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Universidade de São Paulo

Instituto de Física

FÍSICA MODERNA I
AULA 23
Profa. Márcia de Almeida Rizzutto
Pelletron – sala 220
rizzutto@if.usp.br

2o. Semestre de 2018

Página do curso:
https://edisciplinas.usp.br/course/view.php?id=64495 14/11/2018
2

A eq. de Schrödinger em coordenadas esféricas

1     1     1  2
2  2 r  2  sen   2
2

r r  r  r sen      r sen 2   2

Lembre-se que a dependência temporal é 


i   E
parametrizada por um autovalor da energia, E. t

Podemos, então, escrever a eq. de Schrödinger como:

2 2 
    V (r )  E
2
 2  1   2   1     1  2 
  2 r  2  sen  2 2   V  E
2 
2   r r  r  r sen     r sen   
3

Parte que depende de 


, com m positivo ou negativo

Aí aparece uma diferença fundamental com a partícula na caixa 3D: a


variável  é cíclica e se repete após o intervalo [0,2].
As autofunções devem ser unívocas . Então, para garantir a unicidade da
função de onda, temos que impor uma condição de periodicidade à
autofunção:
 (2π)   (0) o que implica em :
eim ( 2 π )  eim 0  cos 2πm  isen 2πm  1

Portanto os valores de m ficam restritos, uma vez que m tem que ser inteiro.

m  0,1,2,3...... , m só pode ser inteiro, positivo ou negativo

Temos um novo número quântico m


4

Parte que depende de 


= -m2

1 d  d  
sen  sen    m  sen   0
2 2 x
sen 2
 d  d 

Soluções: Funções de Legendre As únicas soluções finitas e unívocas


de (θ) são aquelas para as quais a
As soluções aceitáveis para θ são constante de separação  é tal que:
funções de Legendre
variam com ℓ e m ,
m ( )   0,1,2,3.....
m  ,  1,...,2,1,0,1,2,....  1, 
Y  ,     lm   m   São chamados de harmônicos esféricos 5

São normalizados de
acordo com a relação:

com
6

Y  ,     lm   m  
São chamados de harmônicos esféricos
momento angular orbital, associada a R(r), ( ) e ao módulo de L
número quântico magnético, associado a componente z do momento angular
1. os autovalore s de L são iguais a  (  1), sendo  um inteiro não negativo
2 2

L2op (r , ,  )   2 l (l  1) (r , ,  )
2. os autovalores de Lz são iguais a m, sendo m um inteiro tal que :    m  
L z  (r , ,  )  m (r , ,  )
Isso mostra que os valores possíveis de L2 e de Lz são discretos
(quantizados), evidenciando a quantização do momento angular e da
componente z do momento angular.
l  0,1,2,3,.....
L   l (l  1) ml  l ,l  1,.....,0,1,.......l  1, l

L z  ml  m  0,1,2,3,...,
7

Solução da parte radial


A solução da equação radial R(r) depende da forma detalhada do V(r) e o
novo número quântico associado a coordenada r é denominado número
n quântico principal
:

A solução desta equação é do tipo :

r
Rnl  ao e r nl  
 r / nao 1

 a0 
o raio de Bohr (ao)
2 São os polinômios de Laguerre

ao 
ke 2
8
Assim, as funções são definidas por: com

São as funções denominadas polinômios de Laguerre

Alguns exemplos de funções radiais normalizadas:


FNC0376 - Fisica Moderna 2 Aula 2 9
Camada N,
16 estados
Camada M, 9 estados

Camada L, 4 estados

há n2 estados distintos
n  1,2,3....
  0,1,2,3,.....(n  1) notação espectroscópica
spdfgh....
m  ,...., Valores de l
0 1 2 3 4 5....

os níveis de energia do
elétron simples são
chamados camadas
K L M N...
Camada K, 1 estado com valores de n 1 2 3 4 ...
10

Átomos com 1 elétron


Parte radial da eq. de Schrödinger, com autovalor de energia E:

Vamos inicialmente nos concentrar nos casos em que ℓ = m = 0, o que


nos restringe aos harmônicos esféricos Y00 (que são constantes): (isto
seria o estado fundamental n=1)
Potencial
 2  2  dR  d 2 R  Ze2 Coulomb
    2  R  ER
2.  r  dr  dr  4 0 r
Como a solução deve tender a 0, quando r tende a infinito, podemos tentar
uma função que decaia exponencialmente:
11
e
Temos, então, que:
Substituindo na equação:

 1 2 E   2 Ze 21
2
 2  2 
     0
Essa igualdade vale para qualquer r, a    4 o  2
ar

 2Ze2 2 
    0 O que fornece um valor para o parâmetro a:
 4 o 
2
a
Que é o raio de Bohr:
autovalores da energia:

 1 2E  2 Coincide com a


 2  2 0 E expressão de Bohr para o
a   2a 2 estado fundamental do H.

