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A precarização do trabalho e a vulnerabilização do trabalhador na velhice em Manaus.

Yoshiko Sassaki1
Nathalie Melo2
Danielle Maia3

Resumo
Na década de 1970, os países centrais passaram por intensas mudanças no universo do
trabalho, processo que hoje é conhecido como reestruturação produtiva. Este se configurou
pela transição do modelo fordista para o modelo de acumulação flexível. Essas
transformações foram sentidas no Brasil em meados de 1990, quando trouxeram inúmeras
perdas para a classe trabalhadora como: a redução dos postos de trabalho devido à automação
e robótica, os empregos temporários e terceirizados, além do aumento do desemprego e das
perdas dos direitos trabalhistas. Tais mudanças foram sentidas principalmente pela classe que
vive da venda da força de trabalhado, levando muitos ao mercado informal. Ao envelhecer
esses trabalhadores se tornam descartáveis para a lógica capitalista e muitos sem nenhum
direito previdenciário passam a viver em condições ainda piores, com a baixa renda e com o
aumento das doenças relacionadas à idade, vivendo num estado de vulnerabilidade social e
material. Buscamos analisar, portanto, de que modo as metamorfoses do mundo do trabalhado
incidiram na vida do trabalhador que envelhece na periferia do sistema capitalista brasileiro.
Este trabalho teve como base uma pesquisa financiada pelo CNPq no período de agosto de
2008 a julho 2009. A amostra foi composta por 60 idosos, sendo 30 homens e 30 mulheres da
cidade de Manaus, para isso foram aplicados formulários semi-estruturados. A pesquisa
verificou que mais da metade dos idosos possui baixa escolaridade, que refletiu nas atividades
econômicas em que estiveram inseridos, com maior destaque ao mercado informal, e este
fator explica o acesso a aposentadoria e a baixa renda atual. Diante dessa realidade, cabe a
sociedade e ao Governo a responsabilidade de criar condições para um envelhecimento digno.

Palavras-chave: Trabalho, Envelhecimento, Vulnerabilidade.

Introdução

Buscamos analisar neste artigo de que modo as metamorfoses ocorridas no mundo do


trabalho incidiram sobre a vida do trabalhador que envelhece na periferia do sistema
capitalista brasileiro. Haja vista que o envelhecimento é um fenômeno que atinge todas as
classes sociais, mas, o modo de vivenciá-lo varia em cada uma delas. É para os idosos das
camadas destituídas de propriedade que a velhice constitui um problema social, pois existem
determinações da sociedade capitalista que engendram sua vulnerabilidade.
O recorte que fizemos foi dos trabalhadores envelhecidos que ao longo da vida ativa
estiveram alocados em atividades precárias e, chegando à velhice necessitam de políticas

1
Docente do Curso de Serviço Social da Universidade Federal do Amazonas -UFAM. E-mail:
sassakiyo@uol.com..br
2
Mestranda no Programa de Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia- UFAM.
nathalie_samel@hotmail.com
3
Residente Multiprofissional do Hospital Universitário Getúlio Vargas. E-mail: daniellebmaia@hormail.com
públicas para sobreviver. Esses idosos que na maioria das vezes passam a vida inteira
trabalhando para provir seu sustento, quando envelhecem são simplesmente descartados pelo
capital, o que ocorre geralmente na população de baixa renda e com baixos índices
educacionais.
Isto posto, cabe mencionar o que significa trabalho e sua importância a quem depende
dele para se manter, haja vista que segundo Iamamoto (2007) o trabalho é uma atividade que
produz e reproduz a vida material. A autora, ao parafrasear Marx e Engels (1977), afirma que
para viver, os homens precisam comer, beber, ter habitação, vestir-se, dentre outras coisas,
mas para isso necessitam trabalhar, pois o trabalho é a base para sobrevivência humana.
Sabe-se que o trabalho ocupa lugar central na vida do homem, todavia, mediante a
reestruturação produtiva ocorrida na década de 70 - e as mudanças na dinâmica de produção –
ele se tornou escasso para uma enorme parcela da população. Essa reestruturação ao visar
maior produtividade do trabalhador descarta os idosos do mercado de trabalho.
Quando pensamos em envelhecimento, vemos que estabelecer conceitos universalmente
aceitáveis não é tarefa fácil, sabe-se, no entanto, que este é um processo intrínseco à vida. Na
concepção de Beauvoir (1990), autora da obra A velhice, estudo clássico sobre o
envelhecimento, publicado em 1970 na França e no Brasil em 1972, a velhice é percebida
como um fenômeno biossociocultural, isto é, é uma totalidade complexa que não pode ser
entendida por uma simples descrição de seus aspectos. Para esta autora, seu significado
ultrapassa a esfera estritamente biológica, pois, existem outras dimensões, tanto sociais, como
políticas e culturais que precisam ser levadas em conta para que haja uma compreensão de
totalidade sobre este complexo fenômeno.
Diante da fragilidade de uma concepção unilateral, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) recomendou a idade de 60 anos para definir os “idosos” nos países em
desenvolvimento. Contudo, este indicador é homogeneizante uma vez que desconsidera as
diferentes dimensões envolvidas nesse processo, que são: diferenças de classe, gênero, cor,
educação, renda, e outros. Daí a relevância desse estudo ao voltar-se a velhice pobre na
realidade de Manaus, buscando contribuir ao debate sobre desigualdade e pobreza.
Projeções apontam que em 2025, o Brasil será a sexta população do mundo em número
de idosos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2006), na
década de 60 a população idosa brasileira era estimada em 4,75%, na década de 70 aumentou
para 5,06%, nos anos 80 elevou-se para 6,06% tornando-se mais expressivo nos anos 90 com
8,3% chegando em 2000 a 9,1% e em 2006 ultrapassou os 10%. Para muitos estudiosos, uma
sociedade é considerada envelhecida quando o total de pessoas acima de 65 anos oscila entre
8% e 10% do total. Nessa perspectiva, pode-se afirmar que o Brasil é um país que está em
processo de envelhecimento.
A escolha dessa temática não é fortuita. Diante desse acelerado aumento da população
idosa, o processo de envelhecimento precisa ser objeto de pesquisa e investimentos sociais,
uma vez que este estrato populacional emerge com demandas muito específicas para o Estado.
Este estudo é relevante na medida em que propõe o debate de um tema ainda novo e
complexo, ao relacionar as categorias velhice e trabalho. Para tanto, primeiramente voltamos
nossa análise para a metamorfose do mundo do trabalho e a precarização do trabalho e dos
trabalhadores. Em seguida refletimos sobre vulnerabilidade em que estão inseridos de modo
geral e, finalmente fechamos com a análise e reflexão sobre os dados e informações da
pesquisa realizada em 2009 como membros do Grupo de Pesquisa GEPPSSAM 4 da
Universidade Federal do Amazonas.

