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SUMÁRIO:

CARTA AO ALUNO ...................................................................................................... 4


INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 5
UNIDADE 1 - DO MOVIMENTO AMBIENTALISTA AO CONCEITO DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: UM BREVE HISTÓRICO ............................. 6
UNIDADE 2 - EVOLUÇÃO DA POLÍTICA AMBIENTAL NO MUNDO E NO BRASIL
.................................................................................................................................... 13
2.2 Convenções e Tratados Internacionais sobre Clima e Meio Ambiente ....... 17
2.2.1 Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - 1983 a 1986

....................................................................................................................... 18
2.2.2 Cúpula da Terra / Rio-92 - 1992 .................................................................. 19
2.2.3 Conferência das Partes 3 - 1997 ................................................................. 20

2.2.4 Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável - 2002 ..... 20


2.2.5 Conferência de Bali - 2007........................................................................... 20

2.2.6 Conferência de Copenhague - 2009 ..................................................... 21

2.2.7 Conferência do Clima da ONU de Durban – 2011 ................................ 21


2.2.8 Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
(Rio+20) – 2012 .................................................................................................... 21
UNIDADE 3: INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL PÚBLICA ..................... 23
3.1 Indicadores de Sustentabilidade e Indicadores de Avaliação de
Desempenho Ambiental ........................................................................................ 26
3.2 Desenvolvimento Sustentável em uma corporação – aspectos econômicos,
ambientais e sociais .............................................................................................. 29
3.3 Caracterização da Responsabilidade Social e Desenvolvimento
Sustentável na esfera corporativa ....................................................................... 31
3.4 Redução de Custo com uso da Gestão Ambiental; Benefícios e
Oportunidades........................................................................................................ 33
Será possível à empresa identificar e eliminar também: ....................................... 33
3.4.1 Água ............................................................................................................ 34
3.4.2 Energia......................................................................................................... 34
3.4.3 Transportes e viagens ................................................................................. 34
3.4.4 Consumíveis e matérias-primas................................................................... 34
3.5 Como alocar os Custos Ambientais a processos Específicos .................... 35
UNIDADE 4: SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) ..................................... 36
4.1 Certificação – ISO e EMAS .............................................................................. 37
4.2 Principais ISOS e suas vantagens .................................................................. 39
4.2.1 ISO 9001 ...................................................................................................... 39
4.2.2 Organização Interna .................................................................................... 40
4.2.3 Melhorias no desempenho dos negócios ..................................................... 40
4.2.4 Credibilidade da marca ................................................................................ 40
4.2.5 Redução de custos ...................................................................................... 40
4.2.6 Satisfação dos clientes ................................................................................ 40
4.2.7 Colaboradores motivados ............................................................................ 41
4.2.8 ISO 14001 .................................................................................................... 41
4.3 Análise de Ciclo de Vida – ACV ...................................................................... 43
4.3.1 Repensar ..................................................................................................... 45
4.3.2 Repor (substituir) ......................................................................................... 45
4.3.3 Reparar ........................................................................................................ 45
4.3.4 Reduzir......................................................................................................... 45
4.3.5 Reutilizar ...................................................................................................... 45
4.3.6 Reciclar ........................................................................................................ 45
LEITURA COMPLEMENTAR ..................................................................................... 47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 48
CARTA AO ALUNO

Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo a Disciplina de Gestão Ambiental!

Essa disciplina se propõe à discussão e revisão de conceitos ligados à Gestão,


Sustentabilidade, Recursos Naturais e Meio Ambiente. Considera que aspectos como
a evolução do Conceito de Desenvolvimento Sustentável, os aspectos econômicos,
ambientais e sociais, as Convenções e Tratados Internacionais sobre Clima e Meio
Ambiente, a Evolução da Política Ambiental no Mundo, e mais especificamente no
Brasil, os Sistemas de Gestão Ambiental, bem como o estudo dos Instrumentos de
Gestão Ambiental Pública e Privada e outros, são ferramentas indispensáveis aos
profissionais que atuam ou pretendem atuar na área ambiental. Nesse sentido a autora
reúne estudos e experiências pessoais buscando contribuir com o lócus acadêmico e
com a instrumentalização para a atuação do profissional do Meio Ambiente, numa área
de estudo ainda bem recente no Brasil.
INTRODUÇÃO

A preocupação com a escassez e o uso de forma desregrada dos recursos ambientais


têm sido pauta diária nos meios de Comunicação que refletem uma preocupação da
humanidade de forma geral, dos governos , do meio científico-acadêmico e até do
empresariado de uma forma mais pontual. No nosso país essa questão fica ainda mais
agravada pela “cultura de desperdício” paradoxalmente gerada pela abundância de
recusos naturais.

A preocupação dos povos passa a exigir uma Gestão Ambiental eficaz que encare o
desafio da redução do consumo dos recursos naturais, da sustentabilidade ambiental
conciliando esse interesse com o desenvolvimento, a industrialização e a economia de
cada país. Nesse sentido iniciaremos nossa discussão retomando a História da
Evolução do Pensamento Ambientalista no mundo e no Brasil para depois nos
aprofundarmos nos Instrumentos ao alcance dos Profissionais do Meio Ambienta para
a implantação de uma Gestão Ambiental eficaz.