 2 ( Ze 2  ) 2 Z 2e 4  Z 2e 4 
E  En  
(4 o ) 2 2 2 n 2
2 (4 o  )
2 2
(4 o ) 2 2 2
n 1
E1  13,6eV
Escrevendo em termos da energia de Rydberg, E0: 12

onde

Assim, a função de onda para o estado fundamental pode ser escrita como:
usando

4 1 iE1Bohrt / 
100  R10Y00  e  r / a e
a3 4
E a energia:

podemos verificar a constante de normalização:

Ela vai aparecer


bastante!

Lembrando que:
RESUMO 13

Harmônicos esféricos

Funções Radiais
RESUMO 14
Os valores permitidos para os números quânticos n,  ,m associados
as variáveis r,  e  são:
n  1,2,3..... n0
l  0,1,2,3,.....,n  1 ln
ml  l ,l  1,.....,0,1,.......l  1, l ml  l

Para qualquer potencial V= V(r) o momento angular é quantizado, e


seus módulos permitidos (autovalores) são dados por:

L   l (l  1) l  0,1,2,3,..., , l é chamado número quântico


momento angular

L z  ml  A componente z do momento angular


também é quantizada,
m  0,1,2,3,...,
Números quânticos do átomo de hidrogênio

Módulo do momento angular orbital

Orientação no espaço do momento angular orbital


16

Função total

n  1, l  0, ml  0 100  R10Y00e iE1t / 


1 estado

n  2, l  0, ml  0 200  R20Y00e  iE 2t1/ estado


........,l  1, ml  0,1 21m  R21Y1m e iE 23t /estados


Total = 4 estados
 iE3t / 
n  3, l  0, ml  0 300  R30Y00e 1 estado
........,l  1, ml  0,1 31m  R31Y1m e  iE3t / 
3 estados
........,l  2, ml  0,1,2   R Y e  iE3t / 
32 m 32 2 m
5 estados
Notação espectroscópica Total = 9 estados
l= 0,1,2,3,4.... Corresponde a s,p,d,f,g,h..... (órbitas eletrônicas )
n=1,2,3........ Corresponde aos diferentes níveis de energias K,L,M,N...
17

Diagrama de níveis de energia do H


não permitido

n=4 -0,8
4s 4p 4d 4f
n=3 -1,5
3s 3p 3d
n=2 -3,4
2s 2p
permitido

....
l= 0 1 2 3 4 5 .
...
n=1 -13,6 letra s p d f g h ....
SHARP PRINCIPAL DIFUSE FUNDAMEN
1s TAL

Cada transição representa a mudança de energia do átomo e deve


ser compensada por emissão (ou absorção) e energia de outra forma.
Para conservar o momento angular total (átomo+ fóton) em uma
transição óptica, o momento angular do elétron de um estado inicial e
um estado final deve diferenciar de uma unidade isto é:
 f  i  1
  1
Solução : R (r )  Ae  r / a 18
a relacionado ao raio de Bohr
r 



E10  E1Bohr   Z 2 E0
4 r / a me
R10  e
a 3 1
 100  e  r / a e  E1
Bohr 2
t /
 e  me
2

1 a 3
E0     13,6eV
Y00   4 0  2
2

4 C100
2 2
Os valores permitidos de E: E   Z E Z 13,6eV
n
0
 
n2 n2
O fato da energia do átomo de hidrogênio não depender de está
de acordo com a teoria clássica
1
Uma partícula que se move órbita elíptica sob ação de umaF  2
não depende da excentricidade da órbita. A órbita de menor r
excentricidade (próxima de um círculo) está associada ao maior
valor do momento angular, enquanto que ode pequeno
corresponde a uma órbita altamente excêntrica.
19

A função para o estado fundamental e r / a


 100  e  iE1Bohr t / 

a 3

Densidade de probabilidade e 2 r / a
 100 
2
do átomo no estado fundamental
a 3
A distância média entre o elétron e o núcleo é dado pelo valor esperado:

r   nlm
*
r nlm d
Para o estado fundamental: 2 r / a 
e
r   nlm
*
r nlm d   d  r r 2
dr
0
a 3

n  1, l  0 
1
r  4 3  r 3e  2 r / a dr
a 0
4
1 a
r0 
a r  4 3 3! 
2 a  2 
4 0 2 3
r  a
a o raio de Bohr (a) 2
Ze2 
20

A distância média entre o elétron e o núcleo é dado pelo valor esperado:

r   nlm
*
r nlm d

Para o estado estacionário:

Para o estado fundamental:  1


n  1, l  0 r  a 1  
 2
3
r  a
2
A função de onda para o estado
e r / a
fundamental do átomo de H  100  e  iE1Bohr t / 

a 3 Não depende
do ângulo, todo
l=0 (estado s)
Um elétron descrito pela função de onda acima é encontrado com são
probabilidade por unidade de volume dada por: esfericamente

e 2 r / a
simétricos

 100 
2
A “posição” do
e- agora é a 3
diluída no
espaço não é  *
mais bem
determinada

