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GERAL
A consulta neste período de vida revela uma criança mais ativa, trazida no colo da mãe, geralmente, de
forma mais segura e sem tantos aparatos de proteção como costuma acontecer no período neonatal.
Durante a realização da anamnese, pode-se observar: estado geral, atividade e interesse da criança pelo
ambiente.
Solicita-se a mãe que tire a roupa da criança.
Inicia-se o exame pela observação: fascies, atitude, estado geral, proporcionalidade dos seguimentos
corporais, atividade, movimentação e padrão respiratório.
Verifica-se o uso e o tipo de chupeta, o choro e a presença de malformações grosseiras.
PELE
Coloração, integridade e grau de umidade.
Observa-se também a cor das mucosas oral e ocular.
CADEIAS GANGLIONARES
Palpação: número, dimensões, consistência e mobilidade dos gânglios, quando existentes.
Pesquisam-se bilateralmente os gânglios:
Retroauriculares
Occipitais
Cervicais anteriores e posteriores
Submandibulares
Supraclaviculares
Axilares
Inguinais
DADOS ANTROPOMÉTRICOS
Após calibrar a balança, realiza-se a medida do peso com a criança sem roupa.
Faz-se a medida da altura utilizando-se uma regra graduada, com uma extremidade fixa no ponto zero e
um cursor. Solicita-se a mãe que segure a cabeça da criança encostada na borda fixa da régua, enquanto o
médico, estendendo as pernas da criança, leva o cursor até as plantas dos pés.
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Aula 01 Pediatria – Semiologia Pediátrica
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Para se aferir a temperatura coloca-se o termômetro na região axilar; solicita-se a mãe que mantenha o
braço da criança justaposto ao tórax por três minutos.
CABEÇA E PESCOÇO
O exame físico especial é geralmente feito no sentido crânio-caudal; iniciando-se pela inspeção da cabeça
com a observação:
Fascies
Formato e simetria do crânio
Proporção crânio-facial
Implantação e característica dos cabelos.
Palpação: deve-se buscar a presença de tumorações, observar as suturas, o tamanho e tensão das
fontanelas.
Verifica-se a implantação e conformação dos pavilhões auriculares, pesquisando a presença de fossetas,
pedúnculos e malformações.
A posição das orelhas é considerada normal quando a implantação da borda superior do pavilhão
auricular estiver na mesma altura dos cantos internos dos olhos.
OLHOS
O exame dos olhos deve ser detalhado.
Observando-se a distância entre os mesmos.
Coloração da conjuntiva, esclerótica, íris, mucosa ocular.
Tamanho, brilho e transparência das córneas.
Tamanho e cor das pupilas.
O aspecto das pálpebras e o posicionamento das fendas palpebrais.
Paralelismo dos olhos (nesta idade ainda pode ser inconstante devido ao estrabismo fisiológico do
lactente, o qual pode persistir até o sexto mês de idade).
Utilizando-se um foco de luz ou um objeto colorido deve-se avaliar a capacidade da criança de
acompanhá-lo com o olhar
Para se pesquisar o reflexo vermelho bilateralmente utiliza-se o
oftalmoscópico, focalizando-se a pupila nota-se um reflexo avermelhado
que é resultante da luz incidindo sobre o sangue circulante nos vasos da
retina. A presença de reflexo branco indica opacidade em qualquer nível
dos nervos oculares apontando a necessidade da realização de exame
oftalmológico completo.
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NARIZ
A inspeção do nariz deve incluir a observação de sua forma, tamanho e presença de obstrução e secreções.
BOCA
Verificam-se o aspecto e coloração dos lábios.
O exame do interior da boca pode ser realizado ao final do exame físico por ser um procedimento que
geralmente faz a criança chorar muito devido ao uso da espátula.
PESCOÇO
O exame do pescoço inclui a observação e palpação na tentativa de identificar tumorações e alterações
musculares.
