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ISBN:– 978-65-990143-7-6.
#LEGIS
Proposta do Legis
A Coleção Legis tem como objetivo primordial preparar candidatos para os principais concur-
sos públicos do país.
Pela experiência adquirida ao longo dos anos estudando e lecionando para concursos públi-
cos, bem como conversando com centenas e centenas de alunos aprovados, a conclusão a que cheguei
é que, cada dia mais, torna-se indispensável para a aprovação em concursos, principalmente, na prova
objetiva, o conhecimento adequado da legislação.
Estudar a lei em sua literalidade, todavia, é algo árido e, normalmente, pouco estimulante.
Para vencer essa dificuldade, o Ouse Saber idealizou o Legis, a sua melhor maneira de estudar a legis-
lação. No Legis, a estrela é a “letra da lei”, mas um super time de Professores, com larga experiência na
preparação para concursos, destaca os pontos mais importantes da legislação, além de fazer comentários
rápidos e objetivos, apontar jurisprudência relevante sobre os temas e garantir questões para treinamen-
to do conteúdo estudado. Tudo isso em um material de leitura agradável, com espaços para anotações e
organização do estudo da lei em formato de plano dividido por dias.
É realmente tudo que você precisa para aprender a legislação da forma mais rápida e
agradável possível.
Filippe Augusto
Defensor Público Federal
Mestre e Doutor em Direito
Coordenador do Legis
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Sumário
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Comentários: Como visto no preâmbulo, a lei 2º, caput, da Lei nº 12.850/2013, 171 (seis vezes)
não só traz o conceito de organização crimino- e 299 (cinco vezes) do Código Penal e 1º da Lei nº
sa e o tipifica como crime, mas também aborda 9.613/98, não se sustentando a alegação de não
meios de obtenção especial de provas, tais como preenchimento do requisito contido no art. 313,
a infiltração de agentes, a colaboração premiada, inciso I, do Código de Processo Penal. 2. A juris-
etc. prudência desta Corte Superior que possui en-
tendimento pacificado no sentido de que, nas
Portanto, tais institutos também podem em ou- hipóteses de flagrante delito de crime perma-
tros casos que não envolvam organizações crimi- nente - no caso, organização criminosa -, não
nosas, acima apontados. há falar em autorização judicial - e, portanto,
limitação de horário - para os policiais aden-
trarem residência alheia. (...) (STJ, RHC 87.092/
Aprofundando: Em 2016 foi promulgada a Lei n. RJ, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSE-
13.260/16, que regulamenta o disposto no inci- CA, QUINTA TURMA, julgado em 20/02/2018, DJe
so XLIII do art. 5º da Constituição Federal, disci- 28/02/2018).
plinando o terrorismo, tratando de disposições
investigatórias e processuais e reformulando o
conceito de organização terrorista. § 1º Nas mesmas penas incorre quem im-
pede ou, de qualquer forma, embaraça a
investigação de infração penal que envol-
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou
va organização criminosa.
integrar, pessoalmente ou por interposta pes-
soa, organização criminosa:
Para Fixação:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e
multa, sem prejuízo das penas corresponden- Ano: 2016/ Banca: VUNESP/ Órgão: TJ/RJ – Juiz
tes às demais infrações penais praticadas. de Direito Substituto
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Comentários: Medida cautelar semelhante à pre- GABARITO: Errado (em razão do equívoco do
vista no art. 319, VI, do CPP (suspensão do exer- marco temporal ao final – o correto é subsequen-
cício de função pública), sem prejuízo dos venci- tes ao cumprimento da pena, e não do trânsito
mentos. em julgado.
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Art. 3º-C. A proposta de colaboração pre- III - a prevenção de infrações penais de-
miada deve estar instruída com procuração correntes das atividades da organização
do interessado com poderes específicos para criminosa;
iniciar o procedimento de colaboração e suas IV - a recuperação total ou parcial do pro-
tratativas, ou firmada pessoalmente pela parte duto ou do proveito das infrações penais
que pretende a colaboração e seu advogado ou praticadas pela organização criminosa;
defensor público. V - a localização de eventual vítima com a
sua integridade física preservada.
