão responsável; o valor global; o prazo de
conclusão; a fonte de financiamento; o- indicador que quantifique a situação que o progra-
ma tenha por fim modificar; as metas correspondentes aos bens e serviços necessários
para atingir o objetivo; as ações não integrantes do Orçamento Geral da União necessárias
à consecução do objetivo e a regionalização das metas por Estado.
Os recursos para os créditos adicionais devem vir de superávit financeiro, excesso de ar-
recadação (acima da previsão), anulação parcial ou total de dotações ou outros créditos ou
de operações de crédito.
Empenho é um ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado a obriga-
ção de pagamento pendente ou não de implemento de condição; é a garantia de que exis-
te o crédito necessário para a liquidação de um compromisso assumido.
Estimativo: empenho utilizado para as despesas cujo montante não se pode determinar
previamente, tais como serviços de fornecimento de água e energia elétrica, aquisição de
combustíveis e lubrificantes e outros;
Global: empenho utilizado para despesas contratuais ou outras de valor determinado, su-
jeitas a parcelamento, como, por exemplo, os compromissos decorrentes de aluguéis.
O empenho poderá ser reforçado quando o valor empenhado for insuficiente para atender
à despesa a ser realizada, e, caso o valor do empenho exceda o montante da despesa
realizada, o empenho deverá ser anulado parcialmente. Ele será anulado totalmente quan-
do o objeto do contrato não tiver sido cumprido, ou ainda, no caso de ter sido emitido incor-
retamente.
E como última etapa da despesa, temos o pagamento com base na emissão da ordem de
pagamento por meio da autoridade competente.
Por seu caráter extraordinário e urgente, a Constituição Federal permite que os créditos
adicionais dessa natureza sejam criados por meio de Medidas Provisórias.
Regime de adiantamento:
São para compras de pequeno valor, que não podem esperar por um processo licitatório,
por sua urgência.
Servidor em alcance é aquele que não prestou contas do suprimento de fundos no prazo
estabelecido ou não teve aprovada as contas em virtude de aplicação do adiantamento
em despesas que não aquelas para as quais foi fornecido.
Não se consideram para os fins do parágrafo acima as operações de credito por antecipa-
ção da receita, as emissões de papel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e
passivo financeiros.
Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas
quaisquer deduções.
As cotas de receitas que uma entidade pública deva transferir a outra incluir-se-ão, como
despesa, no orçamento da entidade obrigada a transferência e, como receita, no orçamen-
to da que as deva receber.
Em casos de déficit, a Lei de Orçamento indicará as fontes de recursos que o Poder Exe-
cutivo fica autorizado a utilizar para atender a sua cobertura.
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, medi-
ante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal,
na forma da lei.
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de
Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Muni-
cípios, onde houver.
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da
Câmara Municipal.
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de
qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimi-
dade, nos termos da lei.
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer
prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valo-
res públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituí-
das e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda,
extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem
como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias
posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório;
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Co-
missão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, or-
çamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislati-
vo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais (empresa estatal que per-
tence a mais de uma nação) cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta,
nos termos do tratado constitutivo;
Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º (Comissão mista per-
manente de orçamento e finanças), diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda
que sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não aprovados, poderá
solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo de cinco dias, preste os es-
clarecimentos necessários.
§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a Comissão
solicitará ao Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias.
§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa
causar dano irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso Nacional
sua sustação.
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, siste-
ma de controle interno com a finalidade de:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos progra-
mas de governo e dos orçamentos da União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão
orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem
como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e
haveres da União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregula-
ridade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de res-
ponsabilidade solidária.
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na
forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da Uni-
ão.
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização,
composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem
como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.
Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respec-
tivos, que serão integrados por sete Conselheiros.
Essa lei, denominada Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), veio a disciplinar o previsto
nos arts. 163 e 169 da Constituição Federal, sobretudo nos seguintes dispositivos:
Art. 163. Lei complementar disporá sobre:
I - finanças públicas;
A LRF traz uma série de orientações para a limitação de gastos públicos e comina penali-
dades para os gestores que administram de forma irresponsável os parcos recursos exis-
tentes.
O apenado pode ser o responsável principal que é o que pratica a malversação dos recur-
sos públicos, ou, até mesmo, outra pessoa vinculada de alguma forma a esse agente. Es-
sa pessoa vinculada ao agente malversador é o responsável subsidiário.
Como principal objetivo da LRF tem-se a responsabilidade fiscal na gestão pública, assim
positivada:
Art. 1º, § 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação plane-
jada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capa-
zes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento
de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites
e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas
com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobili-
ária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, conces-
são de garantia e inscrição em Restos a Pagar.
A LRF abrange todos os Poderes das entidades federativas, o Ministério Público e o Tribu-
nal de Contas, as estatais e os respectivos fundos.
