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Extra Di Cao
Extra Di Cao
o 203 — 31-8-1999
diploma são levadas em conta no âmbito do processo b) O Estado que autoriza a transferência, ouvido
português ou imputadas na pena, nos termos do Código previamente o suspeito, o arguido ou o con-
Penal, como se a privação da liberdade tivesse ocorrido denado, consentir na derrogação da regra da
em Portugal. especialidade.
2 — Com vista a possibilitar a tomada em conside-
ração da prisão preventiva ou da pena já cumpridas 5 — O disposto nos n.os 1 e 2 não exclui a possibilidade
em Portugal, são prestadas as informações necessárias. de solicitar a extensão da cooperação a factos diferentes
dos que fundamentaram o pedido, mediante novo
pedido apresentado e instruído nos termos do presente
Artigo 14.o diploma.
Indemnização 6 — No caso referido no número anterior, é obri-
gatória a apresentação de auto donde constem as decla-
A lei portuguesa aplica-se à indemnização devida por rações da pessoa que beneficia da regra da especialidade.
detenção ou prisão ilegal ou injustificada ou por outros 7 — No caso de o pedido ser apresentado a um Estado
danos sofridos pelo suspeito e pelo arguido: estrangeiro, o auto a que se refere o número anterior
a) No decurso de procedimento instaurado em é lavrado perante o tribunal da Relação da área onde
Portugal para efectivação de um pedido de coo- residir ou se encontrar a pessoa que beneficia da regra
peração formulado a Portugal; da especialidade.
b) No decurso de procedimento instaurado no
estrangeiro para efectivação de um pedido de Artigo 17.o
cooperação formulado por uma autoridade Casos particulares de não aplicação da regra da especialidade
portuguesa.
1 — A imunidade referida nos n.os 1 e 2 do artigo
anterior cessa também nos casos em que, por tratado,
Artigo 15.o convenção ou acordo internacional de que Portugal seja
Concurso de pedidos parte, não haja lugar ao benefício da regra da espe-
cialidade.
1 — Se a cooperação for solicitada por vários Estados, 2 — Quando a cessação da imunidade decorra de
relativamente ao mesmo ou a diferentes factos, esta é renúncia da pessoa que beneficia da regra da especia-
concedida em favor do Estado que, tendo em conta lidade, deve essa renúncia resultar de declaração pes-
as circunstâncias do caso, assegure melhor os interesses soal, prestada perante o juiz, que demonstre que a pes-
da realização da justiça e da reinserção social do sus- soa a exprimiu voluntariamente e em plena consciência
peito, do arguido ou do condenado. das consequências do seu acto, com assistência de defen-
2 — O disposto no número anterior: sor, que lhe deve ser nomeado caso não tenha advogado
constituído.
a) Cede perante a regra de prevalência da juris- 3 — Quando a pessoa em causa deva prestar decla-
dição internacional, nos casos a que se refere rações em Portugal, no seguimento de pedido apresen-
o n.o 2 do artigo 1.o; tado a Portugal ou formulado por uma autoridade por-
b) Não se aplica à forma de cooperação referida tuguesa, as declarações são prestadas perante o tribunal
na alínea f) do n.o 1 do artigo 1.o da Relação da área onde residir ou se encontrar a refe-
rida pessoa.
Artigo 16.o 4 — Sem prejuízo do disposto no número anterior,
a renúncia de pessoa que compareça em Portugal em
Regra da especialidade
consequência de um acto de cooperação solicitado pela
1 — A pessoa que, em consequência de um acto de autoridade portuguesa é prestada no processo em que
cooperação, comparecer em Portugal para intervir em deva produzir efeito, quando as autoridades portugue-
processo penal como suspeito, arguido ou condenado sas, após a entrega da pessoa, tiverem conhecimento
não pode ser perseguida, julgada, detida ou sujeita a superveniente de factos por ela praticados anterior-
qualquer outra restrição da liberdade por facto anterior mente a essa entrega.