Comentários: Percebam que o procedimento de
colaboração e suas tratativas não é personalíssi-
mo, pois o advogado pode, mediante procuração Comentários: A conhecida “delação premiada”
com poderes específicos, assim agir em nome do é espécie da qual a “colaboração premiada” é o
colaborador. gênero, tendo em vista que tal colaboração pode
ser traduzida também por outras condutas que
não apenas a identificação de outros coautores
§ 1º Nenhuma tratativa sobre colabora- ou partícipes, nos termos dos incisos do art. 4º.
ção premiada deve ser realizada sem a
presença de advogado constituído ou de-
Aprofundando: A colaboração premiada não é
fensor público.
novidade da Lei n. 12.850/13, lembrando-se que
§ 2º Em caso de eventual conflito de inte- a Lei de Proteção a Testemunhas e Vítimas amea-
resses, ou de colaborador hipossuficien- çadas (n. 9.807/99) já trazia em seus artigos 13 e
te, o celebrante deverá solicitar a presen- 14 benefícios aos réus colaboradores, inclusive o
ça de outro advogado ou a participação de perdão judicial.
defensor público.
§ 3º No acordo de colaboração premiada, Fala-se, ainda, que tal lei traz um “regramento
o colaborador deve narrar todos os fatos geral” sobre o tema, na medida em que tal le-
ilícitos para os quais concorreu e que te- gislação se aplica para todo e qualquer crime,
nham relação direta com os fatos inves- ao passo que a Lei n. 12.850/13 trata especifica-
tigados. mente por crimes cometidos por organizações
criminosas (sem se esquecer das hipóteses de
§ 4º Incumbe à defesa instruir a propos- também aplicação da lei, nos termos do art. 1º,
ta de colaboração e os anexos com os fatos §2º - às infrações penais previstas em tratado ou
adequadamente descritos, com todas as convenção internacional quando, iniciada a exe-
suas circunstâncias, indicando as provas e cução no País, o resultado tenha ou devesse ter
os elementos de corroboração. ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente e às
organizações terroristas, entendidas como aque-
Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das las voltadas para a prática dos atos de terrorismo
partes, conceder o perdão judicial, reduzir em legalmente definidos.)
até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberda-
de ou substituí-la por restritiva de direitos da- § 1º Em qualquer caso, a concessão do be-
quele que tenha colaborado efetiva e volunta- nefício levará em conta a personalidade
riamente com a investigação e com o processo do colaborador, a natureza, as circuns-
criminal, desde que dessa colaboração adve- tâncias, a gravidade e a repercussão so-
nha um ou mais dos seguintes resultados: cial do fato criminoso e a eficácia da co-
laboração.
I - a identificação dos demais coautores e § 2º Considerando a relevância da cola-
partícipes da organização criminosa e das boração prestada, o Ministério Público, a
infrações penais por eles praticadas; qualquer tempo, e o delegado de polícia,
nos autos do inquérito policial, com a ma-
II - a revelação da estrutura hierárquica
nifestação do Ministério Público, poderão
e da divisão de tarefas da organização cri-
requerer ou representar ao juiz pela con-
minosa;
cessão de perdão judicial ao colaborador,
ainda que esse benefício não tenha sido
previsto na proposta inicial, aplicando-se,
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etapas de aplicação da pena, nos termos pelo seu defensor, ser ouvido pelo mem-
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro bro do Ministério Público ou pelo delegado
de 1940 (Código Penal) e do Decreto-Lei de polícia responsável pelas investigações.
nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código § 10. As partes podem retratar-se da pro-
de Processo Penal), antes de conceder os posta, caso em que as provas autoincri-
benefícios pactuados, exceto quando o minatórias produzidas pelo colaborador
acordo prever o não oferecimento da de- não poderão ser utilizadas exclusiva-
núncia na forma dos §§ 4º e 4º-A deste arti- mente em seu desfavor.
go ou já tiver sido proferida sentença.
§ 7º-B. São nulas de pleno direito as pre-
visões de renúncia ao direito de impug- Comentários: A leitura do dispositivo deve, ago-
nar a decisão homologatória. ra, ser feita em conjunto com o art. 3º-B, §6º. No
caso de retratação da proposta (facultada a qual-
quer das partes), a limitação do uso das provas é
Comentários: A antiga redação do §7º limitava- contra o investigado/réu. Por outro lado, no caso
-se a dizer que o termo de colaboração, acompa- de não ser celebrado o acordo por iniciativa do
nhado das declarações do colaborador e de có- celebrante (titular da Ação Penal), esse não po-
pia da investigação, seria remetido ao juiz para derá se valer de nenhuma das informações ou
homologação, o qual deveria verificar sua regu- provas apresentadas pelo colaborador, de boa-
laridade, legalidade e voluntariedade, podendo -fé, para qualquer outra finalidade (inclusive con-
para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, tra os demais).
na presença do defensor.