10
De Oliveira Régis Fernandes, Ob. Cit., p. 6
II. Dotação, em sentido amplo, é o recurso fixado no orçamento para atender às necessi-
dades de determinado órgão, fundo ou despesa;
III. Contingenciamento significa o bloqueio de empenho, como diz a lei, em alguma uni-
dade ou um elemento de despesa13;
11 A receita corrente líquida procura captar a efetiva capacidade de arrecadação do ente público, enquanto a receita de
capital tem natureza eventual, fortuita, não traduzindo a normalidade da arrecadação governamental.
12 Meirelles Hely Lopes, Direito municipal brasileiro, p. 222.
13 Meirelles Hely Lopes, Finanças municipais, p. 183.
VI. Resultado nominal é o balanço entre as receitas totais e as despesas totais, e corres-
ponde à necessidade de financiamento do setor público. O resultado nominal equivale à
variação total da dívida fiscal líquida no período.
VII. Contingência é uma condição ou situação cujo o resultado final, favorável ou desfavo-
rável, depende de eventos futuros incertos. Em contabilidade essa definição se restringe
às situações existentes à data das demonstrações e informações contábeis, cujo efeito
financeiro será determinado por eventos futuros que possam ocorrer ou deixar de ocorrer.
VIII. A perda contingente deve ser provisionada sempre que: (1) for provável que eventos
futuros e/ou a experiência passada venham a confirmar a diminuição do valor de realiza-
ção ou de recuperação de um ativo ou a existência de um passivo; e (2) a perda puder ser
razoavelmente estimada.
Contudo, caso o montante envolvido não possa ser razoavelmente estimado, toda e qual-
quer informação relevante deve ser divulgada, pelo menos, em nota explicativa, de modo
que os usuários das demonstrações contábeis possam tomar conhecimento dos riscos
contingentes a que uma dada companhia está sujeita.
Toda e qualquer informação relevante deve ser divulgada em nota explicativa, mesmo que
as incertezas sejam grandes;
IX. Renúncia de receitas: ocorre quando concedido crédito presumido, diminuição da ba-
se de cálculo, diminuição da alíquota, remissão, anistia, isenção, subsídios, etc.
X. Restos a Pagar quer dizer despesa empenhada mas não paga até o fim do exercício
financeiro.
Da execução orçamentária
Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, o Poder Executivo estabelecerá a pro-
gramação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso (distribuição do
orçamento anual em cotas mensais, em função da expectativa de ingresso da receita).
Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Poder Executivo demonstrará e
avaliará o cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública na
comissão do orçamento ou equivalente nas Casas Legislativas estaduais e municipais.
Caso a receita venha evoluindo abaixo do esperado, comprometendo, por isso, os resulta-
dos prometidos na LDO, os Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e o Ministério Públi-
co, por conta própria, contingenciarão (“congelarão”) parte de suas verbas e quotas finan-
ceiras, na medida exata da queda da receita.
O critério dessa restrição orçamentária estará previsto na LDO (ex.: a primeira despesa a
ser cortada será a de investimentos, depois as ações desportivas e culturais; depois os
adiantamentos para viagem).
Previsão e arrecadação
Essa avaliação de desempenho da receita acontecerá a cada dois meses, tendo por base
o documento anual que estimou a arrecadação, para intervalo de dois meses (art. 13,
LRF). Sem essas metas bimestrais de receita não seria possível tal controle orçamentário .
Até o final de maio, setembro e fevereiro, a Prefeitura, em audiência pública, demonstrará
a realização do que se afiançou, na LDO (art. 9º, § 4º, LRF).
Art. 13. Após trinta dias da publicação do orçamento, as receitas previstas
serão desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arre-
cadação, com a especificação, em separado, quando cabível, das medi-
das de combate à evasão e à sonegação, da quantidade e valores de a-
ções ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da evolução do
montante dos créditos tributários passíveis de cobrança administrativa.
Há a necessidade de previsão do que se espera arrecada para cada intervalo de dois me-
ses. Essas metas bimestrais de arrecadação possibilitam o cálculo que pode resultar no
“congelamento” de dotações.
Quando a receita própria mostrar-se declinante nos 3 últimos anos, a política tributária po-
derá conter:
I. medidas para atualização do cadastro de contribuintes;
Não receberá transferência voluntária o Município que se furtar à cobrança dos impostos
que lhe são próprios.
Renúncia Fiscal
O art. 165, § 6º a Constituição Federal determina que o orçamento anual se faça acompa-
nhar de um demonstrativo, onde a Administração revele as consequências fiscais da re-
núncia de receita.