Precarizacão do trabalho, pobreza e proteção social no Brasil.

O mundo do trabalho sofreu e vem sofrendo profundas mudanças desde a década de


1970 devido ao impacto da globalização da economia. Na realidade, trata-se do processo de
reestruturação produtiva que aumentou as desigualdades sociais inclusive nos países centrais,
com maior impacto nos países periféricos, dentre os quais o Brasil, considerado um dos países
mais desiguais do mundo.
Essas mudanças ocorridas, de acordo com Serra (2001) possuem como fator
desencadeador a crise do capitalismo nos meados de 1970. Crise, que segundo esta autora, foi
determinada pela queda da taxa de lucros, que como efeito provocou baixos índices de
crescimento da produção, aumento das taxas de desemprego e subemprego, aumento do setor
de serviços e consequentemente a precarização do trabalho e perda de direitos.
De acordo com Netto e Braz (2007), do fim da Segunda Guerra Mundial até o início
dos anos setenta, o capitalismo viveu o que alguns economistas chamam de “Anos dourados”.
A economia mundial cresceu aceleradamente e as taxas de lucratividade mostraram-se
significativas. Durante a ‘Era de Ouro’, as indústrias dos países centrais se expandiram por
diversas partes do mundo. As fronteiras e os distantes territórios não eram mais empecilhos
para o surgimento de uma economia transnacional.
Nesse período, houve a expansão da indústria segundo o padrão fordista-taylorista
como estratégia de organização do processo de trabalho. A meta era elevar o consumo e
4
Grupo de Estudo e Pesquisa em Políticas Sociais e Seguridade Social no Amazonas.
consequentemente o lucro. Para alcançá-las seria necessário aumentar o poder aquisitivo dos
trabalhadores. Nesse sentido, algumas ações foram tomadas, tais como: a proposta
Keynesiana do pleno emprego, onde o Estado para impulsionar a produção e viabilizar o
consumo de mercadorias, canalizou verba pública para o financiamento do capital e para
reprodução da força de trabalho, este último através de salários indiretos por meio de políticas
sociais, com o intuito de garantir o poder aquisitivo da população (IAMAMOTO, 2007).
Afinal, pagar bem era uma forma de manter uma sociedade consumista e movimentar a
economia. Diante disso, inúmeros direitos sociais foram conquistados.
Entretanto, esse padrão de acumulação e de regulação social começou a entrar em
crise na década de 1970. O modelo de produção que vigorou no pós-guerra começou a
desmoronar, pois a economia mundial apresentou diversos sinais de estagnação, altos índices
inflacionários e as taxas de lucro declinaram. Antunes (2008) afirma que esta era uma crise
estrutural do próprio capital, que acabou por acarretar mudanças drásticas no interior do
mundo do trabalho.
Serra (2001) aponta que, como resposta a essa crise, iniciou-se um processo de
reorganização do capital e de seu sistema ideológico de dominação, com o surgimento do
chamado neoliberalismo, que se contrapôs ao keynesianismo. A isso se seguiu um intenso
processo de reestruturação produtiva, que teve como objetivo restaurar a economia do
capital. Foi um momento de transição do padrão de produção fordista/taylorista para o
toyotista, conhecido como acumulação flexível.
O toyotismo ao visar altas taxas de lucratividade, teve por base o desenvolvimento
tecnológico, bem como a flexibilidade dos processos e mercados de trabalho. Passou a buscar
qualidade total da produção; exigir maior qualificação do trabalhador, tornando-o polivalente;
produzir inovações tecnológicas evidenciadas pela robótica, automação e microeletrônica;
utilizar o método kanban, que significa produzir somente o necessário, em menor tempo; além
da flexibilidade do aparato produtivo, que acarreta direitos trabalhistas também flexíveis
(ANTUNES, 2008).
Montaño (2007) declara que como solução para a crise capitalista, o neoliberalismo
buscou a reconstituição do mercado através da eliminação da intervenção estatal no setor
social, transformando-o num Estado mínimo para o social e máximo para o capital. Houve,
portanto, a supressão dos direitos sociais conquistados durante os “trinta anos gloriosos”.
Inúmeras ações do grande capital foram tomadas no intuito de extirpar a intervenção social do
Estado, entre elas: desregulamentação das relações de trabalho, privatizações de empresas e
serviços estatais além da redução dos sistemas de seguridade social.
Conforme Iamamoto (2000) surgiu uma grande competitividade no cenário
internacional, que passou a exigir maior qualidade dos produtos e a redução dos gastos para
ampliar as taxas de lucratividade, ambos, requisitos para enfrentar a concorrência. Algumas
alternativas encontradas para essa redução de gastos foram cortes de salários e enxugamento
de empresas. Surgiu então, um duplo processo, que Antunes (2008) denomina:
desproletarização e subproletarização.
De acordo com o autor supracitado (2008), a desproletarização significou a diminuição
da classe operária industrial tradicional e a efetiva ampliação do setor de serviços. A
subproletarização diz respeito à terceirização, flexibilização, desregulamentação, emprego
temporário, exploração intensiva do trabalhador, mercado informal, ou seja, à precarização
das relações trabalhistas.
A terceirização mudou completamente o perfil industrial. As grandes empresas
passaram a contratar empresas de menor porte para realização de processos auxiliares à
atividade principal. Isto é, externalizaram os custos, repassando à outras empresas a
responsabilidade pela produção, mas mantendo apenas o controle geral do processo (NETTO
e BRAZ, 2007).
Assim, conforme Tavares (2004), os ramos da produção que requerem maquinaria
mais complexa fomentam o surgimento de pequenas empresas que são encarregadas das
atividades que exigem menor qualificação. Essa possibilidade de externalizar a produção
levou à diminuição dos postos de trabalho.
Outro fator que levou à diminuição dos postos de trabalho foi o avanço tecnológico. A
automação que serviria para minimizar o desgaste do trabalhador serviu apenas para aumentar
a produtividade e gerar um monumental índice de desemprego, ao passo que houve a
substituição do homem pela máquina. Observa-se então, que a idéia de pleno emprego
defendida pelo keynesianismo foi substituída no neoliberalismo pela idéia do desemprego.
Paralelamente a esse processo, deu-se o crescimento das relações trabalhistas
informais, que segundo Tavares (2004, p. 15), significa “a ausência de direitos trabalhistas
que tem sido metamorfoseadas em relações mercantis, embora o conteúdo das mesmas
continue caracterizando a compra e venda da força de trabalho”. A autora argumenta que não
se trata de assalariamento ilegal, mas de formas de trabalho autônomas, isto é, o trabalho
cumpre a mesma função para o capital sem os custos sociais correspondentes.
Para Antunes (2008) outro traço marcante das transformações no interior do mundo do
trabalho foi o aumento do contingente feminino e infantil e a redução do quadro de jovens e
idosos. Valendo ressaltar, de acordo com o autor, que o aumento do trabalho feminino tem
sido preferencialmente absorvido pelo capital no universo de trabalho precarizado e
desregulamentado e que essa inclusão criminosa de crianças no mercado de trabalho acontece
principalmente nos países de industrialização intermediária.
Com essa retração do setor fabril houve um rápido crescimento do setor de serviços,
pois, absorveu um grande contingente de trabalhadores oriundos da indústria. Este setor inclui
tanto a ‘indústria de serviços’ quanto o comércio, as finanças, o setor de bens e imóveis, os
restaurantes, os serviços de diversão, serviços de saúde, serviços legais, serviços pessoais e
gerais. (ANNUNZIATO apud ANTUNES, 2008, p. 48).
Entretanto, o setor de serviços permanece dependente do setor industrial, conforme
Lojkine apud Netto e Braz (2007, p.222): “Controladas pelo grande capital, os serviços
passam a obedecer a uma lógica industrial – primeiro, porque “não há crescimento de