§ 10-A Em todas as fases do processo, de-
Agora, houve uma mais completa regulamenta-
ve-se garantir ao réu delatado a oportu-
ção da verificação judicial para, além da regula-
nidade de manifestar-se após o decurso
ridade, legalidade e voluntariedade, verificação
do prazo concedido ao réu que o delatou.
da adequação dos benefícios pactuados àqueles
previstos e dos resultados da colaboração aos
resultados mínimos, sendo também apontadas Jurisprudência: A alteração legal positivou o en-
cláusulas nulas de pleno direito. tendimento já manifestado pelo STF no sentido
de que “é direito dos delatados apresentarem
A possibilidade de oitiva do colaborador, pela le- as alegações finais depois dos réus que firma-
tra de lei, passa a ser um imperativo, pois a nova ram acordo de colaboração” (HC n. 166373/PR,
redação do art. 7º diz que o juiz DEVE ouvir sigilo- 2019, Rel: Min. Edson Fachin).
samente o colaborador para as supramenciona-
das verificações.
§ 11. A sentença apreciará os termos do
acordo homologado e sua eficácia.
§ 8º O juiz poderá recusar a homologação
da proposta que não atender aos requisi- § 12. Ainda que beneficiado por perdão
tos legais, devolvendo-a às partes para as judicial ou não denunciado, o colabora-
adequações necessárias. dor poderá ser ouvido em juízo a requeri-
mento das partes ou por iniciativa da auto-
ridade judicial.
Jurisprudência: A antiga redação do §8º dizia § 13. O registro das tratativas e dos atos
que o próprio juiz poderia adequar a proposta de colaboração deverá ser feito pelos
que não atendesse aos requisitos legais. meios ou recursos de gravação magnética,
estenotipia, digital ou técnica similar, inclu-
Agora, consagra-se sua imparcialidade e inati- sive audiovisual, destinados a obter maior
vidade de ofício, corolários de um sistema emi- fidelidade das informações, garantindo-se
nentemente acusatório, devendo o Magistrado a disponibilização de cópia do material
devolver o feito para que as próprias partes reali- ao colaborador.
zem as adequações necessárias.
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vel, deveria ser feito o registro dos atos por meio E uma delação premiada poderia, em tese, cor-
de gravações. roborar outra delação? É o que o mencionado
autor chama de “corroboração recíproca ou cru-
Agora, há imposição legal do procedimento. zada”. Segundo o autor, “não deve ser admitido
que o elemento extrínseco de corroboração de
uma outra delação premiada seja caracterizado
§ 14. Nos depoimentos que prestar, o cola- pelo conteúdo de outra delação premiada. Sen-
borador renunciará, na presença de seu do uma hipótese de grande chance de erro judi-
defensor, ao direito ao silêncio e estará ciário, a gestão do risco deve ser orientada em
sujeito ao compromisso legal de dizer a prol da liberdade. Neste, como em outros casos,
verdade. deve se optar por absolver um delatado culpado,
se contra ele só existia uma delação cruzada, a
correr o risco de condenar um delatado inocente,
Aprofundando: Parte da doutrina defende a in- embora contra ele existissem delações cruzadas”.
constitucionalidade de tal dispositivo por afron-
ta ao art. 5º, LXIII, da Constituição Federal, o qual
apregoa que “o preso será informado de seus § 17. O acordo homologado poderá ser
direitos, entre os quais o de permanecer calado, rescindido em caso de omissão dolosa so-
sendo-lhe assegurada a assistência da família e bre os fatos objeto da colaboração.
de advogado”. Defende-se, nesse sentido, que § 18. O acordo de colaboração premiada
embora a colaboração seja um ato voluntário, a pressupõe que o colaborador cesse o en-
“parte” não deixa a posição de investigado/indi- volvimento em conduta ilícita relaciona-
ciado/réu para passar a testemunha, para a qual da ao objeto da colaboração, sob pena de
se exige a obrigação de falar a verdade. rescisão.