à sua presença em território nacional, diferente do que
origina o pedido de cooperação formulado por auto- Artigo 18.o
ridade portuguesa. Denegação facultativa da cooperação internacional
2 — A pessoa que, nos termos do número anterior,
comparecer perante uma autoridade estrangeira não 1 — Pode ser negada a cooperação quando o facto
pode ser perseguida, detida, julgada ou sujeita a qual- que a motiva for objecto de processo pendente ou
quer outra restrição da liberdade por facto ou conde- quando esse facto deva ou possa ser também objecto
nação anteriores à sua saída do território português dife- de procedimento da competência de uma autoridade
rentes dos determinados no pedido de cooperação. judiciária portuguesa.
3 — Antes de autorizada a transferência a que se 2 — Pode ainda ser negada a cooperação quando,
refere o número anterior, o Estado que formula o pedido tendo em conta as circunstâncias do facto, o deferimento
do pedido possa implicar consequências graves para a
deve prestar as garantias necessárias ao cumprimento pessoa visada, em razão da idade, estado de saúde ou
da regra da especialidade. de outros motivos de carácter pessoal.
4 — A imunidade a que se refere este artigo cessa
quando:
Artigo 19.o
a) A pessoa em causa, tendo a possibilidade de
Non bis in idem
abandonar o território português ou estran-
geiro, o não faz dentro de 45 dias ou regressa Quando for aceite um pedido de cooperação que
voluntariamente a um desses territórios; implique a delegação do procedimento em favor de uma
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autoridade judiciária estrangeira, não pode instaurar-se c) A qualificação jurídica dos factos que motivam
nem continuar em Portugal procedimento pelo mesmo o procedimento;
facto que determinou o pedido nem executar-se sen- d) A identificação do suspeito, arguido ou conde-
tença cuja execução é delegada numa autoridade estran- nado, da pessoa cuja extradição ou transferência
geira. se requer e a da testemunha ou perito a quem
devam pedir-se declarações;
CAPÍTULO II e) A narração dos factos, incluindo o lugar e o
tempo da sua prática, proporcional à importân-
Disposições gerais do processo de cooperação cia do acto de cooperação que se pretende;
f) O texto das disposições legais aplicáveis no
Artigo 20.o Estado que o formula;
Língua aplicável g) Quaisquer documentos relativos ao facto.
dição pode ser concedida se o tempo por cumprir não extradição quando a lei portuguesa der competência à
for inferior a quatro meses. sua jurisdição em identidade de circunstâncias ou
5 — O disposto nos números anteriores é aplicável, quando o Estado requerente comprovar que aquele
com as devidas adaptações, à cooperação que implique Estado não reclama o agente da infracção.
a extradição ou a entrega de pessoas às entidades judi-
ciárias internacionais a que se refere o n.o 2 do artigo 1.o
Artigo 34.o
deste diploma.
6 — O disposto no presente artigo não obsta à extra- Reextradição
dição quando sejam inferiores os limites mínimos esta-
belecidos em tratado, convenção ou acordo de que Por- 1 — O Estado requerente não pode reextraditar para
tugal seja parte. terceiro Estado a pessoa que lhe foi entregue por efeito
de extradição.
2 — Cessa a proibição constante do número anterior
Artigo 32.o quando:
Casos em que é excluída a extradição
a) Nos termos estabelecidos para o pedido de
1 — Para além dos casos referidos nos artigos 6.o a extradição, for solicitada e prestada a corres-
8.o, a extradição é excluída quando: pondente autorização, ouvido previamente o
extraditado; ou
a) O crime tiver sido cometido em território b) O extraditado, tendo a possibilidade de aban-
português;
donar o território do Estado requerente, não
b) A pessoa reclamada tiver nacionalidade portu-
o faz dentro de 45 dias ou, tendo-o abandonado,
guesa, salvo o disposto no número seguinte.
aí voluntariamente regressar.
