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6012 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.

o 203 — 31-8-1999

Artigo 149.o-A Artigo 6.o


Relatório de actividades O disposto no n.o 2 do artigo 27.o produz efeitos
O Conselho Superior da Magistratura envia anual- na data de entrada em vigor da lei do Orçamento do
mente, no mês de Janeiro, à Assembleia da República, Estado para 2000.
relatório da sua actividade respeitante ao ano anterior,
o qual será publicado no Diário da Assembleia da Aprovada em 2 de Julho de 1999.
República. O Presidente da Assembleia da República, António
Artigo 150.o-A de Almeida Santos.
Assessores
Promulgada em 13 de Agosto de 1999.
1 — O Conselho Superior da Magistratura dispõe, na Publique-se.
sua dependência, de assessores, para sua coadjuvação.
2 — Os assessores a que se refere o número anterior O Presidente da República, JORGE SAMPAIO.
são nomeados pelo Conselho de entre juízes de direito
com classificação não inferior a Bom com distinção e Referendada em 18 de Agosto de 1999.
antiguidade não inferior a 5 e não superior a 15 anos. O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira
3 — O número de assessores é fixado por portaria Guterres.
conjunta dos Ministros das Finanças, da Justiça e do
membro do Governo responsável pela Administração
Pública, sob proposta do Conselho Superior da Magis- Lei n.o 144/99
tratura.
de 31 de Agosto
4 — Aos assessores é aplicável o disposto nos n.os 1
e 4 do artigo 57.o Aprova a lei da cooperação judiciária internacional
Artigo 167.o-A em matéria penal
Efeitos da reclamação A Assembleia da República decreta, nos termos da
alínea c) do artigo 161.o da Constituição, para valer
A reclamação suspende a execução da decisão e
como lei geral da República, o seguinte:
devolve ao plenário do Conselho a competência para
decidir definitivamente.»

Artigo 3.o TÍTULO I


1 — Mantém-se em vigor o disposto no n.o 2 do Disposições gerais
artigo 73.o da Lei n.o 21/85, de 30 de Julho, relativamente
ao tempo de serviço prestado no território de Macau CAPÍTULO I
até 19 de Dezembro de 1999.
2 — O prazo a que se refere a parte final do n.o 1 Objecto, âmbito de aplicação e princípios gerais
do artigo 169.o é aplicável aos interessados que prestem de cooperação judiciária internacional em matéria penal
serviço no território de Macau.
Artigo 1.o
o
Artigo 4. Objecto
1 — É aplicável aos magistrados do Ministério 1 — O presente diploma aplica-se às seguintes formas
Público, com as necessárias adaptações, o disposto na de cooperação judiciária internacional em matéria
alínea c) do artigo 7.o, no n.o 2 do artigo 10.o-A, no penal:
n.o 3 do artigo 13.o, nas alíneas g) e h) do n.o 1 do
artigo 17.o, no n.o 3 do artigo 21.o, no artigo 23.o-A, a) Extradição;
no n.o 2 do artigo 29.o, no n.o 3 do artigo 38.o, no n.o 6 b) Transmissão de processos penais;
do artigo 43.o, no n.o 4 do artigo 68.o, nas alíneas d) c) Execução de sentenças penais;
e g) do n.o 1 do artigo 73.o, no n.o 5 do artigo 85.o d) Transferência de pessoas condenadas a penas
no artigo 87.o, no n.o 3 do artigo 116.o, nos n.os 3 e e medidas de segurança privativas da liberdade;
4 do artigo 148.o e no artigo 150.o-A da Lei n.o 21/85, e) Vigilância de pessoas condenadas ou libertadas
de 30 de Julho, na redacção da presente lei, bem como condicionalmente;
o disposto no artigo 3.o da presente lei. f) Auxílio judiciário mútuo em matéria penal.
2 — Os procuradores-gerais-adjuntos a que se refere
o n.o 2 do artigo 49.o da Lei n.o 3/99, de 13 de Janeiro, 2 — O disposto no número anterior aplica-se, com
têm direito a um subsídio igual ao atribuído aos pro- as devidas adaptações, à cooperação de Portugal com
curadores-gerais distritais, nos termos do n.o 2 do as entidades judiciárias internacionais estabelecidas no
artigo 98.o da Lei n.o 60/98, de 27 de Agosto. âmbito de tratados ou convenções que vinculem o
3 — É aplicável aos procuradores-gerais-adjuntos em Estado Português.
serviço no Supremo Tribunal de Justiça o disposto no 3 — O presente diploma é subsidiariamente aplicável
n.o 2 do artigo 27.o à cooperação em matéria de infracções de natureza
Artigo 5.o penal, na fase em que tramitem perante autoridades
administrativas, bem como de infracções que constituam
É revogado o Decreto-Lei n.o 342/88, de 28 de ilícito de mera ordenação social, cujos processos admi-
Setembro. tam recurso judicial.
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Artigo 2.o Artigo 6.o


Âmbito da cooperação Requisitos gerais negativos da cooperação internacional

1 — A aplicação do presente diploma subordina-se O pedido de cooperação é recusado quando:


à protecção dos interesses da soberania, da segurança,
da ordem pública e de outros interesses da República a) O processo não satisfizer ou não respeitar as
Portuguesa, constitucionalmente definidos. exigências da Convenção Europeia para a Pro-
2 — O presente diploma não confere o direito de exi- tecção dos Direitos do Homem e das Liberdades
gir qualquer forma de cooperação internacional em Fundamentais, de 4 de Novembro de 1950, ou
matéria penal. de outros instrumentos internacionais relevan-
tes na matéria, ratificados por Portugal;
b) Houver fundadas razões para crer que a coo-
Artigo 3.o peração é solicitada com o fim de perseguir ou
Prevalência dos tratados, convenções e acordos internacionais punir uma pessoa em virtude da sua raça, reli-
gião, sexo, nacionalidade, língua, das suas con-
1 — As formas de cooperação a que se refere o vicções políticas ou ideológicas ou da sua per-
artigo 1.o regem-se pelas normas dos tratados, conven- tença a um grupo social determinado;
ções e acordos internacionais que vinculem o Estado c) Existir risco de agravamento da situação pro-
Português e, na sua falta ou insuficiência, pelas dispo- cessual de uma pessoa por qualquer das razões
sições deste diploma. indicadas na alínea anterior;
2 — São subsidiariamente aplicáveis as disposições do d) Puder conduzir a julgamento por um tribunal
Código de Processo Penal. de excepção ou respeitar a execução de sentença
proferida por um tribunal dessa natureza;
Artigo 4.o e) O facto a que respeita for punível com pena
de morte ou outra de que possa resultar lesão
Princípio da reciprocidade
irreversível da integridade da pessoa;
1 — A cooperação internacional em matéria penal f) Respeitar a infracção a que corresponda pena
regulada no presente diploma releva do princípio da de prisão ou medida de segurança com carácter
reciprocidade. perpétuo ou de duração indefinida.
2 — O Ministério da Justiça solicita uma garantia de
reciprocidade se as circunstâncias o exigirem e pode 2 — O disposto nas alíneas e) e f) do número anterior
prestá-la a outros Estados, nos limites deste diploma. não obsta à cooperação:
3 — A falta de reciprocidade não impede a satisfação a) Se o Estado que formula o pedido, por acto
de um pedido de cooperação desde que essa cooperação: irrevogável e vinculativo para os seus tribunais
a) Se mostre aconselhável em razão da natureza ou outras entidades competentes para a exe-
do facto ou da necessidade de lutar contra certas cução da pena, tiver previamente comutado a
formas graves de criminalidade; pena de morte ou outra de que possa resultar
b) Possa contribuir para melhorar a situação do lesão irreversível da integridade da pessoa ou
arguido ou para a sua reinserção social; tiver retirado carácter perpétuo ou duração
c) Sirva para esclarecer factos imputados a um indefinida à pena ou medida de segurança;
cidadão português. b) Se, com respeito a extradição por crimes a que
corresponda, segundo o direito do Estado
requerente, pena ou medida de segurança pri-
Artigo 5.o vativa ou restritiva da liberdade com carácter
Definições perpétuo ou de duração indefinida, o Estado
requerente oferecer garantias de que tal pena
Para os efeitos do presente diploma, considera-se: ou medida de segurança não será aplicada ou
a) Suspeito: toda a pessoa relativamente à qual executada;
existem indícios de que cometeu uma infracção c) Se o Estado que formula o pedido aceitar a
ou nela participou; conversão das mesmas penas ou medidas por
b) Arguido: toda a pessoa contra quem correr pro- um tribunal português segundo as disposições
cesso ou contra quem for deduzida acusação da lei portuguesa aplicáveis ao crime que moti-
ou requerida instrução; vou a condenação; ou
c) Condenado: pessoa contra quem foi proferida d) Se o pedido respeitar ao auxílio previsto na alí-
sentença que imponha uma reacção criminal ou nea f) do n.o 1 do artigo 1.o, solicitado com
relativamente à qual foi proferida decisão judi- fundamento na relevância do acto para presu-
cial que reconheça a sua culpabilidade, ainda mível não aplicação dessas penas ou medidas.
que suspendendo condicionalmente a aplicação
da pena ou impondo sanção criminal privativa 3 — Para efeitos de apreciação da suficiência das
da liberdade cuja execução é declarada sus- garantias a que se refere a alínea b) do número anterior,
pensa, no todo ou em parte, na data da sentença ter-se-á em conta, nomeadamente, nos termos da legis-
ou posteriormente, ou substituída por medida lação e da prática do Estado requerente, a possibilidade
não detentiva; de não aplicação da pena, de reapreciação da situação
d) Reacção criminal: qualquer pena ou medida de da pessoa reclamada e de concessão da liberdade con-
segurança privativas da liberdade, pena pecu- dicional, bem como a possibilidade de indulto, perdão,
niária ou outra sanção não detentiva, incluindo comutação de pena ou medida análoga, previstos na
sanções acessórias. legislação do Estado requerente.
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4 — O pedido de cooperação é ainda recusado Artigo 9.o