atividades de serviços [...] sem crescimento de atividades industriais”.”
Diante dessas mudanças, o desemprego, antes conseqüência de recessões econômicas,
tornou-se estrutural não mais circunstancial, propiciando um empobrecimento maior da classe
trabalhadora e seu enfraquecimento sindical e político fragilizando-os na luta contra a
exploração. Esses fatores se tornam necessários para a manutenção do sistema capitalista
juntamente com a pauperização que “continua a funcionar como dosador necessário do
aumento de riqueza – necessidade da superpopulação relativa, nos termos de Marx.”
(BARBOSA, 2007, p. 39).
Cumpre destacar que pobreza segundo a Comissão Econômica para América Latina
(CEPAL, 2000) é um fenômeno multidimensional que associa subconsumo, desnutrição,
condições precárias de vida, baixa escolaridade, inserção instável no mercado de trabalho e
pouca participação política e social. Na realidade, trata-se de um processo de exclusão
econômico, social e político.
De acordo com Yazbek (2001) os impactos dessas transformações em andamento no
capitalismo deixam marcas violentas sobre a população empobrecida, como o aviltamento do
trabalho, a debilidade da saúde, a moradia precária, a fome, a fadiga e a ignorância, sinais que
mostram os limites da condição de vida dos excluídos na sociedade.
Cumpre assinalar que os reflexos da crise e o consequente ajuste econômico-fiscal
chegaram ao Brasil e especificamente no Amazonas, nos meados de 1990, trazendo novas e
significativas mudanças no perfil do emprego, renda e do próprio trabalhador. Diante do
quadro de transformações internacionais na economia e seus reflexos para o país, a proporção
de trabalhadores brasileiros inseridos do mercado informal e, portanto, sem garantias de
proteção social, cresceu. Favorecendo assim, o desmonte de direitos sociais e trabalhistas.
Sallum Jr. (2000), assinala que somente no início da década de 1990, durante o governo
Collor de Mello (1990-1992), ocorreu uma ruptura com o padrão nacional-
desenvolvimentista, que possuía forte intervenção estatal como redoma protetora em relação à
competição externa e de alavanca do desenvolvimento industrial.
Segundo esse autor, essa reorientação estratégica obedeceu a uma orientação
moderadamente liberal e internacionalizante da economia doméstica ao sistema econômico
mundial. Foi, portanto, a partir do governo Collor que as aberturas econômicas modificaram
as relações sócio-econômicas no país.
De acordo Scherer (2005) na década de 70 a 80 o Brasil estava longe de vivenciar o
novo processo que os países centrais sofriam com a reestruturação produtiva. Apesar de o
Brasil aderir a esse novo padrão de acumulação em meados de 1990, abrindo portas para a
economia internacional, estava politicamente frágil, pois havia saído de um regime ditatorial e
possuía economia de baixo nível técnico. Por estas características econômicas e sociais,
acabaram por incorporar a periferia do sistema capitalista (SALLUM JUNIOR, 2000).
Tendo esclarecido todas essas transformações no modo de produção capitalista, suas
graves consequências para o mundo do trabalho e para os trabalhadores, bem como o período
em que seus reflexos chegaram ao Brasil, importa inserir no debate como esse processo
provocou alterações para a sociedade como um todo.
Para Yazbek (2001) esse novo modelo de acumulação, tendo por base as orientações
neoliberais, vem sendo implementado por meio de uma reversão política conservadora, que
redireciona as intervenções do Estado no âmbito da produção e distribuição da riqueza social.
Isto é, reduz a intervenção do Estado e repassa ao mercado sua responsabilidade no campo
social, optando por programas focalistas e seletivos apenas para complementar o que não se
conseguiu via mercado.
A exemplo disso, Vianna (2005) observa que no Brasil, embora uma estrutura formal
de proteção social tenha sido estabelecida pelo Constituição Federal de 1988, pouco antes da
abertura do mercado, seu raio de ação ainda é insuficiente para combater a pobreza e diminuir
as desigualdades que assolam a população. Ela parte da constatação que a seguridade social
brasileira foi praticamente ignorada pelos governos que sucederam a Carta Magna, devido à
entrada do capital em todos os setores da economia e da sociedade.
Portanto, a questão do reconhecimento dos direitos sociais enfrenta recuos
constitucionais. Esse processo de retirada do Estado no trato às expressões da questão social
acaba aprofundando as desigualdades sociais – da qual o Brasil é campeão (MONTAÑO,
2008).
De acordo com Vianna (2005) a inscrição da expressão Seguridade Social na
Constituição teve um sabor de conquista para muitos, todavia, não garantiu a efetivação de
um sistema de Seguridade Social. Sua realização pressupunha orçamento próprio e gestor
único. Todavia, houve progressivamente uma segmentação de suas áreas. A Lei Orgânica da
Saúde (Lei 8.080/ 1990), as Leis 8.212 (Custeio da Previdência) e 8.213 (Planos e Benefícios
de 1991) e a Lei Orgânica da Assistência Social (Lei 8.742/ 1993), cada uma delas
estabeleceu suas diretrizes específicas. Portanto, do ponto de vista da estrutura administrativa,
a seguridade não tem existência formal.
Uma primeira consequência negativa levantada pela autora é que não obstante a
seguridade não exista como estrutura institucional-administrativa, por conta de existir
constitucionalmente, passa a funcionar, do ponto de vista financeiro, como tal. Isto é, como as
receitas são da seguridade, é possível movê-las para qualquer uma das áreas conforme a
necessidade.
Uma segunda consequência negativa é a utilização dos recursos da Seguridade para
fins distintos de sua finalidade. Prática que vem provocando a queda da liquidez e os
desequilíbrios do sistema. Por exemplo, em 2001, mais de 16 bilhões foram alocados em
rubricas alheias a seguridade e 19 bilhões ficaram a disposição do Tesouro Nacional. A autora
ironiza afirmando que não constitui irregularidade alguma, já que além de operar segundo os
cânones do Tesouro, respeita a lei que instituiu a DRU, posteriormente chamado de Fundo de
Estabilização Fiscal. Atualmente conhecida como Desvinculação das Receitas da União -
DRU - nome apropriado sem nenhum disfarce, onde 20% de todas as contribuições sociais
tornam-se disponíveis para uso exclusivo do governo federal.
Por seu turno, uma política econômica recessiva, imposta por vários planos e pacotes,
que tem levado o país a taxas elevadas de desemprego, subemprego e informalidade, faz com
que a folha de salários, principal fonte de custeio do sistema previdenciário, se apresente
insuficiente para cobrir as despesas com todos os benefícios. Com isso, as possibilidades de
financiamentos de benéficos não contributivos se reduzem, ao passo em que cresce a demanda
por eles. Assim, como já assinalava Thomas Hobbes, o argumento de que sobre os ombros
dos assalariados formais pesa o ônus da proteção, dá fôlego à proposta de privatização da
previdência.
Boschetti (2008) ratifica essa questão ao observar que o modo como se desenvolvem
as relações de trabalho no capitalismo é que determina a configuração dos direitos
previdenciários. Por isso, esses direitos se destinam apenas àqueles que vivenciaram uma
relação de trabalho estável, com contribuição de longo prazo, proporcionais ao salário
recebido.
A autora argumenta ainda, que com o aumento do índice de desemprego, diversos
programas assistenciais foram criados com o intuito de transferir renda para aqueles que não
têm, ou nunca tiveram acesso ao trabalho. Contudo, tais programas se limitam à garantia de
“mínimos sociais” para assegurar uma dinâmica de consumo necessário ao desenvolvimento
do capital. Ela sustenta que a universalização do direito ao trabalho levaria à universalização
dos direitos da seguridade social ligados ao trabalho, tornando desnecessária a instituição
desses programas de transferência de renda.
O Brasil apresenta profunda discrepância entre seus indicadores econômicos e sociais.
Jaguaribe (1986) apud Ianni (1991, p.4) constata que:

