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Senhora dos ventos, dos raios e das tempestades, rainha dos Eguns, a dona

do cemitério, é ela quem carrega os espíritos dos mortos e os leva para o


outro mundo. Seu elemento primordial é o ar: Oyá é a força que impulsiona
o ar, provocando o vento.
O ar com tudo se conecta, mas o fogo existe
apenas porque o ar fornece o oxigênio
necessário à combustão. Portanto, Oyá está
ligada ao fogo e os mitos falam de seu
relacionamento longo e produtivo com
Ogum eXangô – os mitos estão contando
como o encontro do Ar e do Fogo gerou
a civilização humana como a conhecemos.

Como muitos outros Orixás, mesmo dentro da cultura Nagô, ela se apresenta
em muitas formas. Oyá na força do tempo, da velha, pode ser entendida
como a Orixá Logunã. Oyá Egunitá, que se manifesta nas roças de
Candomblé, deu o primeiro nome da Orixá do fogo na Umbanda Sagrada, que
depois foi (re)sincretizada com Oroiná, outra Orixá do Candomblé ligada ao
elemento fogo. Todas no entanto representam Iansã, a grande guerreira em
suas múltiplas faces.

O maior e mais importante rio da Nigéria chama-se Níger, é imponente e


atravessa todo o país. Rasgado, espalha-se pelas principais cidades através
de seus afluentes por esse motivo tornou-se conhecido com o nome Odò
Oya, já que ya, em iorubá, significa rasgar, espalhar. Esse rio é a morada da
mulher mais poderosa da África, a mãe dos nove orum, dos nove filhos, do rio
de nove braços, a mãe do nove, Ìyá Mésàn, Iansã (Yánsàn).

Embora seja saudada como a deusa do rio Níger, está relacionada com o
elemento fogo. Na realidade, indica a união de elementos contraditórios, pois
nasce da água e do fogo, da tempestade, de um raio que corta o céu no meio
de uma chuva, é a filha do fogo-Omo Iná.
A tempestade é o poder manifesto de Iansã, rainha dos raios, das ventanias,
do tempo que se fecha sem chover. Iansã é uma guerreira por vocação, sabe
ir à luta e defender o que é seu, a batalha do dia-a-dia é a sua felicidade.

Ela sabe conquistar, seja no fervor das guerras, seja na arte do amor. Mostra
o seu amor e a sua alegria contagiantes na mesma proporção que exterioriza
a sua raiva, o seu ódio. Dessa forma, passou a identificar-se muito mais com
todas as atividades relacionadas com o homem, que são desenvolvidas fora
do lar; portanto não aprecia os afazeres domésticos, rejeitando o papel
feminino tradicional. Iansã é a mulher que acorda de manhã, beija os filhos e
sai em busca do sustento.

O fato de estar relacionada com funções tipicamente masculinas não afasta


Iansã das características próprias de uma mulher sensual, fogosa, ardente;
ela é extremamente feminina e o seu número de paixões mostra a forte
atração que sente pelo sexo oposto. Iansã (Oyá) teve muitos homens e
verdadeiramente amou todos. Graças aos seus amores, conquistou grandes
poderes e tornou-se orixá. Assim, Iansã tornou-se mulher de quase todos os
orixás. Ela é arrebatadora, sensual e provocante, mas quando ama um
homem só se interessa por ele, portanto é extremamente fiel e possessiva.
Todavia, a fidelidade de Iansã não está necessariamente relacionada a um
homem, mas às suas convicções e aos seus sentimentos.
Algumas passagens da história de Iansã relacionam-na com antigos
cultos agrários africanos ligados à fecundidade, e é por isso que a
menção aos chifres de novilho ou búfalo, símbolos de virilidade,
surgem sempre nas suas histórias. Iansã é a única que pode segurar
os chifres de um búfalo, pois essa mulher cheia de encantos foi
capaz de transforma-se em búfalo e tornar-se mulher da guerra e
da caça.

Oyá é a mulher que sai em busca do sustento; ela quer um homem


para amá-la e não para sustentá-la. Desperta pronta para a guerra,
para a sua lida do dia-a-dia, não tem medo do batente: luta e vence.
Eparrey Iansã !
Oya teve nove filhos com Ogum, passando a ser chamada de Iansã, a “mãe dos
nove filhos”. Ogum perdeu-a por não saber guardar seus segredos (que ela às
vezes se transformava em búfalo e galopava pela noite, ou seja, que ela é uma
poderosa Mãe Ancestral) então casou-se com Xangô, a quem tanto amou que
matou-se quando ele morreu.

Como escolheu a morte por vontade própria, tornou-se amiga e senhora dos
eguns, a quem domina e espanta com seu erukerê. Outro mito sobre o mesmo
assunto conta que, quando da morte de Oxossi, Oya fez oferendas, cantou e
dançou em homenagem ao morto, ajudando sua passagem para o Orum.
Assim, teria criado o axexê e recebido de Olorum a responsabilidade de
transportar os espíritos dos mortos para o Orum.

Outro mito conta que trabalha junto com Oxaguiã: ele retira o emi (respiração,
sopro vital que Obatalá coloca em todos os homens quando molda seu boneco de
argila e lhe confere vida) de cada morto, e Oya transporta o egum para o Orum,
onde fará o que tem que fazer para sua próxima encarnação.

A interpretação humana e mítica das conexões do Ar com todas as coisas gerou o


arquétipo da mulher fogosa e impetuosa, mulher de todos os Orixás. De Xangô, Oya
recebeu a poção de cuspir fogo, dominando os raios; de Ogum, o direito de usar a
espada; de Oxaguiã, o direito de usar escudo; de Exu, o direito de usar o poder da
magia (graças ao que se transforma em búfalo); de Oxossi, recebeu o direito de
caçar. Representa o principio feminino incontrolável, a fecundidade absoluta, a
sensualidade usada para seu próprio prazer, mas também para conquistar o que
for necessário.

mitologia
Características dos Filhos de Iansã
Para os filhos de Oyá, viver é uma grande aventura. Enfrentar os riscos e desafios
da vida são os prazeres dessas pessoas, tudo para elas é festa. Escolhem os seus
caminhos mais por paixão do que por reflexão. Em vez de ficar em casa, vão à luta
e conquistam o que desejam.

São pessoas atiradas, extrovertidas e diretas, que jamais escondem os seus


sentimentos, seja de felicidade, seja de tristeza. Entregam-se a súbitas paixões e
de repente esquecem, partem para outra, e o antigo parceiro é como se nunca
tivesse existido. Isso não é prova de promiscuidade, pelo contrário, são
extremamente fiéis à pessoa que amam, mas só enquanto amam.

Estas pessoas tendem a ser autoritárias e possessivas; o seu gênio muda


repentinamente sem que ninguém esteja preparado para essas guinadas. Os
relacionamentos longos só acontecem quando controlam os seus impulsos, aí, são
capazes de viver para o resto da vida ao lado da mesma pessoa, que deve permitir
que se tornem os senhores da situação.

Os filhos de Oyá, na condição de amigos, revelam-se pessoas confiáveis, mas


cuidado, os mais prudentes, no entanto, não ousariam confiar-lhe um segredo,
pois, se mais tarde acontecer uma desavença, um filho de Oyá não pensará antes
de usar tudo que lhe foi contado como arma.

O seu comportamento pode ser explosivo, como uma tempestade, ou calmo,


como uma brisa de fim de tarde. Só uma coisa o tira do sério: mexer com um
filho seu é o mesmo que comprar uma briga de morte: batem em
ilhos
qualquer um, crescem no corpo e na raiva, matam se for preciso.

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