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DIREITO DO TRABALHO

META 02

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DIREITO DO TRABALHO – META 02

SUMÁRIO

DIREITO DO TRABALHO – META 02 ......................................................................................................... 5

REVISÃO DA DOUTRINA (RESUMO + QUESTÕES) ..................................................................................5


1. INTRODUÇÃO AO DIREITO DO TRABALHO ...........................................................................................5
2. CONCEITO DE DIREITO DO TRABALHO ...................................................................................................7
3. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DO TRABALHO ................................................................................8
4. FUNÇÕES DO DIREITO DO TRABALHO ....................................................................................................9
5. NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO DO TRABALHO ......................................................................... 10
6. DIVISÃO DO DIREITO DO TRABALHO ................................................................................................... 11
7. AUTONOMIA ...................................................................................................................................................... 13
8. ORIGEM E EVOLUÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO ....................................................................... 14
8.1. Relações de trabalho na Antiguidade e na Idade Média ........................................................... 14
8.2. Revolução Industrial, capitalismo e surgimento do Direito do Trabalho ............................ 15
9. FORMAÇÃO HISTÓRIA DO DIREITO DO TRABALHO NO MUNDO ............................................ 16
9.1. Fase de formação do Direito do Trabalho (1802-1848) ............................................................ 16
9.2. Sistematização e consolidação do Direito do Trabalho (1848 a 1919) .................................... 17
9.3. Institucionalização do Direito do Trabalho (1919 a até final do Século XX) ..................... 17
9.4. Crise e transição do Direito do Trabalho (fim do Século XX até os dias atuais) .............. 18
10. ORIGEM E FORMAÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL ................. 18
10.1. Manifestações incipientes ou esparsas (1888-1930) ............................................................... 19
10.2. Institucionalização do Direito do Trabalho no Brasil (1930-1945) .................................... 20
10.3. Manutenção do modelo corporativista (1945 a 1988)............................................................. 21
10.4. Direito do Trabalho a partir da Constituição Federal de 1988............................................. 21
10.5. Tendência de flexibilização das normas trabalhistas............................................................... 22
11. DIREITO DO TRABALHO NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS ............................................... 23
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................... 29
GABARITO DAS QUESTÕES ............................................................................................................................ 37

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TEMA DO DIA

DIREITO DO TRABALHO

Direito do Trabalho: conceito, origem, evolução, características, divisão, natureza jurídica, funções

e autonomia dogmática. Particularismo do Direito do Trabalho.

Fundamentos e formação histórica. Constitucionalismo social. Tendências atuais. Flexibilização e

desregulamentação. Liberdade de trabalho, direito ao trabalho, direito de trabalhar. O valor do

trabalho e o desenvolvimento social. Dignidade nas relações de trabalho. Garantismo laboral.

REVISÃO DA DOUTRINA (RESUMO + QUESTÕES)

1. INTRODUÇÃO AO DIREITO DO TRABALHO

O trabalho na sociedade: O trabalho sempre esteve presente na sociedade e teve sua

valoração alterada de acordo com o regime político, econômico e social vigente à época. Por

exemplo, durante a antiguidade clássica, especialmente em Roma, o trabalho era encarado como

algo pejorativo e depreciativo e era renegado principalmente aos escravos. Por sua vez, durante o

período feudal, o trabalho era destinado essencialmente ao estamento dos servos, que prestavam

seus serviços aos senhor feudal em troca de alimentação e abrigo.

O trabalho subordinado livre, desenvolvido essencialmente após a Revolução Industrial,

marca o principal modelo de prestação de serviços dos últimos séculos e é caracterizado pela

obrigação de prestar serviços pelo empregado, de um lado, e pela obrigação de pagar salários

pelo empregador, de outro lado. Nesse sentido, o trabalho permeia toda a sociedade humana e

guarda forte relação com outras áreas do conhecimento como a economia, sociologia, filosofia e

política.

Trabalho e Economia: A relação entre o Trabalho e Economia é patente, seja pela geração

de renda aos trabalhadores, seja pela necessidade de desenvolvimento de produtos e serviços para

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movimentar a economia. Nesse sentido, há o desenvolvimento da disciplina da Economia do

Trabalho. Assim, segundo Gustavo Filipe Garcia Barbosa, o salário é tema importante nas duas

ciências, ainda que sob enfoques distintos. Assim, a economia tem por objeto aspectos pertinentes

à distribuição de riquezas, produção de bens e prestação de serviços ao mercado. Os fatores

econômicos influenciam o Direito, inclusive o do Trabalho e vice-versa1. Além disso, podemos citar

as crises econômicas, as quais afetam diretamente o Direito do Trabalho, levando à sua flexibilização

ou desregulamentação.

Tendências atuais do trabalho: Como salientado, o trabalho sempre esteve presente na

sociedade, mas se desenvolveu de formas distintas ao longo da história de acordo com a base do

modelo social, político e econômico vigente. Desde a revolução industrial e do desenvolvimento do

capitalismo, o trabalho é pautado na relação de trabalho subordinado e livre com a presença do

vínculo de emprego. No entanto, esse cenário vem sendo modificado nos últimos anos,

principalmente pelo desenvolvimento das novas teconologias de informação e comunicação. Nesse

sentido:

“A desestruturação do tempo e do espaço será fundamental pelo menos

tanto quanto foi no velho modelo a concentração do trabalho na fábrica e a

sua separação dos lugares em que não se trabalhava”2.

O uso de redes sociais, aplicativos e o aumento da automação estão redesenhando as

relações de trabalho, exigindo a elaboração de novas leis e jurisprudência atualizada para

acompanhar o processo evolutivo da prestação de serviços. O desenvolvimento do teletrabalho, os

novos meios de subordinação e de controle decorrentes do uso da tecnologia, a necessidade de

constante atualização do trabalhador nos meios digitais para a contratação e manutenção do

emprego e a substituição da mão de obra humana pela automação exigem a releitura de diversos

institutos e princípios trabalhistas para se adequar à nova realidade econômica e social.

Liberdade de trabalho e direito ao trabalho. É importante que seja feita a distinção dessas

expressões:

1
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013.
2
DOMENICO DE MASI. O futuro do trabalho: fadiga e ócio na sociedade pós-industrial. Tradução de Yadyr A. Figueiredo.
Rio de Janeiro: José Olympio, 2001. P. 214.
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1) Liberdade de trabalho: está prevista em documentos internacionais e nacionais e se

manifesta como “o direito do indivíduo a não sofrer interferências externas no exercício

de uma atividade legítima e livremente escolhida”. Dirige-se contra o Estado e terceiros,

englobando a possibilidade de que cada um exerça trabalho de acordo com suas

aptidões3.

2) Direito ao trabalho: é direito econômico-social, contendo âmbito individual – ligado

ao contrato de trabalho e coletivo – ligado a políticas de pleno emprego. É o direito de

ter um trabalho digno para prover seus sustento e de sua família.

Dignidade nas relações de trabalho e direito ao trabalho digno: O trabalho é direito

fundamental de todos os seres hgumanos e deve sempre ser pautado pelo respeito ao princípio da

dignidade da pessoa humana. Lembre-se de que a CF consagrou a dignidade humana como

fundamento da República Federativa do Brasil, reconhecendo o direito social ao trabalho como

condição de existência digna. Nas relações trabalhistas, dessa forma, deve ser vedada a violação da

dignidade da pessoa humana, devendo o homem ser considerado um fim em si mesmo. Em suma,

sendo o trabalho um direito fundamental, é certo que ele deve se pautar na dignidade da pessoa

humana. Assim, quando a CF/88 fala em direito ao trabalho, compreende-se que o trabalho tutelado

pela norma constitucional é o trabalho digno. Isso se dá, em primeiro lugar, em razão do nexo entre

direitos fundamentais e a dignidade da pessoa humana. Em segundo lugar, isso ocorre tendo em

vista que o trabalho digno é instrumento hábil a construir a identidade do trabalhador4.