Bons Estudos!
UNIDADE 1 - DO MOVIMENTO AMBIENTALISTA AO CONCEITO DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: UM BREVE HISTÓRICO

Para entendermos o conceito de Desenvolvimento Sustentável, amplamente utilizado


ultimamente, faz-se necessário um breve retrocesso histórico nas formas de produção
de bens e nas relações que o homem nas mais variadas sociedades, estabelece com
o meio ambiente ao longo da sua trajetória no planeta.

Desde o aparecimento da espécie humana na Terra, há cerca de 3,5 – 4 milhões de


anos atrás, até a Idade Moderna, observa-se que as sociedades causavam um baixo
impacto ambiental, principalmente por serem formadas por povos nômades, coletores
e caçadores; sociedades essas que não acumulavam bens e, portanto, viviam em
harmonia com o meio ambiente e do meio ambiente.

Até hoje ainda podemos observar remanescentes dessas sociedades que estão cada
vez mais raras como povos indígenas em algumas partes do planeta.

Figura 1

Fonte: https://pt.slideshare.net/marcelo1500/amrica-do-sul-indgena-14071285
A sociedade industrial que se inicia no século XVIII, chega ao século XXI e constata,
perplexa, o nível de degradação ambiental causado ao planeta.

Com o advento da Revolução Industrial, e a formação de uma classe que passa a deter
os meios de produção, os (capitalistas) e, por outro lado, de outra classe que passa a
vender sua força de trabalho, o (operariado) - as relações com a produção e com o
meio ambiente foram totalmente alteradas.

Para Pereira (2008), “O desenvolvimento econômico só pode ser compreendido a partir


de uma perspectiva histórico-estrutural e keynesiana. E define: histórico-estrutural
porque nele as três instâncias básicas da Sociedade: a econômica e social, a cultural
e a institucional.

Afirma que estas esferas são interdependentes e se modificam de forma dialética e


assim sendo, keynesiana, tendo em vista que nesse processo não basta analisar o
desenvolvimento econômico pelo lado da oferta. É essencial que o desenvolvimento
seja estudado pelo lado da demanda. (Pag.47)

Assista a trechos do Vídeo tempos Modernos de Charles Chaplin que


busca retratar com humor essa fase.
https://www.youtube.com/watch?v=KPgxcat-zYo

O autor considera que o desenvolvimento econômico sob a “perspectiva histórica, ” é


um processo de acumulação de capital com incorporação sistemática de progresso
técnico, quando a organização da produção social assumiu a forma capitalista ou
moderna. Sublinha que “só a partir desse momento passaram a ter existência histórica
uma classe de trabalhadores assalariados que vendem sua força de trabalho no
mercado, e uma classe de empresários capitalistas que investem e inovam. ”

Esse modelo que dá origem ao Capitalismo será determinante para a subordinação


dos recursos naturais ao desenvolvimento, pois, “tornou-se uma condição de
sobrevivência dos empresários e de suas empresas. ”

O elevado índice de consumo e a consequente industrialização esgotam ao longo dos


tempos os recursos naturais disponíveis que levaram milhões de anos para se compor.
Diante desse cenário de caos e destruição, passamos a observar o Paradigma Social
Dominante, que se instalou de tal forma em nossa sociedade, que o próprio nome
sugere a sua capacidade dominadora. Estamos diante de uma sociedade que vive do
consumo e para o consumo.
Alcantara (2010) afirma que são sérios os problemas ambientais provocados
principalmente pela forma de produção humana a partir da Revolução Industrial e do
sistema capitalista estabelecido, ou seja, pela maneira com que a sociedade industrial
passou a se apropriar e a se relacionar com os recursos naturais. (Pag.13)

O sistema estabelecido desconheceu a harmonia existente nas relações entre os seres


vivos e o meio ambiente. O chamado equilíbrio ecológico. Ao quebrar essa harmonia,
o homem provoca o que chamamos de impacto ambiental. (ALMEIDA; RIGOLIN, 2005,
p. 36).

É correto afirmar que todos os seres vivos de


alguma forma causam impactos ao meio
ambiente?

No início dessa unidade vimos que para a compreensão da problemática ambiental, em


toda sua amplitude, deve ser entendida como um fenômeno histórico-social, fruto da
estrutura de funcionamento de uma determinada sociedade. Para Santos (1996), o
aparecimento do homem e, portanto, da sociedade humana, está diretamente ligado à
capacidade que certos seres desenvolveram de produzir a sua própria existência.

O autor defende que esta capacidade supõe uma intermediação entre o homem e a
Natureza, através das técnicas e dos instrumentos de trabalho inventados, o que
significa dizer que os “choques” ou impactos ambientais causados pela exploração dos
recursos naturais são, de certo ponto, inevitáveis em maior ou menor grau. (pag. 16).

O Capitalismo, no entanto, é feroz. Passa a exigir excedentes de produção para buscar


novos mercados de consumo. Para Hobsbawn, (1995): “A produção em série causa a
produção de excedentes, ou seja, pela primeira vez na história da humanidade, “as
indústrias produziam mais do que os consumidores necessitavam”. ( Pag. 57)

Esse modelo econômico criaria uma nova equação: como escoar o excedente
produzido para garantir retorno do capital investido? Tem-se aí o estímulo a criação da
sociedade de consumo – base do novo sistema econômico, o capitalismo – que nasce
incentivada a suprir suas necessidades por meio do consumo de bens e serviços.

