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DEMOCRATIZANDO O MUSEU:

relato de experiência do Projeto de extensão “​Ações educativas no Museu da


Farmácia da UFJF​”

Edwaldo Sérgio dos Anjos Junior


Denise da Silveira Gomide
Inácio Botto Ferreira
Kelly Dias Tagliati
Romilda Aparecida Lopes

RESUMO
Localizado no campus da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o Museu da
Farmácia Professor Lucas Marques de Amaral, administrado pela Faculdade de
Farmácia, procura resguardar a memória da farmácia através de seu acervo
histórico. Criado em 1972, por iniciativa do então Diretor da Faculdade, professor
Lucas Marques de Amaral, abriga insumos, medicamentos e objetos oriundos dos
séculos XIX e XX que retratam o ofício do farmacêutico, bem como a trajetória
histórica da própria Faculdade de Farmácia da UFJF. Assim, este texto apresenta
um relato de experiência do projeto de extensão ​Ações educativas no Museu da
Farmácia da UFJF,​ desenvolvido entre 2015 e 2017, procurando problematizar como
a equipe de trabalho do projeto, ao intervir no espaço, procurou solucionar
problemas relacionados à democratização do espaço museal. Acredita-se que as
ações não apenas diminuíram a distância simbólica entre o espaço e o público,
fomentando, assim, uma maior quantidade de visitas e uma melhor mediação do
espaço, como também requalificaram arquitetonicamente o museu.

Palavras-chave: ​Museu Lucas Marques do Amaral; Acessibilidade; Mediação;


Patrimônio cultural.
Introdução

Os museus podem possibilitar o acesso a registros da cultura, à preservação e ao


conhecimento da história de um local ou de uma pessoa ou grupo. Todavia, a
despeito de sua existência, necessário se faz refletir até que ponto esses espaços,
são, de fato, acessados pela população em geral.

O termo “acessível” é associado, em geral​, à inclusão das pessoas que apresentam


limitações de longo prazo, sobretudo de ordem física. Todavia, entende-se neste
trabalho, que a acessibilidade não está circunscrita às restrições fisiológicas,
intelectuais e sensoriais, nem tampouco às possibilidades de acesso físico, mas,
refere-se também ao alcance informacional e cultural de todos a bens e espaços
culturais. Por isso, considera-se o termo no plural: acessibilidades.

Diante desse exposto, este trabalho tem como objetivo descrever e problematizar as
atividades realizadas pela equipe do projeto de extensão ​Ações educativas no
Museu da Farmácia da UFJF​,1 levado a efeito entre os anos de 2015 e 2017. A
equipe era composta por discentes dos cursos de Turismo, Bacharelado
Interdisciplinar em Ciências Humanas, Arquitetura e Farmácia, sendo coordenado
por um docente do Departamento de Turismo da própria universidade, além de
contar com o apoio de um técnico administrativo da Faculdade de Farmácia, de uma
docente daquela mesma unidade, e de uma pesquisadora com experiência na área
de turismo e museus.

Se do ponto de vista deste trabalho, tem-se um estudo de caso, há, no projeto de


extensão supracitado, aspectos metodológicos que carecem de breve detalhamento.

Sob o prisma metodológico, os participantes do projeto, em um primeiro momento,


pesquisaram livros, artigos e vídeos sobre patrimônios, os museus e educação. Em

1
​O projeto de Extensão foi aprovado pela Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal de Juiz
de Fora no ano de 2015. Contou com a participação de discentes dos cursos de Turismo,
Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Humanas, Arquitetura, Farmácia e de técnicos
administrativos da Faculdade de Farmácia. Este projeto surgiu a partir de visitas técnicas da disciplina
de Fundamentos do Lazer ao museu, fatos esses ocorridos em 2013 e 2014. Durante as visitas, o
professor idealizador do espaço apontava um conjunto de fragilidades do espaço, que, naquele
momento, se encontrava fechado, a exceção dos dias em que o professor, então aposentado, poderia
se deslocar até a UFJF para mediar visitas. Após diálogos com o diretor da Faculdade de Farmácia,
no primeiro semestre de 2015, ficou acertado que o projeto daria início para ativar o museu
novamente e suprir as deficiências mais intensas, como as fragilidades do espaço físico, a gestão do
espaço e a mediação das visitas.
seguida, foi feita uma análise DAFO, SWOT ou FOFA, em português, (​Forças,
Oportunidades, Fraquezas e Ameaças) com os bolsistas do projeto, com a finalidade
de avaliar o espaço do museu, além de um levantamento do entorno do museu e o
quão ele era salientando na sinalização. Em seguida, realizou-se um diagnóstico
arquitetônico do espaço, para, ​a posteriori​, realizar intervenções físicas que visavam
corrigir problemas estruturais. Concomitantemente a essa ação, propostas relativas
à segurança, à gestão, sobretudo na comunicação, e ações educativas foram
colocadas em prática. A concepção de diagnóstico e o monitoramento de público
também foram realizados, com o intuito de analisar a forma como as visitas ocorriam
no espaço museal, levando em consideração o perfil do visitante, a condição que o
museu se apresentava ao público e a mediação da equipe do projeto.

Ao empreender reflexões em torno das acessibilidades, um primeiro ponto digno de


reflexão se torna relevante: a distribuição de espaços museais, no caso em questão,
em Juiz de Fora. Chama a atenção, nesse ínterim, através de dados recolhidos no
sítio eletrônico da Prefeitura de Juiz de Fora em 2018, que a cidade conta com cerca
de 18 instituições cadastradas2.

Portanto, ao estabelecer a discussão em torno das acessibilidades, um fato chama a


atenção no contexto pesquisado: a desigualdade na distribuição dessas instituições
culturais. Apesar da cidade de Juiz de Fora apresentar cerca de 15 espaços
museais cadastrados pelo Instituto Brasileiro de Museus IBRAM, é relevante avaliar
a distribuição desses espaços no município, uma vez que a localização tem
correlação com a acessibilidade dos visitantes a essas instituições. Nesse sentido,
concluiu-se que nove desses quinze museus, ou seja, 60% do total, se concentram
no centro da cidade ou no campus da Universidade Federal de Juiz de Fora, no
bairro São Pedro. Tal cenário tende, pelo menos, a não incentivar a visitação a
esses espaços e, a depender da distância, tende mesmo a dificultar o acesso.

2
Para ilustrar o cenário museal de Juiz de Fora, pode-se destacar a diversidade presente no campo
museal, como, por exemplo: o Museu Mariano Procópio, detentor do segundo maior acervo ligado ao
império do país; o Museu Ferroviário, um dos poucos com essa temática na Zona da Mata Mineira,
cujo propósito é registrar e resguardar elementos do patrimônio ferroviário material e imaterial; o
Museu do Crédito Real, que se dedica à preservação da memória monetária e bancária e, por último,
o Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM), que guarda, dentre outros elementos, parte do acervo do
escritor Murilo Mendes, composto por quadros, manuscritos e a biblioteca do artista.
Em linhas gerais, Juiz de Fora não se difere da realidade existente no país, uma vez
que é possível identificar uma significativa assimetria na distribuição dos
equipamentos culturais, especialmente de museus. Segundo o Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada - IPEA, 73,2% dos municípios brasileiros não possuem museu.
Em outra pesquisa, realizada no ano de 2013, o SESC publicou um apanhado sobre
os públicos de cultura, com dados advindos de 25 Estados brasileiros. Foram
aplicadas cerca de 2400 entrevistas e identificou-se que 71% dos brasileiros
entrevistados nunca estiveram em exposições de pintura, escultura e outras artes
em museus ou outros locais afins. Ademais, 70% daqueles ouvidos nunca foram a
uma exposição de fotografia.

Tendo em vista esse panorama, parece que discutir a distribuição de equipamentos


culturais pela cidade se torna importante para se pensar as desigualdades e os
desafios que assumem os museus. Marcellino (2008) e Gonçalves (2006)
apresentam que essa má distribuição de equipamentos culturais pode vir a ser um
fator que gera um distanciamento dos “cidadãos de suas cidades”, sem que estes
criem relações de afeto e pertencimento com seu local de moradia, incidindo com
maior frequência nas regiões periféricas dos municípios. Melo e Alves (2003)
acrescentam que não adiantaria a cidade possuir uma infinidade de equipamentos
públicos, se as pessoas não são estimuladas a frequentá-los e a conhecê-los. Ou
seja, a distribuição dos museus e a distância física entre eles e o público permite
trazer à luz um primeiro empecilho ao acesso, desencadeando, no caso do Brasil,
uma dificuldade material ao usufruto do bem por boa parte da população.