2. CONCEITO DE DIREITO DO TRABALHO

Segundo Maurício Godinho Delgado, o Direito do Trabalho é ramo jurídico especializado, que

regula certo tipo de relação laborativa na sociedade contemporânea. Prepondera, hoje, a

classificação do ramo justrabalhista no segmento do Direito Privado.

3
FONSECA, Maria Hemília. Direito ao Trabalho: um direito fundamental no ordenamento jurídico brasileiro. São Paulo:
LTr, 2009.
4
DELGADO, Gabriela Neves. O trabalho enquanto suporte de valor. Revista da Faculdade de Direito da UFMG,
Belo Horizonte, n. 49, p.63-80, jul. 2006.
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Nesse sentido, o autor define o Direito do Trabalho como o complexo de princípios, regras e

institutos jurídicos que regulam a relação empregatícia de trabalho e outras relações

normativamente especificadas, englobando, também, os institutos, regras e princípios jurídicos

concernentes às relações coletivas entre trabalhadores e tomadores de serviços, em especial através

de suas associações coletivas.

O Direito do Trabalho é, portanto, a disciplina jurídica das relações individuais e coletivas

de trabalho.

3. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DO TRABALHO

Características do Direito do Trabalho por Maurício Godinho Delgado5:

a) Quanto à origem e evolução na história: ramo do Direito, oriundo das obrigações do

Direito Civil, que se distanciou pela construção do conceito de relação de emprego. Tem

tendência de expansão para outras relações de trabalho que não abrangem a relação de

emprego.

b) Quanto às suas funções e atuação na comunidade: é o segmento do Direito que tem

objetivos sociais claros, além de trazer impactos econômicos, culturais e políticos. Tem

como meta o aperfeiçoamento das condições de pactuação da força de trabalho na

sociedade capitalista. Caracterizado pelo intervencionismo estatual na economia e na

vontade das partes contratantes.

c) Quanto à estrutura jurídica: é composto essencialmente de normas imperativas.

Forte presença dos princípios que são pautados pela valorização da dignidade humana,

do trabalho, do emprego e da justiça social.

d) Quanto às dimensões: apresenta dimensão individual, que se vincula à

regulamentação do contrato de trabalho e dimensão coletiva, que versa sobre as

relações e seres coletivos trabalhistas.

e) Quanto à origem das normas: provém de 3 fontes distintas: normas estatais

internas, normas coletivas negociadas e normas oriundas de tratados e convenções

internacionais.

5
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18. ed. São Paulo: Ltr, 2019. p. 70.
8
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2. Características por Alice Monteiro de Barros6:

a) Tendência à ampliação crescente: o Direito do Trabalho tende a abranger outras

relações além do vínculo empregatício. Nesse sentido, é possível mencionar a igualdade

de direitos entre empregados e trabalhadores avulsos assegurada pela Constituição

Federal. Além disso, há a tendência de ampliação no rol de direitos assegurados aos

trabalhadores pela criação de novos institutos jurídicos que inexistiam até então. Por

exemplo, a CF/88 criou a licença-paternidade.

b) Direito de reivindicação de classe (“tuitivo”): o Direito do Trabalho surge da luta da

classe operária por melhores condições de trabalho;

c) Cunho intervencionista: Essa reivindicação exigiu do Estado abandonar sua posição

de abstenção e passou a intervir nas relações sociais.

d) Caráter cosmopolita diante da influência de normas internacionais: decorre da

preocupação em harmonizar a legislação trabalhista assegurando uma concorrência

justa no mercado internacional, impedindo a comercialização de produtos mais baratos

às custas do sacrifício dos trabalhadores. Forte presença da Organização Internacional

do Trabalho – OIT.

e) Presença de institutos jurídicos de ordem coletiva: presença da liberdade sindical,

convenção coletiva e greve;

f) Direito em transição: visa à reforma social sem sobressaltos nem alterações bruscas

na vida econômica;

g) Limitativo da vontade individual do contrato;

h) Propósito de tutelar o trabalhador e do economicamente fraco;

i) Ordenação do mundo do trabalho pelos princípios da dignidade humana.

4. FUNÇÕES DO DIREITO DO TRABALHO

O Direito do Trabalho exercer diversas funções, que serão destacadas a seguir7:

6
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 10. ed. São Paulo: LTr, 2016. p. 68.
7
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 14. ed. São Paulo: Ltr, 2015.
9
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1) Função central de melhoria das condições de pactuação do trabalhador na ordem

socioeconômica. Essa função é um dos pilares que justifica a própria existência do Direito

do Trabalho. Desmercantilização da força de trabalho no capitalismo.

2) Função modernizante e progressista na ordem econômica e social: papel de

estabelecer um conjunto de direitos que devem ser generalizados a todos os setores da

sociedade. Exerce a função de melhor distribuir a renda no país e de alargar o mercado

interno. Além disso, há o estímulo ao empresário para o aperfeiçoamento da mão de obra

para ampliação da produtividade.

3) Função civilizatória e democrática: é umdos principais mecanismos de controle e

atenuação das distorções do mercado capitalista.

Além dessas funções, destacamos, ainda, as funções tutelar, econômica, conservadora ou

coordenadora mencionadas por Alice Monteiro de Barros8:

a) Função tutelar: proteção ao trabalhador diante de sua hipossuficiência;

b) Função econômica: todas as vantagens concedidas aos empregados devem ser

preceidas de suporte econômico. Há aqueles que sustentam, entretanto, que o Direito

do Trabalho não temm viés econômico, mas social pela realização da dinigidade humana;

b) Função conservadora: meio que se vale o Estado para sufocar movimentos operários

reivindicatórios;

c) Função coordenadora: há a coordenação entre os interesses do capital e do trabalho.

5. NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO DO TRABALHO

Há divergência doutrinária sobre o assunto9:

1) Ramo do Direito Público: os que defendem essa posição argumntam no sentido de que

o Direito do Trabalho é fruto da intervenção do Estado nas relações de trabalho com

normas preponderamente imperativas.

8
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 10. ed. São Paulo: LTr, 2016. p. 73.
9
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 10. ed. São Paulo: LTr, 2016. p. 72-73.
10
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2) Ramo do Direito Privado: o instituto básico de origem é o contrato individual de trabalho

e suas normas decorrem dos Códigos Civis.

3) Ramo do Direito Social: criação de um terceiro gênero com ênfase no social em

detrimento do individual. Essa função socializadora está presente em diveross ramos e

não é característica do Direito do Trabalho exclusivamente.

4) Ramo misto: faria parte tanto do Direito Público como do Direito Privado.

5) Ramo unitário: Direito do Trabalho compreende normas individuais e sociais que o torna

único na ordem jurídica.

Prepondera na doutrina mais recente que o Direito do Trabalho é ramo jurídico que se

enquadra no campo do Direito Privado. De acordo com Maurício Godinho Delgado10, o núcleo do

Direito do Trabalho é uma relação entre particulares que o situa nas relações próprias da sociedade

civil. Nesse sentido, a simples existência de normas imperativas não suficiente para alterar a

natureza jurídica de um ramo do Direito.

6. DIVISÃO DO DIREITO DO TRABALHO

O Direito do Trabalho pode ser dividido em 2 seguimentos distintos11:

1) Direito Individual do Trabalho: o direito individual versa sobre os princípios, regras e

institutos jurídicos que regulam a relação de emprego. São exemplos de regulamentação

da relação individual, o estabelecimento da jornada de trabalho, dos períodos de

descanso, da remuneração do empregado etc. No direito individual do trabalho, em razão

da subordinação do empregador, há aplicação dos princípios protetivos, como: princípio

da condição mais benéfica, princípio da primazia da realidade, princípio da continuidade

etc. Nessa relação jurídica, vivida entre empregado e empregador, há forte intervenção

estatal, reduzindo a possibilidade de negociação entre as partes. A Reforma Trabalhista

e as medidas excepcionais trabalhistas adotadas durante a pandemia do novo

10
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18. ed. São Paulo: Ltr, 2019. p. 86-87.
11
CORREIA, Henrique. Curso de Direito do Trabalho. 6. ed. Salvador: Juspodivm, 2021.
11
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coronavírus inovaram em diversos artigos, possibilitando novas hipóteses de acordos

individuais que serão tratados, detalhadamente, ao longo dos comentários.

