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Harmonia

Essencial

"Eu e Você
SEMPRE"
Análise da canção pela Silvio Ribeiro
Teoria Musical e
Harmonia Funcional

+PDF Partitura
Cifras
com

+ Backing Tracks Quem foi


Heitor dos
Editora Prazeres?
Harmonia Essencial
Heitor dos
Quem foi?
Prazeres
Heitor dos Prazeres foi um
compositor e pintor nascido no
Rio de Janeiro em 1898.

Foi um dos pioneiros na


composição dos sambas e
participou da fundação das
primeiras escolas de samba do
Brasil.
Seus pais eram Eduardo Alexandre dos Prazeres,
marceneiro e clarinetista da banda da Guarda
Nacional, e Celestina Gonçalves Martins, costureira,
residentes no bairro carioca Cidade Nova (Praça
Onze).

Seu pai lhe ensinou a tocar o clarinete em vários


ritmos como polcas, valsas, choros e marchas.
Mas foi de seu tio, HILÁRIO JOVINO FERREIRA que
Heitor recebeu mais o ensino musical.

Sobre Hilário, o LALAU DE


OURO, comentamos em uma
das edições anteriores da Série
Estudo Mensal. Confira!

Hilário foi quem deu o primeiro cavaquinho ao seu


sobrinho Heitor.

Tomou seu tio como modelo de compositor e aos doze


anos, já era conhecido como Mano Heitor do
Cavaquinho. ("Mano" era uma denominação comum
entre os sambistas.)

Heitor também frequentava a FAMOSA casa das tias


baianas (Tia Ciata e Tia Esther), onde tem contato com
músicos como Donga, João da Baiana, Sinhô, Caninha,
Getúlio Marinho "Amor", Pixinguinha, Paulo da Portela
entre outros.

Com o passar do tempo, firma


relações com compositores da
Mangueira, principalmente Cartola
e de Oswaldo Cruz, principalmente
Paulo da Portela.

Assim, Heitor participa o início dos


trabalhos e da fundação de escolas

importantes referências tais como Mangueira, Portela


e Deixa Falar, primeira escola de samba do país.
(futura Estácio de Sá).

Algumas de sua composições foram gravadas por


FRANCISCO ALVES e MÁRIO REIS.

Prazeres também participou da polêmica com SINHÔ


(como já comentado em edições anteriores) sobre a
autoria de alguns sambas como Ora Vejam Só (1927) e
Gosto que Me Enrosco.
Em relação às Escolas de Samba, a
sua preferia era a Portela. Tanto
que, as cores da agremiação azul e
branco, foram escolhidas pelo
próprio Heitor.

Canção do Jornaleiro
Em 1933, ele compôs a Canção do jornaleiro .

A partir da letra de sua própria vida sobre o tema, que


lida com a vida das crianças que vendem jornais nas
ruas, se iniciou uma campanha para financiar a
construção da Casa do Pequeno Jornaleiro, que abriu
em 1940. (Saiba mais aqui)

Ouça a Canção
aqui (Clique na
imagem)
Era Pintor
Em 1937, começou a
exibir suas pinturas,
nas quais retratou a
vida nas favelas:
crianças brincando,
homens jogando ou
bebendo, jovens
dançando samba,

etc... Representava os rostos das pessoas de perfil,


com a cabeça e os olhos voltados para cima.

Heitor foi convidado parar


participar em 1943 da mostra
dedicada à Arte Latino-
Americana, no Roual Air
Force (RAF), em Londres, em
benefício das vítimas da

Segunda Guerra Mundial. Sua tela Festa de São João


também fazia parte da mostra.
A obra de Heitor chamou a
atenção da rainha Elizabeth (à
época, princesa) que,
impressionada com a alegria e
a espontaneidade vista no
trabalho do artista, acabou
comprando o quadro.
Eu e Você
ANÁLISE
Sempre
Na edição deste mês vamos fazer um estudo sobre
música "EU E VOCÊ SEMPRE" interpretada por Jorge
Aragão.

Iremos encontrar ferramentas interessantes em relação


ao mundo da Harmonia Funcional e Teoria Musical.

Posteriormente, após ter entendido funcionalmente a


questão, execute a música com os BACKING TRACKS
que estão disponíveis para download no final do
estudo.

Já de início, gostaria que fizesse a sua análise prévia da


música com o conhecimento que possui no momento.
Em seguida, compare com a minha visão analítica sobre
a canção.

Vamos estudar!
Partitura com Cifras
Análise
Vamos começar analisando a armadura de clave na
partitura. A armadura nos indica a quantidade de
SUSTENIDOS ou BEMÓIS que a Escala/Tonalidade da
música possui, e a partir dela podemos encontrar o tom
da mesma.

4 sustenidos na armadura de
clave indica que a escala/Tom
possui tais sustenidos em sua
estrutura.