Jacobs (2000), ao considerar os espaços públicos das cidades americanas, pondera


que, quanto mais um lugar for apropriado pelas pessoas, mais apropriado será. Por
outro lado, enquanto um lugar padece pela desapropriação, ele tende a continuar no
ostracismo e no esquecimento, a não ser que haja forças que mudem essa
realidade. Para a autora, “nas cidades, a animação e a variedade atraem mais
animação; a apatia e a monotonia repelem a vida” (JACOBS, 2000, p.108).

Após ​realizar essas breves considerações, a estrutura deste trabalho conta as


seguintes seções: i) apresentação do local onde foi realizado o projeto de extensão;
ii) apresentação do estudo de caso propriamente dito, com a apresentação das
intervenções ali efetivadas, bem como a discussão em torno das ações; iii)
considerações finais.

1 Conhecendo o Museu da Farmácia

O Museu da Farmácia Prof. Lucas Marques de Amaral foi criado por iniciativa do
primeiro Diretor da Faculdade de Farmácia, professor Lucas Marques de Amaral.
Sua fundação data de 1972, período após o desmembramento dos Institutos de
Odontologia e Farmácia, constituintes da então Escola de Farmácia e Odontologia
de Juiz de Fora – EFOJF, e a transferência da Faculdade de Farmácia para o
campus universitário.

Essa separação acabou por criar as condições para que o acervo começasse a ser
formado, tendo em vista que, com a divisão dos órgãos supracitados, novos
equipamentos foram adquiridos pelo curso de Farmácia. Com a intenção de
preservá-los, o professor Lucas guardou todos os objetos, reunindo-os com os
outros que já possuía, provenientes da antiga farmácia de seu pai. Além disso, a
liberação do mercado nacional para a importação de equipamentos modernos na
década de 90, principalmente no setor educacional, contribuiu para que o material
utilizado nas aulas se tornasse obsoleto para o ensino. Logo, o acervo foi
complementado por peças da antiga escola de Farmácia e Odontologia, do
laboratório de física da antiga Faculdade de Engenharia e também por doações de
farmacêuticos, funcionários e até mesmo de alunos.

Inicialmente, o museu foi aberto em uma pequena sala no prédio da Faculdade de


Farmácia. A exposição já vinha sendo organizada por seu fundador, todavia, um
evento decisivo para a consolidação do museu se deu após a ida do referido
professor a vários Museus de Farmácia do mundo, mormente na Europa. Em
contato com essas exposições, percebeu que a guarda de todo o material não
significava apenas uma memória da infância, cujas reminiscências apontavam para
seus familiares, mas, antes: se tratavam de coleções singulares e muito relevantes,
capazes de expressar uma parte importante da história e trajetória da Farmácia.

Em 24 de Abril de 1987, dão-se início às ações de registro e tombamento das peças,


e, posteriormente, no dia 1º de Março de 1991, começa o trabalho de monitoramento
e registro dos visitantes. No período em que a Faculdade de Farmácia estava sob a
direção do professor Lúcio, a sala de aula localizada ao lado do museu foi concedida
ao seu fundador, a fim de que todas as peças fossem reorganizadas e expostas.
Desde então, o museu passou a conter dois ambientes principais; o primeiro foi
destinado a mostras temporárias, sendo também o local onde foi introduzida a
reserva técnica e a administração. O outro, referente à sala de aula adquirida, foi
destinado à mostra permanente. Nos anos 2000, ocorre a maior intervenção
estrutural no espaço, com o apoio e patrocínio da Sociedade de Farmácia e
Bioquímica de Juiz de Fora e das empresas ABN Banco Real, Centrais Elétricas de
Minas Gerais, Instituto Hermes Pardini e Medquímica Indústria Farmacêutica LTDA.

FIGURA 1:​ Sala da mostra permanente do Museu em 2015.


FONTE:​ Acervo pessoal, 2015.

O Museu Professor Lucas Marques do Amaral é um dos poucos museus brasileiros


que retrata a história da farmácia, além de reunir diversos itens que foram e ainda
são utilizados nas variadas áreas de atuação do farmacêutico3. Esse museu é

3
​Ferreira (2018) realizou um levantamento sobre os museus de Farmácia do Brasil. São 8
instituições, sendo elas o Centro de Memória da Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais
(Belo Horizonte, Minas Gerais), Centro de Memória da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da
Universidade de São Paulo (São Paulo, São Paulo), Espaço História da Farmácia (Curitiba, Paraná),
Farmácia Internacional (Antonina, Paraná), Museu da Farmácia da Santa Casa de Misericórdia (Rio
de Janeiro, Rio de Janeiro), Museu da Farmácia Professor Lucas Marques do Amaral (Juiz de Fora,
registrado junto ao IBRAM como um museu de coleção científica, contendo itens
concernentes a insumos, medicamentos e objetos oriundos dos séculos XIX e XX.
Diante desse acervo, surge a importância do estabelecimento de medidas de
salvaguarda das peças contidas ali, consideradas aqui como bens culturais de
grande valor, além do desenvolvimento de ações que favorecessem a acessibilidade
às informações e ao rico conjunto de objetos preservados neste museu.

2 ESTUDO DE CASO: reflexões, práticas e desafios

2.1 Primeira etapa: compreendendo o museu, seu entorno e sua comunicação


externa

A primeira ação mais efetiva do projeto aqui descrito, realizada de setembro de 2015
a maio de 2016, diz respeito às pesquisas de campo que visavam analisar a
acessibilidade em diversas escalas, partindo da universidade para depois se chegar
no próprio museu.

Segundo o Instituto Brasileiro de Museus (2014, p.35), a acessibilidade se traduz


através da hospitalidade, do acesso à informação mediante os meios de divulgação,
do acesso ao local por meio da sinalização e adequação do espaço para o ingresso
de todos e da possibilidade de novas descobertas e experiências mediante o contato
com os bens culturais.

Tendo em vista as possibilidades de entrada para o campus foram realizadas


análises nas vias de acesso no anel viário do campus, se estendendo a algumas
áreas externas à universidade, mormente seu entorno: rotatória perto da Associação
Feminina de Prevenção e Combate ao Câncer de Juiz de Fora (Ascomcer), Hospital
do Câncer localizado na Avenida Presidente Itamar Franco, e na Estrada
Engenheiro Gentil Forn, até a rotatória próxima à Praça Rubem C. Abreu.
Posteriormente, a análise se concentrou ao perímetro que concentra a Faculdade de
Farmácia, Odontologia e o Centro de Ciências da Saúde. Por último, o diagnóstico
limitou-se ao prédio da Faculdade de Farmácia e à sala do Museu.

Minas Gerais), Museu de Farmácia Antônio Lago (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro) e Museu
Pharmacia (Ouro Preto-Minas Gerais).
Foram realizadas observações ​in loco e registros fotográficos para observar como o
museu é sinalizado no próprio campus e se essa divulgação, caso existisse, conteria
todas as informações necessárias para orientar um visitante até o espaço
museológico. Além disso, o intuito das visitas era averiguar também as condições da
acessibilidade física.

FIGURA 2:​Trajeto percorrido dentro e fora da universidade para análise da sinalização.


FONTE: ​Acervo pessoal, 2016.
DADOS:​ Google Earth, 2016.
FIGURA 3 ​Localização da Faculdade de Farmácia no campus e do museu na edificação.
FONTE: ​Acervo pessoal, 2016.
DADOS:​ Google Earth, 2016.

A área total do campus é de 1.346.793,80 metros quadrados, com 19 unidades


acadêmicas, que oferecem cerca de 50 cursos e habilitações de graduação. A
universidade abriga 57 cursos de especialização, MBAs e residências, trinca cursos
de mestrado e quatorze cursos de doutorado. Além disso, por meio do Colégio de
Aplicação João XXIII, oferece o Ensino Fundamental e Médio. Nesse sentido, a
universidade movimento um público de aproximadamente 23 mil alunos, dos quais
cerca de 15 mil estão na graduação presencial4.