2) Direito Coletivo do Trabalho: o direito coletivo versa sobre as relações de trabalho

entre empregados e empregadores considerada a sua ação coletiva, realizada de forma

autônoma ou por meio de suas entidades sindicais. O Direito Coletivo é caracterizado

pela equiparação entre os polos da relação jurídica, que podem negociar com mais

liberdade das condições de trabalho. As modificações trazidas pela Reforma Trabalhista,

deram mais força aos instrumentos coletivos de trabalho.

OBSERVAÇÃO!

Direito Constitucional do Trabalho12: A presença de direitos sociais e trabalhistas na Constituições

remontam à Constituição Mexicana de 1917 e de Weimar de 1919. No Brasil, a Constituição de

1934 foi a primeira a tratar sobre direitos trabalhistas. No entanto, nesse momento, não há a

constitucionalização do direito do trabalho no Brasil, que vem a ocorrer somente com a CF/88 de

acordo com os seguintes fatores:

1) Previsão do Estado Democrático de Direito: com respeito à pessoa humana, a sociedade política

e a sociedade civil;

2) Defesa dos direitos e garantias fundamentais: O Direito do Trabalho assume papel de destaque

como importante direito fundamental;

3) Princípios constitucionais: importam em reflexos em toda a estruturação da seara trabalhista

como os princípios da dignidade da pessoa humana, da centralidade da pessoa humana no Direito,

da justiça social, da inviolabilidade física e psíquica do direito à vida, do respeito à privacidade e à

intimidade, da não discriminação, da valorização do trabalho e emprego; da proporcionalidade, da

segurança, dentre outros;

4) Valorização da pessoa humana e do trabalho nos principais dispositivos da Constituição;

5) Constitucionalização de princípios trabalhistas: proteção, norma mais favorável,

indisponibilidade dos direitos trabalhistas, intangibilidade e irredutibilidade salariais, primazia da

realidade, entre outros;

12
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18. ed. São Paulo: Ltr, 2019. p. 65-66.
12
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6) Constitucionalização de princípios coletivos do trabalho: liberdade sindical, autonomia sindical,

interveniência sindical na negociação coletiva, lealdade e transparência etc.

7) Previsão de dezenas de direitos individuais e sociais trabalhistas;

8) Valorização das normas internacionais sobre direitos humanos.

9) Princípios e regras dos servidores públicos;

10) Estruturação da Justiça do Trabalho;

OBSERVAÇÃO!

Direito Internacional do Trabalho: desenvolve-se com a criação da Organização Internacional do

Trabalho em 1919 com a edição de convenções e recomendações. Soma-se a isso a participação da

ONU com a edição de declarações e convenções sobre normas de Direito Trabalhista. A aplicação

das normas internacionais deve ocorrer quando não implicarem em violação aos princípios da

vedação ao retrocesso e da norma mais favorável.

7. AUTONOMIA

Para que haja autonomia de um certo campo do Direito, deve haver: campo temático vasto e

específico, elaboração de teorias próprias ao ramo jurídico, observância de metodologia própria e

existência de perspectivas e questionamentos específicos e próprios. O Direito do Trabalho atende

aos requisitos apontados13:

1) Campo temático vasto e específico: a relação de emprego não tinha normatização

própria até a criação das normas de Direito do Trabalho. Há, ainda, institutos únicos como

a negociação coletiva e greve, duração do trabalho, salário, poder empregatício, dentre

outros, que demonstram a vastidão de temas próprios desse ramo.

2) Teorias específicas e distintivas: presença de diversas teorias que são exclusivas

desse ramo como nulidades, hierarquia das normas, prescrição total e parcial, dentre

outras;

13
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18. ed. São Paulo: Ltr, 2019. p. 65-66.
13
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3) Metodologia e métodos próprios: métodos próprios de criação jurídica pela

negociação coletiva, poder normativo da Justiça do Trabalho, dentre outros;

4) Perspectivas e questionamentos específicos e próprios: enfoca problemas que se

diferenciam total dos ramos tradicionais. Exemplo: O credor trabalhista é colocado em

enfoque na análise, enquanto no direito das obrigações, o enfoque é dado ao devedor da

obrigação.

8. ORIGEM E EVOLUÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO

A existência do trabalho livre é pressuposto do surgimento do trabalho subordinado. Assim,

enquanto o trabalho livre surge a partir da Idade Moderna, o trabalho subordinado surge com a

Revolução Industrial. Apenas com a Revolução Industrial é que a relação empregatícia se estrutura,

passando a responder pelo modelo principal de vinculação do trabalhador livre ao sistema

produtivo, que se afirma ao longo do século XIX.

O Direito do Trabalho é produto cultural do século XIX e das transformações econômico-

sociais e políticas vivenciadas na Europa e Estados Unidos da América. Note-se que, antes disso,

não há a presença do Direito do Trabalho, pois nas sociedades feudais o trabalho subordinado não

era categoria relevante nem socialmente dominante. O Direito do Trabalho é fenômeno do século

XIX e das condições ali reunidas14.

8.1. Relações de trabalho na Antiguidade e na Idade Média

Antiguidade Clássica (Grécia e Roma): trabalho era encarado de forma depreciativa

(castigo) pela sociedade e era destinado aos escravos e aos mais pobres. Não havia direito do

trabalho, pois os escravos eram considerados coisas, bens de propriedade de seus senhores. Não

havia, portanto, a figura do contrato de trabalho, que exige que ambas as partes sejam sujeitas de

direitos.

Vale destacar que havia modalidade de contrato denominado “locatio conductio operarum”,

celebrado entre os pobres não escravos para prestação de serviços. Esse antecedente remoto do

14
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 14. ed. São Paulo: Ltr, 2015. p. 47.
14
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contrato de trabalho era caracterizado pela ampla negociação entre as partes com exceção do

respeito aos repousos festivos e na hipótese de morte15. Proximidade com contratos obrigacionais

do Direito Civil.

Idade Média (Séculos V ao XV): substituição do trabalho escravo pelo regime de servidão.

Nessa época, havia uma troca entre os senhores feudais, que ofereciam proteção e os servos que

ofereciam seus trabalhos e suas liberdades. Não havia, portanto, trabalho livre indispensável à

formação do Direito do Trabalho.

Corporações de ofício: No declínio da Idade Média, parte da população desloca-se do campo

para as cidades e dá origem à formação de corporações de ofício, que eram formadas por mestres,

oficiais e aprendizes. Não havia ainda Direito do Trabalho, pois as regras aplicadas à relação de

trabalho era determinado unilateralmente pela Corporação e aplicada a todos seus integrantes.

Em resumo: Antes da Revolução Industrial, foram desenvovlidas diversas formas de

trabalho, mas diante da ausência de trabalho subordinado livre, não houve elementos que

permitissem o surgimento do Direito do Trabalho.

8.2. Revolução Industrial, capitalismo e surgimento do Direito do Trabalho

Revolução Industrial: inovação tecnológica e desenvolvimento de máquinas – substituição

do trabalho artesanal das Corporações de Ofícia para o trabalho nas fábricas no sistema capitalista.

Surgimento da classe operária. No âmbito político e econômico, assume posição de destaque os

ideias do liberalismo, inclusive a liberdade de trabalho16.

Novo modelo de relação de trabalho: ampla liberdade de contratação e celebração de

contrato de locação de serviços regidos pelos Códigos Civis. Surgimento do contrato de trabalho.

15
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 10. ed. São Paulo: LTr, 2016. p. 46.
16
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 10. ed. São Paulo: LTr, 2016. p. 50.
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Exploração da classe operária (“Questão social”): ampla liberdade de negociação e

ausência de intervenção estatal permitiram a exploração da classe operária, especialmente de

mulheres e crianças com jornadas exaustivas, condições degradantes e baixos salários.