A Lei de Responsabilidade Fiscal limita, com mais vigor, a desistência em questão, obri-
gando o governo concessor a demonstrar que a renúncia não prejudicará os resultados
propostos na LDO, ou então, que a perda será compensada com ações que resultem no
aumento da receita tributária própria (elevação de alíquotas, ampliação da base de cálcu-
lo). Ex.: isenção de IPTU para um bairro pobre terá, em contrapartida, a elevação do valor
venal dos imóveis de um bairro rico.
Segundo a Lei Fiscal, desapropriação de imóveis urbanos iguala-se a esse tipo de despe-
sa (art. 16, §4º, II).
Se não atenderem aqueles dois requisitos, as novas despesas serão tidas como não auto-
rizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público.
Para o projeto de lei de crimes fiscais, constitui delito contra as finanças públicas a ordena-
ção de gasto não autorizado.14
14
Obra citada no item 11
15
Receita corrente líquida é a soma de doze meses de arrecadação, a do mês de apuração e a dos onze anteriores, excluí-
das as duplicidades.
Duplicidade acontece quando se conta, duas vezes, os repasses, p.ex., da Prefeitura para uma autarquia municipal, uma
vez como receita geral da Prefeitura, outra na autarquia, como receita transferida. Isto tudo, óbvio, quando se quer saber
a receita de todo o Município. A receita corrente líquida - RCL é produto do seguinte cálculo:
Nível estadual de governo:
• Receita Corrente da Administração direta estadual
• (+) Receita Corrente Própria de autarquias, fundações e empresas dependentes
• (-) Transferências de impostos aos municípios (ICMS, IPVA, IPI/Exp.)
• (-) Contribuição dos servidores estaduais ao sistema próprio de previdência
• (-) Receita de compensação entre regimes de previdência (L.9.796/99)
• (=) receita corrente líquida do Estado
Nível municipal de governo
• Receita Corrente da Administração direta municipal
• (+) Receita Corrente Própria de autarquias, fundações e empresas dependentes
• (-) Contribuição dos servidores municipais - sistema próprio de previdência
Esfera estadual:
• Administração do Estado:...............................49%
• Assembléia Legislativa e Tribunal de Contas. 3% (*)
• Tribunal de Justiça e outros, quando houver:...6%
• Ministério Público:...........................................2%
• Total ..............................................................60%
(*) esse limite, de 3%, será distribuído entre Assembléia e Tribunal de Contas do Estado,
conforme média havida nos três últimos exercícios.
Esfera municipal
• Prefeitura do Município...................................54%
• Câmara dos Vereadores................................... .6%
• Total ...............................................................60%
Superados os limites máximos, o órgão em desvio terá 8 meses para se ajustar, adotando,
se necessários, os mecanismos de corte da Reforma Administrativa: a) redução de 20%
das despesas com cargos de confiança; b) exoneração dos servidores não estáveis; c)
exoneração dos estáveis, segundo os critérios da Lei 9.801/99 (menor tempo de serviço,
maior remuneração, menor idade).
Limites da dívida
Caso sejam ultrapassados os limites do Senado, o ente federado terá 12 meses para dimi-
nuir o saldo das dívidas mobiliária e consolidada, reconduzindo-as aos parâmetros da lei.
No primeiro quadrimestre do ajuste, a redução deverá alcançar 25% do excesso.
Quando houver calamidade pública reconhecida pela Assembléia Legislativa, aquele prazo
de conformação, de 12 meses, ficará suspenso. Já, na hipótese de baixo crescimento do
Produto Interno Bruto – PIB o prazo dobra, salta para 24 meses.
As operações de crédito não financiarão despesas de custeio. Eis, aqui, regra de ouro da
responsabilidade fiscal. Empréstimos e financiamentos só bancarão despesas que engran-
decem o patrimônio.
Estão vedadas, igualmente, as operações entre banco público e seu ente controlador (ex.:
Caixa Econômica Federal não pode emprestar dinheiro à União).
Restos a pagar
Em 31 de dezembro, as despesas do exercício, não pagas (restos a pagar são as despe-
sas empenhadas e não pagas), precisarão estar, todas elas, amparadas no Ativo Financei-
ro (contas Caixa e Banco).
Gestão patrimonial
As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Esta-
dos, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das
empresas por ele controladas, em instituições financeiras oficiais.
As disponibilidades de caixa dos regimes de previdência social, geral e próprio dos servi-
dores públicos, ainda que vinculadas a fundos específicos, ficarão depositadas em conta
separada das demais disponibilidades de cada ente e aplicadas nas condições de merca-
do, com observância dos limites e condições de proteção e prudência financeira.
As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis, durante todo o
exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elabo-
ração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.
Contas Públicas
Haverá um relatório contábil, onde esteja demonstrado, uma a uma, as disponibilidade de
caixa e, nelas incluídas, os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa obrigatória (ex.:
contas da Educação, dos fundos especiais etc).
Até 30 de junho a União agregará as contas públicas como um todo e por nível de gover-
no. O produto dessa tarefa será disponibilizado ao público, inclusive por meio eletrônico.