A UFJF também é responsável pela gestão de alguns espaços e grupos culturais na


cidade de Juiz de Fora, a saber: Cine-Theatro Central, Centro de Ciências, Museu
de Arte Moderna Murilo Mendes (Mamm) e Fórum da Cultura.

Tendo em vista a grande movimentação de pessoas e instituições dentro do campus


universitário e seu entorno5, vislumbra-se que existam políticas de divulgação dos

4
A UFJF possui, desde 2012, um campus avançado na cidade de Governador Valadares, na região
do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. Nessa cidade, são oferecidos nove cursos: Medicina,
Odontologia, Farmácia, Fisioterapia, Nutrição, Direito, Economia, Administração e Ciências
Contábeis. Outra frente é relativa ao ensino de educação a distância, que abarcam 30 polos em
diferentes cidades de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo e são oferecidos oito
cursos de graduação e cinco de pós-graduação.
5
​Outro dado a ser considerado é que a universidade acomoda um Hospital Universitário, sendo
considerado centro de referência ao atendimento de pacientes da rede do Sistema Único de Saúde
(SUS), com uma área de cobertura que engloba mais de 90 municípios da Zona da Mata Mineira e do
estado do Rio.
espaços geridos e inseridos na UFJF. Entretanto, apesar dos esforços institucionais,
notou-se que no que concerne a sinalização indicativa de existência do museu é
inexistente. Não existem placas, letreiros e nem mapas com demarcações que
possam orientar os usuários da instituição federal de ensino acerca dos espaços
culturais presentes no campus, quiçá do museu.

Um exemplo disso é que, ao analisar as ruas e avenidas do entorno do campus e do


próprio museu só foi identificado placas indicativas de percurso até o campus.
Assim, ao adentrar pelos portões de acesso à universidade não foi verificada
nenhuma placa, letreiro ou informação que pudesse revelar a existência de um
museu dentro da instituição de ensino. Os letreiros informativos existentes faziam
menções a campanhas educativas, nomes das faculdades, bibliotecas, restaurantes
e prédios administrativos. Nas proximidades da Faculdade de Farmácia, as únicas
placas que indicam o museu situam-se ao lado da sua entrada e anexadas às
portas. Não existem outras sinalizações ou mapas que indiquem a sua localização,
tornando assim difícil o acesso de pessoas que desconhecem o prédio.

Figuras 04 e 05:​ À esquerda, placa localizada próximo à Ascomcer, na Avenida Presidente Itamar
Franco. À direita, placa indicativa dentro da universidade, próximo ao pórtico norte.
FONTE​: Acervo pessoal, 2016.
Figuras 06 e 07:​ À esquerda, trecho do anel viário onde não há sequer placas que orientem a localização das
faculdades. À direita, vista da única placa existente no estacionamento da faculdade de Farmácia
FONTE​: Acervo pessoal, 2016.

Figuras 08 e 09: ​ Placas localizadas na entrada do museu.


FONTE:​ Acervo pessoal, 2016.

Embora o Museu esteja inserido no primeiro pavimento do segundo bloco que


compõe a edificação da Faculdade de Farmácia, e esta esteja situada em um platô à
sudeste do campus, o trajeto até o museu pode ser feito através de ônibus de
transporte público, ​uber, t​ áxi ou automóvel. As vias são acessíveis, apesar de não
possuírem sinalizações adequadas. O prédio do Curso de Farmácia ainda conta
com um elevador, que permite o acesso de cadeirantes ao primeiro pavimento, e,
consequentemente, ao museu.
Gehl (2010) e Rechia (2017) destacam a importância de que o espaço público, para
atrair as pessoas, seja confortável, seguro, aprazível e ofereça opções variadas,
para que estas possam vivenciá-lo de acordo com seus interesses, seja andando,
pedalando, correndo, sentando para conversar, escutar, apreciar, ou desenvolvendo
outra atividade. Para os autores isso demanda um planejamento atento aos diversos
aspectos que envolvem “[...] um cuidadoso tratamento geral de todos os fatores de
qualidade mencionados. Nada deve ser deixado de lado” (GEHL, 2010, p.237).

No caso do Museu da farmácia, essas diretrizes que auxiliam na apropriação do


espaço se apresentam como algo relevante e positivo. Além de estar situado em
uma instituição pública de ensino, há em seu entorno imediato algumas salas de
aula e uma cozinha, como também locais que favorecem a permanência: bancos,
mesas onde alunos passam tempo estudando e, até mesmo, a larga mureta do
guarda corpo, onde vários discentes e funcionários se acomodam. Esses elementos
tornam o ambiente atrativo e convidativo para aqueles que vão ao prédio da
Faculdade de Farmácia constantemente, favorecendo assim uma possibilidade de
aproximação e consequentemente de democratização do museu.

Todavia, em análise de dados relativos a distâncias geográficas no município de Juiz


de Fora, constatou-se restrições concernentes ao acesso ao espaço visto que a
grande extensão territorial do município faz com que as pessoas necessitem de
algum meio de transporte até o campus. Esse fato se agrava quando analisada a
extensão territorial do município: a área urbana de Juiz de Fora é composta por
446.551 km², ao passo que a área rural é composta por 983.324 km², região essa
que abriga dez distritos, a saber: Torreões, Humaitá, Monte Verde, Toledos,
Piraptinga, Rosário de Minas, Penido, Valadares, Sarandira e Caeté (PJF, 2014).

Nesse sentido, apesar de pequenas ações em voga que buscam atender a essa
demanda, como a inserção de informações sobre esses lugares no sítio eletrônico
da universidade e de mapas com indicação dos institutos e das faculdades nos
pontos de ônibus localizados dentro do campus, percebe-se que essas intervenções
ainda são embrionárias e não favorecem a divulgação do museu.

Assim, pensar a apropriação dos espaços públicos, se torna central para a reflexão
em torno do próprio planejamento das cidades. Rechia (2006) pondera que a
apropriação de um espaço ou a delimitação espacial deste, está socialmente
condicionada ao poder simbólico do lugar com os laços de afetividade que as
pessoas estabelecem entre si, em determinado ambiente. A pesquisadora
exemplifica que a representação de uma quadra esportiva em uma planta seria
apenas a representação gráfica de uma estrutura físico espacial, já essa estrutura
construída pode nos dar elementos para interpretar determinadas relações sociais
como localização, abrangência e acessos. São as vivências e práticas ali
concretizadas, da apropriação daquele bem entre grupos sociais, que vão fornecer
sentidos e significados​ ​a essa parcela do espaço urbano.

Por isso, ao se pensar na democratização do Museu Farmácia e correlacionar


acessos viários, informações disponíveis nas vias públicas e em sítios na internet, foi
possível perceber que, apesar do campus universitário receber um grande volume
de pessoas diariamente, sendo considerado também um importante equipamento de
lazer aos finais de semanas e feriados, as pessoas não se apropriaram do Museu da
Farmácia.

Porquanto, Milton Santos (1997, p. 25) salienta que o “lugar constitui a


dimensão da existência que se manifesta através de um cotidiano compartilhado
entre as mais diversas pessoas, firmas, instituições cooperação que em conflito são
a base da vida em comum”. Por isso, ao se discutir as práticas e experiências nos
espaços urbanos, um aspecto é relevante: o uso desses espaços. E umas das
possibilidades que se avizinha diz respeito também a lugares de lazer. Nesse
âmbito, há de se considerar a crescente presença desse elemento nas pautas de
discussão dos pesquisadores, dos políticos, das organizações da sociedade civil e
da sociedade em geral, uma vez que, sendo um direito social, o lazer pode favorecer
a cidadania ao estimular relações multiculturais, possibilitando aproximações e até
mesmo distanciamentos entre os indivíduos em um determinado espaço (GOMES;
ELIZALDE, 2012).