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Ano: 2019/ Banca: MPE-SP/ Órgão: MPE/SP – I - usufruir das medidas de proteção previs-
Promotor de Justiça tas na legislação específica;
Sobre a colaboração premiada, é correto afirmar II - ter nome, qualificação, imagem e de-
que: mais informações pessoais preservados;
III - ser conduzido, em juízo, separada-
a) apenas o Ministério Público, como órgão titu- mente dos demais coautores e partícipes;
lar da ação penal, está legitimado para promover
IV - participar das audiências sem contato
o acordo.
visual com os outros acusados;
b) o juiz participará das negociações realizadas V - não ter sua identidade revelada pelos
entre as partes para a formalização do acordo. meios de comunicação, nem ser fotogra-
fado ou filmado, sem sua prévia autori-
c) o juiz poderá homologar o acordo ou recusá- zação por escrito;
-lo, caso não atenda aos requisitos legais, mas VI - cumprir pena ou prisão cautelar em es-
não poderá adequá-lo ao caso concreto. tabelecimento penal diverso dos demais
corréus ou condenados.
d) pratica crime o colaborador que imputar fal-
samente, sob pretexto de colaboração, a prática
de infração penal a pessoa que sabe ser inocente. Art. 6º O termo de acordo da colaboração
premiada deverá ser feito por escrito e conter:
e) rescindido o acordo, as provas colhidas contra
terceiros não poderão ser introduzidas no pro- I - o relato da colaboração e seus possíveis
cesso. resultados;
II - as condições da proposta do Ministério
Público ou do delegado de polícia;
Ano: 2019/ Banca: MPE-SC/ Órgão: MPE/SC – III - a declaração de aceitação do colabora-
Promotor de Justiça dor e de seu defensor;
IV - as assinaturas do representante do Mi-
Marque Certo ou Errado: nistério Público ou do delegado de polícia,
do colaborador e de seu defensor;
A Lei n. 12.850/2013, quanto ao meio de obten-
ção da prova da colaboração premiada, dispõe V - a especificação das medidas de prote-
que, em qualquer caso, a concessão do benefício ção ao colaborador e à sua família, quando
levará em conta a personalidade do colaborador, necessário.
a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a re-
percussão social do fato criminoso e a eficácia da Art. 7º O pedido de homologação do acor-
colaboração, deixando o acordo de colaboração do será sigilosamente distribuído, contendo
premiada de ser sigiloso assim que oferecida a apenas informações que não possam identificar
denúncia. o colaborador e o seu objeto.
Anotações gerais sobre os artigos anteriores: § 1º As informações pormenorizadas da co-
laboração serão dirigidas diretamente ao
juiz a que recair a distribuição, que decidi-
rá no prazo de 48 (quarenta e oito) horas.
§ 2º O acesso aos autos será restrito ao
juiz, ao Ministério Público e ao delegado
de polícia, como forma de garantir o êxi-
to das investigações, assegurando-se ao
defensor, no interesse do representado,
GABARITO: d. | Errado (deixa de ser com o recebi- amplo acesso aos elementos de prova
mento, não mero oferecimento). que digam respeito ao exercício do direi-
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Para Fixação:
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PREÂMBULO -
Comentários: Percebam que os requisitos são
Define organização criminosa e dispõe so- CUMULATIVOS.
bre a investigação criminal, os meios de obten-
ção da prova, infrações penais correlatas e o pro- § 3º A infiltração será autorizada pelo pra-
cedimento criminal; altera o Decreto-Lei nº 2.848, zo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); revoga eventuais renovações, desde que com-
a Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras provada sua necessidade.
providências.
Comentários: Assim como na interceptação te-
CAPÍTULO II
lefônica, não há limite de renovação, desde que
DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO comprovada sua necessidade.
DA PROVA
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caput, quais sejam, indícios da prática do crime praticados durante a operação, deverão
de organização criminosa e indispensabilidade ser registrados, gravados, armazenados e
da medida. apresentados ao juiz competente, que ime-
diatamente cientificará o Ministério Públi-
co.
Aprofundando: A infiltração de agentes em am-
biente virtual não foi novidade, pois já é prevista § 6º No curso do inquérito policial, o dele-
no Estatuto da Criança e do Adolescente para a gado de polícia poderá determinar aos
investigação de crimes contra a dignidade sexual seus agentes, e o Ministério Público e o
de crianças e adolescentes (artigos 190-A a 190-E juiz competente poderão requisitar, a
da referida lei). qualquer tempo, relatório da atividade de
infiltração.