Para tanto, os Municípios encaminharão suas contas até 30 de abril. Os Estados têm prazo
maior, 31 de maio.
O Relatório de Gestão Fiscal, feito por Poder, revela a realização de despesas sujeitas a
limite (pessoal, ARO, Restos a Pagar) e a posição da dívida, também submetida a barrei-
ras.
O Relatório Fiscal será publicado até 30 dias após o quadrimestre. Municípios com menos
de 50 mil habitantes poderão divulgar esse documento em intervalos semestrais.
O Relatório Orçamentário será publicado até 30 dias após o bimestre. Demonstrativo que o
acompanha poderá ser divulgado em intervalos semestral, isto, apenas, para municípios
com menos de 50 mil habitantes (art. 63, II, c).
Tribunal de Contas
O cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal será fiscalizado pelos Tribunais de Con-
tas.
16
Obra citada no item 13
§ 1o A divulgação dos relatórios e demonstrativos deverá ser realizada em até trinta dias
após o encerramento do semestre.
§ 2o Se ultrapassados os limites relativos à despesa total com pessoal ou à dívida consoli-
dada, enquanto perdurar esta situação, o Município ficará sujeito aos mesmos prazos de
verificação e de retorno ao limite definidos para os demais entes.
Art. 64. A União prestará assistência técnica e cooperação financeira aos Municípios para
a modernização das respectivas administrações tributária, financeira, patrimonial e previ-
denciária, com vistas ao cumprimento das normas desta Lei Complementar.
§ 1o A assistência técnica consistirá no treinamento e desenvolvimento de recursos huma-
nos e na transferência de tecnologia, bem como no apoio à divulgação dos instrumentos
de que trata o art. 48 em meio eletrônico de amplo acesso público.
§ 2o A cooperação financeira compreenderá a doação de bens e valores, o financiamento
por intermédio das instituições financeiras federais e o repasse de recursos oriundos de
operações externas.
Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional, no
caso da União, ou pelas Assembléias Legislativas, na hipótese dos Estados e Municípios,
enquanto perdurar a situação:
I - serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições estabelecidas nos arts. 23 ,
31 e 70;
II - serão dispensados o atingimento dos resultados fiscais e a limitação de empenho pre-
vista no art. 9o.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput no caso de estado de defesa ou de sítio,
decretado na forma da Constituição.
Art. 66. Os prazos estabelecidos nos arts. 23, 31 e 70 serão duplicados no caso de cresci-
mento real baixo ou negativo do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, regional ou estadual
por período igual ou superior a quatro trimestres.
§ 1o Entende-se por baixo crescimento a taxa de variação real acumulada do Produto In-
terno Bruto inferior a 1% (um por cento), no período correspondente aos quatro últimos
trimestres.
§ 2o A taxa de variação será aquela apurada pela Fundação Instituto Brasileiro de Geogra-
fia e Estatística ou outro órgão que vier a substituí-la, adotada a mesma metodologia para
apuração dos PIB nacional, estadual e regional.
§ 3o Na hipótese do caput, continuarão a ser adotadas as medidas previstas no art. 22.
§ 4o Na hipótese de se verificarem mudanças drásticas na condução das políticas monetá-
ria e cambial, reconhecidas pelo Senado Federal, o prazo referido no caput do art. 31 po-
derá ser ampliado em até quatro quadrimestres.
Art. 70. O Poder ou órgão referido no art. 20 cuja despesa total com pessoal no exercício
anterior ao da publicação desta Lei Complementar estiver acima dos limites estabelecidos
nos arts. 19 e 20 deverá enquadrar-se no respectivo limite em até dois exercícios, elimi-
nando o excesso, gradualmente, à razão de, pelo menos, 50% a.a. (cinqüenta por cento ao
ano), mediante a adoção, entre outras, das medidas previstas nos arts. 22 e 23.
Parágrafo único. A inobservância do disposto no caput, no prazo fixado, sujeita o ente às
sanções previstas no § 3o do art. 23.
Art. 71. Ressalvada a hipótese do inciso X do art. 37 da Constituição, até o término do ter-
ceiro exercício financeiro seguinte à entrada em vigor desta Lei Complementar, a despesa
total com pessoal dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 não ultrapassará, em percen-
tual da receita corrente líquida, a despesa verificada no exercício imediatamente anterior,
acrescida de até 10% (dez por cento), se esta for inferior ao limite definido na forma do art.
20.
Art. 72. A despesa com serviços de terceiros dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 não
poderá exceder, em percentual da receita corrente líquida, a do exercício anterior à entra-
da em vigor desta Lei Complementar, até o término do terceiro exercício seguinte.