Cabe enfatizar, entretanto, que o lazer não pode, sozinho, transformar a vida
humana e torná-la melhor, uma vez que, como pontua Valle (1998, p.44), “em suas
raízes históricas e, marcadamente, em sua formulação contemporânea, [...] o lazer
foi sempre profundamente caracterizado por uma busca direta de manipulação
ideológica”. Com isso, ao investigar o tema, não se pode desconsiderar que o lazer,
muitas vezes, reflete os contrassensos presentes em determinado contexto,
podendo ser “utilizado” com diferentes finalidades, seja para reforçar o ​status quo,​
estereótipos e valores excludentes, consumistas e alienantes, seja para contribuir
com a constituição de uma nova sociedade, mais justa, humana e comprometida
com os princípios democráticos (GOMES, 2004).

Assim, compreende-se aqui que o lazer é parte da experiência humana e que


esta possui uma interdependência com os processos histórico-culturais de cada
sujeito. Por ser parte constituinte das culturas, o lazer expressa as contradições, as
tensões e os desafios presentes em cada contexto sociocultural específico.

Porém, notou-se que antes de realizar uma divulgação mais ostensiva junto à
comunidade, visando, assim, minimizar esse distanciamento, era necessário tornar o
espaço do museu mais acessível visto que alguns pontos se apresentavam
dificultadores, eram eles: i) a naturalização da tipologia do museu, tendendo a uma
certa cientificialização do espaço; ii) a falta de acessibilidade ao espaço expositivo e
ausência de um programa de segurança; iii) carência de mão de obra qualificada e
especializada; iv) inexistência de projetos de ações educativas.

2.2 A naturalização da tipologia do museu, tendendo a uma certa


cientificialização do espaço;

Em uma reunião na Faculdade de Farmácia, ​no segundo semestre de 2015,


representantes daquela faculdade, ao evidenciar, em demasia, o caráter científico do
museu, acabavam por contribuir para obliterar outras possibilidades de acesso e,
portanto, de fruição do espaço. Naquela ocasião, a equipe do projeto de extensão
através das pesquisas bibliográficas realizadas ponderou que, além do caráter
científico do espaço, que se manteria, funções outras, como a educativa e a de lazer
poderiam ser incorporadas, isto é, coexistirem sem prejuízo à proposta museológica.

Entende-se que as especificidades do acervo não o impedem de se relacionar com a


pluralidade da nossa sociedade atual. Para não serem legados ao ostracismo e ao
esquecimento, os museus precisam integrar e interagir com diferentes saberes
museológicos, de forma a não polarizar um conhecimento em detrimento de outro
em seu espaço expositivo. Nesse sentido, não cabe dizer se um museu é de física
ou de história, pois antes é necessário que todo e qualquer museu crie
possibilidades de encontro entre as diferentes disciplinas e experiências, oferecendo
aos seus visitantes diversas possibilidades de interação com o ambiente. Outro
ponto a ser considerado sobre a naturalização de tipologias é o perigo de
distanciamento do público, uma vez que os sujeitos são plurais e possuem
interesses diversos. Chagas (2001) pontua, na contramão das abordagens
clássicas, que “não há uma substância interna ou mesmo uma natureza ímpar
definidora de especificidades capazes de estabelecer distinções suficientemente
claras entre museus de ciência, de história e de arte” (p. 54).

Hugues de Varine, já em 1969, ressaltava a importância da aproximação entre o


museu e o público ao ponto que o espaço museal perca sua categorização, não
sendo mais o de arte, de história, de arqueologia, de etnologia ou o de ciências.
Ainda segundo o autor, no museu:

[...] Não há mais limites do que os próprios limites do homem. Este museu
apresenta tudo em função do homem: seu meio ambiente, suas crenças,
suas atividades, da mais elementar à mais complexa. O ponto focal do
museu não é mais o ‘artefato’ mas o Homem em sua plenitude. Nessa
perspectiva a noção de ‘passado’ e de ‘futuro’ desaparecem, tudo se passa
no ‘presente’, em uma comunicação com o ‘indivíduo’ e o Homem, por
intermédio do ‘Objeto’. (VARINE-BOHAN, 1969 citado por MARTINS, 2006,
p. 9)

Como visto anteriormente, ao considerar o museu centrado nos sujeitos e suas


diferentes culturas, não cabe discutir esta ou aquela segmentação ou tipologia, uma
vez que se perdem limites entre tempos, espaços ou discursos e os tornam
inacessíveis. Portanto, a convenção vigente que segmenta os museus carece de
relativização. Considera-se o museu como um espaço que propicia trocas,
especialmente quando se considera a relação lazer e educação neste espaço, visto
que a concepção dada a essas dimensões e a naturalização de alguma delas para
este espaço podem privilegiar uma em relação à outra.

Assim ao naturalizar certas categorias de especificidades os museus reduzem as


opções no que tange à captação de público e à propaganda institucional se
inserindo em um paradoxo.
Os museus vêm sendo caracterizados como locais que possuem uma forma própria
de desenvolver sua dimensão educativa. E, cada vez mais, utilizam o lazer como
uma das muitas possibilidades para uma educação considerada não formal,
tornando-se um espaço de interação com os sujeitos, favorecer a participação social
e promover a democratização e a cidadania.

Assim, o acesso ao museu e a sua divulgação precisavam ser pensados em uma


escala maior devido não apenas à sua inserção na Faculdade de Farmácia, o que
denota certo compromisso com a difusão do conhecimento, mas também pela
expressividade de seu acervo. Isso porque, além de uma possibilidade educacional,
também ensejaria uma experiência de lazer aos visitantes e, consequentemente, na
universidade, sendo estas aquelas que oferecem todo o custeio para a sua
manutenção.

2.3 Segunda etapa: enfrentamento à falta de acessibilidade ao espaço


expositivo e problemas segurança

O Museu da Farmácia conta com uma estrutura física de aproximadamente 100,82


metros quadrados, que estavam dispostos da seguinte maneira: 67,44 metros
quadrados para a sala da mostra permanente, 28,60 metros quadrados para a
administração e mostras temporárias e 4,78 metros quadrados para a reserva
técnica.

A entrada principal dava acesso primeiramente à administração e à mostra


temporária, quando havia alguma exposição. Também permitia o ingresso à reserva
técnica, a qual estava localizada próxima à porta. À direita estava a sala da mostra
permanente, cujos objetos se encontravam dispostos em mesas e estantes de
madeira. Neste espaço existem duas portas que permaneciam fechadas, não sendo
utilizadas como entrada e/ou saída do museu.
FIGURA 10​: Planta ilustrativa do Museu no início do projeto.
FONTE​: Acervo pessoal, 2016.

Através das pesquisas bibliográficas realizadas a equipe concluiu que para a


ampliação da democratização do espaço do Museu alguns fatores seriam
determinantes: a exposição e/ou espaço expográfico; as características do público e
as relações com os mediadores.

​O ​público chega ao museu com ​diferentes níveis de possibilidades de compreender


os temas apresentados​, ou seja, com suas redes cotidianas de conhecimentos
parcialmente tecidas e abertas à incorporação de outros novos fios. Os fatores
sociais e as expectativas pessoais dos diferentes visitantes contribuem para a
significação que eles darão às narrativas museais. Por esse motivo, a pedagogia
deve contemplar todos estes aspectos, a fim de que se estabeleça um ​vínculo entre
museu e visitante​. Para tal, é necessário que o museu esteja aberto à negociação
com o público. As ​exposições não devem ser um simples conjunto de ilustrações e a
relação com o público deve se fazer por meio de uma construção na qual os termos
ilustrar, demonstrar e completar não devem ser lidos de forma mecânica, e sim
interpretados a partir de concepções voltadas à compreensão, negociação e
parceria, em uma interação do sujeito com o objeto do conhecimento. (VALENTE
citado por GOUVÊA; VALENTE; CAZELLI, 2001, p.171, ​grifos nossos)​

Posto isso, um dos pontos privilegiados no museu, que prioriza a participação social
e a aproximação com a sociedade é constituído, principalmente, por exposições
permanentes ou itinerantes, com caráter participativo e/ou interativo. Assim,
reconhecida como peça-chave para a democratização do espaço, a exposição pode
proporcionar uma educação mais instigante e plural. Quando associada às
possibilidades de lazer, ela pode contribuir para vivências lúdicas no espaço museal
que, em muitos casos, são considerados lugares frios e maçantes, isto é,
possibilitando, através de elementos da ludicidade, como, por exemplo, as
brincadeiras, uma possibilidade de reflexão crítica e aprendizagem em torno das
informações propiciadas pelos museus.