Surgimento das organizações de trabalhadores: reivindicação de melhores condições de

trabalho. Surgimento dos primeiros sindicatos e início do Direito do Trabalho com normas coletivas

e, posteriormente, pela intervenção e regulamentação estatal no âmbito do direito individual.

9. FORMAÇÃO HISTÓRIA DO DIREITO DO TRABALHO NO MUNDO

De acordo com Maurício Godinho Delgado17, é possível dividir a formação histórica do Direito

do Trabalho em 4 fases distintas: A) Fase de formação do Direito do Trabalho; B) Sistematização e

consolidação do Direito do Trabalho; c) Institucionalização do Direito do Trabalho; d) Crise e

transição do Direito do Trabalho.

Cumpre ressaltar que, para o estudo desse tópico, é indispensável a análise dos principais

documentos, normas e momentos que marcaram cada fase, pois são frequentemente exigidas nos

concursos da Magistratura do Trabalho e do MPT.

9.1. Fase de formação do Direito do Trabalho (1802-1848)

Essa fase é caracterizada pela pouca intervenção do Estado na regulamentação do Direito

do Trabalho e, consequentemente, da existência de poucas leis sobre o tema. As legislações

existentes eram voltadas à proteção dos trabalhadores com viés humanitário, evitando a exploração

de crianças, mulheres e acidentados18.

Diante dos abusos cometidos aos trabalhadores, houve união de operários e formação dos

primeios sindicatos.

17
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 14. ed. São Paulo: Ltr, 2015. P. 98.

18
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 10. ed. São Paulo: Ltr, 2016. p. 52.

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Marcos históricos:

1. “Unions”: sindicatos surgem na Inglaterra, berço da Revolução Industrial.

2. Moral and Health Act de 1802: regulamentação trabalhista na Inglaterra, que proibia

o trabalho de crianças com duração superior a 12 horas diárias e no período noturno;

3. Ato de 1826 na Inglaterra: permite o direito de associação coletiva dos

Trabalhadores.

9.2. Sistematização e consolidação do Direito do Trabalho (1848 a 1919)

É a fase que surge com a reestruturação das classes operárias por meio da pressão para

que o Estado atendesse às reivindicações dos trabalhadores.

Atuação recíproca do Estado pela criação de leis (atuação de cima) e dos operários pelas

greves e negociações (atuação vinda de baixo), o que origina o ramo jurídico trabalhista. Ampliação

das leis trabalhistas e avanços na negociação coletiva juntamente com o direito à liberdade sindical.

Marcos históricos:

1. Manifesto Comunista de Marx e Engels de 1848

2. Encíclica “Rerum Novarum” de 1891 do Papa Leão XIII, que exigia do Estado maior

regulamentação de direitos trabalhistas;

3. Convenção de Berlim de 1890 que reuniu 14 países para discutir a regulamentação

do mercado de trabalho.

9.3. Institucionalização do Direito do Trabalho (1919 a até final do Século XX)

Fontes autônomas e heterônomas do Direito do Trabalho com a produção de normas

coletivas pelos trabalhadores e empregadores e do Estado pela criação de leis trabalhistas. O

Direito do Trabalho passa a ser asismilado à dinâmica da sociedade e do Estado. Auge com o fim da

Segunda Guerra Mundialo, com a constitucionalização do Direito em diversas constituições e pela

hegemonia do Estado de Bem-Estar Social19.

19
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 14. ed. São Paulo: Ltr, 2015. P. 101-102.
17
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Marcos históricos:

1. Constituição Mexicana de 1917: primeira a prever direitos sociais, especialmente

trabalhistas;

2. Constituição de Weimar de 1919: previsão de direitos sociais, que inclusive foram

posteriormente incorporados pela OIT;

3. Criação da OIT em 1919: Organização Internacional do Trabalho, que tem o papel de

elaborar convenções e recomendações sobre diversos aspectos das relações de trabalho.

4. A Encíclica Divini Redemptoris foi elaborada pelo Papa Pio XI, em 19 de março de

1937, que defende os direitos e a dignidade do trabalho humano e o equilíbrio que deverá

existir entre o capital e o trabalho, o salário, indispensável ao operário e a sua família.

9.4. Crise e transição do Direito do Trabalho (fim do Século XX até os dias atuais)

Inicia-se no fim do Século XX e é marcada pelas crises econômicas, que se iniciaram nas

décadas de 1970 e 1980. Nesse período, houve redução da mão de obra pelo uso da automação e

da informática.

Questiona-se a necessidade de regras protetivas e da intervenção do Estado. Surgimento

crescente de desregulamentação e flexibilização do Direito do Trabalho20.

10. ORIGEM E FORMAÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL

A origem do Direito do Trabalho no Brasil guarda particularidades próprias da sociedade

brasileira. Brasil colônia teve sua economia baseada na agricultura e pecuária e o trabalho era

desenvolvido por escravo africanos trazidos à força para trabalhar nas lavouras. Portanto, não houve

durante o Século XIX condições políticas, econômicas e sociais que dessem origem ao Direito do

Trabalho. Lembre-se de que, na Europa, os trabalhadores eram livres e podiam lutar por melhores

condições de vida, já no Brasil a luta era por liberdade e sobrevivência21.

20
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 14. ed. São Paulo: Ltr, 2015. P. 103.
21
CORREIA, Henrique. Curso de Direito do Trabalho. 6. ed. Salvador: Juspodivm, 2021.
18
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO DO TRABALHO – META 02

Durante o período colonial e imperial até a abolição de escravidão em 1888, houve poucas

manifestações de normas atinentes às relações de trabalho. Não havia, portanto, Direito do

Trabalho, pois o trabalho era, em sua maioria, realizado por escravos.

É citado como marco do início do Direito do Trabalho no Brasil a promulgação da Lei Áurea

de 1888 que determinou o fim da escravidão.

A seguir, serão apresentadas as fases históricas do Direito do Trabalho no Brasil de acordo

com Maurício Godinho Delgado (2015).

10.1. Manifestações incipientes ou esparsas (1888-1930)

Tem como marco inicial a Lei Áurea de 1888 e a vinda dos imigrantes europeus para trabalhar

como empregados no Brasil. A relação de emprego é maior nas plantações de café em São Paulo e

na pequena industrialização no Rio de Janeiro. Período de baixa organização dos trabalhadores e

dinâmica legislativa não intervencionista pelo Estado diante do viés liberal que caracteriza o

período22.

Início do sindicalismo: influências do anarcossindicalismo, especialmente de imigrantes

italianos. Na década de 1920, os movimentos grevistas foram ampliados e passaram a sofrer forte

repressão estatal, o que resultou na expulsão de vários estrangeiros do país23.

Marcos legislativos importantes para sua prova24:

1. Decreto Legislativo nº 1.150/1904: trouxe facilidades para o pagamento de dívidas

de trabalhadores rurais;

2. Decreto Legislativo nº 1.637/1907: permitia a criação de sindicatos profissionais e

sociedades cooperativas;

3. Lei nº 3.724/1919: trouxe normas sobre legislação acidentária de trabalho;

22
. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 14. ed. São Paulo: Ltr, 2015. P. 101-111-113.

23
. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de direito sindical. 7ª. ed. São Paulo: LTr, 2012. p. 102.

24
. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 16. ed. São Paulo: Ltr, 2017. p. 116.

19
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DIREITO DO TRABALHO – META 02

4. Lei nº 4.682/1923 (Lei Elói Chaves): Criou Caixas de Aposentadorias e Pensões para

ferroviários, que foram estendidos às empresas portuárias e marítimas;

5. Lei nº 4.982/1925: Estabeleceu férias de 15 dias anuais para empregados em

estabelecimentos comerciais, industriais e bancários;

6. Código de Menores: estabeleceu a idade mínima de 12 anos para o trabalho com a

proibição do trabalho noturno e minas.

10.2. Institucionalização do Direito do Trabalho no Brasil (1930-1945)

A segunda fase do Direito do Trabalho no Brasil é marcado pela produção legislativa e

administrativa intensa com a regulamentação de diversos direitos trabalhista. Por outro lado, o

período é marcado também pela repressão violenta aos movimentos operários.