Art. 73. As infrações dos dispositivos desta Lei Complementar serão punidas segundo
o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940(Código Penal); a Lei no 1.079, de 10 de
abril de 1950; o Decreto-Lei no 201, de 27 de fevereiro de 1967; a Lei no 8.429, de 2 de
junho de 1992; e demais normas da legislação pertinente.
Art. 73-A. Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para
denunciar ao respectivo Tribunal de Contas e ao órgão competente do Ministério Público o
descumprimento das prescrições estabelecidas nesta Lei Complementar. (Incluído pela Lei
Complementar nº 131, de 2009).
Art. 73-B. Ficam estabelecidos os seguintes prazos para o cumprimento das determina-
ções dispostas nos incisos II e III do parágrafo único do art. 48 e do art. 48-A: (Incluído
pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
I – 1 (um) ano para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios com mais de
100.000 (cem mil) habitantes; (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
II – 2 (dois) anos para os Municípios que tenham entre 50.000 (cinquenta mil) e 100.000
(cem mil) habitantes; (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
III – 4 (quatro) anos para os Municípios que tenham até 50.000 (cinquenta mil) habitan-
tes. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
Parágrafo único. Os prazos estabelecidos neste artigo serão contados a partir da data de
publicação da lei complementar que introduziu os dispositivos referidos no caput deste arti-
go. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
Art. 73-C. O não atendimento, até o encerramento dos prazos previstos no art. 73-B, das
determinações contidas nos incisos II e III do parágrafo único do art. 48 e no art. 48-A su-
jeita o ente à sanção prevista no inciso I do § 3o do art. 23. (Incluído pela Lei Complemen-
tar nº 131, de 2009).
Crédito Público
Um dos ingressos importantes de recursos financeiros no cofre estatal advém de emprés-
timos públicos.
A maioria dos autores costuma utilizar as expressões empréstimos públicos, crédito públi-
co e dívida pública como sinônimos17.
Para alguns autores, entretanto, a noção de crédito público é mais ampla que a de emprés-
timo público.
O crédito público teria um sentido duplo, envolvendo tanto as operações em que o Esta-
do toma dinheiro como aquela em que fornece pecúnia. Assim, teríamos também a hipóte-
se do Estado concedente de empréstimos a pessoas jurídicas, com o objetivo maior de
fomentar determinada atividade privada, como o faz o BNDES.
Dívida Pública
Já o empréstimo público ou dívida pública seria aquele pelo qual o Estado se beneficia
de uma transferência de liquidez com a obrigação de devolvê-lo no futuro, normalmente
acrescido de juros18.
17
Kiyoshi Harada , Direito Financeiro e Tributário, 24ª Ed. Atlas Editora, p. 129
18
Idem
A vontade do particular de pactuar com o Estado é uma diferença marcante entre o em-
préstimo público e o empréstimo compulsório (tributo), pois, neste último, a anuência do
particular inexiste, face ao atributo da imperatividade (compulsório) que grava toda a co-
brança de tributos.
A Lei de Responsabilidade Fiscal, em seu art. 29, temos a definição de operação de crédi-
to, nos exatos termos:
Operação de crédito é o compromisso financeiro assumido em razão de
mútuo (empréstimo), abertura de crédito, emissão e aceite de título, aqui-
sição financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenien-
tes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e ou-
tras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos finan-
ceiros.(destaque nosso)
O crédito pode ser representado por títulos da dívida pública ou por contrato.
A operação de ARO só pode ser realizada a partir de 10 de janeiro e paga até 10 de de-
zembro.
Para se ter uma idéia da distorção que a metodologia anterior causava, quando não havia
separação entre gasto com o refinanciamento e gasto com juros e outras despesas, a par-
cela destinada ao pagamento do serviço da DPF representava cerca de 60% do total de
despesas previstas no Orçamento.
VI. Quanto à titularidade jurídica do devedor: dívida direta (contraída pelo Estado) ou
dívida indireta (contraída pelo particular e garantida pelo Poder Público);
VII. Quanto à composição: dívida bruta (totalidade das obrigações assumidas pelo Esta-
do (base para cálculo dos juros nominais, amortizações e custos) ou dívida líquida [dívida
bruta deduzida de ativos financeiros e créditos (a receber)].
O Plano Anual de Financiamento (PAF) tem a finalidade de expor objetivos, diretrizes, es-
tratégias e perspectivas da gestão da Dívida Pública Federal (DPF)19, nela incluídas as
dívidas interna e externa de responsabilidade do Governo Federal.
19 Segundo o Tesouro Nacional a DPF corresponde à soma da Dívida Pública Mobiliária Federal interna – DPMFi –
com a Dívida Pública Federal externa – DPFe, sendo esta última subdividida em mobiliária e contratual.
Art. 32. O Ministério da Fazenda verificará o cumprimento dos limites e condições relativos
à realização de operações de crédito de cada ente da Federação, inclusive das empresas
por eles controladas, direta ou indiretamente.