• DENSIDADE DE PROBABILIDADE
•a probabilidade tem simetria esférica
•é máxima na origem
• diminui exponencialmente com r
22

Observáveis

Determinação de probabilidades: medidas de |(r,,,t)|2 num d em


torno de uma certa orientação , em um número grande de sistemas.
Mas o elemento de volume em coordenadas esféricas é:

Pela condição de normalização, temos que: espaço

Portanto:

espaço
E pela propriedade de normalização dos harmônicos esféricos

com

temos que:

O que nos permite introduzir uma densidade de probabilidade radial, dada por:

sujeita à condição de normalização:


Pnℓ é interpretada como a probabilidade da partícula ser encontrada em uma
casca esférica de espessura dr a uma distância r da origem. Notem o
aparecimento do fator r2 na definição de Pnℓ, que faz com que a densidade de
probabilidade radial tenda a zero quando r o faz. Isso se deve ao fato de que
o volume da casca esférica tende a zero com r2.
Pnℓ nos dá a densidade de probabilidade radial para qualquer
estado, para o estado s de simetria esférica é o mesmo que 4r 2
2

 1 
Já que  (r )    R(r )
 4 
Observáveis 24

A probabilidade de encontrar um elétron em uma casca esférica entre r


e r+dr P(r) dr = densidade de probabilidade radial

P (r )dr  Rnl*  Rnl r 2 dr


2r / a
P (r )dr  C  e2
nl
2
r dr

P (r )  Rnl  r 2
2

a distância mais provável é


igual ao raio de Bohr =a= a0

Notem o aparecimento do fator r2 na definição


de P(r), que faz com que a densidade de
probabilidade radial tenda a zero quando r o
faz. Isso se deve ao fato de que o volume da
casca esférica tende a zero com r2.
Estados Excitados
O primeiro estado excitado, n=2 e  =0 ou 1
 =0 temos m = 0:
1  r  r / 2a
 r  iE1Bohr t / 


R20  1  e 1
2a  2a 
3  200  e r / 2a
1  e
2 2a 3
 2a 
1
Y00   r   r / 2 a  iE1Bohr t / 
4  200  C 200  2  e e
 a
 = 1, m=+1,0, -1 :
1
r r / 2a


R21  e
3 a
2 6a
r r / 2a
Y10 
3
  cos  210  C 210 e  cos  e  iE1Bohr t / 

4 2a
3 r r / 2a
Y11     sen e i  211  C 211 e  i  iE1Bohr t / 
 sen  e e
8 a
3
Y11    sen e  i
8 25
Distribuições de probabilidade da função radial para estas funções de onda:
densidade de probabilidade radial: Pnl (r )  r Rnl 
2 2

n=2  =0 P(r) tem dois máximos, o maior


ocorre para distância um pouco maior que
a segunda órbita de Bohr (22ao)
  r /a
2s

2p

n=2  =1 o valor de P(r) é máximo


quando a distância radial = segunda rmáx = 22 a
órbita de Bohr
Distribuições de probabilidade da função radial para estas funções de onda:
27

densidade de probabilidade radial: Pnl (r )  r Rnl 


2 2

Para n=3 temos um termo


e-r/na
  r r 0
quando
para um dado valor de n  nlm é maior nas proximidades da
origem quando l pequeno
n=3, l=0

n=3, l=1

n=3, l=2
Densidades de probabilidade Distribuições angulares da
densidade de carga do elétron
 * dependem do valor de l Bohr
r r / 2a
Apresentam simetria
 210  C 210 e  cos  e iE1 t /

2a
esférica  =0 Dependem de  (cos2)
  1, m=0
2s 2p 2p

Dependem de 
(sen2) quando
 1, m=1 ou m= -1

r r / 2 a
 211  C211 e i iE1Bohrt / 
 sen  e e
a
29

Representação da densidade de probabilidade


 nlm
2

Figuras simétrica em relação a um eixo vertical no plano do papel


30
n=2
 =0
m=0

n=2
 =1
m=0

forma de um haltere

n=2
 =1
m=+1,-1
forma de um pneu
n=3 31
 =0
m=0

n=3
 =1
m=0

n=3
 =2
m=0
32

Física Moderna 2
Aula 3
33
A função de onda do estado
fundamental do átomo de hidrogênio

Estado fundamental:

a é o raio de Bohr:
Densidade de probabilidade radial, estado
fundamental
P ( r ) dr  4r 2  2 dr
Exercícios e Problemas

43P. Um fóton com um comprimento de onda de 486,1 nm é emitido por um


átomo de hidrogênio. (a) Que transição do átomo é responsável por esta
emissão? (b) A que série pertence esta transição?
Série de Lyman

Série de Balmer

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