Para Baudrillard (1995), o mito da felicidade tornou-se mensurável pelo bem-estar dos
objetos, do conforto e dos signos. Ou seja, “ o homem vale pelo que tem. ”
O consumo se estabelece, não apenas em função da satisfação de necessidades
individuais e harmoniosas, mas como atividade social, já que as necessidades se
organizam segundo uma procura social objetiva por sinais e por diferenciação.

Alcantara (2010), aponta como principais consequências do modelo econômico


adotado a partir da Revolução Industrial, o aumento e a concentração populacional nas
cidades, a degradação ambiental, a miséria e a violência.

É correto afirmar que o modelo de produção de


excedentes inerente ao Capitalismo é o fator
responsável pela aceleração da destruição dos
recursos ambientais?

Dessa forma a sociedade do século XXI perplexa, passa a conviver com a crise
ambiental determinada pela sua escolha pelo modo capitalista que entendia como
forma de sobrevivência, iniciado na Idade Moderna e que perdura até os dias atuais.
De forma assustadora a problemática ambiental se torna cada vez mais visível a nossa
volta, e passa a constar como pauta de discussão governamental, disseminada de
forma global.
Basta observarmos os noticiários e os meios de comunicação de uma forma geral,
onde quase que diariamente são mostradas catástrofes ambientais que assolam todo
o planeta. Cabe destacar o recente desastre de Mariana (MG), ocorrido em 05
novembro de 2015, considerado o pior acidente da mineração brasileira. A tragédia
ocorreu após o rompimento de uma barragem (Fundão) da mineradora Samarco, que
é controlada pela Vale e pela BHP Billiton.

Reveja a reportagem sobre o maior desastre da mineração brasileira


em Mariana (MG)
https://www.youtube.com/watch?v=QJTBe3LwKvY

O rompimento da barragem provocou uma enxurrada de lama que devastou o distrito


de Bento Rodrigues (MG), deixando um rastro de destruição à medida que avançou
pelo Rio Doce.
Várias pessoas ficaram desabrigadas, com pouca água disponível, sem contar aqueles
que perderam a vida na tragédia. Além disso, há os impactos ambientais, que são
incalculáveis e, possivelmente muitos deles, irreversíveis.
Sendo assim, o movimento ambientalista nasce na década de 70, no final do século
passado em resposta à crise ambiental.

Observamos dessa forma que a preocupação ambiental é recente na História da


Civilização, e consequente da perplexidade humana frente às catástrofes e a supressão
de muitos recursos naturais que antes existiam em abundância e muitos deles foram
extintos na Natureza.

Trata-se de um movimento que inicialmente fica restrito a pequenos grupos compostos


principalmente por representantes do campo das Ciências Físicas e Naturais.

O próprio termo Ecologia só foi reconhecido nos fins dos anos 60, embora tenha sido
citado pela primeira vez em 1869 pelo biólogo alemão Ernst Haeckel. Entretanto, a
Ecologia, se definia apenas como “uma parte da Biologia que trata do estudo das
relações dos organismos, ou grupos de organismos, uns com os outros e com todos os
demais fatores que compreendem o seu meio”.
O termo surge vinculado à Ciência Moderna e acrescido exclusivamente às Ciências
Biológicas. Afirma-se assim enquanto Ciência, dentro de uma perspectiva explicativa e
corretiva, sendo reduzida à “ciência das leis que regulam o equilíbrio da natureza” e,
consequentemente, desconectada dos aspectos sócio – econômicos e culturais que
como vimos, produzem os “desequilíbrios ambientais”.
Inevitavelmente, devido aos agravamentos dos impactos ambientais, e na busca de
respostas, a Sociologia passa a debater sob os aspectos socioambientais, suas causas
e consequências para o meio ambiente e para o homem. Bem depois, despertou
interesse em outras áreas do conhecimento como: a Geografia, a Demografia, a
Antropologia e Economia.
Silva (2010), considera que a abordagem sociológica passa a evidenciar as incômodas
evidências da “questão ambiental”. Sublinha que: “os países capitalistas destroem o
meio ambiente e quem paga a conta é a população pobre, especialmente da periferia
do sistema. ”
Para Barbieri (2011, pag.11), “a preocupação com os problemas ambientais
decorrentes de crescimento e desenvolvimento deu-se lentamente e de modo muito
diferenciado entre os diversos agentes, indivíduos, governos, organizações
internacionais, entidades da sociedade civil, etc.” Destaca que a evolução da questão
ambiental se deu em 3 etapas: a primeira baseou-se na percepção de problemas
ambientais localizados e atribuídos à ignorância, negligência, dolo ou indiferença das
pessoas e dos agentes produtores e consumidores de bens e serviços.
Afirma que nessa fase, as ações para coibir estas práticas são de natureza reativa,
corretiva e repressiva, tais como: proibições, multas, e atividades típicas de controle da
poluição para combater os efeitos gerados pelos processos de produção e consumo.
Na segunda fase a degradação ambiental é percebida como um problema
generalizado, porém confinado nos limites territoriais dos estados nacionais. O autor
cita que a gestão inadequada dos recursos é apontada como a causa básica dos
problemas.