Deve-se também verificar a mobilidade da região cervical que pode ser pesquisada passivamente virando o
pescoço para os lados ou ativamente, observando se a criança segue o objeto de um lado para outro sem
limitação de movimento.
APARELHO CARDIOVASCULAR
Inicia-se pela inspeção geral da criança, observando-se o padrão respiratório, e a presença de cianose
perioral ou ungueal.
Palpação: na palpação do tórax investiga-se a presença de frêmitos. Em seguida, faz-se a palpação do ictus
cordis ou choque da ponta utilizando-se o dedo indicador.
Após localizar o ictus contam-se os espaços intercostais. Nesta faixa etária, o ictus encontra entre o
3º e 4º espaços intercostais para fora da linha hemiclavicular.
Em climas frios, antes do examinar realizar a ausculta, deve-se aquecer o estetoscópio.
Determina-se a FC contando-se os batimentos cardíacos durante um minuto. E em seguida, auscultam-se
todos os focos:
Mitral
Tricúspide
Pulmonar
Aórtico
Aórtico Acessório
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ABDOME
Inspeção: é realizada em decúbito dorsal com a criança sem fralda. É importante observar a simetria, a
presença de abaulamentos, hérnias, tumorações, circulação colateral e alterações na cicatriz umbilical.
Ausculta: deve ser realizada antes da palpação para que esta não provoque a alteração dos ruídos
hidroaéreos.
A ausculta, palpação e percussão do abdome podem ser feitas da D para a E ou vice e versa; sendo
importante sistematizar um trajeto de modo que toda a área seja examinada.
Percussão de todo abdome: região epigástrica, hipocôndrios, flancos, fossas ilíacas, hipogástrio e
mesogástrio.
Palpação: é realizada com as polpas dos dedos, inicialmente de forma superficial. A palpação profunda é
feita em seguida em todo o abdome com o objetivo de pesquisar a presença de massas, tumorações e
visceromegalias.
FÍGADO
Percussão: o exame do fígado inicia-se com a percussão do gradeado costal direito.
A borda superior é identificada pelo som submaciço (encontrado normalmente no 5º ou 6º espaço
intercostal. Nesta idade, a borda inferior do fígado pode chegar até 3 cm abaixo do rebordo costal
Direito na linha hemiclavicular sem significado patológico.
Palpação: a seguir, palpa-se o fígado ao longo de todo o rebordo determinado assim suas dimensões. A
palpação pode ser realizada apenas com uma mão. Assim, palpa-se o hipocôndrio direito com a mão direita,
podendo se manter fletida a perna direita da criança sob o abdome que diminui a tensão da parede
abdominal facilitando a delimitação da borda hepática.
Pode ser utilizada também a manobra bimanual na qual o medico coloca a mão esquerda sob o
flanco direito da criança levantando suavemente enquanto com as polpas dos dedos da mão direita
palpa o fígado acompanhando o padrão respiratório da criança, assim, aprofunda a mão
suavemente na expiração e superficializa na inspiração.
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BAÇO
O exame é realizado da mesma forma.
Percussão: inicialmente faz-se a percussão do gradeado costal lateral esquerdo.
Palpação: a seguir procede-se a palpação do hipocôndrio esquerdo com a mão direita de modo delicado.
Com o objetivo de tornar o abdome menos tenso, pode-se manter fletida a perna esquerda sob o
abdome.
Nesta idade é muito frequente a palpação de uma ponta de baço sem significado patológico.
RINS
Em seguida, faz-se a palpação das lojas renais bilateralmente.
Palpação
Com a mão esquerda dando apoio na região lombar direita, palpa-se a loja renal direita com a mão
direita.
Loja renal esquerda: repete-se a manobra invertendo-se a posição das mãos.
APARELHO OSTEO-ARTICULAR
O bebê de 3 a 4 meses não se encontra mais em atitude hipertônica como o recém-nascido, o que facilita a
avaliação geral da simetria e amplitude dos movimentos de suas extremidades.
