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RESUMO
ABSTRACT
The article describes the geological and geotechnical characterization study performed for the
Guia Waste Water Treatment Plant enlargement project, in Cascais, which considered two
location alternatives. The study was developed within the Preliminary Plan for upgrading the
plant and was formed by a series of geological and geotechnical tasks for the purpose of
creating a data base for foundation and structural design, as well as for influencing the selection
process of the plant enlargement solutions.
In particular, the data processing method for the available information on fractures in the
foundation rock mass, as obtained through the RQD values taken from the drill cores extracted
from boreholes performed on site, is described and allowed the zoning of that rock mass in
order to apply excavability criteria and so determining expected excavation volumes under the
most appropriate techniques, thus contributing for the definition of project solutions.
1. INTRODUÇÃO
Para a ampliação da actual ETAR, estavam previstas duas áreas alternativas, uma adjacente ao
actual edifício, avançando para a falésia, denominada Área da Falésia e a outra, a Norte,
denominada Área dos Muchaxos. Na presente comunicação serão apresentados apenas os
resultados referentes à Área dos Muchaxos.
2.1 Litoestratigrafia
A área abrangida pelo projecto de ampliação da ETAR da Guia situa-se junto ao farol da Guia,
concelho de Cascais, onde predominam rochas sedimentares datadas do Cretácico. Do ponto de
vista litoestratigráfico, ocorrem as seguintes formações, da base para o topo:
VALANGIANO - CV1 (“Calcários, margas e arenitos”) - constituída, da base para o topo, por
um nível de calcários gresosos cinzentos, compactos com pequenos elementos de quartzo, e
calcários amarelos, ligeiramente margosos, com estratificação ondulante e estreitos interbancos
margosos, numa espessura total de 5,5 m. Segue-se um outro nível dificilmente diferenciável do
anterior, formado por calcários ligeiramente mais margosos, cinzentos ou amarelos, com
quartzo detrítico disperso. Segue-se uma camada de margas calcárias violáceas ou amarelas
nodulares intercaladas por um nível muito fossilífero, a qual apresenta uma espessura de cerca
de 2,8 m. Esta unidade apresenta estratificação com orientação N65ºE, 12ºSE.
1
CHBA
Figura 1 – Extracto da Carta Geológica de Portugal, na escala 1/50000, folha 34C - Cascais [1]
2.2 Tectónica
Na Área dos Muchaxos, foi identificada uma falha com orientação geral entre N25º a 35º,
subvertical a 85ºE, com caixa com cerca de 9 m de largura, preenchida com material argilo-
arenoso, que se encontra identificada na Carta Geológica acima mencionada, como Falha da
Guia. Esta falha corresponde a um desligamento direito, demonstrado por evidências de
fracturação brechóide em ambos os bordos da falha com a presença de estrias horizontais.
8º Congresso Nacional de Geotecnia, Lisboa 2002
Associada a esta falha estará o conjunto de fracturas, cuja medição intensa e localizada,
permitiu fazer um tratamento estatístico, utilizando a projecção estereográfica polar (rede de
Schmidt), que permitiu a identificação das principais famílias de diaclases, ocorrentes em cada
um dos blocos da falha. Assim, as principais famílias identificadas no bloco Norte da falha
(Figura 2) apresentam atitudes de N10ºE; 85ºE, N55ºW; 80ºSW e Subhorizontal.
No bloco Sul, as principais famílias identificadas apresentam atitudes (Figura 3) N30ºE; 85ºSE,
N70ºW; 75ºSW, N70ºW; 80ºNE e N15ºW; 25ºNE.
A análise das famílias de diaclases medidas a norte e a sul da falha da Guia confirmam a
movimentação relativa dos dois blocos, como desligamento direito.
Após a execução das sondagens foram escolhidas as amostras de entre os testemunhos recolhidos
durante as operações de furação, as quais foram sujeitas a ensaios laboratoriais de caracterização
mecânica. A análise dos resultados obtidos nos trabalhos de prospecção permitiram fazer um
zonamento do maciço rochoso e definir os parâmetros geotécnicos a adoptar.
O critério de escolha das amostras foi dirigido para os intervalos que apresentaram maior
coerência, dada a elevada heterogeneidade da maioria dos testemunhos recolhidos. Houve
igualmente cuidados especiais para a obtenção de amostras de descontinuidades destinadas aos
ensaios de deslizamento de diaclases.
Foram ensaiados 107 provetes convenientemente preparados a partir dos testemunhos das
sondagens, de acordo com a normalização contida nos Métodos Sugeridos pela Sociedade
Internacional de Mecânica das Rochas e para os testes indicados no Quadro 1.
4. PARÂMETROS GEOTÉCNICOS
De acordo com os valores dos ensaios laboratoriais realizados sobre amostras das sondagens
efectuadas na área dos Muchaxos, apresentam-se de seguida vários histogramas da distribuição
dos principais resultados obtidos nos vários ensaios (ver Figuras 6 a 10 e Quadro 2).