quando não estiver garantida a reciprocidade, salvo o
disposto no n.o 3 do artigo 4.o Concurso de casos de admissibilidade e de inadmissibilidade
da cooperação
5 — Quando for negada a extradição com base nas
alíneas d), e) e f) do n.o 1, aplica-se o mecanismo de 1 — Se o facto imputado à pessoa contra a qual é
cooperação previsto no n.o 5 do artigo 32.o instaurado procedimento estiver previsto em várias dis-
posições do direito penal português, o pedido de coo-
peração só é atendido na parte que respeita a infracção
Artigo 7.o ou infracções relativamente às quais seja admissível o
Recusa relativa à natureza da infracção pedido e desde que o Estado que o formula dê garantias
de que observará as condições fixadas para a coo-
1 — O pedido é também recusado quando o processo peração.
respeitar a facto que constituir: 2 — A cooperação é, porém, excluída se o facto esti-
ver previsto em várias disposições do direito penal por-
a) Infracção de natureza política ou infracção tuguês ou estrangeiro e o pedido não possa ser satisfeito
conexa a infracção política segundo as concep- em virtude de uma disposição legal que o abranja na
ções do direito português; sua totalidade e que constitua motivo de recusa da
b) Crime militar que não seja simultaneamente cooperação.
previsto na lei penal comum.
Artigo 10.o
2 — Não se consideram de natureza política:
Reduzida importância da infracção
a) O genocídio, os crimes contra a Humanidade,
os crimes de guerra e infracções graves segundo A cooperação pode ser recusada se a reduzida impor-
as Convenções de Genebra de 1949; tância da infracção não a justificar.
b) As infracções referidas no artigo 1.o da Con-
venção Europeia para a Repressão do Terro-
rismo, aberta para assinatura a 27 de Janeiro Artigo 11.o
de 1977; Protecção do segredo
c) Os actos referidos na Convenção contra a Tor-
tura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, 1 — Na execução de um pedido de cooperação for-
Desumanos ou Degradantes, adoptada pela mulado a Portugal observam-se as disposições do Código
Assembleia das Nações Unidas em 17 de de Processo Penal e legislação complementar relativas
Dezembro de 1984; à recusa de testemunhar, às apreensões, às escutas tele-
d) Quaisquer outros crimes a que seja retirada fónicas e ao segredo profissional ou de Estado e em
natureza política por tratado, convenção ou todos os outros casos em que o segredo seja protegido.
acordo internacional de que Portugal seja parte. 2 — O disposto no número anterior aplica-se a infor-
mações que, segundo o pedido, devam ser prestadas
por pessoas não implicadas no procedimento penal
Artigo 8.o estrangeiro.
Extinção do procedimento penal
Artigo 12.o
1 — A cooperação não é admissível se, em Portugal
ou noutro Estado em que tenha sido instaurado pro- Direito aplicável
cedimento pelo mesmo facto:
1 — Produzem efeitos em Portugal:
a) O processo tiver terminado com sentença abso-
lutória transitada em julgado ou com decisão a) Os motivos de interrupção ou de suspensão da
de arquivamento; prescrição segundo o direito do Estado que for-
b) A sentença condenatória se encontrar cumprida mula o pedido;
ou não puder ser cumprida segundo o direito b) A queixa apresentada em tempo útil a uma auto-
do Estado em que foi proferida; ridade estrangeira, quando for igualmente exi-
c) O procedimento se encontrar extinto por qual- gida pelo direito português.
quer outro motivo, salvo se este se encontrar
previsto, em convenção internacional, como não 2 — Se apenas o direito português exigir queixa,
obstando à cooperação por parte do Estado nenhuma reacção criminal pode ser imposta ou exe-
requerido. cutada em Portugal no caso de oposição do respectivo
titular.
2 — O disposto nas alíneas a) e b) do número anterior
não se aplica se a autoridade estrangeira que formula
o pedido o justificar para fins de revisão da sentença Artigo 13.o
e os fundamentos desta forem idênticos aos admitidos Imputação da detenção
no direito português.
3 — O disposto na alínea a) do n.o 1 não obsta à 1 — A prisão preventiva sofrida no estrangeiro ou
cooperação com fundamento na reabertura de processo a detenção decretada no estrangeiro em consequência
arquivado previsto na lei. de uma das formas de cooperação previstas no presente
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diploma são levadas em conta no âmbito do processo b) O Estado que autoriza a transferência, ouvido
português ou imputadas na pena, nos termos do Código previamente o suspeito, o arguido ou o con-
Penal, como se a privação da liberdade tivesse ocorrido denado, consentir na derrogação da regra da
em Portugal. especialidade.
2 — Com vista a possibilitar a tomada em conside-
ração da prisão preventiva ou da pena já cumpridas 5 — O disposto nos n.os 1 e 2 não exclui a possibilidade
em Portugal, são prestadas as informações necessárias. de solicitar a extensão da cooperação a factos diferentes
dos que fundamentaram o pedido, mediante novo
pedido apresentado e instruído nos termos do presente
Artigo 14.o diploma.
Indemnização 6 — No caso referido no número anterior, é obri-
gatória a apresentação de auto donde constem as decla-
A lei portuguesa aplica-se à indemnização devida por rações da pessoa que beneficia da regra da especialidade.
detenção ou prisão ilegal ou injustificada ou por outros 7 — No caso de o pedido ser apresentado a um Estado
danos sofridos pelo suspeito e pelo arguido: estrangeiro, o auto a que se refere o número anterior
a) No decurso de procedimento instaurado em é lavrado perante o tribunal da Relação da área onde
Portugal para efectivação de um pedido de coo- residir ou se encontrar a pessoa que beneficia da regra
peração formulado a Portugal; da especialidade.
b) No decurso de procedimento instaurado no
estrangeiro para efectivação de um pedido de Artigo 17.o
cooperação formulado por uma autoridade Casos particulares de não aplicação da regra da especialidade
portuguesa.
1 — A imunidade referida nos n.os 1 e 2 do artigo
anterior cessa também nos casos em que, por tratado,
Artigo 15.o convenção ou acordo internacional de que Portugal seja
Concurso de pedidos parte, não haja lugar ao benefício da regra da espe-
cialidade.
1 — Se a cooperação for solicitada por vários Estados, 2 — Quando a cessação da imunidade decorra de
relativamente ao mesmo ou a diferentes factos, esta é renúncia da pessoa que beneficia da regra da especia-
concedida em favor do Estado que, tendo em conta lidade, deve essa renúncia resultar de declaração pes-
as circunstâncias do caso, assegure melhor os interesses soal, prestada perante o juiz, que demonstre que a pes-
da realização da justiça e da reinserção social do sus- soa a exprimiu voluntariamente e em plena consciência
peito, do arguido ou do condenado. das consequências do seu acto, com assistência de defen-
2 — O disposto no número anterior: sor, que lhe deve ser nomeado caso não tenha advogado
constituído.
a) Cede perante a regra de prevalência da juris- 3 — Quando a pessoa em causa deva prestar decla-
dição internacional, nos casos a que se refere rações em Portugal, no seguimento de pedido apresen-
o n.o 2 do artigo 1.o; tado a Portugal ou formulado por uma autoridade por-
b) Não se aplica à forma de cooperação referida tuguesa, as declarações são prestadas perante o tribunal
na alínea f) do n.o 1 do artigo 1.o da Relação da área onde residir ou se encontrar a refe-
rida pessoa.
Artigo 16.o 4 — Sem prejuízo do disposto no número anterior,
a renúncia de pessoa que compareça em Portugal em
Regra da especialidade
consequência de um acto de cooperação solicitado pela
1 — A pessoa que, em consequência de um acto de autoridade portuguesa é prestada no processo em que
cooperação, comparecer em Portugal para intervir em deva produzir efeito, quando as autoridades portugue-
processo penal como suspeito, arguido ou condenado sas, após a entrega da pessoa, tiverem conhecimento
não pode ser perseguida, julgada, detida ou sujeita a superveniente de factos por ela praticados anterior-
qualquer outra restrição da liberdade por facto anterior mente a essa entrega.
à sua presença em território nacional, diferente do que
origina o pedido de cooperação formulado por auto- Artigo 18.o
ridade portuguesa. Denegação facultativa da cooperação internacional
2 — A pessoa que, nos termos do número anterior,
comparecer perante uma autoridade estrangeira não 1 — Pode ser negada a cooperação quando o facto
pode ser perseguida, detida, julgada ou sujeita a qual- que a motiva for objecto de processo pendente ou
quer outra restrição da liberdade por facto ou conde- quando esse facto deva ou possa ser também objecto
nação anteriores à sua saída do território português dife- de procedimento da competência de uma autoridade
rentes dos determinados no pedido de cooperação. judiciária portuguesa.
3 — Antes de autorizada a transferência a que se 2 — Pode ainda ser negada a cooperação quando,
refere o número anterior, o Estado que formula o pedido tendo em conta as circunstâncias do facto, o deferimento
do pedido possa implicar consequências graves para a
deve prestar as garantias necessárias ao cumprimento pessoa visada, em razão da idade, estado de saúde ou
da regra da especialidade. de outros motivos de carácter pessoal.
4 — A imunidade a que se refere este artigo cessa
quando:
Artigo 19.o
a) A pessoa em causa, tendo a possibilidade de
Non bis in idem
abandonar o território português ou estran-
geiro, o não faz dentro de 45 dias ou regressa Quando for aceite um pedido de cooperação que
voluntariamente a um desses territórios; implique a delegação do procedimento em favor de uma
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autoridade judiciária estrangeira, não pode instaurar-se c) A qualificação jurídica dos factos que motivam
nem continuar em Portugal procedimento pelo mesmo o procedimento;
facto que determinou o pedido nem executar-se sen- d) A identificação do suspeito, arguido ou conde-
tença cuja execução é delegada numa autoridade estran- nado, da pessoa cuja extradição ou transferência
geira. se requer e a da testemunha ou perito a quem
devam pedir-se declarações;
CAPÍTULO II e) A narração dos factos, incluindo o lugar e o
tempo da sua prática, proporcional à importân-
Disposições gerais do processo de cooperação cia do acto de cooperação que se pretende;
f) O texto das disposições legais aplicáveis no
Artigo 20.o Estado que o formula;
Língua aplicável g) Quaisquer documentos relativos ao facto.