Houve a criação de políticas em 6 ramos diferentes no período que modificaram

profundamente a disciplina trabalhista25:

1) Administração Federal: foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio pelo

Decreto nº 19.443/1930 e o Departamento Nacional do Trabalho pelo Decreto nº

19.671-A/1931, visando à coordenação das ações institucionais.

2) Área sindical: criação do sindicato único e oficial, submetido ao reconhecimento do

Estado. Havia forte intervenção do poder público nos sindicatos e repressão a

movimentos grevistas.

3) Solução judicial de conflitos trabalhistas: criação das Comissões Mistas de

Conciliação e Julgamento, em 1932. A Constituição de 1937 referiu-se à Justiça do

Trabalho, que veio a ser regulamentada por um Decreto-lei nº 1.237/1939, sendo

instalada e passando a funcionar em 1º de maio de 1941.

4) Área previdenciária: foi criado o primeiro órgão previdenciário que correspondeu ao

Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM).

25
. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 14. ed. São Paulo: Ltr, 2015. P. 114-117.

20
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO DO TRABALHO – META 02

5) Legislação profissional e protetiva: leis regulamentaram diversas profissões e

regimes especiais de trabalho como o trabalho da mulher, dos comerciários, bancários

etc.

6) Política oficial do corporativismo: Lei de Nacionalização do Trabalho, como primeiro

marco dessas ações, restringindo o trabalho de estrangeiros e o incentivo ao sindicalismo

oficial com repressão estatal a organizações autônomas de trabalhadores.

Vale ressaltar que foi nesse período que foi editada a Consolidação das Leis do Trabalho –

CLT, que se refere ao Decreto-Lei nº 5.452/1943, que correspondeu à compilação de diversas leis

esparsas trabalhistas em um único documento para trazer maior sistematicidade à disciplina das

relações trabalhistas.

Em resumo: Diferente do desenvolvimento do Direito do Trabalho na Europa que foi marcado

pela interrelação de normas estatais (vindas de cima) e normas negociais autônomas (vindas de

baixo), o Direito do Trabalho brasileiro teve sua base construída por direitos concedidos pelo Estado.

10.3. Manutenção do modelo corporativista (1945 a 1988)

Durante o período da República de 1945 a 1964 e do regime militar, o modelo trabalhista da

Era Vargas foi mantido com poucas alterações, especialmente no âmbito sindical, pois permanecia

o modelo de sindicato único e a intervenção do Estado em seu funcionamento. Os direitos dos

trabalhadores rurais e domésticos são reconhecidos, ainda que, para esses últimos, tenham sido

previstos menos direitos que os demais empregados.

10.4. Direito do Trabalho a partir da Constituição Federal de 1988

A CF/88 foi marco da fase democrática com a previsão de diversos direitos fundamentais

sociais. Foi proibida a intervenção e a interferência nos sindicatos, foi eliminada a a representação

classista com a EC nº 24/1999 e foi ampliada a competência da Justiça do Trabalho com a EC nº

45/2004.

21
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DIREITO DO TRABALHO – META 02

A previsão de direitos sociais constitucionais iniciou-se com a Constituição de 1934, mas foi

com a CF/88 que se conferiu sistematização aos direitos sociais, inclusive com atribuições específicas

de proteção do ordenamento jurídico pelo Ministério Público do Trabalho.

O Estado Democrático concebido pela nova ordem constitucional é baseado no tripé: pessoa

humana com sua dignidade; sociedade política concebida como democrática e inclusiva e sociedade

civil democrática e inclusiva. Assim, a CF/88 ressalta a pessoa humana e o trabalho e emprego em

todos os seus principais títulos normativos, particularmente em seus Títulos I, II, VII e VIII.

10.5. Tendência de flexibilização das normas trabalhistas

Nos últimos anos, o Direito do Trabalho no Brasil reflete a tendência de flexibilização das

normas trabalhistas. Para seu concurso, é indispensável diferenciar flexibilização e

desregulamentação26:

A) Flexibilização: redução da rigidez das leis trabalhistas pela negociação coletiva, ou

seja, é dar ênfase ao negociado em detrimento do legislado. Na flexibilização

permanecem as normas básicas de proteção ao trabalhador, mas permite-se maior

amplitude dos acordos e convenções para adaptação das cláusulas contratuais às

realidades econômicas da empresa e às realidades regionais.

B) Desregulamentação: ocorre quando há ausência total da legislação protetiva, isto é,

substituição do legislado pelo negociado. Nesse caso, não haveria a intervenção do

Estado na elaboração das leis, deixando para as partes a elaboração das condições de

trabalho.

A flexibilização das normas trabalhistas foi ampliada a partir de 2015 com decisões do STF

que permitiram a prevalência do negociado sobre o legislado, como foi a hipótese de supressão das

horas “in itinere” ou a quitação geral ao contrato de trabalho na adesão ao Plano de Demissão

Voluntária.

26
CORREIA, Henrique. Curso de Direito do Trabalho. 6. ed. Salvador: Juspodivm, 2021.
22
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DIREITO DO TRABALHO – META 02

No âmbito legislativo, a Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017) foi responsável por

modificar mais de 100 artigos de Direito e Processo do Trabalho. Essa legislação alterou

profundamente as bases do ramo jurídico trabalhista e teve como um de seus principais objetivos a

valorização do negociado em detrimento da lei nos termos dos art. 611-A e 611-B da CLT.

Ademais, tivemos ainda a promulgação em 2020 e 2021 de diversas leis de enfrentamento

à pandemia da COVID-19, que, diante da excepcionalidade do período, importaram em flexibilização

de direitos, tais como antecipação de períodos futuros de férias, teletrabalho por decisão unilateral

da empresa, redução proporcional de salários e de jornada, suspensão temporária do contrato de

trabalho, dentre outras.

É importante destacar que essas alterações recentes serão devidamente abordadas ao longo

das rodas de Direito Individual e Direito Coletivo do Trabalho.

11. DIREITO DO TRABALHO NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS

Para sua prova, é fundamental o conhecimento acerca dos principais dispositivos trabalhistas

que foram trabalhados ao longo das Constituições brasileiras, pois é tema que poderá ser cobrado

no âmbito do direito do trabalho e do direito constitucional.

Além disso, para facilitar sua análise, indicamos alguns direitos que apareceram pela primeira

vez em constituições brasileiras.

1. Constituição de 1824: A Constituição do Império tinha matizes fortemente liberais por

influência das constituições da época e não estabeleceu direitos sociais e trabalhistas. É

importante mencionar que havia a previsão de liberdade de trabalho e a vedação de

corporações de ofício (art. 179)

2. Constituição de 1891: A primeira Constituição Republicana brasileira também sofreu

fortes influências liberais e não intervencionista. Nesse sentido, não há previsão de

direitos trabalhistas. Vale ressaltar que seu art. 72 previa a liberdade de associação.

3. Constituição de 1934: Foi a primeira Constituição Brasileira a estabelecer direitos sociais

e trabalhistas. Lembre-se de que, no mundo, as Constituições Mexicana de 1917 e de

23
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO DO TRABALHO – META 02

Weimar de 1919 foram os primeiros diplomas a versa sobre o tema. Apesar de sua curta

duração, estabeleceu o reconhecimento das entidades sindicais e previu importante rol

de direitos trabalhistas (art. 121):

a) proibição de diferença de salário para um mesmo trabalho, por motivo de idade, sexo,

nacionalidade ou estado civil;

b) salário mínimo, capaz de satisfazer, conforme as condições de cada região, às

necessidades normais do trabalhador;

c) trabalho diário não excedente de oito horas, reduzíveis, mas só prorrogáveis nos

casos previstos em lei;

d) proibição de trabalho a menores de 14 anos; de trabalho noturno a menores de 16

e em indústrias insalubres, a menores de 18 anos e a mulheres;

e) repouso hebdomadário [DSR atual], de preferência aos domingos;

f) férias anuais remuneradas;

g) indenização ao trabalhador dispensado sem justa causa;

h) assistência médica e sanitária ao trabalhador e à gestante, assegurando a esta

descanso antes e depois do parto, sem prejuízo do salário e do emprego, e instituição de

previdência, mediante contribuição igual da União, do empregador e do empregado, a

favor da velhice, da invalidez, da maternidade e nos casos de acidentes de trabalho ou de

morte;

i) regulamentação do exercício de todas as profissões;

j) reconhecimento das convenções coletivas, de trabalho.