Segundo a Carta Política em seu art. 52, VIII, compete privativamente ao Senado Federal
dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de
crédito externo e interno.
Art. 9º O montante das garantias concedidas pela União não poderá exceder a 60% (ses-
senta por cento) da receita corrente líquida.
Art. 10. A União só prestará garantia a quem atenda às seguintes exigências, no que cou-
ber:
II - comprovação:
III - contragarantia que abranja o ressarcimento integral dos custos financeiros decorrentes
da cobertura do inadimplemento; e
Por força do disposto no artigo 30 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), Lei Comple-
mentar número 101/00, o Senado Federal aprovou as Resoluções de números 40 e 43, de
20 e 21 de dezembro de 2001, respectivamente, que estabeleceram limites globais de en-
dividamento e sobre operações de crédito para os Estados, Distrito Federal e Municípios.
A dívida consolidada, ou seja, aquela considerada de longo prazo, com vigência superior a
12 meses, deve obedecer agora aos limites fixados, de 1,2 vezes a receita corrente líquida
(RCL) para os municípios e duas vezes a RCL para os Estados e Distrito Federal.
Ressalte-se que os entes que apresentarem dívidas superiores aos referidos limites não
estão infringindo a legislação, uma vez que o respectivo enquadramento deverá acontecer
em até 15 anos, ou seja, até 2016. Interessante notar que os precatórios judiciais não pa-
gos no orçamento em que foram incluídos devem constar no montante da dívida consoli-
dada.
O limite fixado foi de 7% da Receita Corrente Líquida e somente poderão ser realizadas a
partir do décimo dia do início do exercício e liquidadas até o dia 10 de dezembro de cada
ano, estando proibida enquanto houver operação anterior não resgatada e nos 180 dias
anteriores ao final do mandato do chefe do Executivo.
A grande inovação, quanto aos restos a pagar, refere-se aos últimos dois quadrimestres do
mandato, conforme dispõe o artigo 42 da LRF. Nesse período, o ente não poderá contrair
obrigação de despesa que não possa ser cumprida dentro do exercício financeiro ou que
tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte, sem que haja disponibilidade de cai-
xa suficiente para atender.
A regra de ouro em direito financeiro á ordem constitucional que determina que as opera-
ções de crédito não poderão superar as despesas de capital previstas na Lei Orçamentária
Anual, ou seja. O Estado não pode obter receitas de empréstimos para custear as despe-
sas correntes.
A receita da alienação de bens e direitos que integram o patrimônio público podem financi-
ar despesas correntes quando destinada por lei aos regimes de previdência social (art. 44.
da LRF).
Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao or-
çamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso
Nacional, na forma do regimento comum.
§ 1º Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:
I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas apre-
sentadas anualmente pelo Presidente da República;
II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais
previstos nesta Constituição e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária,
sem prejuízo da atuação das demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas,
criadas de acordo com o art. 58 (O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões per-
manentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo
regimento ou no ato de que resultar sua criação).
§ 2º As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que sobre elas emitirá parecer, e
apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário das duas Casas do Congresso Nacional.
§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem
somente podem ser aprovadas caso:
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;
II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de
despesa, excluídas as que incidam sobre:
a) dotações para pessoal e seus encargos;
b) serviço da dívida;
c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal; ou
III - sejam relacionadas:
a) com a correção de erros ou omissões; ou
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.
§ 4º As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas
quando incompatíveis com o plano plurianual.
§ 5º O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para pro-
por modificação nos projetos a que se refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na
Comissão mista, da parte cuja alteração é proposta.
§ 6º Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento a-
nual serão enviados pelo Presidente da República ao Congresso Nacional, nos termos da lei
complementar a que se refere o art. 165, § 9º.
§ 7º Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no que não contrariar o disposto
nesta seção, as demais normas relativas ao processo legislativo.
§ 8º Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orça-
mentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o
caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização
legislativa.
§ 9º As emendas individuais ao projeto de lei orçamentária serão aprovadas no limite de
1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita corrente líquida prevista no projeto
encaminhado pelo Poder Executivo, sendo que a metade deste percentual será destinada a
ações e serviços públicos de saúde.
§ 10. A execução do montante destinado a ações e serviços públicos de saúde previsto no
§ 9º, inclusive custeio, será computada para fins do cumprimento do inciso I do § 2º do art.
198 (A União aplicará, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos míni-
mos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre a receita corrente líquida do
respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15%), vedada a destinação para
pagamento de pessoal ou encargos sociais
§ 11. É obrigatória a execução orçamentária e financeira das programações a que se refere
o § 9º deste artigo, em montante correspondente a 1,2% (um inteiro e dois décimos por cen-
to) da receita corrente líquida realizada no exercício anterior, conforme os critérios para a
execução equitativa da programação definidos na lei complementar prevista no § 9º do art.