1 — O pedido de cooperação é acompanhado de tra- 2 — Os documentos não carecem de legalização.


dução na língua oficial do Estado a quem é dirigido, 3 — A autoridade competente pode exigir que um
salvo convenção ou acordo em contrário ou se aquele pedido formalmente irregular ou incompleto seja modi-
Estado a dispensar. ficado ou completado, sem prejuízo da adopção de medi-
2 — O disposto no número anterior aplica-se ao das provisórias quando estas não possam esperar pela
pedido de cooperação dirigido a Portugal. regularização.
3 — As decisões de admissibilidade ou recusa do 4 — O requisito a que se refere a alínea f) do n.o 1
pedido de cooperação são notificadas à autoridade do pode ser dispensado quando se tratar da forma de coo-
Estado que o formulou, acompanhadas de uma tradução peração referida na alínea f) do n.o 1 do artigo 1.o
na respectiva língua oficial, salvo nos casos previstos
na parte final do n.o 1. Artigo 24.o
4 — O disposto neste artigo aplica-se aos documentos
que devam acompanhar o pedido. Decisão sobre admissibilidade

1 — A decisão do Ministro da Justiça que declara


Artigo 21.o admissível o pedido não vincula a autoridade judiciária.
Tramitação do pedido 2 — A decisão que declara inadmissível o pedido de
cooperação internacional é fundamentada e não admite
1 — Para efeitos de recepção e de transmissão dos recurso.
pedidos de cooperação abrangidos pelo presente 3 — A decisão a que se refere o número anterior
diploma, bem como para todas as comunicações que e que recusa o pedido de cooperação é comunicada
aos mesmos digam respeito, é designada, como Auto- pela Autoridade Central à autoridade nacional ou
ridade Central, a Procuradoria-Geral da República. estrangeira que o formulou.
2 — O Procurador-Geral da República submete o
pedido de cooperação formulado a Portugal ao Ministro Artigo 25.o
da Justiça com vista a decisão sobre a sua admis-
sibilidade. Competência interna em matéria de cooperação internacional
3 — O pedido de cooperação formulado por uma 1 — A competência das autoridades portuguesas para
autoridade portuguesa é remetido ao Ministro da Justiça a formulação de um pedido de cooperação ou para a
pelo Procurador-Geral da República. execução de um pedido formulado a Portugal deter-
4 — O disposto no n.o 1 não prejudica os contactos mina-se pelas disposições dos títulos seguintes.
directos relativos a pedidos de cooperação a que se 2 — São subsidiariamente aplicáveis o Código de Pro-
reporta a alínea f) do n.o 1 do artigo 1.o cesso Penal e respectiva legislação complementar, bem
como a legislação relativa ao ilícito de mera ordenação
Artigo 22.o social.
Formas de transmissão do pedido
Artigo 26.o
1 — Quando disponíveis, e mediante acordo entre os
Estados requerente e requerido, podem utilizar-se na Despesas
transmissão dos pedidos os meios telemáticos adequa- 1 — A execução de um pedido de cooperação é, em
dos, nomeadamente a telecópia, desde que estejam regra, gratuita.
garantidas a autenticidade e confidencialidade do 2 — Constituem, porém, encargo do Estado ou da
pedido e a fiabilidade dos dados transmitidos. entidade judiciária internacional que o formula:
2 — O disposto no número anterior não prejudica
o recurso às vias urgentes previstas no n.o 2 do artigo 29.o a) As indemnizações e remunerações de testemu-
nhas e peritos, bem como as despesas de viagem
e estada;
Artigo 23.o
b) As despesas decorrentes do envio ou entrega
Requisitos do pedido de coisas;
c) As despesas decorrentes da transferência de
1 — O pedido de cooperação deve indicar:
pessoas para o território do Estado requerente
a) A autoridade de que emana e a autoridade a ou para a sede da entidade judiciária inter-
quem se dirige, podendo fazer esta designação nacional;
em termos gerais; d) As despesas com o trânsito de uma pessoa do
b) O objecto e motivos do pedido; território de um Estado estrangeiro ou da sede
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da entidade judiciária internacional para ter- da Organização Internacional de Polícia Crimi-