Sendo assim, às práticas repressivas e corretivas são acrescentados novos


instrumentos de intervenção governamental voltados para a prevenção da poluição e
melhoria dos sistemas produtivos, como por exemplo: o estímulo à substituição de
processos produtivos poluidores ou consumidores de insumos escassos por outros
mais eficientes e limpos, o zoneamento industrial e o estudo prévio dos impactos
ambientais para o licenciamento de empreendimentos com elevada capacidade de
interferência no meio ambiente.
Já na terceira fase, a degradação ambiental passa a ser percebida como um problema
planetário, que atinge a todos e que decorre do tipo de desenvolvimento praticado pelos
países.
Barbieri (2011) considera que as ações nessa nova fase questionam as políticas e as
metas de desenvolvimento praticadas pelos estados nacionais, que são via de regra
baseadas numa visão economicista: contestam as relações internacionais,
principalmente nas relações estabelecidas entre os poucos países desenvolvidos
(industrializados) e a maioria dos países não desenvolvidos ou com baixa
industrialização; e incorporam novas visões sobre a questão da sustentabilidade –
agora, não só pelo viés ecológico.
Para o autor, “essa nova maneira de perceber as soluções para os problemas globais,
que não se reduzem apenas à degradação do ambiente físico e biológico, mas que
incorporam dimensões sociais, políticas e culturais, como a pobreza e a exclusão social
– é o que vem sendo chamado de desenvolvimento sustentável. ” (pag. 12)
Alcantara (2010) afirma que a década de 70, devido a crítica às desigualdades oriundas
da sociedade de consumo, além do grande desenvolvimento da indústria bélica e dos
estados autoritários, levaram ao crescimento dos movimentos pacifistas que
compuseram o surgimento dos hippies, vertente mais doce até hoje surgida no
movimento ambientalista.
Destaca que paralelamente, surge outra corrente com os neomalthusianos, embasados
na teoria do economista Thomas Robert Malthus, que em 1798 publicou um ensaio
pioneiro sobre o estudo do crescimento das populações e como isso afeta o
desenvolvimento futuro da sociedade humana.
Esse grupo propunha a necessidade do controle populacional como forma de conter a
degradação do meio ambiente e da qualidade de vida. Surge aí as políticas de controle
de natalidade e esterilização de mulheres em países subdesenvolvidos a partir da
década de 70, inclusive o Brasil.

É preciso destacar, no entanto, que muito embora a esterilização não era o pensamento
dos ambientalistas, mas sim, o controle racional movido pela consciência de limite dos
recursos naturais.

Devido à pressão do governo da


Suécia sobre a ONU, por motivo do
desastre ecológico da Baía de
Minamata, no Japão, realizou-se
em 1972 a Conferência de
Estocolmo – tida como a primeira
conferência internacional sobre o
Meio Ambiente
UNIDADE 2 - EVOLUÇÃO DA POLÍTICA AMBIENTAL NO MUNDO E NO BRASIL

Reafirmando os autores até agora citados, Magrini (2001), destaca que a evolução da
política ambiental no Brasil pode ser descrita através de importantes marcos de
referência, ou seja, por meio de grandes acontecimentos internacionais ocorridos a
partir da segunda metade do século XX.

Para a autora, nesse período, ocorreu o desenvolvimento de três óticas em relação à


questão ambiental: a ótica corretiva (preponderante nos anos 1970), a ótica preventiva
(preponderante nos anos 1980) e finalmente, a ótica integradora (característica dos
anos 1990), que fornece a base teórica para a elaboração das ações políticas
ambientais atuais.

A política ambiental brasileira se


desenvolveu de forma tardia se
comparada às demais políticas setoriais
brasileiras, e basicamente em resposta
às exigências do movimento
internacional ambientalista.

A industrialização no Brasil foi historicamente tardia ou retardatária. Enquanto na


Europa se desenvolvia a Primeira Revolução Industrial, o Brasil vivia sob o regime de
economia colonial.
A metrópole portuguesa proibia o desenvolvimento da manufatura e da indústria,
especialmente por dois motivos: os produtos iriam concorrer com o comércio do reino
e a colônia poderia se tornar independente, o que não interessava à metrópole.
Em 1808, com a vinda da família real para o Brasil, o regente D. João tomou algumas
medidas que favoreceram o desenvolvimento industrial, entre elas, a extinção da lei
que proibia a instalação de indústrias de tecidos na colônia e liberou a importação da
matéria prima para abastecer as fábricas, sem a cobrança da taxa de importação.
Essas medidas não surtiram o efeito esperado, o mercado interno ainda era pequeno.
Estados e governos estavam ligados as pessoas que desenvolviam atividades
agropecuárias exportadoras e a preocupação era expandir a produção de café, de onde
provinha a riqueza e o poder.
Dessa forma o Brasil chegou ao fim do século XIX sem completar sua primeira
Revolução Industrial, que só ocorreu em 1930, cem anos depois da que ocorreu na
Inglaterra.

Fatores contribuíram para o processo de industrialização no


Brasil:
 . a exportação de café gerou lucros que permitiram o
investimento na indústria;
 . os imigrantes estrangeiros traziam consigo as técnicas de
fabricação de diversos produtos;
 . a formação de uma classe média urbana consumidora,
estimulou a criação de indústrias;
 . a dificuldade de importação de produtos industrializados
durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) estimulou a
indústria.

Retomando Magrini (2001), a abordagem setorial corretiva e não integrada da questão


ambiental por parte dos elaboradores de políticas públicas brasileiros, aliada à visão
governamental da época de que a proteção ambiental não deveria sacrificar o
desenvolvimento econômico do país, constituíram os principais entraves para a
inserção do componente da sustentabilidade no modelo de desenvolvimento
econômico brasileiro. Durante séculos, o desenvolvimento econômico decorrente da
Revolução Industrial impediu que os problemas ambientais fossem considerados. O
meio ambiente era predominantemente visto como acessório do desenvolvimento, e
não como parte intrínseca dele.