Recordemos a ORDEM DOS SUSTENIDOS:

FÁ - DÓ - SOL - RÉ - LÁ - MI - SI

Assim, a tonalidade da canção está demonstrada como


sendo de MI MAIOR ou DÓ# MENOR.

Ainda de início, a partitura nos mostra a FÓRMULA DE


COMPASSO da canção, neste caso, 4/4 (quatro por
quatro)

Logo, cada compasso possuem 4 tempos em sua


e cada tempo se equivale a 1
SEMÍNIMA, assim, teremos 4
semínimas "cheias" por
compasso.

Campo Harmônico
O contexto da música nos indica que se encontra na
tonalidade de MI MAIOR. Percebe-se que a canção
discorre com a intenção de retorno a este acorde
TÔNICO.

Um fato interessante é que, mesmo sendo uma música


com uma nuance mais melódica, até mesmo em um
entorno triste, ela está em uma tonalidade Maior.

E isto é um fato bem relevante, quebrando aquela


"regra" que canções mais melancólicas estão em
tonalidade MENOR.

Ouça a música original com os "ouvidos" atento dessa


vez. Perceba como ela tem um "tom mais triste,
melancólico", e ainda assim é uma TONALIDADE
MAIOR.
Segue o Campo harmônico de MI MAIOR:

E7M - F#m7 - G#m7 - A7M - B7 - C#m7 - D#m7(b5)

O campo harmônico em questão foi demonstrado em


TÉTRADES (Acordes com sétima).

No entanto, você vai perceber que a canção toda foi


utilizado acordes em tríades.

E - F#m - G#m - A - B - C#m - D#m(b5)

No entanto, tudo se refere ao mesmo campo


harmônico: MI MAIOR.
Observe os acordes desta primeira parte até o trecho
indicado acima:

E - Bm7 - A - Am

Dentre estes acordes percebemos que Bm7 e Am não


pertencem à tonalidade de origem.

Sobre o Bm7

Na tonalidade de Mi Maior sabemos que o acorde "Si"


é Maior e dominante se for encarado como tétrade
(B7).

Este Bm7, neste caso, é um AEM (Acorde de


empréstimo Modal).

Ele é emprestado da tonalidade homônima menor: Mi


Menor.

Veja o campo harmônico de Mi Menor logo abaixo:


Em - F#m(b5) - G - Am - Bm - C - D

Ele é o Vm na tonalidade em questão. Tal acorde foi


empregado no contexto harmônico de MI MAIOR.
Note até mesmo
que a melodia se
adequou ao acorde,
5j 6M 5j 6M 5j
3m
obviamente.

Passou pela nota Ré, 3m do acorde e que não pertence


ao contexto de Mi maior.

Nota também que a melodia passou pela 6M do acorde


(sol#), caracterizando assim o uso do MODO DÓRICO.

Um fato interessante é que poderíamos pensar neste


trecho como sendo um II CADENCIAL de LÁ MAIOR,
o IV grau.

É apenas uma ideia de SOFISTICAÇÃO HARMÔNICA,


mas cairia muito bem.

Veja só:
E7

5j 6M 9M 3M 9M
3m

Perceba que a melodia permite a utilização do


dominante E7 em um contexto de desdobramento do
IIm (Bm7) em IIm - V7 no contexto de II CADENCIAL
em relação ao acorde A, IV grau da tonalidade.

Quando for praticar com as BACKING TRACKS, faça


um teste e utilize este II CADENCIAL e perceba que irá
se encaixar muito bem.

Mas voltemos à nossa realidade e encaremos o Bm7


simplesmente como um AEM dentro de sua
originalidade, porém, vale a pena tal reflexão.

Sobre o Am
Da mesma maneira que o Bm7, Am também é um
AEM, sendo emprestado ta tonalidade de Mi Menor.
Em - F#m(b5) - G - Am - Bm - C - D

Este é o IVm do campo harmônico.

O IVm encarado como AEM, é um dos mais usuais, se


não o mais usado de todos os AEM's no contexto de
tonalidade MAIOR.

IVm, o AEM mais


utilizado em tom
Maior.

Seguindo...

Após este trecho com os ACORDES DE


EMPRÉSTIMO, a canção segue simplesmente nos
acordes MAIORES e diatônicos à tonalidade de Mi
Maior.

E quais são os acordes maiores da tonalidade de MI


MAIOR?
E - F#m - G#m - A - B - C#m - D#m(b5)
Exatamente! E; A e B.

Repare que neste trecho, o acorde de SI apareceu em


sua estrutura "original" da tonalidade, um acorde
maior.

Logo em seguida, a canção voltou novamente ao


trecho em que aparecem os acordes de empréstimo
apenas alterando a letra da canção.

Veja logo abaixo


Os acordes circulados são os AEM's já comentados
anteriormente.

Posteriormente, o trecho com os acordes maiores da


tonalidade de Mi se repete até alcançarmos o refrão.
Refrão Refrão

Aí foi que o barraco desabou...

No refrão da canção aparecem os seguintes acordes:

E; A; B; C.