2 — É admissível a extradição de cidadãos portugue-
ses do território nacional desde que: 3 — Para o efeito da alínea a) do número anterior,
pode solicitar-se o envio de declaração da pessoa recla-
a) A extradição de nacionais esteja estabelecida mada relativa à sua reextradição.
em tratado, convenção ou acordo de que Por- 4 — A proibição de reextradição cessa também nos
tugal seja parte; casos em que, por tratado, convenção ou acordo inter-
b) Os factos configurem casos de terrorismo ou nacional de que Portugal seja parte, não seja necessário
criminalidade internacional organizada; e o consentimento do Estado requerido. Quando este
c) A ordem jurídica do Estado requerente con- efeito decorra do consentimento da pessoa em causa,
sagre garantias de um processo justo e equi- aplica-se o disposto no número seguinte.
tativo. 5 — As declarações da pessoa reclamada, a que haja
lugar por força dos n.os 3 e 4, são prestadas perante
3 — No caso previsto no número anterior, a extra- o tribunal da Relação da área onde residir ou se encon-
dição apenas terá lugar para fins de procedimento penal trar a referida pessoa, observando-se, quanto ao n.o 4,
e desde que o Estado requerente garanta a devolução as formalidades previstas no artigo 17.o
da pessoa extraditada a Portugal, para cumprimento da
pena ou medida que lhe venha a ser aplicada, após revi-
Artigo 35.o
são e confirmação nos termos do direito português, salvo
se essa pessoa se opuser à devolução por declaração Extradição diferida
expressa.
4 — Para efeitos de apreciação das garantias a que 1 — Não obsta à concessão da extradição a existência,
se refere a alínea c) do n.o 2, ter-se-á em conta o respeito em tribunais portugueses, de processo penal contra a
das exigências da Convenção Europeia para a Protecção pessoa reclamada ou a circunstância de esta se encontrar
dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais a cumprir pena privativa da liberdade por infracções
e de outros instrumentos internacionais relevantes na diversas das que fundamentaram o pedido.
matéria ratificados por Portugal, bem como as condições 2 — Nos casos do número anterior, pode diferir-se
de protecção contra as situações a que se referem as a entrega do extraditado para quando o processo ou
alíneas b) e c) do n.o 1 do artigo 6.o o cumprimento da pena terminarem.
5 — Quando for negada a extradição com funda- 3 — É também causa de adiamento da entrega a veri-
mento nas alíneas do n.o 1 do presente artigo ou nas ficação, por perito médico, de enfermidade que ponha
alíneas d), e) e f) do n.o 1 do artigo 6.o, é instaurado em perigo a vida do extraditado.
procedimento penal pelos factos que fundamentam o
pedido, sendo solicitados ao Estado requerente os ele- Artigo 36.o
mentos necessários. O juiz pode impor as medidas cau- Entrega temporária
telares que se afigurem adequadas.
6 — A qualidade de nacional é apreciada no momento 1 — No caso do n.o 1 do artigo anterior, a pessoa
em que seja tomada a decisão sobre a extradição. reclamada pode ser entregue temporariamente para a
7 — Acordos especiais, no âmbito de alianças mili- prática de actos processuais, designadamente o julga-
tares ou de outra natureza, poderão admitir crimes mili- mento, que o Estado requerente demonstre não pode-
tares como fundamento de extradição. rem ser adiados sem grave prejuízo, desde que isso não
prejudique o andamento do processo pendente em Por-
Artigo 33.o tugal e o Estado requerente se comprometa a que, ter-
Crimes cometidos em terceiro Estado
minados esses actos, a pessoa reclamada seja restituída
sem quaisquer condições.
No caso de crimes cometidos em território de outro 2 — Se a pessoa entregue temporariamente estava a
Estado que não o requerente, pode ser concedida a cumprir pena, a execução desta fica suspensa desde a
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data em que essa pessoa foi entregue ao representante petência da autoridade requerente e contiver os ele-
do Estado requerente até à data da sua restituição às mentos referidos no n.o 3.
autoridades portuguesas.
