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Conhecer os alunos e suas aspirações com relação à escola e à vida, reconhecê-los enquanto

adolescentes.
Mariana Mataluna, 2006

Algo que é muito comum para qualquer pessoa que faz um trabalho, é dar mais importância ao
seu trabalho do que os outros geralmente dão. E isso cabe muito bem ao professor, que
acredita que o conteúdo que está sendo passado aos alunos é importante para a vida deles; o
problema é que os alunos não enxergam as coisas dessa maneira, de uma forma geral.
Um passo, então, é buscar apreender quais são as perspectivas dos alunos frente à escola e à
vida. Não se trata, porém, de negligenciar os conteúdos, longe disso, acreditamos que, como já
foi dito por Dermeval Saviani1, os conteúdos quando apreendidos pelos alunos são uma
poderosa arma para a liberdade e para a democracia. A questão é a seguinte: como convencer
os alunos de sua importância?
Um caminho seria o envolvimento dos alunos com o conteúdo, ou seja, que o aluno perceba
que está construindo seu projeto pessoal de aprendizagem, o que, em alguns casos, exige uma
mudança nas práticas cotidianas. Pois precisa ouvir suas preocupações, despertar o interesse
dos alunos, utilizar diferentes estratégias na sala de aula: trabalhos em grupo que estimulem a
reflexão, a discussão, à sistematização de idéias; o confronto com diferentes pontos de vista;
assim como pesquisas orientadas ou mesmo trabalhos de campo que auxiliem o processo de
aprendizagem ao exigirem menos memorização e mais interação com o objeto de estudo,
aproveitando melhor as potencialidades e energias do adolescente.
Reconhecer o aluno enquanto adolescente é outro passo importante, pois essa é uma fase de
transição. Os jovens têm vontade de expressar suas idéias (gostam muito de falar e um pouco
menos de ouvir), e muitas vezes não encontram na sala de aula um canal para isso. Dar mais
espaço à discussão das idéias de alunos e professores é um caminho difícil, mas que pode levar
a resultados surpreendentes.
Outro ponto que é importante ser lembrado, diz respeito à fragilidade emocional dos
adolescentes. Segundo François Dolto (A causa dos Adolescentes, ed. Nova Fronteira), esta é
“uma idade delicada, mas também maravilhosa” porque reage ao que se faz de positivo por ela.
O professor pode buscar canalizar as energias dos adolescentes, não apenas reprimi-las. Para
isso uma relação profissional e afetiva pode ser eficiente e rica para ambas partes.
A sugestão caminha no sentido da conquista do aluno por parte do professor, uma conquista
que teria por base a motivação intelectual e afetiva do aluno.

1
Saviani, Dermeval. Escola e Democracia, Editora Autores Associados.
Observação: O texto está baseado no artigo de Adriano Botelho: A aula de geografia e a
transformação do aluno em sujeito. In Revista: Ciência Geográfica. Associação de Geógrafos
Brasileiros, Bauru. 2000.

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