ceiro Estado ou para a sede dessa entidade; nal — INTERPOL ou de órgãos centrais competentes
e) As despesas efectuadas com o recurso à tele- para a cooperação policial internacional designados para
conferência, em cumprimento de um pedido de o efeito, para solicitarem a adopção de uma medida
cooperação; cautelar ou para a prática de um acto que não admita
f) Outras despesas consideradas relevantes pelo demora, expondo os motivos da urgência e observando
Estado requerido, em função dos meios huma- os requisitos referidos no artigo 23.o
nos e tecnológicos envolvidos no cumprimento 2 — O pedido é transmitido por via postal, electrónica
do pedido. ou telegráfica ou por qualquer outro meio que permita
o seu registo por escrito e que seja admitido pela lei
3 — Para os efeitos da alínea a) do número anterior, portuguesa.
pode ser abonado um adiantamento à testemunha ou 3 — As autoridades judiciárias portuguesas, se con-
ao perito, a mencionar na notificação e a reembolsar siderarem o pedido admissível, dão-lhe satisfação, sem
finda a diligência. prejuízo de submeterem à decisão do Ministro da Jus-
4 — Mediante acordo entre Portugal e o Estado tiça, através da Autoridade Central, as matérias que
estrangeiro ou a entidade judiciária internacional inte- este diploma faça depender da sua prévia apreciação
ressados no pedido, pode derrogar-se o disposto no n.o 2. ou, não sendo isso possível, ratificação.
4 — Quando, nos termos deste artigo, a cooperação
Artigo 27.o envolver autoridades portuguesas e estrangeiras de dife-
rente natureza, o pedido é efectuado através da Auto-
Transferência de pessoas ridade Central.
1 — A transferência de pessoas detidas ou condena-
das a penas ou medidas de segurança privativas da liber- Artigo 30.o
dade que deva realizar-se em cumprimento das decisões Destino do pedido
previstas neste diploma efectua-se pelos serviços do
Ministério da Justiça, de acordo com a autoridade do 1 — A decisão definitiva da autoridade judiciária que
Estado estrangeiro em que se encontra a pessoa visada não atender o pedido de cooperação é comunicada à
ou para onde a mesma deve ser transferida, relativa- autoridade estrangeira que o formulou, pelas vias refe-
mente ao meio de transporte, data, local e hora de ridas no artigo 21.o
entrega. 2 — Satisfeito um pedido de cooperação, a autoridade
2 — A transferência efectua-se no mais curto prazo judiciária envia, quando for caso disso, os respectivos
possível após a data da decisão que a determina. autos à autoridade estrangeira, nos termos previstos no
3 — O disposto nos números anteriores aplica-se, com artigo 160.o
as necessárias adaptações, à transferência respeitante
a pedido formulado por uma entidade judiciária inter-
nacional. TÍTULO II
Extradição
Artigo 28.o
Entrega de objectos e valores CAPÍTULO I
1 — Se o pedido de cooperação respeitar a entrega Extradição passiva
de objectos ou valores, exclusivamente ou como com-
plemento de outro pedido, podem estes ser remetidos SECÇÃO I
quando não sejam indispensáveis à prova de factos cons- Condições da extradição
titutivos de infracção, cujo conhecimento for da com-
petência das autoridades portuguesas. Artigo 31.o
2 — É ressalvada a possibilidade de remessa diferida
ou sob condição de restituição. Fim e fundamento da extradição
3 — São ressalvados os direitos de terceiros de boa 1 — A extradição pode ter lugar para efeitos de pro-
fé, bem como os dos legítimos proprietários ou pos- cedimento penal ou para cumprimento de pena ou
suidores e os do Estado quando os objectos e valores medida de segurança privativas da liberdade por crime
possam ser declarados perdidos a seu favor. cujo julgamento seja da competência dos tribunais do
4 — Em caso de oposição, os objectos e valores só Estado requerente.
serão remetidos após decisão favorável da autoridade 2 — Para qualquer desses efeitos, só é admissível a
competente transitada em julgado. entrega da pessoa reclamada no caso de crime, ainda
5 — Tratando-se de pedido de extradição, a entrega que tentado, punível pela lei portuguesa e pela lei do
de coisas referidas no n.o 1 pode efectuar-se mesmo Estado requerente com pena ou medida privativas da
que a extradição não se efective, nomeadamente por liberdade de duração máxima não inferior a um ano.
fuga ou morte do extraditando. 3 — Se a extradição tiver por fundamento vários fac-
tos distintos, cada um deles punível pela lei do Estado
Artigo 29.o requerente e pela lei portuguesa com uma pena privativa
Medidas provisórias urgentes
de liberdade e se algum ou alguns deles não preen-
cherem a condição referida no número anterior, pode
1 — Em caso de urgência, as autoridades judiciárias também conceder-se a extradição por estes últimos.
estrangeiras podem comunicar directamente com as 4 — Quando for pedida para cumprimento de pena
autoridades judiciárias portuguesas, ou por intermédio ou medida de segurança privativas da liberdade, a extra-
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dição pode ser concedida se o tempo por cumprir não extradição quando a lei portuguesa der competência à
for inferior a quatro meses. sua jurisdição em identidade de circunstâncias ou