§ 7º É nula a prova obtida sem a
§ 1º Para efeitos do disposto nesta Lei, con- observância do disposto neste artigo.
sideram-se:
I - dados de conexão: informações referen- Art. 10-B. As informações da operação de
tes a hora, data, início, término, duração, infiltração serão encaminhadas diretamente ao
endereço de Protocolo de Internet (IP) utili- juiz responsável pela autorização da medida,
zado e terminal de origem da conexão; que zelará por seu sigilo.
II - dados cadastrais: informações referen-
tes a nome e endereço de assinante ou de Parágrafo único. Antes da conclusão da
usuário registrado ou autenticado para a operação, o acesso aos autos será reservado
conexão a quem endereço de IP, identifica-
ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de
ção de usuário ou código de acesso tenha
sido atribuído no momento da conexão. polícia responsável pela operação, com o obje-
tivo de garantir o sigilo das investigações.
§ 2º Na hipótese de representação do de-
legado de polícia, o juiz competente, an-
tes de decidir, ouvirá o Ministério Público. Comentários: Com expressa previsão legal, e
por se tratar de diligência em andamento, não há
§ 3º Será admitida a infiltração se houver aplicação da Súmula Vinculante n. 14 aos autos
indícios de infração penal de que trata o onde ocorre a documentação da infiltração.
art. 1º desta Lei e se as provas não pude-
rem ser produzidas por outros meios dis-
poníveis. Art. 10-C. Não comete crime o policial que
oculta a sua identidade para, por meio da in-
ternet, colher indícios de autoria e materiali-
Comentários: Repetição dos requisitos já de- dade dos crimes previstos no art. 1º desta Lei.
monstrados no art. 10-A.
Parágrafo único. O agente policial infiltra-
§ 4º A infiltração será autorizada pelo pra- do que deixar de observar a estrita finalidade da
zo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de investigação responderá pelos excessos pratica-
eventuais renovações, mediante ordem dos.
judicial fundamentada e desde que o to-
tal não exceda a 720 (setecentos e vinte)
dias e seja comprovada sua necessidade. Comentários: Dispositivo idêntico foi inserido
no ECA quando da previsão inicial da infiltração
de agentes na Internet. Naquela alteração, justi-
Comentários: O prazo inicial e a possibilidade de ficou-se a introdução da causa de atipicidade da
sucessivas renovações é o mesmo da infiltração conduta para evitar a punição do agente infiltra-
comum, com a peculiaridade de um limite total do pelo cometimento do crime tipificado no art.
de 720 (setecentos e vinte) dias da duração da di- 154-A, do Código Penal. Todavia, diz a doutrina
ligência. que tal artigo seria desnecessário na medida em
que o dispositivo mais abaixo tratado (art. 13, pa-
rágrafo único), já prevê não ser punível, no âm-
§ 5º Findo o prazo previsto no § 4º deste
bito da infração, a prática de crime pelo agente
artigo, o relatório circunstanciado, jun-
infiltrado no curso da investigação, quando ine-
tamente com todos os atos eletrônicos
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xigível conduta diversa. Acrescente-se, ainda, a Comentários: O prazo legal foi fixado na hipótese
argumentação pelo estrito cumprimento de um de representação do delegado de polícia, haven-
dever legal na colheita dos elementos de infor- do vácuo legislativo quanto ao prazo no caso de
mação da investigação. requerimento do próprio MP, após manifestação
técnica do delegado de polícia. Entende a doutri-
na, em tal caso, que o prazo de manifestação do
“Art. 10-D. Concluída a investigação, to- Juiz será o mesmo (em até 24 horas).
dos os atos eletrônicos praticados durante a ope-
ração deverão ser registrados, gravados, arma-
zenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério § 2º Os autos contendo as informações da
Público, juntamente com relatório circunstan- operação de infiltração acompanharão a
ciado. denúncia do Ministério Público, quando
serão disponibilizados à defesa, assegu-
rando-se a preservação da identidade do
Parágrafo único. Os atos eletrônicos re-
agente.
gistrados citados no caput deste artigo serão
reunidos em autos apartados e apensados ao § 3º Havendo indícios seguros de que o
processo criminal juntamente com o inquéri- agente infiltrado sofre risco iminente, a
operação será sustada mediante requisi-
to policial, assegurando-se a preservação da
ção do Ministério Público ou pelo delega-
identidade do agente policial infiltrado e a in- do de polícia, dando-se imediata ciência
timidade dos envolvidos. ao Ministério Público e à autoridade judi-
cial.