De um lado encontra-se uma moderna sociedade industrial, que já é a oitava do


mundo ocidental e acusa um extraordinário dinamismo, e de outro, encontra-se uma
sociedade primitiva, vivendo em nível de subsistência, no mundo rural, ou em
condições de miserável marginalidade urbana, ostentando padrões de pobreza e
ignorância comparáveis aos das mais atrasadas sociedades afro-asiáticas.

Em síntese, como Ianni (1991) destaca, a expansão do capital beneficia-se das


condições adversas sob as quais os trabalhadores são obrigados a produzir. Nesse sentido, ele
pontua que a mesma sociedade que fabrica a prosperidade econômica, fabrica as
desigualdades que constituem a questão social. Isto é, os progressos da economia têm raízes
na pauperização relativa.
Não é em vão que para Iamamoto (2007) a questão social nasce do seguinte fenômeno:
a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social,
enquanto a apropriação de seus frutos mantém-se privada. Isto é, é um processo injusto que
socializa a produção de riqueza e individualiza sua apropriação.
No caso brasileiro, verifica-se que vem ocorrendo um processo que apresenta uma
combinação perversa de avanço para poucos e retrocesso para muitos, como designa Soares
(2003). De acordo com Yazbek (2001) o Brasil é campeão de concentração de renda. A autora
faz um panorama do quadro de pobreza no país acom dados do IBGE de 1999, e aponta que o
salário mínimo brasileiro é um dos mais baixos do mundo, onde um rico ganha o equivalente
a 50 pobres.
De acordo com Soares (2005), essa situação de baixa remuneração juntamente com o
aumento do índice de desemprego, além de aumentar os percentuais de pobreza, obriga os
trabalhadores a aceitarem situações trabalhistas desfavoráveis.
Observa-se, portanto, que o trabalho está no centro da questão social. Para Montaño
(2008), ela se expressa na contradição capital/ trabalho, na luta de classes e na desigual
distribuição de riqueza. Portanto, é uma questão de ordem pública. Todavia, o autor coloca
que uma das soluções do neoliberalismo para a crise é reconstituição do mercado, para isso é
necessário reduzir ou mesmo eliminar a intervenção do Estado.
É através dessa desresponsabilização do Estado que há o sucateamento dos serviços e
políticas públicas, tendência que transforma o que é direito em favor. De acordo com
Montaño (2008), essa transferência de responsabilidades do poder público ao mercado, atribui
ao próprio sujeito, a responsabilidade pela satisfação de seus carecimentos.
Nesse sentido, em decorrência das necessidades do capitalismo, as políticas sociais,
percebidas como instrumento de concretização dos direitos de cidadania, são
responsabilizadas pelo esvaziamento dos cofres públicos. Como o ideário neoliberal visa à
redução dos gastos sociais do Estado, essa crise fiscal é uma forma de justificar a
impossibilidade de financiar as políticas sociais universais. Esse processo de retirada do
Estado de sua responsabilidade, com o argumento de estar inserido numa “profunda crise”,
acaba por aprofundar as desigualdades sociais da sociedade capitalista brasileira (Idem, 2008).
Diante de toda essa discussão, surge o seguinte questionamento: o que acontece com o
trabalhador que envelhece na periferia do sistema e que depende de políticas sociais para
sobreviver?