A poluição e os impactos ambientais do desenvolvimento desordenado eram visíveis,


mas os benefícios proporcionados pelo progresso os justificavam como um “mal
necessário”, algo com que se deveria resignar.

O país que primeiro percebeu a necessidade e urgência da intervenção do poder


público sobre as questões ambientais foram os Estados Unidos, ainda na década de
1960. Paradoxalmente, o país considerado o paraíso do não intervencionismo foi que
primeiro a promover a intervenção regulamentadora no meio ambiente, através da
“Avaliação dos Impactos Ambientais” (AIA), formalizada nos Estados Unidos em 1969.

Ainda para Magrini (2001), No Brasil, a política ambiental brasileira nasceu e se


desenvolveu nos últimos quarenta anos como resultado da ação de movimentos sociais
locais e de pressões vindas de fora do país.

Do pós-guerra até 1972 – ano da Conferência de Estocolmo –, não havia propriamente


uma política ambiental, mas sim, políticas que acabaram resultando nela. Os temas
predominantes eram o fomento à exploração dos recursos naturais, o desbravamento
do território, o saneamento rural, a educação sanitária e os embates entre os interesses
econômicos internos e externos.

A legislação que dava base a essa política era formada pelos seguintes códigos: de
águas (1934), florestal (1965) e de caça e pesca (1967). Não havia, no entanto, uma
ação coordenada de governo ou uma entidade gestora da questão.

Nessa época, o desenvolvimento do país tinha como uma de suas bases o investimento
público nas áreas de petróleo, energia, siderurgia e infraestrutura, associado aos
capitais privados investidos nas indústrias de transformação, que viabilizavam a
industrialização por substituição de importações, como vimos anteriormente.

Na década de 1960, porém, esse modelo de desenvolvimento foi sendo redefinido e,


ao final da década, em função da poluição gerada por tais atividades, demandas
ambientais começaram a surgir. Em 1970, um relatório formulado pelo Clube de Roma
em associação com o grupo de pesquisas do Massachusetts Institute of Technology
(MIT) foi publicado com o título de Limites do Crescimento.

Figura 2

Fonte:
https://www.google.com.br/search?q=limites+do+crescimento+clube+de+roma&biw=9
42&bih=537&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjJ17XD1cTSAhUGFpAKH
dD6A8AQ_AUIBigB&dpr=1.1#imgrc=_pKTUf6mNqqkzM:

Esse documento apresentava modelos que relacionavam variáveis de crescimento


econômico, explosão demográfica, poluição e esgotamento de recursos naturais, com
ênfase nos aspectos técnicos da contaminação – devido à acelerada industrialização e
urbanização – e no esgotamento dos recursos naturais, em função da explosão
demográfica.

Os objetivos desse documento eram: obter uma visão mais clara dos limites do planeta
e das restrições que ele impunha à população e às suas atividades e identificar os
elementos que influenciavam o comportamento dos sistemas mundiais e suas
interações, advertindo para uma crise mundial, caso essas tendências se
perpetuassem.

Dois anos posteriormente, foi promovida na cidade de Estocolmo a Conferência das


Nações Unidas para o Meio Ambiente, da qual o Brasil foi um dos participantes. As
questões ambientais levantadas diziam respeito às poluições do ar; da água e do solo
derivadas da industrialização, as quais deveriam ser corrigidas. O objetivo dessa
reunião era encorajar a ação governamental e dos organismos internacionais para
promover a proteção e o aprimoramento do meio ambiente humano. As propostas
apresentadas na Conferência de Estocolmo tiveram como base os dados divulgados
pelo relatório do Clube de Roma. No entanto, tanto a análise dos problemas quanto as
medidas propostas para a sua solução tinham um caráter muito pontual, privilegiando
basicamente a correção dos problemas apontados.

Dessa conferência resultaram os princípios que representaram compromissos entre as


nações. Recomendava ainda a assistência técnica e financeira, atribuindo a
“instituições nacionais apropriadas, as tarefas de planejamento, gerenciamento e
controle dos recursos ambientais”.

A posição do Brasil em relação às


questões ambientais colocadas pela
conferência, endossada pelos demais
países do chamado Terceiro Mundo, foi
bastante clara: o crescimento econômico
não deveria ser sacrificado em nome de
um ambiente mais puro.

Os delegados brasileiros até reconheceram a ameaça da poluição ambiental, mas


sugeriram que os países desenvolvidos deveriam pagar pelos esforços dessa
purificação. Além disso, o Brasil discordou da relação direta entre crescimento
populacional e exaustão dos recursos naturais, opondo-se fortemente às propostas de
medidas de controle de natalidade.

Um terceiro componente sustentado pela posição brasileira causou ainda muita


polêmica: segundo os delegados brasileiros, a soberania nacional não poderia ser
mutilada em nome de “interesses ambientais mal definidos”.

O princípio da soberania nacional, o direito de


uma nação explorar seus recursos de acordo
com as suas prioridades, foi obsessivamente
declarado pelo Brasil.