Nesse sentido, ao analisar a disposição do mobiliário no espaço expositivo do


museu, notou-se, entre maio e junho de 2016, que a distância entre os móveis e a
altura dos mesmos não favoreciam o alcance visual do público em geral. Um
visitante na cadeira de rodas, por exemplo, não conseguiria se locomover entre
alguns dos corredores principais visto que a menor distância encontrada foi de
1,13m. Segundo a NBR 9050, a medida mínima para o deslocamento em linha reta
é de 80cm, e para rotação da cadeira são necessários de 1,20m a 1,50m.

A única região da sala onde a aproximação era dificultada em razão da posição dos
objetos se encontrava perto da janela. Abaixo do peitoril estão expostos diversos
tipos de medicamentos e remédios antigos, cuja visibilidade é limitada devido à
baixa altura e à proximidade com outras peças do acervo. Os objetos que estão
próximos distam no máximo 80cm dos armários, impedindo o alcance de um
cadeirante e a permanência confortável de uma pessoa em pé, a qual precisa de, no
mínimo, 60cm para conseguir circular de forma desejável.
FIGURAS 11,12 e 13​: Medidas de algumas passagens de circulação..
FONTE​: Acervo pessoal, 2016.

No que se refere ao alcance visual, a norma 9050 aponta que a linha do horizonte
visual de um cadeirante é em torno de 1,15m, enquanto que de uma pessoa em pé é
de 1,45m. O museu possui mesas e armários de alturas diversas, havendo sobre
todos eles objetos que fazem parte da exposição. Entretanto, alguns não possuíam
altura desejável para que cadeirantes ou indivíduos de menor estatura visualizem as
peças de forma completa. No mais, a forma como os objetos estavam distribuídos
proporciona um entendimento isolado, sem oferecer ao visitante uma leitura conjunta
acerca do acervo.
FIGURA 14​: Altura de alguns móveis do museu.
FONTE:​ Acervo pessoal, 2016

Ora, diante das funções atribuídas aos museus, destaca-se aqui a constituição de
espaços e acessos democráticos, a qual remete ao desenvolvimento de ações em
prol das acessibilidades, dentre elas a física.

O Estatuto de Museus, através da Lei n. 11.904, de 14 de janeiro de 2009, também


se apoia no entendimento corrente de acessibilidade adotada na legislação, uma vez
que na Subseção III, que trata da da Difusão Cultural e Do Acesso aos Museus tem
como parágrafo único: “O museu regulamentará o acesso público aos bens culturais,
levando em consideração as condições de conservação e segurança” (BRASIL,
2009). No artigo 35, a acessibilidade é tratada da seguinte maneira: “Os museus
caracterizar-se-ão pela acessibilidade universal dos diferentes públicos, na forma da
legislação vigente”. Percebe-se que há uma tendência em associar o termo
acessibilidade a fatores físicos que permeiam apenas a uma dimensão de ser
acessível a pessoas portadoras de deficiência. Entretanto, pode-se indagar: Seriam
os museus acessíveis a todas as línguas? Seriam eles acessíveis a todo e qualquer
público? Ele privilegiaria discursos e saberes não hegemônicos?

Da mesma forma, foi pensado tardiamente ​(janeiro a maio de 2017) ​sobre a


viabilidade de abrir o museu para pessoas com outras limitações, como a visual. A
tradução das informações mais interessantes para o braile se tornou uma intenção
quando foi apreendido que o projeto havia à disposição o equipamento necessário
para tal juntamente à CAEFI (Coordenação de Acessibilidade Educacional, Física e
Informacional) e à Diretoria de Ações afirmativas da Universidade. Para esse tipo de
público também foi cogitada a possibilidade de tocar em algumas peças, todavia, as
análises necessárias para permitir tal experiência ainda são insuficientes.

Da mesma forma, Cohen, Duarte e Brasileiro (2012, p. 22) argumentam que a


pessoa com deficiência deve ter garantido seu direito de acesso a espaço cultural,
que “envolve o ter acesso​, o ​percorrer​, o ​ver​, o ouvir,​ o ​tocar e o ​sentir os bens
culturais produzidos pela sociedade através dos tempos e disponibilizados para toda
a comunidade” (​grifos nossos​).

Nesse sentido, entre agosto e novembro de 2016, ​a equipe do projeto de extensão


se empenhou na produção de um novo layout para adequar o mobiliário às
premissas da NBR 9050, e, consequentemente, foram pensadas novas
possibilidades de reorganização das peças. As ações foram direcionadas com vistas
a dirimir as lacunas relativas ao espaço expositiva que impossibilitavam ou
dificultavam a apropriação desse espaço cultural dando uma configuração mais
dinâmica.

Assim sendo, foram feitas modificações que objetivam qualificar o museu. As mesas
e estantes foram dispostas de modo a permitir a circulação confortável de uma
pessoa em pé, oferecendo também espaço para o giro de manobra de um
cadeirante. Além disso, a nova disposição permitiu que mostras temporárias e
atividades lúdicas com visitantes fossem realizadas na própria sala da mostra
permanente.

O acervo foi agrupado em espaços temáticos para possibilitar um melhor


entendimento da exposição, visto que o Museu possui peças referentes a seis áreas
da profissão farmacêutica, sendo elas: i) administração farmacêutica; ii) farmácia; iii)
área química; iv) área de análises clínicas e v) manipulação e alimentos.

FIGURA 15:​ Sala da mostra permanente do Museu da Farmácia após mudança do layout e da
exposição das peças.
FONTE:​ Acervo pessoal, 2017.

Também neste momento, foi iniciada, sobretudo no mês de julho de 2016, uma
importante ação relativa à acessibilidade: a readequação da reserva técnica. Um
fator que deve ser ressaltado que o projeto de extensão não contou com apoio
financeiro de nenhuma espécie o que dificultava certas ações serem realizadas. No
âmbito da reserva técnica foram aplicadas metodologias apreendidas na fase inicial
do projeto relativas a pesquisas sobre preservação e conservação. Além disso, a
equipe não contou com a presença de museólogos o que dificultava o
empreendimento de ações mais técnicas. Para suprir essas lacunas a equipe de
bolsistas e professores que compunham o projeto fizeram inserções em campo, em
visitas técnicas que contavam com o apoio de profissionais especializados e tinham
acervos parecidos com o que compunha o Museu da Farmácia.

Tal ação objetivou criar condições para a reorganização das peças através da
catalogação e descrição exaustiva de peças e suas utilidades. Para isto foram
criadas fichas catalográficas com numerações que facilitavam o acesso aos objetos,
dando a saber quais peças se encontravam fora da exposição permanente do
museu. Peças essas que foram sendo guardadas nesse espaço a medida que iam
sendo incorporadas à coleção do museu. Entretanto, a falta de manutenção nesse
ambiente desencadeou a saturação da reserva, face ao excesso de peças em um
espaço diminuto, ocasionando a proliferação de fungos e insetos.

Diante desse contexto, foi feita uma proposta de ampliação para esse espaço, o qual
passou a conter 13,75 metros quadrados, concluída em outubro de 2016. Além
disso, foram requalificadas as formas de armazenamento das peças da reserva em
ambientes que favoreciam a conservação, logo depois que a equipe realizou
algumas visitas em reservas técnicas de outros museus da cidade. Um exemplo
dessa ação foi que, além da limpeza realizada no ambiente, foram coletadas caixas
de isopor com vistas à proteção das peças, muitas delas de cerâmica ou vidro. Aliás,
a opção pelas caixas de isopor se deu pela impossibilidade da universidade adquirir
caixas com cartão não ácido e papel não alcalino. Assim, as condições de
armazenamento e proteção dessas peças foram potencializadas aumentando a
capacidade de vida útil desses elementos, mediante adaptação do entendimento
vigente em acervos arqueológicos (BANDEIRA, 2016, 2017), ao fazer uso desse
material.

Outra ação realizada pelo projeto foi a realização de uma intervenção na


administração do museu, ocorrida entre julho e outubro de 2016​, ​em que se
projetou de maneira contígua à reserva, uma sala multiuso destinada a reuniões,
realização de pesquisas e/ou manejo, seja para pesquisa, seja para higienização, de
peças oriundas do acervo.
FIGURA 16:​ Planta ilustrativa do Museu atualmente.
FONTE:​ Acervo pessoal, 2017.