165.
§ 12. As programações orçamentárias previstas no § 9º deste artigo não serão de execução
obrigatória nos casos dos impedimentos de ordem técnica.
§ 13. Quando a transferência obrigatória da União, para a execução da programação previs-
ta no §11 deste artigo, for destinada a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios, indepen-
derá da adimplência do ente federativo destinatário e não integrará a base de cálculo da
receita corrente líquida para fins de aplicação dos limites de despesa de pessoal de que
trata o caput do art. 169 (A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei com-
plementar).
§ 14. No caso de impedimento de ordem técnica, no empenho de despesa que integre a
programação, na forma do § 11 deste artigo, serão adotadas as seguintes medidas
I - até 120 (cento e vinte) dias após a publicação da lei orçamentária, o Poder Executivo, o
Poder Legislativo, o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública enviarão
ao Poder Legislativo as justificativas do impedimento;
II - até 30 (trinta) dias após o término do prazo previsto no inciso I, o Poder Legislativo indi-
cará ao Poder Executivo o remanejamento da programação cujo impedimento seja insupe-
rável;
III - até 30 de setembro ou até 30 (trinta) dias após o prazo previsto no inciso II, o Poder
Executivo encaminhará projeto de lei sobre o remanejamento da programação cujo impedi-
mento seja insuperável;
IV - se, até 20 de novembro ou até 30 (trinta) dias após o término do prazo previsto no inciso
III, o Congresso Nacional não deliberar sobre o projeto, o remanejamento será implementa-
do por ato do Poder Executivo, nos termos previstos na lei orçamentária
§ 15. Após o prazo previsto no inciso IV do § 14, as programações orçamentárias previstas
no § 11 não serão de execução obrigatória nos casos dos impedimentos justificados na noti-
ficação prevista no inciso I do § 14.
§ 16. Os restos a pagar poderão ser considerados para fins de cumprimento da execução
financeira prevista no § 11 deste artigo, até o limite de 0,6% (seis décimos por cento) da
receita corrente líquida realizada no exercício anterior.
§ 17. Se for verificado que a reestimativa da receita e da despesa poderá resultar no não
cumprimento da meta de resultado fiscal estabelecida na lei de diretrizes orçamentárias, o
montante previsto no § 11 deste artigo poderá ser reduzido em até a mesma proporção da
limitação incidente sobre o conjunto das despesas discricionárias
§ 18. Considera-se equitativa a execução das programações de caráter obrigatório que a-
tenda de forma igualitária e impessoal às emendas apresentadas, independentemente da
autoria.
20
• Remanejamento serve para realocar verbas entre distintos órgãos orçamentários. Exemplo: extin-
ção da Secretaria da Cultura e, encampação de suas funções e dotações pela Secretaria da Educação.
• Transposição assegura mudança entre categorias programáticas de um mesmo órgão orçamentário.
Exemplo: os agentes políticos decidem não mais construir um posto de saúde, transpondo o recurso
do correlato Projeto para Atividade da própria Secretaria da Saúde (ex.: combate à dengue).
• Transferência possibilita trocas entre categorias econômicas (corrente e capital), situadas na mesma
Atividade, Projeto ou Operação Especial, existentes todas, por óbvio, no mesmo órgão orçamentário.
Exemplo: considerando que os dirigentes queiram pagar, de uma só vez, a dívida com precatórios ju-
diciais, sob essa hipótese e em certa Atividade do Gabinete do Prefeito, procede-se ao reforço de Sen-
tenças Judiciais (categoria corrente) à custa do elemento Material Permanente (categoria de capital).
Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.
§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos,
empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou con-
tratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou
indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser fei-
tas:
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa
de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as em-
presas públicas e as sociedades de economia mista.
§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para a adap-
tação aos parâmetros ali previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de
verbas federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não ob-
servarem os referidos limites.
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo
fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios adotarão as seguintes providências
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e fun-
ções de confiança;
II - exoneração dos servidores não estáveis.
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para
assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o ser-
vidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos
Art. 210. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao or-
çamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pela Assembléia Legislativa.
§ 1º Caberá a uma comissão permanente de Deputados:
I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas apre-
sentadas anualmente pelo Governador do Estado;
II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas estaduais, regionais e setoriais
previstos nesta Constituição e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária,
sem prejuízo da atuação das demais Comissões da Assembléia Legislativa, criadas de a-
cordo com o artigo 109, desta Constituição.
§ 2º As emendas serão apresentadas na Comissão, que sobre elas emitirá parecer, e apre-
ciadas, na forma regimental, pelo Plenário.