Uma das razões para isso dizia respeito à disputa com a Argentina em torno do uso da
Bacia do Prata. Assim, os elementos básicos da política externa brasileira da época –
de afirmação da sua soberania no sentido de optar por não sacrificar o desenvolvimento
econômico em nome do meio ambiente – “sairiam assim vitoriosos de Estocolmo e
viriam então a modelar as políticas ambientais internamente” [x]. Em 1973, pouco
depois da Conferência de Estocolmo, foi criada no Brasil a Secretaria Especial de Meio
Ambiente (Sema), órgão especializado no trato de assuntos ambientais sob a
coordenação do Ministério do Interior. Essa, se dedicava ao avanço da legislação e aos
assuntos que demandavam negociação em nível nacional, tais como a produção de
detergentes biodegradáveis, a poluição por veículos, a demarcação de áreas críticas
de poluição e a criação de unidades nacionais de conservação.

2.2 Convenções e Tratados Internacionais sobre Clima e Meio Ambiente

Como vimos, estudos e trabalhos de Gestão Ambiental refletem a preocupação da


humanidade, no que se refere à utilização dos recursos naturais, incluindo a
necessidade da busca pela forma adequada de exploração, transformação e consumo,
para que estas etapas sejam otimizadas e a exaustão dos recursos seja evitada ou
protelada por um longo prazo.
Até a década de 60 o conceito de desenvolvimento significava apenas crescimento
econômico. Dessa forma, a manutenção da qualidade de vida não era percebida como
fato dependente da qualidade ambiental, e considerava-se incompatível com o
desenvolvimento. Somente no final da década de 60 e início de 70, começaram a surgir
propostas inovadoras, no que diz respeito à proteção ambiental.

Após a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Declaração
de Estocolmo), que ocorreu de 5 a 16 de junho de 1972 na Suécia, houve uma mudança
no pensamento acerca do meio ambiente (DOTTO e CUNHA, 2010), e
consequentemente esse foi o período no qual iniciaram as maiores preocupações sobre
essa temática. Os conceitos abordados nesta conferência contemplaram a
necessidade de orientação da sociedade quanto à proteção do meio ambiente,
principalmente, no que se referia à poluição originada pelas emissões das atividades
industriais (MAGLIO, 2000).

Essa conferência enfatizou a necessidade de projetar e programar estratégias para o


meio ambiente, no intuito de promover o desenvolvimento social e econômico de forma
ambientalmente justa por meio do emprego de técnicas adequadas de produção. Foram
estabelecidos 26 princípios, dentre os quais, buscaram enfatizar a preocupação com a
exaustão dos recursos pelo crescente consumo, compatibilizando produção e
qualidade de vida para as gerações atuais e futuras.

Em decorrência dos resultados e avanços obtidos a partir da Conferência de Estocolmo,


foram realizadas outras conferências com objetivos similares, visando discutir o
desenvolvimento sustentável e temáticas correlacionadas.

Vejamos a seguir:

2.2.1 Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - 1983 a 1986

A Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento foi criada pela ONU
em 1983, após uma avaliação dos 10 anos de vigência das ações propostas na
Conferência de Estocolmo. Nos primeiros três anos, o novo organismo promoveu
discussões entre líderes de governo e membros da sociedade civil, que resultaram no
Relatório Nosso Futuro Comum (também chamado Relatório Brundtland, em
homenagem à presidente da comissão, Gro Harlem Brundtland, então primeira ministra
da Noruega).

Lançado em 1987, o documento apontou a incompatibilidade entre desenvolvimento


sustentável e os padrões de produção e consumo da época. O relatório, que pela
primeira vez definiu o conceito de desenvolvimento sustentável, não sugeriu a
estagnação do crescimento econômico, mas sua conciliação com as questões
ambientais e sociais. O documento enfatizou os perigos do aquecimento global e da
destruição da camada de ozônio e afirmou que a velocidade das mudanças era maior
do que a capacidade dos cientistas de avaliá-las e propor soluções.

2.2.2 Cúpula da Terra / Rio-92 - 1992

Vinte anos depois da conferência de Estocolmo, foi a vez do Brasil sediar uma nova
reunião convocada pela Assembleia Geral das Nações Unidas. A Rio-92 ou Eco-92
reuniu líderes mundiais e entidades ambientais no Rio de Janeiro para analisar a
evolução das políticas de proteção ambiental. No encontro, os objetivos principais
foram:

• avaliar a situação ambiental de acordo com o desenvolvimento;

• estabelecer mecanismos de transferência de tecnologias não-poluentes aos países


em desenvolvimento;

• examinar estratégias para a incorporação de preocupações ambientais ao processo


de desenvolvimento;

• estabelecer um sistema de cooperação internacional para prever ameaças ambientais


e prestar socorro em casos de emergência;

• reavaliar o sistema de organismos da ONU, criando, se necessário, novas instituições


para implementar as decisões da conferência.

Participaram da Rio-92 172 países, representados por aproximadamente 10 mil


participantes, incluindo 116 chefes de Estado. Integrantes de cerca de 1.400
organizações não governamentais também receberam credenciais para acompanhar
as reuniões. Desde então, o papel dessas entidades foi se tornando cada vez mais
importante nas negociações internacionais sobre o meio ambiente.

A Cúpula da Terra produziu cinco documentos que, entre outros aspectos, alertavam
para a necessidade de uma urgente mudança de comportamento, com o objetivo de
preservar a vida na Terra. Foram eles:

• Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

• Agenda 21
• Princípios para a Administração Sustentável das Florestas

• Convenção da Biodiversidade

• Convenção sobre Mudança do Clima

2.2.3 Conferência das Partes 3 - 1997

Em 1997 foi a vez de Quioto, no Japão, sediar a terceira Conferência das Partes (COP
3), que resultou no Protocolo de Quioto. O documento foi um dos mais importantes
marcos para a preservação do meio ambiente por definir compromissos mais rígidos
para redução da emissão de gases de efeito estufa, principal causador do aquecimento
global.