3 — É, todavia, descontada na pena a detenção que Artigo 39.o
não venha a ser computada no processo estrangeiro.
Detenção não directamente solicitada
4 — No caso de ter sido diferida a entrega nos termos
do artigo anterior, a autorização para a entrega tem- É lícito às autoridades de polícia criminal efectuar
porária é tramitada como incidente do pedido de extra- a detenção de indivíduos que, segundo informações ofi-
dição, exclusivamente com vista à apreciação, pelo tri- ciais, designadamente da INTERPOL, sejam procurados
bunal da Relação, dos critérios enunciados no n.o 1. por autoridades competentes estrangeiras para efeito
O tribunal da Relação ouve o tribunal à ordem do qual de procedimento ou de cumprimento de pena por factos
a pessoa se encontra e o Ministro da Justiça. que notoriamente justifiquem a extradição.
1 — No caso de diversos pedidos de extradição da 1 — A pessoa detida para efeito de extradição pode
mesma pessoa, a decisão sobre o pedido a que deva declarar que consente na sua entrega ao Estado reque-
ser dada preferência tem em conta: rente ou à entidade judiciária internacional e que renun-
cia ao processo de extradição regulado nos artigos 51.o
a) Se os pedidos respeitarem aos mesmos factos, a 62.o, depois de advertida de que tem direito a este
o local onde a infracção se consumou ou onde processo.
foi praticado o facto principal; 2 — A declaração é assinada pelo extraditando e pelo
b) Se os pedidos respeitarem a factos diferentes, seu defensor ou advogado constituído.
a gravidade da infracção, segundo a lei portu- 3 — O juiz verifica se estão preenchidas as condições
guesa, a data do pedido, a nacionalidade ou para que a extradição possa ser concedida, ouve o decla-
residência do extraditando, bem como outras rante para se certificar se a declaração resulta da sua
circunstâncias concretas, designadamente a exis- livre determinação e, em caso afirmativo, homologa-a,
tência de um tratado ou a possibilidade de reex- ordenando a sua entrega ao Estado requerente, de tudo
tradição entre os Estados requerentes. se lavrando auto.
4 — A declaração, homologada nos termos do
2 — O disposto no número anterior entende-se sem número anterior, é irrevogável.
prejuízo da prevalência da jurisdição internacional nos 5 — O acto judicial de homologação equivale, para
casos a que se reporta o n.o 2 do artigo 1.o todos os efeitos, à decisão final do processo de extra-
3 — O disposto nos números anteriores é aplicável, dição.
com as devidas adaptações, para efeitos de manutenção 6 — Salvo tratado, convenção ou acordo que dispense
da detenção antecipada. a apresentação do pedido de extradição, o acto de homo-
logação tem lugar após a decisão do Ministro da Justiça
Artigo 38.o favorável ao seguimento do pedido, caso em que o pro-
cesso prossegue para efeitos daquela homologação
Detenção provisória judicial.
1 — Em caso de urgência, e como acto prévio de um
pedido formal de extradição, pode solicitar-se a deten- Artigo 41.o
ção provisória da pessoa a extraditar. Medidas de coacção não detentivas
2 — A decisão sobre a detenção e a sua manutenção
é tomada em conformidade com a lei portuguesa. Na pendência do processo e até ao trânsito em julgado
3 — O pedido indica a existência do mandado de da decisão final, é correspondentemente aplicável o dis-
detenção ou decisão condenatória contra a pessoa recla- posto no n.o 6 do artigo 38.o
mada, contém um resumo dos factos constitutivos da
infracção, com indicação do momento e do lugar da Artigo 42.o
sua prática, e refere os preceitos legais aplicáveis e os Fuga do extraditado
dados disponíveis acerca da identidade, nacionalidade
e localização daquela pessoa. O extraditado que, depois de entregue ao Estado
4 — Na transmissão do pedido observa-se o disposto requerente ou à entidade judiciária internacional, se eva-
no artigo 29.o dir antes de extinto o procedimento penal ou de cum-
5 — A detenção provisória cessa se o pedido de extra- prida a pena e voltar ou for encontrado em Portugal
dição não for recebido no prazo de 18 dias a contar será de novo detido e entregue ao mesmo Estado ou
da mesma, podendo, no entanto, prolongar-se até 40 entidade, mediante mandado de detenção emanado da
dias se razões atendíveis, invocadas pelo Estado reque- autoridade estrangeira competente, salvo no caso de ter
rente, o justificarem. havido violação das condições em que a extradição foi
6 — A detenção pode ser substituída por outras medi- concedida.
