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2050: Como será a relação

com a moda do futuro?


Por Renato Cunha -
25 de julho de 2016

Em 2050, a tecnologia vestível aliada a impressão 3D, bioimpressão


3D, inteligência artificial, realidade virtual e holografia poderá criar uma
indústria da moda totalmente nova que seja mais tecnológica, eficiente,
barata, customizável e sustentável. Junte-se a mim numa viagem no
tempo para descobrir os estilos e as previsões da moda do futuro.

Lojas de departamento 2.0

Nas lojas do futuro, segundo José Neves, presidente-executivo da


farfetch, iremos gastar o nosso dinheiro em verdadeiros “templos da
moda“. As lojas de departamento irão mudar completamente, se
tornando santuários sensoriais e lugares para reuniões. Assistentes de
loja, humanos e robóticos, serão altamente qualificados, não tanto na arte
de vender, mas de no dar prazer. Cientistas de comportamento usarão a
inteligência artificial para descobrir o que nos faz felizes.

“O caos da experiência de compra atual terá desaparecido por causa das


tecnologias disruptivas” segundo a diretora criativa da loja de
departamentos britânica Selfridges, Linda Hewson. Segundo ela, podemos
ficar um pouco mimados sendo acostumados a ter todos nossos capricho s
materializados instantaneamente. A internet não significa o fim do
shopping físico, mas sim o seu renascimento. As vitrines das lojas serão
a nova homepage. Escolha o produto na vitrine holográfica, através do
movimento dos olhos ou toque, e suas compras estarão esperando por
você no momento em que você chegar em casa.

Os centros comerciais serão uma integração entre fazendas urbanas


e jardins verticais com áreas residenciais e lojas automatizadas
controladas por inteligência artificial. Em 2050, as redes de fast fashio n
de roupa pronta serão substituídas por mini-fábricas onde os
clientes podem personalizar artigo de moda escolhendo os mais diverso s
materiais que depois serão fabricados dentro da loja ou em
outra loja próxima (sem desperdício ou poluição) em até uma hora
através de máquinas de impressão 3D ou bioimpressas 3D para ser
entregues em casa através de um robô de entrega.

Todas as fotos são de um editorial sobe moda futurista da Vogue


Austrália

O cliente de luxo internacional

Em 2050, o mundo vai estar em movimento. O cliente de luxo que


visita Londres, pode ter uma casa na China e um escritório em Buenos
Aires. Beverly Aspinall, diretora da Bond Street no New West End
Company, é encarregada de tornar a rua de Londres o destino de luxo
preeminente para a alta sociedade internacional. “Você vai ser capaz de
comprar o que quiser em qualquer lugar.

Assim, para ser o melhor do mundo, Bond Street terá que ser muito
especial“, disse ela. Os clientes de luxo internacionais esperam
restaurantes, cultura, ar excepcionalmente limpo, efeitos de iluminação
sofisticados para trazer alegria mesmo em um dia escuro, e ser
transportado por um carro de auto-condução movido a energia solar
e que irá estacionar sozinho.

Sua camiseta vai conversar com seu smartphone

As possibilidades da fusão entre tecnologia, biologia e corpo humano


estão prestes a mudar a indústria da moda além do
reconhecimento, sinaliza Angela Ahrendts, especialista em varejo online
da Apple. No entanto, a tecnologia vestível do futuro não serão os relógio s
inteligentes, serão materiais como grafeno que pode fazer coisas que se
pensavam impossíveis.

Nanotecnologia permitirá que os fabricantes incorporarem “super


poderes” nas roupas se auto-repar se danificadas, trocar de cor e
estampa,mudar sua textura e usar como energia a energia cinética do
nosso corpo em movimento ou a luz solar. Sua camiseta
terá microeletrônica orgânica acoplada na fibra de forma invisível que se
conecta com a inteligência artificial em seu smartphone, para monitorar
sua saúde e exercícios físicos.