O Protocolo de Quioto propôs um calendário para países industrializados reduzirem as


emissões combinadas de gases de efeito estufa. Para que pudesse começar a valer,
seria necessária a ratificação de pelo menos 55 países, que juntos deveriam
corresponder por pelo menos 55% das emissões globais de gases do efeito estufa. O
protocolo entrou em vigor em fevereiro de 2005, mesmo sem adesão dos Estados
Unidos, um dos principais países emissores de gás estufa.

2.2.4 Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável - 2002

A Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, também chamada de


Rio+10, aconteceu em Joanesburgo, na África do Sul, em 2002. O objetivo era avaliar
os avanços e identificar os obstáculos que impediram os países de promoverem
grandes avanços em relação aos compromissos assumidos na Rio-92.

Na Conferência foram escritos dois documentos: o Plano de Implementação, que tem


como base os resultados conseguidos desde a Rio-92 e busca acelerar o cumprimento
dos demais objetivos, e a Declaração Política, que reafirma o compromisso dos países
com o desenvolvimento sustentável.

2.2.5 Conferência de Bali - 2007

A Conferência de Bali, na Indonésia, em 2007, teve o objetivo de traçar metas ainda


mais ambiciosas do que as estabelecidas pelo Protocolo de Quioto quanto às emissões
de gases do efeito estufa. O resultado da conferência foi o Mapa do Caminho, nome
sugerido pela delegação brasileira, acordado por 190 nações, que não definiu
porcentagens de redução, mas estabeleceu a data em que um acordo realmente efetivo
terá que ficar pronto: dezembro de 2009, na reunião COP 15 na Dinamarca.

2.2.6 Conferência de Copenhague - 2009

Tal como nos eventos anteriores, foi a vez da capital da Dinamarca sediar uma
conferência mundial em busca de soluções para o aquecimento global e firmar de vez
um acordo a ser seguido pelos países mais ricos em prol dos mais pobres. Porém, ao
contrário das expectativas, a COP-15 não obteve o sucesso que se esperava e o
Acordo de Copenhague, um documento de apenas 12 parágrafos, não possui a
representatividade ou até mesmo legalidade necessária. Após muita expectativa, o
planeta ainda se vê sem um acordo efetivo entre as nações que poderá lhe ajudar a
voltar a respirar.

2.2.7 Conferência do Clima da ONU de Durban – 2011

Evento realizado em Durban, na África do Sul, reuniu representantes de 190 nações


para decidir pela renovação – ou não – no mais importante acordo feito até então para
contenção dos gases de efeito estufa: o Protocolo de Quioto. Ao final, a COP 17 lançou
as bases de um futuro acordo de controle da poluição que deverá ser aprovado até
2015 e entrar em vigor apenas a partir de 2020 – o que foi alvo de críticas de
ambientalistas pelo mundo todo.

Outra estrutura definida foi o Fundo Verde do Clima que, também a partir de 2020, dará
suporte financeiro para iniciativas de combate às mudanças do clima mundial.
Inicialmente o fundo terá aporte de US$ 100 bilhões.

2.2.8 Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) –


2012

Vinte anos após a Rio 92, mais de 45 mil participantes, entre chefes de governo e
sociedade civil, voltaram a se reunir na cidade do Rio de Janeiro, entre 13 e 22 de junho
de 2012. O documento final da conferência, intitulado “O Futuro Que Queremos”
(conteúdo em inglês), apontou a pobreza como o maior desafio a ser combatido.

O texto também defende o fortalecimento do Programa da ONU para o Meio Ambiente


(Pnuma) e a criação de um órgão político para apoiar e coordenar ações internacionais
para o desenvolvimento sustentável.
Além disso, os 188 países presentes na Rio+20 se comprometeram a investir US$ 513
bilhões em projetos, parcerias, programas e ações nos próximos dez anos nas áreas
de transporte, economia verde, energia, proteção ambiental, desertificação e mudanças
climáticas, entre outros.

Visite:
Ministério do Meio Ambiente
Organização das Nações Unidas
Rio+20
UNIDADE 3: INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL PÚBLICA

De acordo com a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) – Lei nº 6.938/81
– os instrumentos de gestão ambiental são considerados os mecanismos utilizados pela
administração pública com o intuito de alcançar os objetivos da política ambiental
(BRASIL, 1981).

A análise da efetividade dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente


(PNMA) diante da complexidade dos interesses sociais, a resolução dos conflitos
ambientais requer uma condução compartilhada no processo de gestão.

Essa preocupação está explicitada na Constituição de 1988 (art. 225) quando


determina que “impõe-se ao poder público e à coletividade o dever de proteger e
preservar o ambiente para as presentes e futuras gerações” (GOMES, 2008).

Com o aumento dos riscos das atividades humanas, o poder público viu-se obrigado a
ampliar o disciplinamento legal sobre a proteção ambiental, bem como seu papel
institucional, criando mecanismos para avaliação dos riscos, visando subsidiar os
processos decisórios, a fim de evitar a ocorrência de danos ambientais
(MASCARENHAS, 2009).