Em janeiro de 2016, se deu o início de pesquisa sobre a inventariação das


peças foi caracterizada pelo estudo de três manuais de gestão e documentação
museológica, sendo que a inventariação ainda está em curso. Logo depois,
migramos as fichas das peças inventariadas para arquivos digitais e, assim,
começamos o processo de inventariação. O processo foi dividido nas seguintes
etapas: pesquisas em livros, manuais e na internet sobre as peças, nessa primeira
fase a equipe foi dividida em duas, uma ficou responsável pela inventariação da
biblioteca do museu e a outra pela peças da exposição e reserva técnica; seguida de
identificação numérica do objeto e arquivamento da ficha de inventário. Vale
ressaltar que o processo de pesquisa e, consequentemente, inventário de uma única
peça poderia durar dias, pelo fato de existirem poucas ou nenhuma informação da
peça, muitas das vezes recorremos ao professor Lucas Marques, para nos auxiliar
nessa etapa.

A comunicação interna e externa também foi trabalhada de maneira tímida. No que


tange a comunicação interna foram estabelecidos quadros de horários de
permanências de bolsistas no espaço museológico, bem como a feitura de um grupo
​ ​whatsapp para a facilitar a comunicação da equipe do projeto junto aos
via ​e-mail e
professores e funcionários do museu. Além disso, permanentemente havia a
presença de algum representante do projeto no ambiente do museu.Outro ponto a
ser considerado que após a requalificação do espaço uma sala foi direcionada para
auxiliar nas reuniões. Já com relação a comunicação externa, foram feitas ações na
movimentação de uma rede social gratuita, o ​Facebook​, a partir de julho de 2017,
uma vez que o volume de informações acerca do espaço museal era escassa nas
redes e de que a equipe não possuía recursos financeiros para a confecção de
placas, folders ou cadernos informativos. Assim, a movimentação da página no
​ a atualização das informações do site do museu vinculado a página da
Facebook e
UFJF foram vistas como uma saída possível para driblar as dificuldades relativas à
comunicação externa6.

Outro ponto observado que pode vir a favorecer a democratização do espaço


do museu foi relativo a segurança. Foi observado que a guarda é realizada, em sua
maior parte, por uma empresa terceirizada que conta com seguranças armados que
fazem rondas a pé, de moto ou carro. Existe também a presença ocasional de
viaturas da Polícia Militar, que possui um posto policial a 150 metros do portão norte
do campus universitário.

É possível perceber ainda que o trânsito de alunos, professores e


funcionários é intenso ao longo do período letivo. Outro ponto observado é que o
acesso a Faculdade de Farmácia aos finais de semana é bloqueada para a subida
de carros, fazendo com a região fique mais erma aos finais de semana e feriados.
Além disso, a intensa arborização no entorno da faculdade geram um clima de
insegurança nos turnos da noite, em que a movimentação de pessoas e visibilidade
se tornam menos intensas.

6
Ferreira (2018, p. 46) atestou que “a criação dos perfis nas mídias sociais Facebook e Instagram,
possibilitou uma maior aproximação com o público”. As postagens das peças da exposição eram
realizadas em dois dias da semana, contendo curiosidades e informações das mesmas. Os grupos
desde visitas agendadas também ganhavam destaque nas redes e para isso foi desenvolvido uma
“moldura”, onde as fotos eram editadas e em seguidas postadas, os comentários eram caracterizados
por elogios e marcações de usuários, outros perfis. Dados do ​Facebook e Instagram ​apresentavam
mais de 1.500 visualizações nas postagens das redes e recebíamos um número significativo de
visitantes que conheceram o museu pelas redes sociais.
Ao analisar as sociedades americanas Jacobs (2000), concluiu que a
manutenção da segurança não é feita exclusivamente pela polícia, “[…] mas pela
rede intrincada, quase inconsciente, de controles e padrões de comportamento
espontâneos presentes em meio ao próprio povo e por ele aplicados” (JACOBS,
2000, p. 32). Os “olhos vigilantes” dos espaços públicos são as pessoas que,
consciente ou inconscientemente, utilizam o espaço público e/ou costumam
contemplá-lo de suas casas, exercendo uma vigilância natural sobre o que ali
acontece “[...] a calçada deve ter usuários transitando ininterruptamente, tanto para
aumentar na rua o número de olhos atentos quanto para induzir um número
suficiente de pessoas de dentro dos edifícios da rua a observar as calçadas”
(JACOBS, 2000, p. 35-36).

Do ponto de vista interno, o projeto, em parceria com a Faculdade de


Farmácia, conseguiu dotar o museu de extintores de incêndio, além de contar com
um funcionário específico para a limpeza. Esse funcionário, muito antigo na
instituição, é de confiança dos gestores da Faculdade, o que traz alguma segurança
para a salvaguarda das peças, visto que não há sistema de segurança, tampouco
câmeras no museu. Além disso, esse funcionário, ao realizar a limpeza a muitos
anos, evita que materiais inadequados possam ser utilizados nas peças, gerando
danos irreparáveis.

Terceira etapa:implementação de programas de ações educativas: erros e


acertos

Algumas intervenções que deveriam ter sido desenvolvidas de forma ativa na etapa
posterior, ou seja, de dezembro de 2016 à maio de 2017, foram insuficientes, haja
vista que o projeto abarcou outras demandas até então não esperadas inicialmente7.

Contudo, após as requalificações feitas no âmbito físico e comunicacional no museu,


a equipe se dedicou na elaboração de programas de ações educativas, uma vez que
foi identificado a invisibilização do museu no próprio seio da Faculdade de Farmácia.

7
Desde o início do projeto a equipe foi surpreendida com um conjunto de situações não previstas, como
problemas estruturais, ausência de recursos e inexperiência do grupo de trabalho.
Através de diálogos com estudantes da Faculdade e relatos de professores das
turmas de Farmácia (que passaram, a partir de 2016 a levar suas turmas ao espaço)
foi identificado que os discentes do curso de Farmácia desconheciam a existência
do museu. Outro dado importante que durante as observações ​in loco os
professores e funcionários da Faculdade pouco visitavam o espaço, com exceção
dos docentes e funcionários diretamente ligados ao museu.

Antes de lançar mão dos programas educativos, a equipe do projeto realizou uma
exaustiva pesquisa bibliográfica sobre as relações de patrimônio, educação, museus
e mediação para embasar as ações que seriam desenvolvidas.

Diante dessa conjuntura, através da pesquisa bibliográfica, a equipe concluiu que o


espaço museal é um espaço multifacetado, cujas categorias, como espaço, tempo,
lazer, educação e manifestações culturais, se constroem e reconstroem. É diante
desse quadro que esses lugares de cultura abrem suas portas para os saberes
diferenciados, possibilitando as trocas e permitindo que a história, as memórias e a
imaginação convivam de forma complexa e tênue.

Assim, os objetos e as diferentes obras contidos nos museus possibilitam o exercício


da fruição e da construção de saberes. Porém, como lembra Chagas (2011, p.13), “é
preciso que nos aproximemos deles sem ingenuidade, mas também sem a
arrogância do tudo saber. É preciso que nos apropriemos deles. Um dos nossos
desafios é aceitá-los como campos de tensão”. Nesse sentido, Canclini (2008 p.
169), ao se dirigir aos museus , também alerta que:

[...] o museu é a sede cerimonial do patrimônio, o lugar em que é


guardado e celebrado, onde se reproduz o regime semiótico com que
os grupos hegemônicos o organizaram. Entrar em um museu não é
simplesmente adentrar em um edifício e olhar obras, mas também
penetrar em um sistema ritualizado de ação social.

Os museus também podem ser entendidos como referências para a compreensão


da trajetória humana, embora, ao apresentar suas coleções, possivelmente dão a
perceber as bases ideológicas ali postas. Nesse ínterim, Costa (1994, p. 44)
assinala que:
O que possibilita um objeto deixar sua função utilitária, ser
resguardado do perecimento e da deterioração, passar a constituir
parte de uma coleção particular e, finalmente, se transformar em
patrimônio público e memória coletiva é sua função simbólica, sua
capacidade de portar significados e constituir identidade.