Observam-se as proporções dos segmentos corporais e se existem deformidades ou alterações da postura
da criança.
A observação de pés e mãos deve ser cuidadosa na procura de malformações, das quais a mais frequente é
a polidactilia.
Nesta idade é importante avaliar a capacidade de rotação lateral da cabeça espontaneamente ou após
estimulo para afastar a presença de torcicolo congênito.
Palpam-se os músculos esternocleidomaistoideos, as clavículas e gradeado costal verificando se existem ou
não anormalidades.
O exame da coluna vertebral deve ser feito com a criança em decúbito ventral.
Após a inspeção geral da coluna, segue-se a palpação das apófises espinhosas desde a região
cervical, dorsal ou torácica, lombar até a região sacrococcígea.
No exame da região sacrococcígea verifica-se a presença de fosseta, seio pilonidal e de tumorações
Deve-se ainda observar a simetria dos MMII em relação ao seu comprimento e a simetria das pregas
cutâneas
Neste grupo etário a manobra de Ortolani já se negativou.
Pode-se pesquisar o sinal de Galeazzi ou Allis para verificar a presença de luxação congênita do quadril.
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Esta manobra consiste em se verificar a igualdade da altura dos joelhos fletidos estando a criança deitada
em decúbito dorsal.
Devem ser feitas manobras para verificar a mobilidade das articulações.
ACUIDADE AUDITIVA
A pesquisa da acuidade auditiva pode ser feita no início da consulta com a criança ainda sentada no colo da
mãe.
O examinador posiciona-se ao lado da criança mas fora de seu campo de visão, observando as respostas
aos ruídos: de uma colher de metal batendo em um copo de vidro, de um molho de chaves, palmas fortes (a
fim de pesquisar o reflexo cócleo-palpebral).
Aos 3-4 meses a resposta a estes testes de triagem adutiva podem ser de vários tipos, tais como:
Esforços rudimentares para virar a cabeça em direção ao som
Franzir a testa
Piscar os olhos ao ouvir os ruídos
Este mesmo exame pode ser realizado com a criança deitada na maca em decúbito dorsal com o
examinador ao seu lado, mas fora do campo visual do bebê.
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LINGUAGEM
Quanto ao desenvolvimento da linguagem a partir dos 2-3 meses as vocalizações do bebê apresentam
aumento expressivo na frequência e variedade e são denominadas balbucio ou lalação.
VISÃO
A criança aos 3 meses de idade apresenta melhor fixação do olhar o que lhe permite seguir objetos por
180o.
Deve ser pesquisado bilateralmente o reflexo foto-motor presente desde o nascimento. Incidindo-se um
foco de luz sobre a pupila observa-se a diminuição de seu diâmetro.
INTERAÇÃO SOCIAL
O olhar e o sorriso presentes desde o nascimento são formas de comunicação.
Entre a 4ª e 6ª semana de vida aparece o sorriso como resposta ao rosto humano. Antes desta idade, a
partir da 2ª semana de vida o sorriso já pode ser desencadeado por alguns estímulos, principalmente pela
voz humana.
DESENVOLVIMENTO MOTOR
A avaliação do desenvolvimento motor da criança nascida de termo aos três meses de idade inicia-se
desde a inspeção geral.
Com o bebê colocado em decúbito dorsal observa-se a atitude simétrica dos membros em relação ao
tronco e a cabeça em posição mediana em contraposição à assimetria postural encontrada no primeiro mês
de vida. O estabelecimento da atitude simétrica ocorre entre o 2º e o 4º meses de vida.
Ainda neste momento, deve-se verificar se existe a movimentação espontânea de todos os
membros.
Em relação ao tônus muscular constata-se a perda de atitude de semi-flexão generalizada dos membros
encontrada no primeiro mês de vida.
Aos 3 meses, os membros costumam estar preferencialmente estendidos com as mãos abrindo e fechando
espontaneamente.
