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Graduação: Administração Pública

Disciplina: Regionalidade, Sustentabilidade e Desenvolvimento de Territórios


Professor: Luiz Ricardo de Souza
Acadêmica: Danielle R. de Oliveira

POSITION PAPER
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO

O crescimento econômico de um país está relacionado ao seu desenvolvimento,


porém a classificação de países quanto ao nível de desenvolvimento é alvo de muitas
discussões, uma vez que a depender dos critérios adotados, o desenvolvimento pode
diferenciar e muito do crescimento. Para Bresser, o desenvolvimento econômico de um país
inclui uma sociedade capitalista organizada, onde há, acumulação de capital e progresso
técnico, diante de um mercado coordenando o sistema econômico e um estado regulando esse
mercado e complementando sua ação coordenadora.

Muitos autores explanam sobre o conceito de desenvolvimento e crescimento de um


país a fim de estabelecer qual seria o modelo ideal de avaliação para determinar o quanto um
país pode ser desenvolvido. Já em 1911, o economista Schumpeter afirmou que o
desenvolvimento econômico implica muito mais em transformações estruturais, do que o
simples crescimento da renda per capita (Bresser, 2008).

Bresser também destaca que para muitos economistas não-ortodoxos a relação do


desenvolvimento econômico com crescimento seria ideológica, ela ignoraria o fato de o
desenvolvimento econômico implicar melhor distribuição de renda enquanto que o
crescimento, não.

Na visão de Rostow, o desenvolvimento pode ser compreendido em cinco etapas:


sociedade tradicional, precondições para o arranco, arranco propriamente dito, marcha para a
maturidade e a era do consumo em massa. Na sociedade tradicional o nível de produção per
capita é limitado. Essa limitação ocorre graças à baixa produtividade ocasionada
principalmente pela falta de tecnologia. Tal sociedade dedica, normalmente, a maior parte de
seus esforços na produção agrícola.

Na etapa precondições do arranco passa a haver a aplicação da ciência moderna na


produção agrícola e industrial, num ambiente de expansão internacional, surgindo grandes
empreendedores visando a obtenção de polpudos lucros, embora correndo riscos. Apesar dos
valores e a sociedade experimentem grandes transformações nessa fase, faz-se necessária
uma perfeita formação de um Estado nacional centralizado em detrimento aos interesses
regionais.

A terceira fase, o arranco, representa o rompimento de todas as resistências ao


desenvolvimento e à difusão do progresso tecnológico por toda a sociedade. É comum
ocorrer uma considerável elevação na taxa real de investimentos e poupança. Com o arranco
surgem novas técnicas agrícolas e industriais. A agricultura sofre um profundo processo de
mudança, transformando o antigo fazendeiro em um empresário agrícola.

Sucede a marcha para a maturidade representando o momento em que o crescimento


da produção já supera o crescimento demográfico. Nesse período, a economia experimenta o
surgimento de inúmeras novas indústrias, além de inédita expansão do comércio
internacional. É a etapa em que os antigos valores passam a ser suplantados e a Nação passa
então a contar com condições de produzir aquilo em que julga ser mais necessário. Inexiste a
carência tecnológica em qualquer área produtiva.

A quinta e última etapa é a era do consumo em massa, período em que a renda per
capita já garante para uma grande maioria dos consumidores um elevado padrão de vida.
Nessa fase, a população é predominantemente urbana. O consumo é direcionado para os bens
duráveis; a preocupação com o desenvolvimento tecnológico cede seu espaço aos anseios por
bem-estar social.

Há ainda a perspectiva de Marshall (1976) que, diferencia o desenvolvimento em duas


vertentes, a primeira consiste em processos de crescimento e de mudança nas sociedades
humanas, sistematicamente inter relacionados, delimitados pelas fronteiras dos Estados
Nacionais, porém altamente interdependentes em escala mundial. Tais processos revestem-se
de uniformidades como também de características singulares em cada país ou sociedade.

A segunda expressa o desenvolvimento como uma aspiração para a uma sociedade


melhor e, constitui-se um sistema de interação cujo conteúdo é determinado pelos valores e
preferências das forças dominantes da sociedade. Porém o autor afirma que a maioria das
pessoas jamais alcançará os níveis de renda per capita desfrutados por algumas sociedades,
haja vista que os recursos naturais não renováveis podem se tornar escassos.

Diante de tantas abordagens quanto ao desenvolvimento, podemos observar que a


predominância da concepção de desenvolvimento possui ênfase no contexto econômico e
estão diretamente relacionadas à persistência da desigualdade, às raízes da relação entre
trabalho, avanço da tecnologia e mão de obra. Mas é importante salientar que o conceito de
desenvolvimento é muito mais abrangente que o conceito de crescimento econômico.
Enquanto o crescimento está mais relacionado apenas a renda per capita, o
desenvolvimento representa a melhoria das condições socioeconômicas dos indivíduos.
Incluindo outros fatores como por exemplo a cultura, além de estar contextualizado em
âmbito institucional e social e caracteriza-se por contribuir para o desenvolvimento regional
de forma única em cada região.

Verifica-se ainda que a economia é uma ciência humana e não é através da aplicação
de modelos econométricos que o desenvolvimento econômico regional será alcançado, mas,
com ações que favoreçam as políticas sociais.

Assim é importante repensar as questões conceituais do desenvolvimento econômico,


pois este está em constante transformação, quais devem permitir reflexões sobre a busca de
um novo modelo de desenvolvimento que associe o crescimento da produção com a melhora
na distribuição e utilização dos bens e serviços em um ritmo que contribua para a melhor
qualidade de vida.

REFERÊNCIAS

BRESSER; L. C. P. Crescimento e Desenvolvimento Econômico. 2008

ROSTOW, W. W. Etapas do desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro: Zahar Editores. 6ª


edição, 1978.

WOLFE, Marshall. Desenvolvimento. Para que e Para quem? Indagações sobre política
social e realidade político-social .Rio de Janeiro. 1976.

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