das de coacção, nos termos previstos no Código de Pro-
cesso Penal. Artigo 43.o
7 — O disposto no n.o 5 não prejudica nova detenção Trânsito
e a extradição, se o pedido for ulteriormente recebido.
8 — O pedido de detenção provisória só pode ser 1 — Pode ser facultado o trânsito, pelo território ou
atendido quando não se suscitarem dúvidas sobre a com- pelo espaço aéreo nacional, de uma pessoa extraditada
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de um Estado estrangeiro para outro, desde que não d) Cópia dos textos legais relativos à prescrição
se oponham motivos de ordem pública e se trate de do procedimento penal ou da pena, conforme
infracção justificativa de extradição, segundo a lei o caso;
portuguesa. e) Declaração da autoridade competente relativa
2 — Se a pessoa extraditada tiver a nacionalidade por- a motivos de suspensão ou interrupção do prazo
tuguesa, o trânsito só será concedido nas situações em da prescrição, segundo a lei do Estado reque-
que o seria a extradição. rente, se for caso disso;
3 — O trânsito é autorizado mediante pedido do f) Cópia dos textos legais relativos à possibilidade
Estado que nele estiver interessado. de recurso da decisão ou de efectivação do novo
4 — Se for utilizado transporte aéreo e não estiver julgamento, no caso de condenação em processo
prevista uma aterragem em território nacional, é sufi- cuja audiência de julgamento tenha decorrido
ciente uma comunicação do Estado interessado na na ausência da pessoa reclamada.
extradição.
5 — Em caso de aterragem imprevista, observa-se o Artigo 45.o
disposto no n.o 3.
Elementos complementares
6 — É mantida a detenção do extraditado em trânsito
enquanto permanecer em território português. 1 — Quando o pedido estiver incompleto ou não vier
7 — O pedido identifica devidamente o extraditado acompanhado de elementos suficientes para sobre ele
em trânsito, contém, com as necessárias adaptações, os se decidir, observa-se o disposto no n.o 3 do artigo 23.o,
elementos referidos no n.o 3 do artigo 38.o e é dirigido fixando-se prazo para o seu envio, o qual poderá ser
ao Ministro da Justiça pelas vias previstas no presente prorrogado mediante razões atendíveis invocadas pelo
diploma. Estado requerente.
8 — A decisão sobre o pedido deve ser tomada no 2 — A falta dos elementos solicitados nos termos do
mais curto prazo e comunicada de imediato ao Estado número anterior poderá determinar o arquivamento do
requerente pela mesma via por que o pedido tenha sido processo no fim do prazo fixado, sem embargo de poder
feito. prosseguir quando esses elementos forem apresentados.
9 — As condições em que o trânsito se processará 3 — Se o pedido se referir a pessoa que já se encontre
e a autoridade que nele superintenderá devem constar detida para fins de extradição, o arquivamento previsto
da decisão que o autorize. no número anterior determina a imediata restituição
à liberdade, sendo correspondentemente aplicável o dis-
posto no n.o 7 do artigo 38.o
SECÇÃO II
Processo de extradição Artigo 46.o
Natureza do processo de extradição
Artigo 44.o 1 — O processo de extradição tem carácter urgente
Conteúdo e instrução do pedido de extradição e compreende a fase administrativa e a fase judicial.