Ao tentar retificar os MMSS e MMII e abrir as mãos, observa-se pouca resistência a esta manobra quando
comparada àquela apresentada no período neonatal.
O controle motor axial do corpo desenvolve-se numa progressão cefalo-caudal consequente à
mielinização dos neurônios.
Assim, quanto a possibilidade de sustentar a cabeça, espera-se que a maioria das crianças aos 3
meses esteja firmando completamente a cabeça, podendo-se ainda encontrar cerca de 10% dos
bebês que sustentem de modo incompleto.
No entanto, ao final do quarto mês de vida, todas as crianças nascidas de termo devem estar
conseguindo firmar a cabeça de modo completo.
Para se pesquisar a capacidade de manter a cabeça firme, deve-se segurar a criança na posição sentada e
observar se ela consegue manter a cabeça alinhar ao tronco de modo completo e estável.
Pode-se também avaliar o controle da cabeça segurando a criança pelos braços e procurando coloca-la em
posição sentada. Deve-se observar se a cabeça acompanha o movimento do tronco.
Esta aquisição motora pode ocorrer dos 3 aos 6 meses de vida.
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A criança quando colocada em decúbito ventral já pode estar controlando o tronco e os ombros sendo
capaz de elevar o tórax, suportar o seu peso corporal com o apoio dos antebraços e manter a cabeça a 90o
da maca.
Aos 3-4 meses de idade a criança necessita de apoio na área tóraco-lombar para permanecer sentada, já
firma bem a cabeça e os ombros,
Quando colocada em pé, a criança suporta o peso nos MMII mesmo que momentaneamente. Esta
aquisição motora ocorre entre os 3 e 7 meses e meio de idade.
A partir do primeiro mês o bebê adquiro o controle as aptidões finas em progressão ordenada da linha
média para a periferia. Assim, no 2º ou 3º mês o bebê traz as mãos para a linha média e fica brincando com
elas.
Geralmente aos 3 meses de idade o bebê é capaz de segurar um objeto colocado em uma das mãos,
embora tenha habilidade limitada para pegá-lo ou soltá-lo voluntariamente. Oferecendo-se um objeto
algumas crianças podem pegá-lo, segurá-lo e larga-lo em poucos instantes.
Nesta fase nem as mãos nem o polegar funcionam de forma independente, e consequentemente a
criança usa a mão como um todo para segurar objetos.
Decorrente ainda do processo de mielinização, os reflexos transitórios estão diminuídos ou até mesmo
ausentes na maioria das crianças,
Reflexo de Moro desencadeado por estímulos sonoros ou por movimentação
súbita da criança consiste na EXTENSÃO e ABDUÇÃO dos membros seguidas da
ADUÇÃO e FLEXÃO principalmente dos MMSS. Este reflexo que desaparece até
o 6º mês de vida pode estar incompleto aos 3 meses.
Assim, puxando-se o lençol colocado sob a criança observa-se a
presença apenas da EXTENSÃO e ABDUÇÃO dos membros, estando
ausente a etapa subsequente de arqueamento dos braços para frente.
Reflexo da Procura ou Voracidade: provocado pela estimulação dos cantos da boca, predomina no
primeiro mês de vida e tende a desaparecer gradativamente até o 3º mês.
Marcha Reflexa: consiste no movimento de marcha que se inicia após o apoio plantar desaparece
geralmente no 2º mês mas pode persistir até o final do 4º mês.
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Reflexo Superficial Cutâneo Plantar: é realizado estimulando a borda externa do pé. A resposta em
extensão é obtida em todas as crianças nesta faixa etária
BOCA E OROFARINGE
O exame da boca e da orofaringe é feito ao final do exame físico pois é comum que a criança chore e fique
muito agitada durante este procedimento.
Com o auxilio de um foco de luz e uma espátula faz-se a inspeção da mucosa oral, gengivas, palato, úvula,
amidalas, língua e freio lingual.
Deve-se realizar a palpação do palato, verificando-se a consistência e presença de fenda palatina
submucosa.