Certamente, o contato com os objetos, através das exposições facilita o acesso das
pessoas aos museus, entendendo-os como lugares de cultura. Benjamin (1989), ao
definir os espaços museais, pondera que eles “são casas e espaços que suscitam
sonhos”. Assim, mais do que abrigar coleções ou expor obras de arte famosas, eles
podem ser também:

[...] lugares de encontro de gerações, de trocas, memórias,


identidades, culturas, etnias, gêneros, grupos sociais, políticos,
enfim, lugar de se reconhecer e conhecer o outro, lugares de
encantamento, de poesia e de conhecimento, portanto lugares onde
identidades culturais podem ser identificadas e reconhecidas, onde a
produção da diferença se evidencia sem que o “outro” seja o
diferente (REDDIG, em REDDIG; LEITE, 2007, p.47).

Esses lugares não guardam apenas um conjunto de elementos de valor cultural,


mas sim são resultados da relação do homem com o seu espaço-tempo (REDDIG;
LEITE, 2007, p.36). Leite (2006, p.75) ressalta ainda que os museus não apenas
exercem o papel da guarda, mas têm vocação para investigar, documentar e
comunicar-se. Esse fenômeno, reflexo da contemporaneidade, leva tais categorias a
serem revisitadas em suas raízes, e muitas vezes transformadas, não sendo mais
possível fragmentá-las.

Diante dessas concepções a equipe de trabalho também se atentou para o fato da


captação de público para o museu, tendo em vista a estreita relação entre ações
educativas como possibilidades para o enfretamentamento do esquecimento e do
ostracismo nesses espaços, uma vez que que, na atualidade, existe um pensamento
corrente de que uma instituição museológica que guarda apenas objetos e obras e
não se relaciona com seu público é visto como espaço sem vida. Cabe ponderar,
entretanto, que a equipe realizou ações de pequena escala observando os possíveis
conflitos que as ações de publicidade e captação de público podem gerar.

Um cuidado foi essencial para essa etapa evitar malabarismos para chamar a
atenção do público, sem sequer criar laços que o façam retornar, passa a ser
entendido como um espaço do espetáculo fortemente ligado ao número de
visitantes. Filho (2006) alerta que

O museu parece se esquecer de suas finalidades e


compromissos com a sociedade em troca da promoção,
assumindo para si aquilo que o patrocinador tem como um
grande valor: o sucesso de público, não se preocupando com
a maneira pela qual os visitantes se relacionam com as obras
expostas e nem se estão ou não criando um público que
voltará ao museu. (FILHO, 2006, p. 88)

Evitou-se assim lançar ações educativas apenas com o intuito de aumentar o


número de visitantes, uma vez que elas poderiam gerar projetos e ações vazias e
evasivas. Durval de Lara Filho (2006, p.89), ao dissertar acerca dos conflitos
concernentes a captação de público, aponta:

Com o intuito de equacionar o problema, o museu se vê diante de um


dilema: priorizar a popularização de seu acervo, a qualquer custo,
transformando o museu num showroom ou num shopping center, ou
preservar o caráter ‘culto’ da produção e da própria origem do
museu, em prejuízo de sua popularidade. No primeiro caso ele
precisa banalizar seu conteúdo e colocar-se a serviço das leis
industriais da comunicação (CANCLINI; 2003, p. 103), e no segundo,
lançar mão de atividades de educação ou de ação cultural numa
tentativa de aproximar arte e público e deixar de ser um santuário
tradicional da elite para ser um espaço de experiências para um
grande público.

Por mais que em sua concepção guarde uma série de valores políticos, econômicos,
sociais e culturais, o museu não deveria ser uma estância sectária. Entretanto, as
ações de democratização desse espaço necessitam de ressignificações, uma vez
que essa instituição pode reforçar a naturalização das diferenças sociais,
econômicas e culturais. Essa ressignificação tende a ser um pilar fundamental das
ações educativas de um museu, sobretudo ao diminuir tensões e apreensões no
público, que, muitas vezes, acha que não é apto a visitar dada exposição ou, ainda,
que deveria deter uma gama de conhecimento para ser capaz de usufruir o espaço.

As ações educativas, como um pilar da mediação cultural, tendem a contribuir para


que o acesso ao espaço se efetive mais plenamente, visto que diálogos seriam
construídos ao invés de muros edificados; abordagens específicas a cada grupo em
detrimento de guiamentos padrões, permitindo assim que o visitante se relacione
com o acervo. Aberturas, não fechamentos. Foi a partir desse entendimento que o
grupo considerou urgente o desenvolvimento de ações educativas, na medida em
que, se se cogitava a chegada de visitantes ligados à farmácia, também era verdade
que estudantes do Ensino Médio, turistas e residentes do entorno também eram
bem-vindos.Ou seja,

A questão da educação em museus possui um importante foco de interesse


na atualidade, tanto no que diz respeito ao seu papel social, quanto no que
se refere às práticas realizadas nesse espaço e suas possíveis reflexões.
Percebe-se o interesse não apenas na organização e preservação de
acervos, mas também na ênfase da compreensão, desenvolvimento e
promoção da divulgação, bem como na formação de público como forma de
disseminar conhecimentos por meio de uma ação educativa.
(FRONZA-MARTINS, [s.d], p. 71)

Se um museu, muitas vezes, prioriza o produto (seu acervo), a citação acima


possibilita também dar maior atenção ao processo (meios) pelo qual se dá a relação
do visitante com o acervo. Assim, parece fundamental pensar em ações que façam
desse processo entre visitantes e o espaço algo mais instigante e dotado de sentido.

Apesar de poucas e de pequena abrangência a equipe do projeto participação dos


processos de mediação cultural no espaço do museu. Corroborando com os
postulados de Martín-Barbero (1995, p.54), ao propor que o estudo da mediação
deva recuperar uma dimensão da vida, a iniciativa e a criatividade dos sujeitos,
valorizando a complexidade da vida cotidiana como espaço de produção de sentido,
cedendo espaço à relação com os meios e buscando romper com a racionalidade
que pensa somente em termos de conhecimento ou de desconhecimento, do ponto
de vista ideológico a equipe fez uma incursão nas visitas mediadas no espaço do
museu.

Desta maneira, entendendo que não seria apenas o papel do mediador despertar o
interesse dos visitantes junto ao espaço do museu, mas também o seu próprio
espaço, tendo em vista que o processo de mediação é envolto por um conjunto de
fatores (a recepção, os painéis, a qualidade das fotos, o trabalho dos curadores,
entre outros), poder-se-ia, então, afirmar que eles detêm igual papel, um
sustentando o outro, de modo que nem a atuação do mediador é mais importante e
nem a qualidade expositiva é a mais efetiva. Em suma, ambas são necessárias para
o processo de mediar as visitas em museus, especialmente aquelas ligadas
direcionadas a escolares.

O mediador, diante desse ponto de vista, pode ser compreendido não apenas como
um intermediário, no sentido de transmissor de informações, mas como aquele que
proporciona diálogo, ao se colocar entre o público e as exposições. Além disso, ele
pode facilitar a interação entre o público e as exposições, pois eles mediam ainda a
aproximação entre o público e a própria instituição, seus discursos e objetivos.
Nesse sentido, os mediadores podem ser considerados o “rosto” ou a “voz” da
instituição, ou seja, aqueles que têm o potencial em revelar ao seu público o que o
museu idealiza (MARANDINO, 2008; MORA, 2007; RIBEIRO E FRUCCHI, 2007).

Nesse ínterim, há de se considerar que pouco foi desenvolvido também em ações


socioeducativas, voltadas para aproximar o público do espaço museal e
proporcionar novas experiências. A equipe de projeto teve a oportunidade de
presenciar e mediar algumas visitas, tanto de grupos quanto individuais, envolvendo
diferentes faixas etárias. Após observar a forma como os visitantes se portavam no
espaço museal, foi diagnosticado que o interesse se reduz no decorrer do percurso,
sobretudo se o público for adolescentes. No caso de adultos, o museu se apresenta
mais interessante para aqueles que são da área farmacêutica, todavia, são poucos
os alunos da Faculdade de Farmácia que conhecem o espaço museal. Fato que
desencadeou a criação do programa de visitas para os calouros do curso. No início
do primeiro período letivo do ano de 2016, as turmas de calouros realizavam uma
visita ao museu, muitos deles ficavam surpresos com a história da própria faculdade,
do museu.