5 — O disposto nos números anteriores é aplicável, quando o Estado requerente comprovar que aquele
com as devidas adaptações, à cooperação que implique Estado não reclama o agente da infracção.
a extradição ou a entrega de pessoas às entidades judi-
ciárias internacionais a que se refere o n.o 2 do artigo 1.o
Artigo 34.o
deste diploma.
6 — O disposto no presente artigo não obsta à extra- Reextradição
dição quando sejam inferiores os limites mínimos esta-
belecidos em tratado, convenção ou acordo de que Por- 1 — O Estado requerente não pode reextraditar para
tugal seja parte. terceiro Estado a pessoa que lhe foi entregue por efeito
de extradição.
2 — Cessa a proibição constante do número anterior
Artigo 32.o quando:
Casos em que é excluída a extradição
a) Nos termos estabelecidos para o pedido de
1 — Para além dos casos referidos nos artigos 6.o a extradição, for solicitada e prestada a corres-
8.o, a extradição é excluída quando: pondente autorização, ouvido previamente o
extraditado; ou
a) O crime tiver sido cometido em território b) O extraditado, tendo a possibilidade de aban-
português;
donar o território do Estado requerente, não
b) A pessoa reclamada tiver nacionalidade portu-
o faz dentro de 45 dias ou, tendo-o abandonado,
guesa, salvo o disposto no número seguinte.
aí voluntariamente regressar.
2 — É admissível a extradição de cidadãos portugue-
ses do território nacional desde que: 3 — Para o efeito da alínea a) do número anterior,
pode solicitar-se o envio de declaração da pessoa recla-
a) A extradição de nacionais esteja estabelecida mada relativa à sua reextradição.
em tratado, convenção ou acordo de que Por- 4 — A proibição de reextradição cessa também nos
tugal seja parte; casos em que, por tratado, convenção ou acordo inter-
b) Os factos configurem casos de terrorismo ou nacional de que Portugal seja parte, não seja necessário
criminalidade internacional organizada; e o consentimento do Estado requerido. Quando este
c) A ordem jurídica do Estado requerente con- efeito decorra do consentimento da pessoa em causa,
sagre garantias de um processo justo e equi- aplica-se o disposto no número seguinte.
tativo. 5 — As declarações da pessoa reclamada, a que haja
lugar por força dos n.os 3 e 4, são prestadas perante
3 — No caso previsto no número anterior, a extra- o tribunal da Relação da área onde residir ou se encon-
dição apenas terá lugar para fins de procedimento penal trar a referida pessoa, observando-se, quanto ao n.o 4,
e desde que o Estado requerente garanta a devolução as formalidades previstas no artigo 17.o
da pessoa extraditada a Portugal, para cumprimento da
pena ou medida que lhe venha a ser aplicada, após revi-
Artigo 35.o
são e confirmação nos termos do direito português, salvo
se essa pessoa se opuser à devolução por declaração Extradição diferida
expressa.
4 — Para efeitos de apreciação das garantias a que 1 — Não obsta à concessão da extradição a existência,
se refere a alínea c) do n.o 2, ter-se-á em conta o respeito em tribunais portugueses, de processo penal contra a
das exigências da Convenção Europeia para a Protecção pessoa reclamada ou a circunstância de esta se encontrar
dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais a cumprir pena privativa da liberdade por infracções
e de outros instrumentos internacionais relevantes na diversas das que fundamentaram o pedido.
matéria ratificados por Portugal, bem como as condições 2 — Nos casos do número anterior, pode diferir-se
de protecção contra as situações a que se referem as a entrega do extraditado para quando o processo ou
alíneas b) e c) do n.o 1 do artigo 6.o o cumprimento da pena terminarem.
5 — Quando for negada a extradição com funda- 3 — É também causa de adiamento da entrega a veri-
mento nas alíneas do n.o 1 do presente artigo ou nas ficação, por perito médico, de enfermidade que ponha
alíneas d), e) e f) do n.o 1 do artigo 6.o, é instaurado em perigo a vida do extraditado.
procedimento penal pelos factos que fundamentam o
pedido, sendo solicitados ao Estado requerente os ele- Artigo 36.o
mentos necessários. O juiz pode impor as medidas cau- Entrega temporária
telares que se afigurem adequadas.
6 — A qualidade de nacional é apreciada no momento 1 — No caso do n.o 1 do artigo anterior, a pessoa
em que seja tomada a decisão sobre a extradição. reclamada pode ser entregue temporariamente para a
7 — Acordos especiais, no âmbito de alianças mili- prática de actos processuais, designadamente o julga-
tares ou de outra natureza, poderão admitir crimes mili- mento, que o Estado requerente demonstre não pode-
tares como fundamento de extradição. rem ser adiados sem grave prejuízo, desde que isso não
prejudique o andamento do processo pendente em Por-
Artigo 33.o tugal e o Estado requerente se comprometa a que, ter-
Crimes cometidos em terceiro Estado
minados esses actos, a pessoa reclamada seja restituída
sem quaisquer condições.
No caso de crimes cometidos em território de outro 2 — Se a pessoa entregue temporariamente estava a
Estado que não o requerente, pode ser concedida a cumprir pena, a execução desta fica suspensa desde a
N.o 203 — 31-8-1999 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 6019