Entre parênteses demonstrei o trecho onde há uma


aproximação cromática A - A# - B.
Nós realmente
denominamos o acorde A#
como sendo um ACORDE
DE APROXIMAÇÃO
CROMÁTICA.
E claramente observa-se o cromatismo formado entre
os acordes A - A# - B, ascendendo em semitons.

A# liga os acordes A e B.

A e A# ocupam o quarto tempo do compasso, cada um


se equivalendo a 1 colcheia.

Estes acordes de APROXIMAÇÃO CROMÁTICA são


bem interessantes pois geram dinâmica ao contexto
harmônico.

Apesar que sejam de uma passagem breve, o


cromatismo gerado é o que cria este movimento
harmônico.
Cromatismo melódico
Um outro ponto interessante no refrão é um breve
cromatismo utilizado na melodia, ou seja, na voz do
cantor.
Repare o
Dó# - Dó - Si
cromatismo
descendente no
trecho indicado ao
Nessa que meu barco se perde- e - e - euu

lado entre
Dó# - Dó - Si. A noa DÓ é chamada de nota cromática,
aquela que não pertence à escala origem, já que em Mi
maior temos DÓ#.

Outro AEM no refrão


Você também deve ter percebido que surgiu outro
acorde não inerente à tonalidade de Mi Maior, o "C".

Tal acorde também é um ACORDE DE EMPRÉSTIMO


MODAL tomado lá da tonalidade homônima menor
assim como os demais AEM's.

Veja:
Em - F#m(b5) - G - Am - Bm - C - D

O "C" é o bVII da tonalidade de Mi menor.

Obviamente a melodia se adéqua


ao acorde, utilizando a escala
referente ao mesmo.
3 1 6 3

Logo em seguida, a canção chega em seu final


aparecendo o símbolo D.S (Dal Segno), onde a música
recomeça "a partir do sinal" que está lá em seu início.
Conclusão
A canção nos traz diversos aprendizados, mas acredito
que enfatizamos e analisamos mais o assunto ACORDE
DE EMPRÉSTIMO MODAL. E isso é ótimo! As próximas
vezes que se defrontar com acordes que não fazem
parte da tonalidade original, você já possui algumas
ferramentas da Harmonia funcional para reconhecê-los
e analisá-los.

Backing Tracks e Partitura


Agora é hora de colocar a música em PRÁTICA através
dos BACKING TRACKS (1 com melodia e harmonia, 1
só com a melodia, 1 só com a harmonia).

Baixe também o PDF com a partitura + cifras. (Clique


no ícone abaixo para baixar)
A Pequena
África
Pequena África é nome dado por Heitor dos Prazeres
a uma região do Rio de Janeiro compreendida pela
zona portuária do Rio de Janeiro, Gamboa, Saúde.

Nesta região se encontra a Comunidade


Remanescentes de Quilombos da Pedra do Sal, Santo
Cristo e outros locais habitados por escravizados
alforriados.
A região ficou conhecida como Pequena África depois
que o comércio de escravos se tornou ilegal no Brasil
em 1831, ainda que a abolição da escravatura só
viesse a acontecer 50 anos depois.

Entre 1850 e 1920, escravos libertos permaneceram


trabalhando na região.

Negros e africanos libertos da Bahia ou do interior


viajaram para a Pequena África a procura de trabalho e
de um senso de comunidade. A Pequena África
frequentemente acolheu negros de todo o país, onde
se ergueram casas, locais de convívio cotidiano e
centros religiosos.

Clique no Link abaixo e


conheça os principais
pontos da PEQUENA
ÁFRICA: Uma História
em que Rio de Janeiro
não apagará nunca.

Saiba mais AQUI


Heitor dos Prazeres
Pinturas
Heitor dos Prazeres
Documentário
Conheça um pouco mais sobre a vida e obra de
HEITOR DOS PRAZERES neste mini documentário
(Somente 13 minutos).

Feito em 1965, também traz


belas imagens do Rio de
Janeiro "antigo".

Vale a pena assistir o conteúdo.

Clique na imagem ao
lado para assistir.
Agradecimentos
Obrigado por confiar em nosso
trabalho querido (a) aluno (a).
Não tenho dúvidas que todos os
materiais têm acrescentado e
muito em seu conhecimento
musical ♫
Muito obrigado ao Brito pela
bela caricatura que utilizamos
em nossa capa ♫
Conheça o site do Brito e seu
trabalho

Clique AQUI

De seu amigo e
prof. Silvio Ribeiro
#VivaEmHarmonia

Uma distância
saudável nos
relacionamentos
humanos permite
longevidade!
Harmonia
Essencial

"Eu e Você
SEMPRE"
Análise da canção pela
Teoria Musical e
Harmonia Funcional Silvio Ribeiro

+ PDF Partitura
Cifras
com

+Backing Tracks

Quem foi
Heitor dos
Prazeres?
Editora
Harmonia Essencial

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