4. Constituição de 1937: A Constituição polaca foi outorgada durante o Período da Ditadura

Vargas e, apesar de prever direitos trabalhistas, reprimiu os movimentos grevistas

(greves eram consideradas “movimentos nocivos ao capital e ao trabalho”) e os sindicatos

que não eram reconhecidos oficialmente pelo Estado. Foram reconhecidos os seguintes

direitos (art. 137):

a) os contratos coletivos de trabalho;

b) ao repouso semanal aos domingos e, nos limites das exigências técnicas da empresa,

aos feriados civis e religiosos, de acordo com a tradição local;

24
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO DO TRABALHO – META 02

c) depois de um ano de serviço ininterrupto em uma empresa de trabalho contínuo, o

operário terá direito a uma licença anual remunerada;

d) estabilidade no emprego e indenização nas empresas de trabalho contínuo;

e) direito à sucessão trabalhista;

f) salário-mínimo, capaz de satisfazer, de acordo com as condições de cada região, as

necessidades normais do trabalho;

g) dia de trabalho de oito horas, que poderá ser reduzido, e somente suscetível de

aumento nos casos previstos em lei;

h) o trabalho à noite, a não ser nos casos em que é efetuado periodicamente por turnos,

será retribuído com remuneração superior à do diurno [primeira menção em

constituição];

i) proibição de trabalho a menores de catorze anos; de trabalho noturno a menores de

dezesseis, e, em indústrias insalubres, a menores de dezoito anos e a mulheres;

j) assistência médica e higiênica ao trabalhador e à gestante, assegurado a esta, sem

prejuízo do salário, um período de repouso antes e depois do parto;

k) a instituição de seguros de velhice, de invalidez, de vida e para os casos de acidentes

do trabalho[primeira menção em constituição];

5. Constituição de 1946: Com o retorno da democracia no Brasil após o fim da Era Vargas,

foi promulgada a Constituição de 1946, que também trouxe previsões de direitos

trabalhistas. Salienta-se que essa constituição destacava a necessidade de valorização

do trabalho humano (art. 145). Foram assegurados:

a) salário-mínimo capaz de satisfazer, conforme as condições de cada região, as

necessidades normais do trabalhador e de sua família;

b) proibição de diferença de salário para um mesmo trabalho por motivo de idade, sexo,

nacionalidade ou estado civil;

c) salário do trabalho noturno superior ao do diurno;

d) participação obrigatória e direta do trabalhador nos lucros da empresa [primeira

menção em constituição], nos termos e pela forma que a lei determinar;

e) duração diária do trabalho não excedente a oito horas, exceto nos casos e condições

pre-vistos em lei;

25
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO DO TRABALHO – META 02

f) repouso semanal remunerado, preferentemente aos domingos e, no limite das

exigên-cias técnicas das empresas, nos feriados civis e religiosos, de acordo com a

tradição local;

g) férias anuais remuneradas;

h) higiene e segurança do trabalho;

i) – proibição de trabalho a menores de quatorze anos; em indústrias insalubres, a

mulheres e a menores, de dezoito anos; e de trabalho noturno a menores de dezoito

anos, respeitadas, em qualquer caso, as condições estabelecidas em lei e as exceções

admitidas pelo Juiz competente;

j) Licença-maternidade;

k) fixação das percentagens de empregados brasileiros nos serviços públicos dados

em concessão e nos estabelecimentos de determinados ramos do comércio e da

indústria;

l) estabilidade, na empresa ou na exploração rural, e indenização ao trabalhador

despedido, nos casos e nas condições que a lei estatuir;

m) reconhecimento das convenções coletivas de trabalho;

n) assistência sanitária, inclusive hospitalar e médica preventiva, ao trabalhador e à

gestante;

o) assistência aos desempregados; [primeira menção em constituição]

p) previdência;

q) obrigatoriedade da instituição do seguro pelo empregador contra os acidentes do

tra-balho [primeira menção em constituição].

6. Constituição de 1967 e Emenda Constitucional nº 1/69: Foi a Constituição outorgada

durante o regime militar no Brasil e não trouxe profundas inovações no âmbito do Direito

do Trabalho, com destaque para o FGTS e salário-família:

a) salário-mínimo capaz de satisfazer, conforme as condições de cada região, as

necessidades normais do trabalhador e de sua família;

b) salário-família [primeira menção em constituição] aos dependentes do trabalhador;

c) proibição de diferença de salários e de critérios de admissões por motivo de sexo, cor

e estado civil;

26
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO DO TRABALHO – META 02

d) salário de trabalho noturno superior ao diurno;

e) integração do trabalhador na vida e no desenvolvimento da empresa, com participação

nos lucros e, excepcionalmente, na gestão, nos casos e condições que forem

estabelecidos;

f) duração diária do trabalho não excedente de oito horas, com intervalo para descanso,

salvo casos especialmente previstos;

g) repouso semanal remunerado e nos feriados civis e religiosos, de acordo com a

tradição local;

h) férias anuais remuneradas;

i) higiene e segurança do trabalho;

j) proibição de trabalho a menores de doze anos [permitiu trabalho em idade inferior às

demais Constituições] e de trabalho noturno a menores de dezoito anos, em indústrias

insalubres a estes e às mulheres;

k) descanso remunerado da gestante, antes e depois do parto, sem prejuízo do emprego

e do salário;

l) fixação das percentagens de empregados brasileiros nos serviços públicos dados em

concessão e nos estabelecimentos de determinados ramos comerciais e Industriais;

m) estabilidade, com indenização ao trabalhador despedido, ou fundo de garantia

[primeira menção em constituição] equivalente;

n) reconhecimento das convenções coletivas de trabalho;

o) assistência sanitária, hospitalar e médica preventiva;

p) previdência social, mediante contribuição da União, do empregador e do empregado,

para seguro-desemprego, proteção da maternidade e, nos casos de doença, velhice,

invalidez e morte;

q) seguro obrigatório pelo empregador contra acidentes do trabalho;

r) proibição de distinção entre trabalho manual, técnico ou intelectual, ou entre os

profissionais respectivos;

s) colônias de férias e clínicas de repouso, recuperação e convalescença, mantidas pela

União, conforme dispuser a lei;

t) aposentadoria para a mulher, aos trinta anos de trabalho, com salário integral;

u) greve, salvo o disposto no art. 157, § 7º.

27
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO DO TRABALHO – META 02

7. Constituição de 1988: A atual Constituição Federal foi promulgada no período de

redemocratização do país. Ganha destaque pela introdução dos direitos sociais no rol de

direitos e garantias fundamentais e logo no início da Constituição. É indispensável ao

candidato aos concursos para Magistratura do Trabalho e MPT que tenham pleno

conhecimento dos art. 7º a 11 da CF/88, pois são frequentemente cobrados. Ao longo das

rodadas, esses dispositivos serão devidamente comentados.

No concurso do MPT (2022), o tema foi cobrado da seguinte forma:

Integram a história do Direito do Trabalho:

I - O Manifesto Comunista, escrito por Karl Marx e Friedrich Engels e publicado em 1848,
no contexto da chamada Primavera dos Povos.
II - A Encíclica Rerum Novarum, escrita pelo Papa Leão XIII e publicada em 1891, sobre a
condição dos operários.
14
III - A criação da Organização Internacional do Trabalho pelo Tratado de Versalhes ao final
da Segunda Guerra Mundial, sendo a mais antiga Agência Especializada das Nações
Unidas.
IV - O Peel’s Act de 1802, diploma legal britânico que fixou proteções mínimas ao trabalho
das mulheres.