Para Nancy Tilbery do Studio XO, um laboratório de moda de Londres que


trabalha na integração da ciência, tecnologia e roupas, descreve que
teremos uma “pele digital”. Esta segunda pele funciona como um sistema
operacional de corpo e vai nos conectar com a maior infra-estrutura da
internet das coisas, um mundo hiper-conectado em que todos os objetos
podem interagir remotamente.

Os pesquisadores também estão investigando o potencial para a micro -


encapsulação de medicamentos e perfumes, que podem então ser
incorporados nos tecidos e entregues diretamente sobre a pele, e
sensores biométricos que irão detectar quando você está estressado ou
agitado e expelir uma fragrância para acalmá-lo. Tudo será construído
para tornar a vida mais fácil através de roupas que são anti-odor,
hidrofóbicas e repelentes de sujeira.

A roupa sustentável perfeita

É impossível superestimar o impacto de sermos capazes de imprimir


nossas próprias roupas em uma impressora 3D em casa. O que alguns
chamaram a quarta revolução industrial já está acontecendo, mas em
2050 a nossa roupa será totalmente atualizável, adaptável e otimizada
para a forma como queremos nos expressar em qualquer dia particula r.
Nossas roupas e acessórios serão feitos de tecidos e materiais intelige ntes
que se comportam como um polvo trocando de cor, estampa e textura
com o toque de um botão.

Quando a tecnologia estiver disponível em larga escala, será a mais


revolucionária e a mais sustentável já criada na moda pois tornará
obsoleto todas as tecnologias de tingimento e estampagem de tecidos
usadas há milênios. Em vez de comprar roupas novas, basta mudar
somente as cores e estampas para criar inúmeras composições da mesma
peça de roupa. As estampas e cores poderão ser baixadas da internet
através de um aplicativo no smartphone conectado via bluetooth ao
tecido.

Personalização em massa com mini-fábricas de impressão 3D

A maioria de nós terá em sua cidade, mini-fábricas automatizadas


de impressão 3D, bem como poderá ter sua própria impressora 3D em
casa. Novos materiais biodegradáveis estarão disponíveis para
fabricar roupas, sapatos, bolsas e dispositivos eletrônicos localmente, que
podem ser facilmente reciclados ou decompostos nos aterros.

A tecnologia de escaneamento corporal feito através de seu smartphone,


tira as medidas exatas de seu corpo, criando um avatar virtual onde as
roupas e sapatos são ajustados e depois fabricados de forma
personalizada, vestindo perfeitamente em seu corpo. Com mini-
fábricas automatizada de produção super rápida instaladas em cada
cidade, tudo será personalizável para se adequar as exigências
dos consumidores. Será a forma mais democrática de consumo já
inventado.

Cresça suas próprias calças de couro

Em 2050, será comum as fábrias de bioimpressão 3D com máquinas que


crescem tecidos a partir de culturas microbianas. Isso de acordo com a
designer têxtil e cientista de materiais Suzanne Lee, diretora de criação
da Modern Meadow, uma empresa focada em produto s de origem animal
em crescimento, como couro e carne em uma placa de Petri.

Imagine um vestido fabricado com bactérias, ou cogumelos convertido s


em um material que tem o toque da seda e ainda pode “ler” e “transmitir”
informações sobre o estado de espírito do usuário. Os veganos vão ficar
feliz em saber que um dia, em breve, as calças de couro serão feitas a
partir de proteína animal crescida em laboratório sem nunca chegar perto
de uma vaca. Mais bizarro ainda é que o DNA de uma celebridade ou do
próprio estilista da marca poderá ser utilizado para se criar
“couro humano” para roupas e acessórios de luxo.

A próxima supermodelo será uma modelo virtual

Em 2050, a realidade virtual e a inteligência artificial (IA) estarão


dominando todas as indústrias e com a moda não seria diferente. Através
dos óculos VR assistiremos desfiles super realísticos com modelos virtuais
idênticos a seres humanos em cenários muito mais criativos pois no
mundo virtual tudo é possível de ser feito por um custo infinitame nte
menor.