2 — A fase administrativa é destinada à apreciação
1 — Além dos elementos referidos no artigo 23.o, o do pedido de extradição pelo Ministro da Justiça para
pedido de extradição deve incluir: o efeito de decidir, tendo, nomeadamente, em conta
a) Demonstração de que, no caso concreto, a pes- as garantias a que haja lugar, se ele pode ter seguimento
soa a extraditar está sujeita à jurisdição penal ou se deve ser liminarmente indeferido por razões de
do Estado requerente; ordem política ou de oportunidade ou conveniência.
3 — A fase judicial é da exclusiva competência do
b) Prova, no caso de infracção cometida em ter-
tribunal da Relação e destina-se a decidir, com audiência
ceiro Estado, de que este não reclama o extra-
do interessado, sobre a concessão da extradição por pro-
ditando por causa dessa infracção;
cedência das suas condições de forma e de fundo, não
c) Garantia formal de que a pessoa reclamada não
sendo admitida prova alguma sobre os factos imputados
será extraditada para terceiro Estado, nem
ao extraditando.
detida para procedimento penal, para cumpri-
mento de pena ou para outro fim, por factos
diversos dos que fundamentarem o pedido e Artigo 47.o
lhe sejam anteriores ou contemporâneos. Representação do Estado requerente no processo de extradição
2 — Ao pedido de extradição devem ser juntos os 1 — O Estado estrangeiro que o solicite a Portugal
elementos seguintes: pode ser admitido a participar na fase judicial do pro-
cesso de extradição, através de representante designado
a) Mandado de detenção da pessoa reclamada, para o efeito.
emitido pela autoridade competente; 2 — Se não acompanhar o pedido de extradição, o
b) Certidão ou cópia autenticada da decisão que pedido de participação é dirigido ao tribunal da Relação
ordenou a expedição do mandado de detenção, através da Autoridade Central.
no caso de extradição para procedimento penal; 3 — O pedido de participação é submetido a decisão
c) Certidão ou cópia autenticada da decisão con- do Ministro da Justiça sobre a sua admissibilidade, pre-
denatória, no caso de extradição para cumpri- cedendo informação da Procuradoria-Geral da Repú-
mento da pena, bem como documento compro- blica, podendo ser indeferido se não estiver garantida
vativo da pena a cumprir, se esta não corres- a reciprocidade.
ponder à duração da pena imposta na decisão 4 — A participação a que se refere o n.o 1 tem em
condenatória; vista possibilitar ao Estado requerente o contacto directo
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com o processo, com observância das regras relativas trar necessária e houver sérios indícios de que o pedido
ao segredo de justiça, bem como fornecer ao tribunal de extradição deverá proceder.
os elementos que este entenda solicitar.
Artigo 52.o
o
Artigo 48. Prazo de detenção
Processo administrativo
1 — A detenção do extraditando deve cessar e ser
1 — Logo que receba o pedido de extradição, e veri- substituída por outra medida de coacção processual se
ficada a sua regularidade formal, a Procuradoria-Geral a decisão final do tribunal da Relação não for proferida
da República, quando o considere devidamente ins- dentro dos 65 dias posteriores à data em que foi
truído, elabora informação no prazo máximo de 20 dias efectivada.
e submete-o à apreciação do Ministro da Justiça. 2 — Se não for admissível medida de coacção não
2 — Nos 10 dias subsequentes, o Ministro da Justiça detentiva, o prazo referido no número anterior é pror-
decide do pedido. rogado até ao limite máximo de 25 dias, dentro do qual
3 — Em caso de indeferimento do pedido, o processo deve ser obrigatoriamente proferida a decisão da
é arquivado, procedendo-se à comunicação a que se Relação.
refere o n.o 3 do artigo 24.o 3 — Sem prejuízo do disposto no artigo 40.o, a deten-
4 — A Procuradoria-Geral da República adopta as ção subsiste no caso de recurso do acórdão da Relação
medidas necessárias para a vigilância da pessoa recla- que conceder a extradição, mas não pode manter-se,
mada. sem decisão do recurso, por mais de 80 dias, contados
da data da interposição deste.