Vulnerabilidade do trabalhador que envelhece na periferia do sistema capitalista

A juventude tem ocupado lugar de destaque nas sociedades modernas, enquanto a


velhice é considerada uma fase de perdas. A própria mídia alimenta a visão de que juventude
é sinônimo de beleza, saúde, vigor, já os idosos são quase sempre associados à gente demente,
doente, feia, incapaz de trabalhar e que onera os cofres públicos. Essa ideologia atribuída aos
idosos é preconceituosa e impõe certa marginalização.
Para Minayo e Coimbra Jr. (2000), essa visão depreciativa deve-se à ideologia
‘produtivista’ para a qual, se uma pessoa não é capaz de trabalhar não serve para a sociedade,
como é o caso dos idosos que antes de exaurirem sua capacidade de labor são expulsos do
mercado de trabalho por não possuírem o mesmo vigor.
Segundo Beauvoir (1990), o argumento dos empregadores é que quando o funcionário
envelhece, perde sua força e rapidez, além de não se adaptarem facilmente a novas situações,
defeitos que não são compensados pela experiência e qualificação profissional. Assim, o
trabalhador quando envelhece é simplesmente lançado ao refugo.5
O desemprego para os idosos ocasiona sua marginalização social e a perda de sua
identidade enquanto trabalhador. Para o idoso que viveu sua vida em função do trabalho,
afastar-se dele é uma tarefa difícil, pois depende para suprir suas necessidades básicas de
existência, principalmente aos que não possuem recursos ou seguros previdenciários.
Süssmuth (1998) apud Lemos (2003, p.120) clarifica essa questão quando afirma que:

O emprego remunerado é o meio pelo qual as pessoas definem seu status na


sociedade. Aqueles afetados pelo desemprego acham que não são mais necessários.
Isolam-se, têm problemas de identidade e são discriminados na sociedade, o que
resulta em uma marginalização social.

Silva, E. (2004) aponta que na atual sociedade moderna a formação da identidade de


um individuo “é construída, ao longo do tempo mergulhada no trabalho”. O sujeito que teve o
trabalho como algo central em sua vida ao se aposentar cria o sentimento de desvalorização.
“Ele não terá mais uma identidade reconhecida socialmente, perderá o sentido de sua vida e
terá dificuldade em saber por quê e por quem viver. (…) Isso ocorre pelo fato de a sociedade
moderna ter institucionalizado o trabalho como valorização do individuo” (Idem, p.97).
O indivíduo que envelhece na periferia dessa sociedade se torna sem “valor de uso, na
redefinição de uso e utilidade para o capital, o trabalhador idoso é condenado à miséria, à
solidão, às deficiências, às doenças, ao desespero, à condição de não-humanos, de um “ser
isento de necessidades” ou com necessidades abaixo dos seres humanos adultos empregados”.
(TEIXEIRA 2008, p.78).
Essa discussão toma maior proporção quando tomamos por subsídio as transformações
demográficas que apontam acelerado crescimento da população envelhecida no Brasil. De
fato, a longevidade da população brasileira está aumentando, entretanto, muitos brasileiros
estão vivendo mais sem necessariamente dispor de melhores condições de sobrevivência.
Como afirmado anteriormente, o envelhecimento não é um processo homogêneo para
todos os indivíduos. A velhice certamente é percebida de maneira diferente por uma pessoa
pobre, isto é, que envelhece na periferia do sistema, se comparada a uma pessoa da classe
mais abastada. Lins de Barros e Peixoto (1998) revelam essa heterogeneidade quando
argumentam que há uma diferença entre velhos e idosos. Conforme as autoras supracitadas
o termo velho, por ser pejorativo, foi substituído pelo termo idoso. Entretanto, ainda é um
vocábulo bastante empregado para reforçar a situação de exclusão social, pois, os “velhos”

5
Beauvoir, 1990, p. 286.
que possuem algum status não são chamados de velhos, são chamados pelo nome e
reconhecidos pelo lugar social que ocupam na sociedade, como por exemplo, alguns artistas
de renome e o presidente da república. Desse modo, parece que nas camadas mais abastadas
não existe velhice. Afinal, os ricos possuem além da estabilidade financeira, o acesso aos
melhores serviços de saúde, dois dos principais fatores necessários para obter qualidade de
vida.
Não por acaso Teixeira (2008) observa que é para os trabalhadores pobres e
envelhecidos que essa etapa evidencia a ampliação das desigualdades sociais, constituindo-se,
portanto, uma das expressões da questão social. Pois quando se torna “descartável” para o
capital, o idoso fica desprovido de renda e meios de subsistência, capazes de promover uma
velhice digna. A menos que tenha direito de aposentar-se, o que diminui, mas não extirpe sua
vulnerabilidade.
Tendo em vista esse processo Teixeira (2008, p.81) afirma ainda que “a questão de
envelhecimento decorre mais da diferença e das desigualdades de classe, da posição entre
exploradores e explorados, do que do conflito de gerações, de conflitos entre trabalhadores
ativos e inativos (...)”.
Segundo esta autora o processo de reconhecimento do envelhecimento como uma das
expressões da questão social, se inicia justamente com as primeiras gerações operarias que
envelhecem, por meio de lutas e reivindicações operárias. A conquista da aposentadoria faz
parte do conjunto de reivindicações do movimento operário, no inicio do século XX. Logo os
direitos previdenciários e as políticas sociais destinadas ao segmento idoso seguem uma
trajetória de lutas da classe trabalhadora a qual o Estado e a sociedade procuram atender de
acordo com as correlações de forças presentes nas diversas conjunturas.
Apesar de o direito a aposentadoria ser um avanço, muitas vezes, ela libera do trabalho
pessoas ainda produtivas, tornando-os inativos. Uma vez que nem sempre é necessário
completar 60 anos para ser considerado velho para o mercado de trabalho. Os idosos
descartados do emprego ficam envoltos a inúmeros questionamentos do tipo, que papel
desempenhar? Que atividade desenvolver? Como sobreviver? A solução para essa questão,
segundo Beauvoir (1990) é permitir que os trabalhadores continuem ativos o tempo que
puderam, ou aposentá-los cedo, desde que assegurem um nível de vida satisfatório.
É importante salientar que paralelo ao envelhecimento há o aparecimento de doenças,
muitas delas inerentes à própria idade. Algumas vezes, essas doenças impulsionam os idosos a
se retirarem da vida produtiva, quando passam a ser vistos pela sociedade como improdutivos
e doentes. O cenário de pobreza em que se encontram, agrava ainda mais essa situação.
Diante desta realidade, os idosos que adoecem e não possuem os meios de produção
enfrentam grandes dificuldades ao envelhecer, uma vez que dependem do Estado e seus
parcos “benefícios” para se manter.
Dentre esses benefícios, os da Previdência, Saúde e Assistência Social que constituem
o tripé da Seguridade Social, são os que mais requerem investimentos por parte da população
idosa. Assim, por demandarem tantos recursos públicos passam a ser vistos pela sociedade
como improdutivos e alavancadores de gastos.
Dados do Ministério da Saúde (2000) apontam que idosos apresentam mais problemas
de saúde que a população geral. Em 1999, dos 86,5 milhões de pessoas que declararam ter
consultado um médico nos últimos 12 meses, 73,2% eram maiores de 65 anos. Esse também
foi o grupo de maior coeficiente de internação hospitalar (14,8% de 100 pessoas no grupo)
que no ano anterior. Mais da metade dos idosos apresentava algum problema de saúde
(53,3%), sendo 23,1% portadores de doenças crônicas.
Segundo Veras (2007), os idosos brasileiros vivem cotidianamente angústias com a
desvalorização das aposentadorias e pensões, com depressão, com a falta de assistência e de
atividades de lazer, com o abandono em hospitais ou asilos. E sofrem ainda, todo tipo de
obstáculos para assegurar alguma assistência por meio de planos de saúde. À desinformação,
ao preconceito e ao desrespeito aos cidadãos da terceira idade, se somam a precariedade de
investimentos públicos para o atendimento de necessidades específicas da população idosa, a
falta de instalações adequadas, a carência de programas específicos e mesmo de recursos
humanos, seja em quantidade, seja em qualidade.
Apesar de os idosos serem muitas vezes considerados como fardo econômico para o
Estado e para a sociedade, o Censo de 2005 (PNAD) verificou que 65,3 % dos idosos eram
responsáveis pela renda familiar. Isso significa que sua renda (aposentadorias, pensões e
benefícios), mesmo baixa, tem garantido o sustento de inúmeras famílias brasileiras e tem
contribuído bastante com a economia nacional.
Doll (1999) afirma que a situação econômica tem influência na satisfação de vida dos
idosos. Essa satisfação não dependerá somente de um ou dois fatores mais de um conjunto
como: saúde, família, atividades sociais e renda. O autor afirma que o dinheiro em si não
obrigatoriamente tratará satisfação, mas ele é um pré-requisito para “uma vida independente e
necessário para se alimentar, vestir e cuidar da saúde de forma adequada” (Idem, p.141). O
autor trás a tona outro ponto em relação às condições financeiras:

Em uma sociedade que equivale o trabalho com dinheiro e onde um preço caro é
sinônimo de qualidade, faz uma enorme diferença para a auto-imagem, se o trabalho
de uma vida inteira vai ser reconhecido através de uma aposentadoria digna ou se o
aposentado recebe somente o mínimo para sobreviver. (...) A situação financeira
significa também um fator de integração social. (DOLL 1999, p. 142).

Por todos esses fatores, a velhice é considerada uma fase de perdas para a população
pobre. Perde-se a saúde, o vigor, o emprego, a beleza. Alguns teóricos argumentam que
muitas vezes ela é associada a uma etapa que precede a morte, portanto, a última fase do ciclo
vital, em que não há mais nada a ser feito, apenas esperar a morte chegar. Diante disso,
importa dar uma ressignificação a vida. Afinal, com o avanço da medicina a idade
cronológica tende a aumentar. Estaremos caminhando para a sociedade dos inúteis?

Situação de pobreza dos idosos em Manaus

Para compreender as condições de envelhecimento em Manaus, objetivamos verificar


onde os idosos estavam inseridos, se no mercado formal ou informal e em que setores da Zona
Franca, apontar se tiveram ou não acesso à aposentadoria, além de revelar a situação
econômica que se encontram atualmente. Buscando contribuir ao debate sobre desigualdade e
pobreza.
Todavia, para melhor percebar a realidade na qual esses idosos se encontram, importa
fazer um breve retrospecto das mudanças ocorridas em Manaus nos meados do inicio da
década de 1970, bem como dos reflexos da reestruturação produtiva na cidade.
Pouco antes da crise mundial, mais especificamente em 1967, foi implantada a Zona
Franca de Manaus (ZFM). Uma área de livre comércio e incentivos fiscais que compreende:
um pólo comercial (serviços), um pólo industrial e um pólo agropecuário, valendo ressaltar
que este último foi o que menos se desenvolveu.
Segundo Machado et al (2006) a criação da Zona Franca foi dotada de um claro viés
geopolítico, justificada pelo governo militar como uma necessidade de povoar uma região
despovoada e integrá-la aos eixos de desenvolvimento mais dinâmicos do país, localizados na
região Centro-Sul. Entretanto, sua criação estava atrelada a circunstâncias político-
econômicas locais, nacionais e internacionais. Sua criação deu-se pelo movimento de
descentralização da produção capitalista.
De acordo com Torres (2000) a implantação da Zona Franca significou um grande
sucesso para região, haja vista que “integrou” o norte com o restante do país e gerou
empregos. Esta autora aponta, que a ZFM atraiu para Manaus um contingente populacional
considerável, entretanto, era uma mão de obra desqualificada e barata, proveniente não apenas
do interior do Amazonas, mas também de outros estados.
Os ribeirinhos, os agricultores, os extrativistas formaram a massa de trabalhadores da
Zona Franca de Manaus. Nesse primeiro momento pouco se preocupava com mão de obra
qualificada, importava apenas a abundância e a jovialidade dessa mão de obra. Porém “os
postos de trabalhos criados não foram suficientes para incluir a demanda de trabalhadores e as
consequências mais visíveis foram o desemprego e o crescimento do setor informal”.
(SCHERER 2005, p. 41).
Paralelo ao crescimento demográfico em Manaus ocorreu o crescimento desordenado
da cidade. Pois, a capital não possuía infra-estrutura adequada para receber este contingente
migratório. Isto é, o aumento populacional da cidade de Manaus deu-se de forma desordena,
pois o governo não respondeu satisfatoriamente ao aumento demográfico e aos problemas
sociais vigentes.
Torres (2000) ratifica que apesar de ter modificado a estrutura econômica e política da
região, exacerbou as desigualdades sociais. Pois, não dotou a cidade de infra-estrutura, não
propiciou a capacitação da mão-de-obra, e não investiu no desenvolvimento científico da
região.
Machado et al (2006) aponta que devido ao aumento da competição externa, causada
pela reestruturação produtiva, a ZFM viu-se obrigada a alterar sua função-produção,
investindo em tecnologia propiciando uma redução de mão-de-obra direta, requerendo do
trabalhador qualificação bem mais elevada. Surgiu então, a “síndrome de desindustrialização”
que culminou com o crescimento do setor terciário (serviços) e do nível do desemprego, além
do aumento da pobreza urbana.
Dentro do turbilhão de mudanças estruturais que a lógica capitalista mundial e
brasileira passava as indústrias que formavam a Zona Franca de Manaus foram atingidas e
obrigadas a alterar seu sistema de produção para se adequar aos novos padrões já existentes.