A apresentação será criada por assistentes de inteligência virtual de


acordo com os gostos do estilista e os clientes assistirão a tudo no conforto
de suas casas ou qualquer outro local, e poderão comprar as peças da
coleção na mesma hora. Surgirão agências de modelos virtuais que
utilizarão a IA para criar a próxima supermodelo virtual com personalidade
e inteligência própria para interagir com os clientes de moda no mundo
virtual.

A vantagem é que essa supermodelo vai poder desfilar em Paris, Milão ,


Nova York, Tóquio e São Paulo de forma simultânea atendendo a vários
clientes. Em 2050 os computadores quânticos IA criarão mundos virtuais
perfeitos que podem reproduzir com perfeição o mundo real e os óculos
VR serão bem mais compactos e fáceis de usar, além de estarem tão
disseminados como os smartphones.

55 será o novo 21

No futuro com as baixas taxas de natalidade, existirão muito mais pessoas


acima dos 50 anos do que jovens e milhões de pessoas com 80 anos
estarão vivendo uma vida super produtiva graças aos avanços das
terapias genéticas e novas drogas sintéticas. Alega-se que o primeiro ser
humano que viverá até os 150 anos já nasceu, e pessoas ativas com 100
anos serão comuns.

O que isso vai fazer a cultura dos jovens é uma incógnita. Vamos apenas
dizer que ninguém será capaz de ser jovem: 55 será o novo 21, e 90 a
nova meia-idade. Com os robôs de inteligência artificial sendo fabricado s
em massa para assumir os trabalhos repetitivos e cansativos e nos
auxiliando no dia a dia, principalmente na velhice, viveremos mais e
melhor.

Tudo será reciclado infinitamente

Os dias da obsolescência programada que gera toneladas de lixo nos


aterros vai desaparecer pois a economia linear será substituída pela
economia circular, se tornando a regra na maioria dos países. Rebecca
Earley do Chelsea School of Arts disse que em 2050, todas os artigos de
moda serão construídos para serem biodegradáveis e
também reaproveitados através da reciclagem química que pode criar
novos tecidos e materiais de alta performance.

Bibliotecas de empréstimo de roupas será algo comum também. No final


dos anos 2020, vamos entrar na era de extrema personalização: roupas
serão adaptáveis para que durem muito tempo e recicláveis
quando jogadas fora. A tecnologia vestível será atualizável.

Modificações corporais tecnológicas

O que realmente queremos saber é: o que vai ser “Hot” em 2050? No


futuro as modificações corporais serão assustadoramente enormes
onde sensores de toque eletrodinâmicos e micro -chipes
inteligentes serão implantados na pele de forma corriqueira. “A
modificação do corpo com implantes tecnológicos vai ser tão normal,
que irá modificar a nossa relação com a beleza“, disse a designer de joias
e antropóloga sexual Betony Vernon.

Com as mulheres se tornando mais poderosas economicamente,


diferenças de gênero vão perder o sentido. Poderíamos dividir em duas
tribos: aqueles que abraçam a modificação corporal tecnológica e aqueles
que serão naturais. De qualquer forma, surgirão tribos de pessoas
adeptas do “transhumanismo” utilizando próteses biônicas para se
tornarem algo entre robôs e humanos. Afinal, qual é o maior perigo ?
Robôs ganhando aparência humana ou seres humanos ganhando
aparência de robôs?

Nós vamos comprar menos

No futuro, o consumismo desenfreado perderá a força devido as


preocupações sobre sustentabilidade e ética das novas gerações de
consumidores que nasceram cercados pela internet das coisas e altíssimo
acesso à informação. Com a automatização de todas as indústrias e
processos de produção controlados por robôs inteligentes, os seres
humanos ficarão livres para gastar seu tempo criando novas formas de
tecnologia e aprendizado.
Os produtos serão projetados e construídos para durar muito tempo e as
tendências passageiras atuais serão substituídas por produtos com design
atemporal que podem ser atualizados facilmente trocando a textura,
forma, cor e estampa do tecido ou material através da tecnologia vestível.
A cultura de compartilhamento será comum em 2050 e as novas
tecnologias ajudarão a nos conectar melhor globalmente uns com os
outros em qualquer lugar a qualquer hora.

Fonte: Theaustralian

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