150 14
125 18
RCU (MPa)
100 16 7 17
15 8
75
11 12
50 10 9 13
25
0
0 5 15 20 25
Profundidade (m)
100
18
80 8
14
E (GPa)
60 16 7
15
40 10
11 17 13
12 9
20
0
0 5 15 20 25
Profundidade (m)
C o e f icie n t e P o i s s o n p o r p r o f u n d i d a d e
0.4
Coef . Poisson (ad.)
11 9
8 10
0.3 16 13
14 15 7 18
0.2 12
17
0.1
0
0 5 15 20 25
Profundidade (m)
150 29
26
RCT (MPa),P=3MPa
125
100
28
75 25
24 27
50 23
25
0
10 15 20
Profundidade (m)
80 29
E 60 29
28 28
(G 25
27 27 25
Pa 40 26 26 24 24
) 20 23 23
0
10 15 20
Profundidade (m)
E (GPa) para P=3 MPa E (GPa) para P=6 MPa
8
Is [50] (MPa)
6
4
2
0
0 5 10 15 20
Profundidade (m)
5. ESCAVABILIDADE
Esta fase de recolha atendeu ao número suficiente de amostras para serem submetidas ao ensaio
de resistência à compressão uniaxial (σn). De entre os ensaios geomecânicos possíveis de
8º Congresso Nacional de Geotecnia, Lisboa 2002
aplicar neste caso escolheu-se o anteriormente referido, por ser o mais expedito com vista à
obtenção do parâmetro resistente pretendido.
Escolheu-se para o efeito o critério de escavabilidade de Franklin (ver Figura 11), que em
abcissas utiliza σn e em ordenadas considera o espaçamento entre fracturas e o RQD, dado que
foi medido “in situ” aquando do estudo geológico, e vem assinalado nas respectivas sondagens.
Espaçamento 6
médio entre EE Desmonte com
fracturas EXPLOSIVOS
[m] 2
ME D
0,6
100
E EXPLOSIVOS PARA
R DESAGREGAR EE – Extremamente elevado
Q 75 0,2
D
50 M
C ME – Muito elevado
E – Elevado
[%] 25 P – Pequeno
0,06
0
MP – Muito pequeno
P ESCAVAÇÃO
MECÂNICA ESCARIFICAÇÃO
0,02
MP A B
0,006
MP P M E ME EE
0,03 0,1 0,3 1 3 10 30
Índice de resistência a cargas pontuais Is50 [MN/m2]
0 10 20 30 40 50 60 70
Número de Schmidt
Observando o ábaco da figura anterior, denotam-se claramente quatro zonas segundo as quais é
necessário aplicar distintos métodos de desmonte, permitindo classificar as várias massas
rochosas quanto à escavabilidade. Assim, consideraram-se: A - Escavação mecânica, B -
Escarificação, C - Explosivos para desagregar e D - Desmonte com explosivos.
F3 EXPLOSIVOS F3 EXPLOSIVOS
PARA PARA
0,2 0,2
DESAGREGAR
DESAGREGAR •
F4 F4
S9
• (4.62-4.86) 0,06
0,06
S 14 ESCAVAÇÃO
ESCAVAÇÃO (1.38 – 1.79)
F5 MECÂNICA ESCARIFICAÇÃO
MECÂNICA ESCARIFICAÇÃO S 14
F5 •
A B A B (9.7 – 10.37)
0,006
0,006
1 2 5 10 20 50 100 200 500
1 2 5 10 20 50 100 200 500
Resistência à compressão uniaxial [MPa]
Resistência à compressão uniaxial [MPa]
Destas representações poderá concluir-se que há um certo domínio para a escavação com
recurso a explosivos para desagregar. No entanto, há a salientar o facto de que as amostras
retiradas para análise deveriam apresentar integridade suficiente para que delas se pudessem
extrair os provetes necessários à execução dos ensaios, daí que houvesse alguma tendência para
escolher as de melhor qualidade em cada umas das caixas de sondagens.
Tendo em conta a solução desenvolvida no Estudo Prévio para tratamento do maciço, no caso
de se optar pela Área dos Muchaxos, que envolve a escavação do bloco sul da falha da Guia, foi
feita uma análise por área de influência de cada uma das sondagens realizadas, donde
resultaram os volumes de escavação totais para cada processo de escavação considerado (ver
Quadros 3 e 4).
6. CONCLUSÕES
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
[1] Ramalho, M.M.; Rey, J.; Zbyszewski, G.; Matos Alves, C.A.; Moitinho de Almeida, F.
Costa, C.; Kullberg, M.C. (1981). Carta Geológica de Portugal, na escala 1/50 000.
Notícia explicativa da folha 34C (Cascais). Serviços Geológicos de Portugal.
[2] López Jimeno, C; Díaz Mendez, B. (1997). Classificación de los terrenos ségun su
excavabilidad. Manual de túneles y obras subterráneas. Ed. C. Lopéz Jimeno. Entorno
Grafico, S.L. Madrid. pp 183-210.