Metodologia

Este trabalho teve como base uma pesquisa financiada pelo CNPq no período de
agosto de 2008 a julho 2009. A amostra foi composta por 60 idosos, sendo 30 homens e 30
mulheres usuários das Unidades Básicas de Saúde das zonas Sul e Leste da cidade de Manaus.
Para alcançar os objetivos propostos, foram aplicados formulários semi-estruturados.
Discussão dos resultados

Segundo Peixoto (2004), o baixo nível educacional dos idosos brasileiros é resultado
da ausência de políticas de educação nacional nas três primeiras décadas do século XX,
revelando que o acesso à educação lhes foi negado, ao longo da vida, reduzindo, então, a sua
cidadania, apesar de a Constituição de 1946 ter estabelecido o ensino primário gratuito e
obrigatório nas escolas públicas (PNAD, 2005).
Faleiros (2007) aponta que o acesso à educação foi muito limitado para boa parte da
população idosa brasileira, principalmente os que viveram na área rural, limitando assim o
acesso aos direitos de cidadania. No Brasil a proporção de idosos de 60 anos ou mais sem
instrução ou com menos de um ano de estudo, em 2007, era de 32,2%. Mais da metade,
52,2%, dos idosos do Nordeste pertenciam a essa faixa de escolaridade. No Norte, o
percentual era de 45,9% dos idosos, seguido pelo Centro-Oeste (36,9%), Sudeste (22,8%) e
Sul (21,5%). (IBGE 2008).
Em relatos da pesquisa, os idosos afirmaram que não tiveram oportunidades de estudo
por morarem a primeira etapa da vida no meio rural. Uma idosa afirmou que por crescer em
um interior do Amazonas, ninguém queria dar aula no local. “Ninguém queria ir pro interior,
porque era longe e pagavam mal” (TR 66 anos). Hoje aos 66 anos voltou a estudar graças a
um projeto de alfabetização de adultos no único Centro de Convivência do Idoso - CCI
localizado na zona leste de Manaus.

“Nunca estudei não, nem meus pais sabiam ler, tudo era difícil no interior. Hoje em
dia qualquer pivete desses sabe ler e escrever e sabe tudo. Porque aqui na cidade tem
muita facilidade, não estuda hoje quem não quer. No meu tempo tudo era diferente,
era mais difícil. Nunca tive vergonha, mas tenho de não saber ler. Eu tenho
vergonha porque a minha lapiseira é o dedo”. (MRC 73).

Esta pesquisa revelou o baixo índice educacional dos idosos, onde 50% das mulheres e
40% dos homens são alfabetizados funcionalmente. Cumpre destacar que, alfabetização
funcional é definida operacionalmente como domínio de habilidades de leitura, escrita,
cálculos e ciências, em correspondência a uma escolaridade mínima de quatro séries
completas - antigo ensino primário - (IBGE 2006).
Esse dado é agravado quando se trata da questão de gênero. Os homens tiveram maior
acesso à educação, 27% concluíram o ensino médio, enquanto as mulheres apenas 13%,
conforme a tabela abaixo. Berzins (2003) aponta que até o início da década de 1960, o acesso
à educação era restrito às classes sociais mais altas e principalmente aos homens. Cabia às
mulheres apenas desempenhar o papel de esposas, mães e donas-de-casa, por isso são raras
aquelas que obtiveram diploma de primeiro ciclo.

Escolaridade
Ensino Ensino
Alfabetizados Ensino Médio Ensino
Gênero Analfabeto Fundamental Médio
Funcionalmente Incompleto Superior
Completo completo
Homens 13,00% 40,00% 27,00% 0,00% 20,00% 0,00%
Mulheres 17,00% 50,00% 13,00% 7,00% 10,00% 3,00%
Tabela 1 – Índice de Escolaridade
Fonte: Pesquisa de campo -2009

Na sociedade capitalista, a educação ainda é um dos principais meios de reduzir a má


distribuição da riqueza. Explica-se, portanto, os baixos rendimentos dessa população, uma vez
que existe ligação direta entre nível educacional e nível de renda.
Esse fator também influenciou nas atividades econômicas em que estiveram
envolvidos os trabalhadores envelhecidos que compõe nossa amostra, posto que quanto menor
a escolaridade menor a qualificação profissional, logo para a lógica capitalista, esses
trabalhadores não serviram e foram banidos para o mercado informal.
Além disso, uma melhor formação escolar e profissional proporciona uma situação
econômica estável e melhores condições de moradia, maior consumo de bens e serviços,
influenciando em grande parte a satisfação de vida das pessoas que já envelheceram.
O trabalho formal foi mais marcante para os homens, pois estes tiveram maior índice
de escolaridade conforme foi verificado na tabela 1, e quanto maior o nível educacional
maiores as possibilidades de participação no mercado formal de trabalho. Dado comprovado
pela pesquisa uma vez que os homens 53% estiveram exercendo atividades renumeradas no
mercado formal, enquanto as mulheres 43%.
Conforme a tabela 2, mais da metade dos idosos trabalhou no mercado formal, sendo
que a outra grande parcela esteve na informalidade, este percentual se agrava quando
observado a diferença entre homens e mulheres onde 47% e 57% respectivamente não tiveram
acesso ao trabalho formal.
Mercado em que estiveram inseridos
Gênero Mercado Formal Mercado Informal
Homens 53,00% 47,00%
Mulheres 43,00% 57,00%
Tabela 2 – Mercado em que estiveram inseridos – formal/ informal
Fonte: Pesquisa de campo -2009

Pode se verificar que a trajetória de trabalho desses idosos foi marcada pela
precarização do mundo do trabalhado, pois muitos viveram da agricultura nas primeiras
décadas e ao chegarem à capital manauense grande parte trabalhou no setor informal, a
segunda maior parcela na indústria e no setor de serviços.
Antunes (2008, p. 106) declara que o índice de trabalho informal nas últimas décadas
tem crescido resultante da nova morfologia do trabalho. Desse modo, os trabalhadores deste
mercado encontram-se desprovidos de todo e qualquer tipo de direito trabalhista,
impossibilitando assim, o acesso ao sistema de proteção social e o direito à aposentadoria.
Poucos idosos têm acesso aos direitos previdenciários, pois, este sistema exclui os
brasileiros que vivem do trabalho informal. Peixoto (2004, p. 57) destaca que apenas 58% das
pessoas em idade de aposentar-se gozam plenamente desse privilégio.
Conforme a tabela abaixo cerca de 70%, dos entrevistados estão aposentados, mas isso
não significa qualidade de vida como será constatado na tabela 4 que quantifica a renda
mensal. O índice de pensionistas é de 37%, constituído apenas por mulheres, pois, nenhum
dos homens entrevistados encontra-se nessa condição.