Assinale a alternativa CORRETA:

(A) Apenas as assertivas II, III e IV estão corretas.


(B) Apenas as assertivas I e II estão corretas.
(C) Apenas as assertivas I e IV estão corretas.
(D) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas.
(E) Não respondida.

A alternativa considerada correta foi a letra B.

Referências bibliográficas

BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 10. ed. São Paulo: Ltr, 2016

CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 16 ed. São Paulo: Método, 2018.

CORREIA, Henrique. Curso de Direito do Trabalho. 6. ed. Salvador: Juspodivm, 2021

28
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO DO TRABALHO – META 02

CORREIA, Henrique; MIESSA, Élisson. Súmulas, OJs do TST e Recursos Repetitivos. 9. ed.

Salvador: Juspodivm, 2021.

DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 14. ed. São Paulo: Ltr, 2015

GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013.

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de direito sindical. 7ª. ed. São Paulo: LTr, 2012

QUESTÕES PROPOSTAS

01. (FCC – Juiz do Trabalho/2017) Em relação à formação histórica do Direito do Trabalho, considere:

I. Nas formações socioeconômicas centrais, como no caso da Europa Ocidental, a legislação

trabalhista, desde seu nascedouro, cumpriu a importante missão de generalizar ao conjunto do

mercado de trabalho aquelas condutas e direitos alcançados pelos trabalhadores nos segmentos

mais avançados da economia, impondo, a partir desse modelo, condições mais modernas, ágeis e

civilizadas de gestão de força de trabalho.

II. O Direito do Trabalho deve ser considerado produto cultural do século XIX e das transformações

e condições sociais, econômicas e políticas que colocam a relação de trabalho subordinada como

núcleo do processo produtivo característico daquela sociedade e que tornaram possível o

aparecimento deste ramo novo da ciência jurídica, com características próprias e autonomia

doutrinária.

III. A doutrina clássica informa que o surgimento do Direito do Trabalho no Brasil se deu apenas por

influências exógenas, a saber: as transformações que ocorreram na Europa, ocasionando a crescente

elaboração legislativa de proteção ao trabalhador e o compromisso assumido pelo Brasil em

ingressar na Organização Internacional do Trabalho, criada em 1919. Neste contexto, o Código Civil

de 1916 não apresentou nenhum instituto que tenha servido de supedâneo para elaboração do

Direito do Trabalho pátrio.

IV. A Constituição Federal de 1988 inovou ao trazer princípios básicos de organização sindical que

não estavam presentes nas Cartas Magnas de 1937 e 1967, como a unicidade sindical compulsória

por categoria profissional ou econômica e a contribuição sindical obrigatória às empresas e aos

trabalhadores.

Está correto o que se afirma APENAS em

(A) III.

29
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO DO TRABALHO – META 02

(B) III e IV.

(C) I.

(D) I e II.

(E) II e IV.

02. (MPT – Procurador do Trabalho – MPT/2017) Analise as assertivas abaixo expostas:

I - São características que diferenciam o Direito do Trabalho da matriz civilista da qual se desprendeu

na evolução europeia ocidental desde fins do século XIX até a década de 1970, pelo menos: presença

crescente de norma jurídica trabalhista interventiva nos contratos de trabalho; predominância de

normas jurídicas imperativas em seu conteúdo; origem estatal ou coletiva negociada dessas normas

trabalhistas imperativas; restrição normativa ao poder unilateral do empregador na fixação do

conteúdo do contrato de trabalho; subdivisão em dois segmentos jurídicos, pelo menos, o Direito

Individual do Trabalho e o Direito Coletivo do Trabalho; caráter social e teleológico do novo campo

jurídico estruturado.

II - São funções históricas do Direito do Trabalho, entre outras: aperfeiçoar, elevando, as condições

de contratação e gestão da força de trabalho humana na vida econômica e social; assegurar

cidadania econômica, social e jurídica às pessoas humanas que vivem de seu trabalho, aumentando

o patamar civilizatório e democrático da respectiva sociedade; contribuir para o desenvolvimento do

sistema econômico contemporâneo, por meio do incremento do mercado interno e dos incentivos

diretos e indiretos para que os empregadores invistam no aperfeiçoamento humano e tecnológico.

III - A desregulamentação do Direito do Trabalho consiste na direção legislativa de diminuir a

regência normativa das regras heterônomas estatais sobre as relações trabalhistas, eliminando ou

restringindo normas trabalhistas ou criando fórmulas de utilização do trabalho humano sem a

incidência do Direito do Trabalho. Já a flexibilização trabalhista consiste na direção legislativa de

permitir à negociação coletiva trabalhista maior espaço para atenuar a incidência das regras

imperativas legais sobre as relações de trabalho.

IV - As normas do Direito do Trabalho, a par de seu caráter de garantismo à pessoa humana que

vive do trabalho, têm objetivado, historicamente, desde a segunda metade do século XIX e ao longo

do século XX, cumprir o papel teleológico de incentivarem a livre concorrência interempresarial e

impulsionarem as condições de competitividade das economias internas no plano econômico

internacional.

30
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO DO TRABALHO – META 02

Assinale a alternativa CORRETA:

(A) Apenas as assertivas I e II estão corretas.

(B) Apenas as assertivas I e IV estão corretas.

(C) Apenas as assertivas II, III e IV estão corretas.

(D) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas.

(E) Não respondida.

03. (TRT 4º Região - 2016 - TRT - 4ª REGIÃO (RS) - Juiz do Trabalho Substituto) Considere as

assertivas abaixo sobre a formação histórica do Direito do Trabalho.

I - Getúlio Vargas não inaugura a legislação social no Brasil, pois, antes de ele assumir o poder, já

havia normas esparsas de proteção ao trabalho, mas é a partir da década de 1930 que o Direito do

Trabalho passa a ser estruturado no país.

II - Com o Golpe de 1964, a evolução do Direito do Trabalho foi refreada, em benefício de medidas

de economia pura, notadamente financeiras, com vistas a resultados de curto prazo.

III - A globalização da economia, cuja efetivação nos moldes atuais se dá por volta dos anos 2000,

acarreta uma acentuada tendência à universalização e padronização das regras de proteção ao

trabalho, com participação marcante da Organização Internacional do Trabalho.

Quais são corretas?

a) Apenas I

b) Apenas II

c) Apenas III

d) Apenas I e II

e) I, II e III

04. (FCC - 2015 - MANAUSPREV - Procurador Autárquico) Em relação à Formação Histórica do

Direito do Trabalho, considere:

I. O Direito do Trabalho apresenta como uma de suas características a restrição da liberdade

contratual que impõe limitações à autonomia da vontade através de normas cogentes e de garantias

sociais.

31
RETA FINAL – MAGISTRATURA DO TRABALHO
DIREITO DO TRABALHO – META 02

II. A Encíclica Rerum Novarum do Papa Leão XIII que considerou o trabalho como um elemento de

dignidade humana preconizando por um salário justo é considerada um marco da doutrina social da

Igreja Católica e suas ideias tiveram grande relevância no surgimento do Direito do Trabalho.

III. Os defensores da natureza jurídica de Direito Público para o Direito do Trabalho ponderam que

ele surgiu como vertente do Direito Civil, inspirado na locação de serviços e a principal relação que

é objeto de seu estudo possui natureza contratual.

IV. Todas as Constituições do Brasil apresentaram normas de Direito do Trabalho e de proteção ao

trabalhador, sendo que a Constituição de 1946 ficou marcada pela valorização do direito coletivo

com a proibição de interferência do Poder Público na organização sindical e enumerou uma série de

disposições referentes aos direitos individuais dos trabalhadores no Título da Ordem Social.

V. O Direito do Trabalho é um instrumento de realização da justiça social e de tutela do trabalhador

e suas funções somente podem ser cumpridas se previstas em uma estrutura jurídica formal que

molde seu conteúdo e fixe os preceitos e as sanções determinantes dos comportamentos

autorizados ou proibidos nas relações entre trabalhadores e empregadores.