4 — Se tiver havido recurso para o Tribunal Cons-
Artigo 49.o titucional, a detenção não pode prolongar-se por mais
Processo judicial, competência e recurso de três meses contados da data da interposição daquele.
1 — É competente para o processo judicial de extra-
dição o tribunal da Relação em cujo distrito judicial Artigo 53.o
residir ou se encontrar a pessoa reclamada ao tempo Apresentação do detido
do pedido.
2 — O julgamento é da competência da secção 1 — A autoridade que efectuar a detenção do extra-
criminal. ditando comunica-a de imediato, pela via mais expedita
3 — Só cabe recurso da decisão final, competindo o e que permita o registo por escrito, ao Ministério Público
seu julgamento à secção criminal do Supremo Tribunal junto do tribunal da Relação competente.
de Justiça. 2 — O extraditando é apresentado ao Ministério
4 — Tem efeito suspensivo o recurso da decisão que Público, juntamente com as coisas que lhe forem apreen-
conceder a extradição. didas, para audição pessoal no prazo máximo de qua-
renta e oito horas após a detenção.
3 — O juiz relator procede à audição, nomeando pre-
Artigo 50.o viamente defensor ao extraditando, se não tiver advo-
Início do processo judicial gado constituído.
4 — A notificação do extraditando para este acto deve
1 — O pedido de extradição que deva prosseguir é ser pessoal e com advertência de que poderá fazer-se
remetido, conjuntamente com os elementos que o ins- acompanhar de advogado constituído e de intérprete.
truírem e respectiva decisão, ao Ministério Público no 5 — Sempre que a detenção não possa, por qualquer
tribunal da Relação competente. motivo, ser apreciada pelo tribunal da Relação, o detido
2 — Dentro das quarenta e oito horas subsequentes, é apresentado ao Ministério Público junto do tribunal
o Ministério Público promove o cumprimento do pedido. de 1.a instância da sede do tribunal da Relação com-
petente.
Artigo 51.o 6 — No caso previsto no número anterior, a audição
tem lugar, exclusivamente, para efeitos de validação e
Despacho liminar e detenção do extraditando manutenção da detenção pelo juiz do tribunal de 1.a ins-
1 — Efectuada a distribuição, o processo é imedia- tância, devendo o Ministério Público tomar as provi-
tamente concluso ao juiz relator para, no prazo de 10 dências adequadas à apresentação do extraditando no
dias, proferir despacho liminar sobre a suficiência dos primeiro dia útil subsequente.
elementos que instruírem o pedido e a viabilidade deste.
2 — Se entender que o processo deve ser logo arqui- Artigo 54.o
vado, o relator faz submeter os autos, com o seu parecer Audição do extraditando
escrito, a visto de cada um dos juízes-adjuntos por cinco
dias, a fim de se decidir na primeira sessão. 1 — Na presença do Ministério Público e do defensor
3 — Quando o processo deva prosseguir, é ordenada ou do advogado do extraditando, e com intervenção
a entrega, ao Ministério Público, do mandado de deten- do intérprete, quando necessário, o juiz relator procede
ção do extraditando, a fim de providenciar pela sua à identificação do detido, elucidando-o depois sobre o
execução. direito de se opor à extradição ou de consentir nela
4 — No caso de serem necessárias informações com- e nos termos em que o pode fazer, bem como sobre
plementares, é ordenada apenas a vigilância do extra- a faculdade de renunciar ao benefício da regra da espe-
ditando pelas autoridades competentes, podendo, cialidade nos termos do direito convencional aplicável
porém, efectuar-se desde logo a sua detenção se se mos- ao caso.