Acesso Aposentadoria
Gênero Aposentado (a) Pensionista Beneficiário (a) Sem renda

Homem 70,00% 0,00% 7,00% 3,00%

Mulher 20,00% 37,00% 10,00% 17,00%


Tabela 3 – Acesso Aposentadoria
Fonte: Pesquisa de campo -2009

Excluídos cedo, esses idosos passaram a trabalhar na periferia do sistema, na


informalidade, sem nunca ter contribuído para a previdência se tornam cidadãos sem o direito
de se aposentar, agravando ainda mais as péssimas condições de vida, posto que é na fase da
velhice que a estabilidade financeira se torna imprescindível.
Dados da PNAD (2005) revelam que mais da metade dos trabalhadores brasileiros, por
estarem inseridos no mercado informal de trabalho, não contribuem para previdência social,
desse modo, não terão direito à aposentadoria. Salientamos, também que devido às trajetórias
de trabalho desses idosos terem sido permeadas pela precariedade, hoje vivem de algum tipo
de benefício pago pelo governo, conforme a tabela 3, cerca de 7% homens e 10% mulheres
recebem o Beneficio de Prestação Continuada - BPC.
O direito a aposentadoria decorre da desigual apropriação da riqueza, isto é, é uma
resposta à problemática do envelhecimento do trabalhador. Entretanto, a demanda por este
benefício é maior que a oferta, portanto, os sobrantes recaem sobre a assistência social. Pois,
segundo Sposati (1989) apud Teixeira (2008, p. 159) esta é quase o campo do “não direito”,
posto que sua demanda seria a dos “menos cidadãos”.
Tal realidade anuncia os desafios societários engendrados pelo fortalecimento do
modelo econômico vigente, que propõe o corte dos gastos sociais, aumento do desemprego,
principalmente entre os idosos, desregulamentação de direitos sociais, e trabalhistas, entre
eles, os garantidos na Seguridade Social, exacerbando as desigualdades sociais no país e no
estado.
Faleiros (2007, p. 156) ao analisar uma pesquisa realizada pelo SESC (Serviço Social
do Comércio) e pela Fundação Perseu Abramo (FPA), cujo título é “Idosos no Brasil –
Vivências, desafios e expectativas na terceira idade”, afirma que a situação em que os idosos
têm vivido está em consonância com a história social e econômica do país e com as condições
estruturais de desigualdade da sociedade brasileira.
O perfil dos idosos desta pesquisa revelou que possuem baixa renda, se observado que
a disposição geral dos salários se concentra em um salário mínimo 43% dos homens e
mulheres, agravando a vulnerabilidade em que se encontram, posto que é nesta fase que os
gastos com medicamentos e serviços médicos aumentam, além de muitos serem os
mantenedores dos lares conforme foi constatado na pesquisa. Essa situação faz com que
muitos voltem ao mercado de trabalho. Segundo o PNAD (2003) 32,4% dos 13,3 milhões de
aposentados voltam ao mercado de trabalho, destes dois terços ganham até um salário
mínimo.
Do total, entre os que recebem até dois salários, as mulheres se destacam com 27%
enquanto os homens apenas 7%. Dos que recebem três salários, 53% são homens e 27%
mulheres. De quatro a cinco salários 27% homens e apenas 7% mulheres. A diferença de
gênero continua ao se verificar que 7% homens e apenas 3% das mulheres recebem mais de
oito salários.
Os homens estão em situação privilegiada se comparado às mulheres, pois, entre eles
existem os que recebem mais de cinco salários, enquanto existem mulheres 20% que não
possuem renda ou recebem menos de um salário mínimo, conforme tabela a seguir:

Renda
Gênero 1 SM* 2 SM 3 SM 4 a 5 SM + de 8 SM Sem Renda
Homem 43,00% 7,00% 53,00% 27,00% 7,00% 3,00%
Mulher 43,00% 27,00% 27,00% 7,00% 3,00% 20,00%
Tabela 4 – Renda mensal
Fonte: Pesquisa de campo -2009
* Salário Mínimo

De acordo com Peixoto (2004, p. 67) a renda das mulheres é mais baixa, pois as
atividades que desempenharam são menos remuneradas que a dos homens. Muitas delas
apenas recebem pensão do marido, como é o caso daquelas que trabalharam no setor informal.
As condições de vida destes idosos são resultados de suas vivências pessoais e da
história da cidadania da sociedade em que vivem. Esta é a razão pela qual seus rendimentos
são baixos, afinal, o Brasil é um país cuja desigualdade social - concentração de renda - existe
desde seu descobrimento.
O envelhecimento populacional brasileiro se assemelha cada vez mais com os dos
países europeus, porém o que não se assemelha são os retrocessos nas políticas públicas de
educação, saúde, renda e principalmente no descompromisso dos governantes e políticos de
nosso país.
Ao serem indagados sobre o que seria necessário para se ter um bom envelhecimento,
os idosos afirmaram que um maior nível educacional, pois possibilitaria permanecer no
mercado formal de trabalho garantindo o acesso a aposentadoria que refleti diretamente nas
formas objetivas de vida.

Considerações finais

Este estudo mostrou que a década de 1970 foi o marco de mudanças ocorridas tanto no
cenário nacional quanto no internacional. Nesse período, o capitalismo entrou e crise, o que
provocou profundas alterações nas relações de trabalho mundiais. Os efeitos dessa crise
capitalista foram devastadores para a classe que vive do trabalho. Pois, houve um aumento
das taxas de desemprego, subemprego, terceirização, emprego informal, dentre outros, o que
gerou um aumento dos índices de pauperização. Desta forma, inúmeros direitos trabalhistas
foram perdidos.
Todo esse processo de reestruturação produtiva influenciou mudanças na estrutura do
emprego em Manaus. Houve um recrudescimento do setor agrícola e industrial, que passou a
exigir maior qualificação profissional, e uma expansão do setor de serviços.
Observamos que o sistema neoliberal transforma tudo e todos ao seu redor em algo
descartável. Transfere as responsabilidades do Estado aos próprios sujeitos, na busca
individualizada de solução de problemáticas sociais.
Em síntese é essa é a situação dos trabalhadores que envelheceram na periferia do
sistema: grande parte trabalhou a vida toda no mercado informal, por isso não tiveram direito
de aposentar-se, e mesmo os que tiveram acesso a esse direito são obrigados a reingressar no
mercado de trabalho, ainda que de forma precarizada, para a própria reprodução e para
chefiarem suas famílias, haja vista que seus rendimentos são muito baixos. Assim, o retrato da
velhice do trabalhador pobre está longe da tão propagada “idade do lazer” ou “terceira idade”
(TEIXEIRA, 2008, p. 142).
Diante dessa discussão, uma questão que se torna premente é respeitar os idosos como
ex-trabalhadores que são e pensar em condições dignas para eles, lembrando que, de algum
modo, ajudaram a construir as riquezas desse país. Pois, eles são sujeitos de direitos que já
contribuíram com a sociedade. Cabe, agora, que a sociedade e o Estado assumam a
responsabilidade, deferida por lei, de minimizar as desigualdades por eles vividas e criem
condições de um envelhecimento digno, ativo e saudável.

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