§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual, ou aos projetos que o modifiquem,
somente podem ser aprovadas caso:
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;
II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de
despesa, excluídas as que incidam sobre:
dotações para pessoal e seus encargos;
serviço da dívida;
transferências tributárias constitucionais para Municípios;
III - sejam relacionadas:
com a correção de erros ou omissões ou
com os dispositivos do texto do projeto de lei.
§ 4º O Governador do Estado poderá enviar mensagem à Assembléia Legislativa para pro-
por modificação nos projetos a que se refere este artigo, enquanto não iniciada a votação,
na Comissão permanente, da parte cuja alteração é proposta.
§ 5º Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento a-
nual serão enviados pelo Governador do Estado à Assembléia Legislativa, nos termos da lei
complementar a que se refere o artigo 165, § 9º, da Constituição da República.
§ 6º Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no que não contrariar o disposto
nesta seção, as demais normas relativas ao processo legislativo.
§ 7º Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orça-
mentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o
caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização
legislativa.
§ 8º Na apreciação e votação do orçamento anual o Poder Executivo colocará à disposição
do Poder Legislativo todas as informações sobre a situação do endividamento do Estado,
detalhadas para cada empréstimo existente, e acompanhadas das agregações e consolida-
ções pertinentes.
III - a realização de operações de crédito que excedam o montante das despesas de capital,
ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade
precisa, aprovados pela Assembléia Legislativa, por maioria absoluta;
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a reparti-
ção do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os artigos 158 e 159 da
Constituição da República, a destinação de recursos para manutenção e desenvolvimento
do ensino como determinado pelo artigo 212 da Constituição da República, a prestação de
garantia às operações de crédito por antecipação de receita previstas no artigo 165, § 8º, da
Constituição da República e a destinação de recursos para as entidades públicas de fomen-
to ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica, prevista no artigo 218, § 5º, da Constitui-
ção da República;
V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem
indicação dos recursos correspondentes;
VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de
programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;
VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados;
VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos fiscal
e da seguridade social, para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e
fundos, inclusive dos mencionados no artigo 209, § 5º, desta Constituição;
IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa.
§ 1º Nenhum investimento, cuja execução ultrapasse um exercício financeiro, poderá ser
iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob
pena de crime de responsabilidade.
§ 2º Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que
forem autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses
daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados
ao orçamento do exercício financeiro subseqüente.
§ 3º A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas
imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade
pública, observado o processo legislativo do artigo 167, § 3º, da Constituição da República.
§ 4º Fica vedada ao Estado e aos Municípios a contratação de empréstimos sob garantia de
receitas futuras sem previsão do impacto a recair nas subseqüentes administrações finan-
ceiras estadual e municipais.
Art. 213 - A despesa com pessoal ativo e inativo do Estado não poderá exceder os limites
estabelecidos em lei complementar.
§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos
ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão de pessoal, a qualquer título,
pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas
e mantidas pelo Poder Público, só poderão ser feitas:
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa
de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes;
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as em-
presas públicas e as sociedades de economia mista.
§ 2º Todo e qualquer incentivo fiscal concedido pelo Estado não será considerado para re-
dução do limite de que trata este artigo.
Art. 258 - Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orça-
mento anual serão enviados pelo Prefeito à Câmara Municipal, nos termos da lei comple-
mentar a que se refere o art. 165, § 9º, da Constituição da República.
Parágrafo único - Até a entrada em vigor da lei complementar mencionada no caput, serão
obedecidas as seguintes regras:
I - o projeto de plano plurianual, para vigência até o fi nal do primeiro exercício financeiro
do mandato executivo subsequente, será encaminhado até quatro meses antes do encer-
ramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da
sessão legislativa;
II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio
antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramen-
to do primeiro período da sessão legislativa; e
III - o projeto de lei orçamentária será encaminhado até três meses antes do encerramento
do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa.
Art. 259 - O Poder Executivo encaminhará ao Poder Legislativo, juntamente com a mensa-
gem do orçamento anual, todas as informações sobre:
I - a situação do endividamento do Município, detalhada para cada empréstimo existente,
acompanhada das totalizações pertinentes;
II - o plano anual de trabalho elaborado pelo Poder Executivo, detalhando os diversos pla-
nos anuais de trabalho dos órgãos da administração direta, indireta, fundacional e de em-
presas públicas nas quais o Poder Público detenha a maioria do capital social;
III - o quadro de pessoal da administração direta, indireta, fundacional e de empresas pú-
blicas nas quais o Poder Público detenha a maioria do capital social.
Art. 260 - A despesa com pessoal ativo e inativo do Município não poderá exceder os limi-
tes estabelecidos na legislação aplicável.
Parágrafo único - A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a cria-
ção de cargos ou alteração de estrutura de carreiras e a admissão de pessoal, a qualquer
título, pelos órgãos e entidades da administração direta, indireta e fundacional, só poderão
ser feitas:
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa
de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes;
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as em-
presas públicas e as sociedades de economia mista.