Um dos pontos privilegiados no museu que prioriza a participação social e a


aproximação com a sociedade é constituído, principalmente, por exposições
permanentes ou itinerantes, com caráter participativo e/ou interativo. No caso do
Museu da Farmácia, buscou-se desenvolver roteiros para visitas de grandes grupos,
levando em consideração a quantidade de pessoas e a faixa etária das mesmas.

Respeitando a capacidade de carga do museu, foram desenvolvidos percursos que


não incluíam somente o mesmo, mas também outros espaços da Faculdade de
Farmácia que poderiam despertar a curiosidade dos visitantes e contribuir para uma
experiência memorável. Após uma breve explanação sobre a história do museu, do
curso e do processo formativo de um estudante de farmácia, os alunos eram
divididos em dois grupos; enquanto um grupo era conduzido ao museu, o outro
dirigia-se ao laboratório de farmacologia ou ao horto da faculdade, sendo ambos
acompanhados pela equipe do projeto. Durante a explicação, o comportamento e a
reação dos discentes eram avaliadas, a fim de que os acertos e erros fossem
posteriormente discutidos para possíveis melhorias no modo de conduzir a visita.

O roteiro foi concebido de uma forma que fosse adaptável para os diferentes
grupos de visitantes e capaz de orientar os bolsistas-mediadores na explicação da
história e de algumas peças da exposição, estimulando a reflexão crítica e social dos
visitantes.

A elaboração do roteiro exigiu estudos complementares sobre questões


ligadas à farmácia, na medida em que os bolsistas do turismo e das ciências
humanas contribuem e, às vezes, realizavam sozinhos as visitas mediadas. Já os
estudantes da Farmácia presentes, em geral dois, também passaram a se dedicar
ao estudo de temas, como hospitalidade e turismo.

Previamente ao início das visitas mediadas, em geral agendadas, foi feito um


treinamento em que os bolsistas gravavam suas abordagens do museu e
apresentavam uns aos outros, de maneira a buscar confluências nas informações e
abordagens.

Após diálogos entre a equipe, ficou definido que o roteiro adotado teria como base
os seguintes núcleos da exposição permanente: análises clínicas, química,
manipulação, alimentos, administração e botica. A visita tinha duração de 30 min e
40 min, com uma mediação em cada núcleo, destacando suas peças principais e
depois os visitantes ficavam livres para poderem observarem com mais calma, fazer
fotografias bem como discutir sobre as peças que mais achava interessante. No final
da visita, pedia-se que eles se agrupassem para tirar alguma dúvida, tecer alguma
avaliação e para os mediadores agradecerem a visita e falar sobre as redes sociais
do museu.
Vale a pena ressaltar que grande parte dos grupos escolares eram
agendados pela equipe do “Programa de Visitas da UFJF”, que apresenta a
Universidade para estudantes da região da Zona da Mata e de algumas cidades do
Estado do Rio de Janeiro. Ao agendar, eles passavam a quantidade de pessoas, a
faixa etária do grupo e o ano escolar. Porém lidava-mos com algumas adversidades,
como atrasos do grupo ou até mesmo o cancelamento de última hora.

A visita ao horto da faculdade causava euforia e fascínio dos visitantes, pois


muitas plantas que os avós e pais tinham em casa estavam plantadas no horto. A
visita era sempre acompanhada pelo responsável pela manutenção do horto, ele
fazia uma breve explicação sobre o espaço e de algumas plantas que eram
utilizadas para estudos dos estudantes e pesquisadores da faculdade. Os
mediadores faziam uma co-relação com algumas peças da exposição, onde os
visitantes expunham as suas dúvidas e ou contava sobre alguma planta. Ao final, os
visitantes tinham uma experiência degustativa com algumas plantas comestíveis.8

Considerações finais

Dentre as principais atribuições dos museus está a garantia de acesso ao patrimônio


cultural, considerado aqui como manifestação da cultura permeada de valores
simbólicos que fazem com que o bem ou manifestação seja representativa (por
razões múltiplas) de uma dada coletividade. Para tal, deve ser levado em
consideração a inclusão social e a acessibilidade, direitos que, ao longo do tempo,
foram sendo debatidos e garantidos por meio de leis e normas.

8
Uma experiência significativa ocorreu no mês de outubro de 2016, período em que o curso sediou o
Seminário Mineiro de Farmácia. Um público variado de estudantes, professores e farmacêuticos de
várias partes do estado visitaram o museu, apresentando grande interesse pelo acervo exposto.
Entretanto, uma funcionária da limpeza, habituada a higienizar a sala do museu, foi convidada a
conhecê-lo de outra maneira. Após demonstrar grande interesse, ela foi conduzida pelo acervo como
visitante. Motivada, indagou ao final se poderia levar amigos e familiares para conhecer o Museu da
Farmácia. Através da mediação de uma bolsista, o conteúdo contido ali passou a ter outro significado;
consequentemente, o espaço recebeu um novo sentido, não sendo mais somente uma sala onde ela
deveria executar o seu trabalho.
A importância do acesso de pessoas com restrições intelectuais, físicas e motoras
em Museus foi sendo estudado e incorporado em trabalhos, cartilhas e documentos
por Instituições e autores envolvidos com o tema, bem como desenvolvidas ações
para proporcionar tal conquista na prática. A acessibilidade, todavia, não está restrita
a esse público específico, como também não se refere somente ao acesso físico.
Logo, pensar a acessibilidade em espaços museológicos possibilita uma gama de
ações concretas que podem contribuir para a inclusão e o direito à cultura e ao lazer
de todas as pessoas, independente se existam ou não restrições de mobilidade.

Nesse sentido, o projeto de Extensão ​Ações educativas no Museu da Farmácia da


UFJF,​ ao reconhecer o museu como um espaço de lazer, educação e vivência do
patrimônio cultural, fenômenos esses encarados aqui não como dicotômicos, mas
coexistentes, teve como objetivo suscitar o interesse dos visitantes pelo espaço
museal por meio de ações educativas que promovem novas experiências afetivas,
visando, em seguida, que eles, ao atribuírem também uma dimensão afetiva ao
patrimônio, contribuíssem para sua preservação. Para tal, foi necessário planejar
ações que permeiam de maneira ampla o tema da acessibilidade.

No decorrer do projeto, foi apreendido que o Museu da Farmácia Professor Lucas


Marques do Amaral é pouco reconhecido tanto no âmbito acadêmico quanto de
meios externos a ele. Pensar sobre o seu acesso físico requer considerar outra
escala de abrangência, pois a Faculdade de Farmácia e a Universidade são
determinantes na gestão e custeio desse espaço. Por outro lado, o caráter científico
do museu sempre foi evidenciado pelos responsáveis do referido espaço,
contribuindo assim para obliterar outras possibilidades de acesso e, portanto, de
fruição do espaço. Logo, é possível entender porque o museu é tão fechado em si
mesmo e há poucas ações voltadas para a sua divulgação.

Apesar das limitações e dificuldades, é possível concluir que muitos avanços e


ganhos foram conquistados através do projeto, como o: i) desenvolvimento de um
diagnóstico sobre a acessibilidade na universidade, mas, sobretudo no museu; ii) a
adequação do mobiliário e da exposição do acervo segundo a NBR 9050; iii) a
expansão da reserva técnica, estimulando que, no futuro, ela própria possa ser
acessada mediante justificativa; iv) fortalecimento da mediação das visitas.
Devido aos impasses relacionados à gestão do museu, até então inesperados pela
equipe, não foi possível desenvolver outras ações, como por exemplo, a tradução de
textos informativos para o braile e a divulgação através da atualização do site do
museu e de novas informações nas redes sociais. No entanto, espera-se que o
projeto, atualmente renovado junto à Pró Reitoria de Extensão da Universidade,
prossiga com as ações em prol da acessibilidade deste espaço que detêm bens
singulares e significativos relacionados à Farmácia. Além disso, uma limitação da
equipe foi não ter conseguido aprovar um plano museológico do Museu junto à
Faculdade de Farmácia, pois a redação do documento não progrediu como se
esperava. Ainda no fim de 2017, o documento não havia sido concluído pela equipe
de discentes.

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