data em que essa pessoa foi entregue ao representante petência da autoridade requerente e contiver os ele-
do Estado requerente até à data da sua restituição às mentos referidos no n.o 3.
autoridades portuguesas.
3 — É, todavia, descontada na pena a detenção que Artigo 39.o
não venha a ser computada no processo estrangeiro.
Detenção não directamente solicitada
4 — No caso de ter sido diferida a entrega nos termos
do artigo anterior, a autorização para a entrega tem- É lícito às autoridades de polícia criminal efectuar
porária é tramitada como incidente do pedido de extra- a detenção de indivíduos que, segundo informações ofi-
dição, exclusivamente com vista à apreciação, pelo tri- ciais, designadamente da INTERPOL, sejam procurados
bunal da Relação, dos critérios enunciados no n.o 1. por autoridades competentes estrangeiras para efeito
O tribunal da Relação ouve o tribunal à ordem do qual de procedimento ou de cumprimento de pena por factos
a pessoa se encontra e o Ministro da Justiça. que notoriamente justifiquem a extradição.

Artigo 37.o Artigo 40.o


Pedidos de extradição concorrentes Extradição com consentimento do extraditando

1 — No caso de diversos pedidos de extradição da 1 — A pessoa detida para efeito de extradição pode
mesma pessoa, a decisão sobre o pedido a que deva declarar que consente na sua entrega ao Estado reque-
ser dada preferência tem em conta: rente ou à entidade judiciária internacional e que renun-
cia ao processo de extradição regulado nos artigos 51.o
a) Se os pedidos respeitarem aos mesmos factos, a 62.o, depois de advertida de que tem direito a este
o local onde a infracção se consumou ou onde processo.
foi praticado o facto principal; 2 — A declaração é assinada pelo extraditando e pelo
b) Se os pedidos respeitarem a factos diferentes, seu defensor ou advogado constituído.
a gravidade da infracção, segundo a lei portu- 3 — O juiz verifica se estão preenchidas as condições
guesa, a data do pedido, a nacionalidade ou para que a extradição possa ser concedida, ouve o decla-
residência do extraditando, bem como outras rante para se certificar se a declaração resulta da sua
circunstâncias concretas, designadamente a exis- livre determinação e, em caso afirmativo, homologa-a,
tência de um tratado ou a possibilidade de reex- ordenando a sua entrega ao Estado requerente, de tudo
tradição entre os Estados requerentes. se lavrando auto.
4 — A declaração, homologada nos termos do
2 — O disposto no número anterior entende-se sem número anterior, é irrevogável.
prejuízo da prevalência da jurisdição internacional nos 5 — O acto judicial de homologação equivale, para
casos a que se reporta o n.o 2 do artigo 1.o todos os efeitos, à decisão final do processo de extra-
3 — O disposto nos números anteriores é aplicável, dição.
com as devidas adaptações, para efeitos de manutenção 6 — Salvo tratado, convenção ou acordo que dispense
da detenção antecipada. a apresentação do pedido de extradição, o acto de homo-
logação tem lugar após a decisão do Ministro da Justiça
Artigo 38.o favorável ao seguimento do pedido, caso em que o pro-
cesso prossegue para efeitos daquela homologação
Detenção provisória judicial.
1 — Em caso de urgência, e como acto prévio de um
pedido formal de extradição, pode solicitar-se a deten- Artigo 41.o
ção provisória da pessoa a extraditar. Medidas de coacção não detentivas
2 — A decisão sobre a detenção e a sua manutenção
é tomada em conformidade com a lei portuguesa. Na pendência do processo e até ao trânsito em julgado
3 — O pedido indica a existência do mandado de da decisão final, é correspondentemente aplicável o dis-
detenção ou decisão condenatória contra a pessoa recla- posto no n.o 6 do artigo 38.o
mada, contém um resumo dos factos constitutivos da
infracção, com indicação do momento e do lugar da Artigo 42.o
sua prática, e refere os preceitos legais aplicáveis e os Fuga do extraditado
dados disponíveis acerca da identidade, nacionalidade
e localização daquela pessoa. O extraditado que, depois de entregue ao Estado
4 — Na transmissão do pedido observa-se o disposto requerente ou à entidade judiciária internacional, se eva-
no artigo 29.o dir antes de extinto o procedimento penal ou de cum-
5 — A detenção provisória cessa se o pedido de extra- prida a pena e voltar ou for encontrado em Portugal
dição não for recebido no prazo de 18 dias a contar será de novo detido e entregue ao mesmo Estado ou
da mesma, podendo, no entanto, prolongar-se até 40 entidade, mediante mandado de detenção emanado da
dias se razões atendíveis, invocadas pelo Estado reque- autoridade estrangeira competente, salvo no caso de ter
rente, o justificarem. havido violação das condições em que a extradição foi
6 — A detenção pode ser substituída por outras medi- concedida.
das de coacção, nos termos previstos no Código de Pro-
cesso Penal. Artigo 43.o
7 — O disposto no n.o 5 não prejudica nova detenção Trânsito
e a extradição, se o pedido for ulteriormente recebido.
8 — O pedido de detenção provisória só pode ser 1 — Pode ser facultado o trânsito, pelo território ou
atendido quando não se suscitarem dúvidas sobre a com- pelo espaço aéreo nacional, de uma pessoa extraditada
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de um Estado estrangeiro para outro, desde que não d) Cópia dos textos legais relativos à prescrição
se oponham motivos de ordem pública e se trate de do procedimento penal ou da pena, conforme
infracção justificativa de extradição, segundo a lei o caso;
portuguesa. e) Declaração da autoridade competente relativa
2 — Se a pessoa extraditada tiver a nacionalidade por- a motivos de suspensão ou interrupção do prazo
tuguesa, o trânsito só será concedido nas situações em da prescrição, segundo a lei do Estado reque-
que o seria a extradição. rente, se for caso disso;
3 — O trânsito é autorizado mediante pedido do f) Cópia dos textos legais relativos à possibilidade
Estado que nele estiver interessado. de recurso da decisão ou de efectivação do novo
4 — Se for utilizado transporte aéreo e não estiver julgamento, no caso de condenação em processo
prevista uma aterragem em território nacional, é sufi- cuja audiência de julgamento tenha decorrido
ciente uma comunicação do Estado interessado na na ausência da pessoa reclamada.
extradição.
5 — Em caso de aterragem imprevista, observa-se o Artigo 45.o
disposto no n.o 3.
Elementos complementares
6 — É mantida a detenção do extraditado em trânsito
enquanto permanecer em território português. 1 — Quando o pedido estiver incompleto ou não vier
7 — O pedido identifica devidamente o extraditado acompanhado de elementos suficientes para sobre ele
em trânsito, contém, com as necessárias adaptações, os se decidir, observa-se o disposto no n.o 3 do artigo 23.o,
elementos referidos no n.o 3 do artigo 38.o e é dirigido fixando-se prazo para o seu envio, o qual poderá ser
ao Ministro da Justiça pelas vias previstas no presente prorrogado mediante razões atendíveis invocadas pelo
diploma. Estado requerente.
8 — A decisão sobre o pedido deve ser tomada no 2 — A falta dos elementos solicitados nos termos do
mais curto prazo e comunicada de imediato ao Estado número anterior poderá determinar o arquivamento do
requerente pela mesma via por que o pedido tenha sido processo no fim do prazo fixado, sem embargo de poder
feito. prosseguir quando esses elementos forem apresentados.
9 — As condições em que o trânsito se processará 3 — Se o pedido se referir a pessoa que já se encontre
e a autoridade que nele superintenderá devem constar detida para fins de extradição, o arquivamento previsto
da decisão que o autorize. no número anterior determina a imediata restituição
à liberdade, sendo correspondentemente aplicável o dis-
posto no n.o 7 do artigo 38.o
SECÇÃO II
Processo de extradição Artigo 46.o
Natureza do processo de extradição
Artigo 44.o 1 — O processo de extradição tem carácter urgente
Conteúdo e instrução do pedido de extradição e compreende a fase administrativa e a fase judicial.
2 — A fase administrativa é destinada à apreciação
1 — Além dos elementos referidos no artigo 23.o, o do pedido de extradição pelo Ministro da Justiça para
pedido de extradição deve incluir: o efeito de decidir, tendo, nomeadamente, em conta
a) Demonstração de que, no caso concreto, a pes- as garantias a que haja lugar, se ele pode ter seguimento
soa a extraditar está sujeita à jurisdição penal ou se deve ser liminarmente indeferido por razões de
do Estado requerente; ordem política ou de oportunidade ou conveniência.
3 — A fase judicial é da exclusiva competência do
b) Prova, no caso de infracção cometida em ter-
tribunal da Relação e destina-se a decidir, com audiência
ceiro Estado, de que este não reclama o extra-
do interessado, sobre a concessão da extradição por pro-
ditando por causa dessa infracção;
cedência das suas condições de forma e de fundo, não
c) Garantia formal de que a pessoa reclamada não
sendo admitida prova alguma sobre os factos imputados
será extraditada para terceiro Estado, nem
ao extraditando.
detida para procedimento penal, para cumpri-
mento de pena ou para outro fim, por factos
diversos dos que fundamentarem o pedido e Artigo 47.o
lhe sejam anteriores ou contemporâneos. Representação do Estado requerente no processo de extradição

