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poliveira67.blogspot.com/2020/03/trail-de-conimbriga-terras-de-sico.html
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Lousã, onde ora, era andar nove horas a escorregar à beira de cascatas gelado até aos
ossos, ora era, assar durante dez horas e meia num dos dias mais quentes de 2015…)
Ainda assim, o Trail de Conímbriga Terras de Sicó tem uma versão de 111 quilómetros
onde os mais treinados (ou sem juízo) podem extravasar as suas energias.
Nesta versão de 2020, a prova intermédia de 50k+ teve a sua partida em Santiago da
Guarda, uma pequena localidade na zona de Ansião, seguindo depois na direção do
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percurso dos anos anteriores, com que, a partir do quilómetro nove teve a maior parte em
comum.
O transporte para a zona da partida foi feito de autocarro, à imagem de 2018 e 2019.
À hora marcada deu-se a partida, ainda debaixo de alguma chuva, que no entanto ia
diminuindo gradualmente. Mais tarde parou de chover completamente tendo o tempo
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ficado muito bom mesmo, sem frio nem calor.
Já sabendo com que contar, ia gerindo o esforço com alguma contenção, uma vez que lá
para o final costumam aparecer uns trilhos muito técnicos onde tradicionalmente tenho
algumas dificuldades, por isso, convém chegar lá com algumas reservas de energia…
A gestão da hidratação é feita criteriosamente, levando duas garrafas na parte frontal da
mochila sendo sempre atestadas nos abastecimentos.
Logo no primeiro abastecimento experimento uma água gaseificada com aroma de limão
e resolvo encher uma das garrafas com essa água e outra com coca-cola.
Não fico surpreendido com a qualidade dos abastecimentos.
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À imagem das edições anteriores, os abastecimentos são de qualidade superlativa dando
vontade de mandar a prova às urtigas e aproveitar tudo o que está à disposição.
Também nos abastecimentos tenho a maior contenção, optando apenas por coisas
simples e que a que estou habituado, tipo marmelada, bananas, batatas fritas (poucas) e
um ou outro quadrado de chocolate. Em provas tão longas como esta, o sistema digestivo
começa a acusar o esforço e podem ocorrer alterações indesejadas.
As paragens nos abastecimentos quebram sempre o ritmo, pelo que o recomeço é sempre
penoso. Tento sempre não demorar mais do que três ou quatro minutos em cada um.
No recomeço após o segundo ou terceiro abastecimento, sigo em esforço, tentando entrar
no ritmo, quando de repente dá-se um estrondo do lado direito do peito, quase
semelhante a um tiro e eu penso: “olha, o coração já era!”. Mas não; tinha sido apenas a
garrafa do lado direito carregada com coca-cola, que tinha ganho pressão com os
solavancos e tinha disparado pelo bocal com um estrondo. Nunca pensei que o aumento
da pressão de uma inocente coca-cola provocasse um efeito tão sonoro!
A corrida ia seguindo por montes e vales, privilegiando sempre carreiros em detrimento
de estradões, o que evidencia um trabalho formidável da organização desta prova.
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O PelaEstradaFora Paulo Amaro - Photo by Fotojotapê
O lado negativo de irmos mais rápidos do que os atletas dos 111k é o facto de que, com o
cansaço, ao vermos alguém mais lento à frente, o subconsciente manda-nos “levantar o
pé” porque "aquele" lá à frente também vai devagar.
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Puro engano! “Esses” que vão mais lentos são melhores do que nós, e vão àquela
velocidade porque já têm mais cinquenta quilómetros do que nós nas pernas e andam ali
desde a meia noite!
Forço então sempre o ritmo com a estratégia mental de me convencer que tenho de ir
mais rápido do que “esses” dos dorsais azuis, porque seria uma vergonha não o a fazer!
Por fim chego à tal zona técnica que há dois anos me trouxe as maiores dificuldades: o
Trilho da Cascata!
O Trilho das Cascatas tem cerca de 2 quilómetros, o que relativizando, é 20 vezes menos
do que os Abutres, comparação possível devido às semelhanças.
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De qualquer modo, chegar a um trilho destes, já com 50 quilómetros nas pernas exige um
esforço acrescido, numa altura em que já só pensamos em terminar a prova e tomar um
banho quente!
Nesta altura já venho há mais de meia hora sem ver ninguém.
Esforço-me por prestar a maior atenção às fitas e bandeirinhas de sinalização a fim de não
me enganar no caminho.
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Trilho das Buracas de Casmilo
A cascata que dá o nome ao trilho está seca mais uma vez, no entanto, os trilhos rochosos
estão perigosamente escorregadios, exigindo a maior atenção e o máximo cuidado.
Mais uma vez, perco mais de 15 lugares nestes dois quilómetros do Trilho da Cascata.
Quando saio do vale da cascata, por uma “subida de cão” por sinal, sinto que tenho a
prova feita apesar de faltarem ainda três ou quatro quilómetros!
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Finalmente no descanso!
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