Art. 11. O requerimento do Ministério
Público ou a representação do delegado de
polícia para a infiltração de agentes conterão a Comentários: Pelo verbo impositivo, a suspen-
são da operação é dever no caso de indícios se-
demonstração da necessidade da medida, o
guros de risco iminente ao agente infiltrado.
alcance das tarefas dos agentes e, quando pos-
sível, os nomes ou apelidos das pessoas inves-
tigadas e o local da infiltração. Art. 13. O agente que não guardar, em sua
atuação, a devida proporcionalidade com a fina-
Parágrafo único. Os órgãos de registro e lidade da investigação, responderá pelos exces-
cadastro público poderão incluir nos bancos de sos praticados.
dados próprios, mediante procedimento sigiloso
e requisição da autoridade judicial, as informa- Aprofundando: Na doutrina, diferencia-se o ex-
ções necessárias à efetividade da identidade fic- cesso intensivo (ação desproporcional ou além
tícia criada, nos casos de infiltração de agentes da intensidade necessária para mera defesa) do
na internet. extensivo (ação já fora do momento autorizador
legal, ou seja, já cessada a injusta agressão, por
exemplo, há continuidade da reação por parte do
Art. 12. O pedido de infiltração será sigilo- agente).
samente distribuído, de forma a não conter in-
formações que possam indicar a operação a ser
efetivada ou identificar o agente que será infiltra- Parágrafo único. Não é punível, no âmbito
do. da infiltração, a prática de crime pelo agente in-
filtrado no curso da investigação, quando inexi-
gível conduta diversa.
§ 1º As informações quanto à necessidade
da operação de infiltração serão dirigidas
diretamente ao juiz competente, que deci- Comentários: Causa legal de exclusão da culpa-
dirá no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, bilidade (inexigibilidade de conduta diversa).
após manifestação do Ministério Público
na hipótese de representação do delegado Art. 14. São direitos do agente:
de polícia, devendo-se adotar as medidas
necessárias para o êxito das investigações
I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltra-
e a segurança do agente infiltrado.
da;
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II - ter sua identidade alterada, aplicando- e) havendo indícios seguros de que o agente in-
-se, no que couber, o disposto no art. 9º da filtrado sofre risco iminente, a operação deverá
Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999, bem ser sustada mediante requisição do Ministério
como usufruir das medidas de proteção a Público ou pelo delegado de polícia, dando-se
testemunhas; imediata ciência ao Ministério Público e à auto-
ridade judicial.
Comentários: A Lei n. 9.807/99 estabelece nor-
mas para a organização e a manutenção de pro- Anotações sobre as questões anteriores:
gramas especiais de proteção a vítimas e a teste-
munhas ameaçadas, institui o Programa Federal
de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Amea-
çadas e dispõe sobre a proteção de acusados ou
condenados que tenham voluntariamente pres-
tado efetiva colaboração à investigação policial e
ao processo criminal.
Para fixação:
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Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser Comentários: A Lei n. 9.034/95, primeira lei a tra-
decretado pela autoridade judicial competen- tar sobre organizações criminosas, foi revogada
te, para garantia da celeridade e da eficácia das integralmente, mas a Lei n. 12.694/12 continua
diligências investigatórias, assegurando-se ao existindo, tratando-se de importante diploma
defensor, no interesse do representado, amplo normativo que dispõe sobre o processo e o julga-
mento colegiado em primeiro grau de jurisdição
acesso aos elementos de prova que digam respei- de crimes praticados por organizações crimino-
to ao exercício do direito de defesa, devidamen- sas.
te precedido de autorização judicial, ressalva-
dos os referentes às diligências em andamento.
Art. 27. Esta Lei entra em vigor após decor-
ridos 45 (quarenta e cinco) dias de sua publica-
Comentários: Percebam a regra especial previs- ção oficial.
ta na lei no sentido de condicionar o acesso do
advogado à prévia autorização judicial, exigên-
cia esta não estabelecida para os demais casos, Anotações sobre os artigos anteriores:
nos termos do Estatuto da OAB (art. 7º, XIV, Lei n.
8.906/94).
“ Associação Criminosa
“Art.342. ........................................................
...........................
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro)
anos, e multa.
.......................................................................
...........................” (NR)
Art. 26. Revoga-se a Lei nº 9.034, de 3 de
maio de 1995.
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