2 — Ao pedido de extradição devem ser juntos os 1 — O Estado estrangeiro que o solicite a Portugal
elementos seguintes: pode ser admitido a participar na fase judicial do pro-
cesso de extradição, através de representante designado
a) Mandado de detenção da pessoa reclamada, para o efeito.
emitido pela autoridade competente; 2 — Se não acompanhar o pedido de extradição, o
b) Certidão ou cópia autenticada da decisão que pedido de participação é dirigido ao tribunal da Relação
ordenou a expedição do mandado de detenção, através da Autoridade Central.
no caso de extradição para procedimento penal; 3 — O pedido de participação é submetido a decisão
c) Certidão ou cópia autenticada da decisão con- do Ministro da Justiça sobre a sua admissibilidade, pre-
denatória, no caso de extradição para cumpri- cedendo informação da Procuradoria-Geral da Repú-
mento da pena, bem como documento compro- blica, podendo ser indeferido se não estiver garantida
vativo da pena a cumprir, se esta não corres- a reciprocidade.
ponder à duração da pena imposta na decisão 4 — A participação a que se refere o n.o 1 tem em
condenatória; vista possibilitar ao Estado requerente o contacto directo
N.o 203 — 31-8-1999 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 6021

com o processo, com observância das regras relativas trar necessária e houver sérios indícios de que o pedido
ao segredo de justiça, bem como fornecer ao tribunal de extradição deverá proceder.
os elementos que este entenda solicitar.
Artigo 52.o
o
Artigo 48. Prazo de detenção
Processo administrativo
1 — A detenção do extraditando deve cessar e ser
1 — Logo que receba o pedido de extradição, e veri- substituída por outra medida de coacção processual se
ficada a sua regularidade formal, a Procuradoria-Geral a decisão final do tribunal da Relação não for proferida
da República, quando o considere devidamente ins- dentro dos 65 dias posteriores à data em que foi
truído, elabora informação no prazo máximo de 20 dias efectivada.
e submete-o à apreciação do Ministro da Justiça. 2 — Se não for admissível medida de coacção não
2 — Nos 10 dias subsequentes, o Ministro da Justiça detentiva, o prazo referido no número anterior é pror-
decide do pedido. rogado até ao limite máximo de 25 dias, dentro do qual
3 — Em caso de indeferimento do pedido, o processo deve ser obrigatoriamente proferida a decisão da
é arquivado, procedendo-se à comunicação a que se Relação.
refere o n.o 3 do artigo 24.o 3 — Sem prejuízo do disposto no artigo 40.o, a deten-
4 — A Procuradoria-Geral da República adopta as ção subsiste no caso de recurso do acórdão da Relação
medidas necessárias para a vigilância da pessoa recla- que conceder a extradição, mas não pode manter-se,
mada. sem decisão do recurso, por mais de 80 dias, contados
da data da interposição deste.
4 — Se tiver havido recurso para o Tribunal Cons-
Artigo 49.o titucional, a detenção não pode prolongar-se por mais
Processo judicial, competência e recurso de três meses contados da data da interposição daquele.
1 — É competente para o processo judicial de extra-
dição o tribunal da Relação em cujo distrito judicial Artigo 53.o
residir ou se encontrar a pessoa reclamada ao tempo Apresentação do detido
do pedido.
2 — O julgamento é da competência da secção 1 — A autoridade que efectuar a detenção do extra-
criminal. ditando comunica-a de imediato, pela via mais expedita
3 — Só cabe recurso da decisão final, competindo o e que permita o registo por escrito, ao Ministério Público
seu julgamento à secção criminal do Supremo Tribunal junto do tribunal da Relação competente.
de Justiça. 2 — O extraditando é apresentado ao Ministério
4 — Tem efeito suspensivo o recurso da decisão que Público, juntamente com as coisas que lhe forem apreen-
conceder a extradição. didas, para audição pessoal no prazo máximo de qua-
renta e oito horas após a detenção.
3 — O juiz relator procede à audição, nomeando pre-
Artigo 50.o viamente defensor ao extraditando, se não tiver advo-
Início do processo judicial gado constituído.
4 — A notificação do extraditando para este acto deve
1 — O pedido de extradição que deva prosseguir é ser pessoal e com advertência de que poderá fazer-se
remetido, conjuntamente com os elementos que o ins- acompanhar de advogado constituído e de intérprete.
truírem e respectiva decisão, ao Ministério Público no 5 — Sempre que a detenção não possa, por qualquer
tribunal da Relação competente. motivo, ser apreciada pelo tribunal da Relação, o detido
2 — Dentro das quarenta e oito horas subsequentes, é apresentado ao Ministério Público junto do tribunal
o Ministério Público promove o cumprimento do pedido. de 1.a instância da sede do tribunal da Relação com-
petente.
Artigo 51.o 6 — No caso previsto no número anterior, a audição
tem lugar, exclusivamente, para efeitos de validação e
Despacho liminar e detenção do extraditando manutenção da detenção pelo juiz do tribunal de 1.a ins-
1 — Efectuada a distribuição, o processo é imedia- tância, devendo o Ministério Público tomar as provi-
tamente concluso ao juiz relator para, no prazo de 10 dências adequadas à apresentação do extraditando no
dias, proferir despacho liminar sobre a suficiência dos primeiro dia útil subsequente.
elementos que instruírem o pedido e a viabilidade deste.
2 — Se entender que o processo deve ser logo arqui- Artigo 54.o
vado, o relator faz submeter os autos, com o seu parecer Audição do extraditando
escrito, a visto de cada um dos juízes-adjuntos por cinco
dias, a fim de se decidir na primeira sessão. 1 — Na presença do Ministério Público e do defensor
3 — Quando o processo deva prosseguir, é ordenada ou do advogado do extraditando, e com intervenção
a entrega, ao Ministério Público, do mandado de deten- do intérprete, quando necessário, o juiz relator procede
ção do extraditando, a fim de providenciar pela sua à identificação do detido, elucidando-o depois sobre o
execução. direito de se opor à extradição ou de consentir nela
4 — No caso de serem necessárias informações com- e nos termos em que o pode fazer, bem como sobre
plementares, é ordenada apenas a vigilância do extra- a faculdade de renunciar ao benefício da regra da espe-
ditando pelas autoridades competentes, podendo, cialidade nos termos do direito convencional aplicável
porém, efectuar-se desde logo a sua detenção se se mos- ao caso.

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