Está correto o que se afirma APENAS em

a) III, IV e V.

b) I, III e V.

c) I e IV.

d) I, II e V.

e) II e IV.

05. (FCC - 2014 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Juiz do Trabalho Substituto) Considere as assertivas abaixo

sobre a formação e a evolução histórica do Direito do Trabalho:

I. A Constituição brasileira de 1946 expressou o intervencionismo estatal com características do

sistema corporativo, instituindo o sindicato único, vinculado ao Estado e proibindo a greve, vista

como recurso antissocial e nocivo à economia nacional e restringindo direitos trabalhistas previstos

nas constituições anteriores.

II. A transformação do Estado Liberal de plena liberdade contratual em Estado Neoliberalista com

intervenção estatal na ordem econômica e social, se constitui em aspecto político importante para o

surgimento de regras de proteção ao trabalho.

32
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DIREITO DO TRABALHO – META 02

III. A Constituição de “Weimar” editada na Alemanha em 1919, embora tenha apresentado um texto

progressista para a sua época, não representou uma grande conquista no campo dos direitos sociais

e trabalhistas.

IV. O marco da inserção constitucional de normas de Direito do Trabalho ocorreu com a Constituição

Federal do Brasil de 1934, culminando com a valorização do direito coletivo e introdução de regras

que favorecem o caminho da normatização autônoma na Constituição de 1988.

V. A “Carta Del Lavoro”, editada na Itália em 1927, foi base dos sistemas políticos corporativistas,

inclusive no Brasil, representando de um lado a tutela dos assalariados por meio de ampla legislação

paternalista, e de outro a inibição do desenvolvimento sin- dical pelo forte dirigismo exercido sobre

o movimento sindical.

Está correto o que se afirma APENAS em

a) II, IV e V.

b) I, II e IV.

c) I e II.

d) I, III e IV.

e) III e V.

06. (TRT 15R - 2013 - TRT - 15ª Região - Juiz do Trabalho) Dizia Lacordaire: “entre o fraco e o forte,

entre o rico e pobre, entre o patrão e o empregado, a liberdade escraviza e a lei liberta”. A

compreensão do papel da legislação trabalhista no Brasil é complexa e envolve, por certo, outras

interpretações. De todo modo, do ponto de vista formal, sobre as leis trabalhistas no Brasil é correto

dizer:

a) surgem, originariamente, em 1930, no governo de Getúlio Vargas;

b) na esfera constitucional, estão mencionadas desde 1934, quando se expressou o princípio de .que

as leis trabalhistas devem observar, dentre outros preceitos, o de melhorar as condições dos

trabalhadores;

c) ganharam posição de relevo na Constituição de 1937, não tendo sido superada por Constituição

posterior;

d) objetivam a melhoria da condição social do trabalhador, desde, que não prejudiquem o interesse

.econômico pois na busca da justiça social deve-se seguir os ditames da ordem econômica;

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DIREITO DO TRABALHO – META 02

e) seguem o preceito de que “A ordem econômica deve ser organizada conforme os princípios da

justiça social, conciliando a liberdade de iniciativa com a valorização do trabalho humano”, que foi

enunciado, originariamente, na Constituição de 1988.

07. (MPT – Procurador do Trabalho/2009) Leia e analise os itens abaixo:

I. A Constituição outorgada em 1937, conhecida como Polaca porque baseada na Constituição

Polonesa, continha preceitos a serem observados pela legislação do trabalho, fixando, por exemplo,

que: nas empresas de trabalho contínuo, a cessação das relações de trabalho, a que o trabalhador

não haja dado motivo, e quando a lei não lhe garanta, a estabilidade no emprego, cria-lhe o direito

a uma indenização proporcional aos anos de serviço; nas empresas de trabalho contínuo, a mudança

de proprietário não rescinde o contrato de trabalho, conservando os empregados, para com o novo

empregador, os direitos que tinham em relação ao antigo.

II. A transformação mundial ocorrida após 1945 teve desdobramentos no Brasil, dentre os quais a

promulgação da Constituição de 1946 que, no Título referente à Ordem Econômica e Social, manteve

condições anteriores, tais como: o salário-mínimo; a jornada diária de oito horas, exceto em casos e

condições previstos em lei; a proibição do trabalho a menores de 14 anos, de trabalho noturno a

menores de 16 anos e, mulheres e menores de 18 anos em indústrias insalubres, respeitadas, em

qualquer caso, as condições estabelecidas em lei e as exceções admitidas pelo Juiz competente; a

liberdade de associação profissional.

III. A transformação mundial ocorrida após 1945 teve desdobramentos no Brasil, dentre os quais a

promulgação da Constituição de 1946 que, no Título referente à Ordem Econômica e Social, trouxe

ampliação das garantias e direitos dos trabalhadores, destacando-se: a participação obrigatória e

direta do empregado nos lucros da empresa nos termos da lei; a fixação em lei de porcentagens de

empregados brasileiros em serviços públicos de concessão e nos estabelecimentos de determinados

ramos do comércio e indústria; a assistência aos desempregados; o reconhecimento das convenções

coletivas de trabalho e do direito de greve, com exercício regulado em lei.

Marque a alternativa CORRETA:

a) apenas os itens I e III são corretos;

b) apenas os itens I e II são corretos;

c) todos os itens são corretos;

d) apenas os itens II e III são corretos;

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DIREITO DO TRABALHO – META 02

e) não respondida.

08. (MPT – Procurador do Trabalho/2009) Leia e analise os itens abaixo:

I. A Emenda Constitucional n° 1, de 17 de outubro de 1969, promulgada pelos Ministros da Marinha

de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar, trouxe modificações inovadoras à Constituição de

1967 em relação aos direitos dos trabalhadores, dentre as quais estão: salário-família aos seus

dependentes; estabilidade, com indenização ao trabalhador despedido ou fundo de garantia

equivalente; aposentadoria para a mulher, aos trinta anos de trabalho, com salário integral.

II. Do ponto de vista formal é possível afirmar que a Constituição da República de 1988 deslocou os

direitos dos trabalhadores do tradicional capítulo “Ordem Econômica e Social”, inseridos nas

Constituições de 1934, 1937, 1946 e 1967, para uma posição inovadora e destacada nos “Direitos

Sociais”, elegendo o trabalho como direito social e estabelecendo os direitos dos trabalhadores

urbanos e rurais.

III. A Constituição da República de 1988 em capítulo reservado à família, criança, adolescente e idoso

estabelece que é dever da família, da sociedade e do Estado amparar as pessoas idosas,

assegurando sua participação na comunidade. O Estatuto do Idoso tem comando semelhante,

obrigando a família, a comunidade, a sociedade e o Poder Público a assegurar à pessoa idosa a

efetivação também do direito ao trabalho.

Marque a alternativa CORRETA:

a) Todos os itens são corretos;

b) Apenas os itens I e II são corretos;

c) Apenas os itens I e III são corretos;

d) Apenas os itens II e III são corretos;

e) Não respondida.

09. (MPT – Procurador do Trabalho/2007) A Encíclica Divini redemptoris, que trouxe orientações

sobre trabalho, foi escrita pelo papa:

a) Paulo VI;

b) João XXIII;

c) Leão XIII;

d) Pio XI;

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DIREITO DO TRABALHO – META 02

e) não respondida.

10. (MPT – Procurador do Trabalho/2007) Complete com a opção CORRETA.

A Constituição do México, de________ tratou de regras de Direito do Trabalho no seu artigo 123.

a) 1915;

b) 1917;

c) 1919;

d) 1921;

e) não respondida.

* PREZADOS ALUNOS, PARA MELHOR APROVEITAMENTO DA RESOLUÇÃO DE QUESTÕES


O GABARITO SEGUE EM LISTA NA PRÓXIMA PÁGINA.

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DIREITO DO TRABALHO – META 02

GABARITO DAS QUESTÕES

1. D

2. D

3. D

4. D

5. A

6. B

7. C

8. D

9. D

10. B

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