Souza (2005) ensina que as regras jurídicas existem para regulamentar os fatos e atos
da vida social, porém, algumas vezes observa-se certa dúvida sobre a efetividade
dessas regras diante do objetivo pretendido, quando se refere à realização e
praticidade, segundo a capacidade de adequação do comportamento social de acordo
com a previsão normativa.

Os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente são ferramentas da política


ambiental brasileira que visam conter as atividades econômicas que ameaçam
determinado sistema ambiental, a partir de medidas preventivas e coibitivas,
traduzindo-se em normas de comando e controle, visando à regulamentação das
atividades de potencial impacto ambiental.

Traduzem-se em restrições de atividades, controle do uso de recursos naturais e


especificação de tecnologias. A legislação brasileira é clara em seus princípios e
objetivos, porém, quando se trata das atribuições para execução da política ambiental,
não se mostra específica o suficiente.

Mesmo fazendo menção ao Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA - (artigo


8º, PNMA), observa-se certa restrição para apreciação de estudos de impactos
ambientais e respectivos relatórios como sendo competência do CONAMA (ROSSI,
2009).
Dessa forma, os efeitos dos instrumentos de gestão de controle ambiental muitas vezes
são questionados, pois, não é simples manter o desenvolvimento econômico e conter
o avanço da degradação ambiental.

Braga (2010) cita duas deficiências importantes que comprometem a base da estrutura
institucional responsável pela formulação e aplicação das normas ambientais
brasileiras, que são: o grande número de instâncias decisórias com o potencial para a
edição de normas ambientais (descentralização de poderes) e a baixa qualidade das
regras que disciplinam o processo administrativo. Somado a isso, verifica-se ainda
problemas advindos da burocracia exagerada, falta de profissionais que atuam na sua
devida área de formação; problemas na fiscalização por parte dos órgãos competentes;
problemas de logística; falta de equipamentos adequados para fiscalização e
programas integrados de educação ambiental.

Varela (2007) enfatiza que os instrumentos de políticas ambientais podem ser diretos
ou indiretos. Os primeiros são aqueles elaborados exclusivamente para resolver
questões ambientais (comando e controle) e os indiretos são desenvolvidos para
resolver outros problemas, mas acabam colaborando para as soluções relativas ao
meio ambiente.

Quando entram em pauta, os instrumentos de políticas ambientais, geralmente,


referem-se aos elementos de comando e controle, os quais se caracterizam pela
utilização de formas de regulação direta via legislação e normas. Já os instrumentos
indiretos são mecanismos de mercado e podem ser caracterizados pela imposição de
taxas, tarifas ou certificados de propriedade.

Para ALMEIDA (1992), nos últimos anos, o debate sobre a escolha de instrumentos de
política ambiental no Brasil vem se intensificando. Atualmente observa-se que os
instrumentos de comando e controle são os mais utilizados na tentativa de se evitar
grandes impactos negativos ao meio ambiente.

O poder legislativo encontra facilidades para criar leis que, no entanto, não atingem a
meta de minimização dos impactos ao meio ambiente, seja pela ineficiência dos
agentes fiscalizadores da lei, ou pela inaplicabilidade ou falta de inteligibilidade da lei.

A percepção de que os instrumentos de política nacional, tal como idealizados e


executados pelo Estado brasileiro, não estariam provocando a efetividade adequada
frente aos objetivos dessa política no que se refere à conservação ecológica, cria um
ambiente para o surgimento de um debate sobre os gargalos encontrados pelo sistema
de política ambiental brasileiro.
Com a aceleração desordenada da agricultura e da produção industrial após a Segunda
Guerra Mundial (1945), tornou-se perceptível a necessidade de encontrar um modelo
de desenvolvimento que não ameaçasse à sustentabilidade planetária (FARIAS, 2006).
Foi, entretanto, a partir da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, de
1972, onde aconteceram debates sobre o desenvolvimento sustentável, considerando-
se a partir de então, a importância de estudos sobre preservação da qualidade de vida,
envolvendo temas relacionados ao ambiente, por meio de protocolos e acordos
multilaterais entre países e blocos de países (RIBEIRO, 2010).

De acordo com Cunha e Coelho (2003), no Brasil, ocorreram três momentos na história
das políticas ambientais:

a) o primeiro período, de 1930 a 1971, foi caracterizado pela construção de uma base
de regulação dos usos dos recursos naturais;

b) no segundo período, de 1972 a 1987, a ação intervencionista do Estado chegou ao


ápice;

c) o terceiro período, de 1988 aos dias atuais, Política & Sociedade - Florianópolis - Vol.
11 - Nº 22 - Novembro de 2012 155 – 179 159 caracterizou-se pelos processos de
democratização e descentralização decisórias, e pela rápida disseminação dos
conceitos de desenvolvimento sustentável.

Dessa forma, no país, a política ambiental ganhou arquitetura legislativa somente após
a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA).

Assim, em 31 de agosto de 1981 foi publicada a Lei nº 6.938, criando a Política Nacional
do Meio Ambiente, e estabelecendo conceitos, princípios, objetivos, instrumentos,
penalidades, mecanismos de formulação e aplicação, no intuito de estabelecer normas
de gestão e proteção dos recursos ambientais.

A gestão ambiental no Brasil tem na PNMA (Lei 9.638/81) sua principal referência, que
por sua vez, é fundamentada nos incisos VI e VII do artigo 23 e artigo 225 da
Constituição Federal (ROSSI, 2009).

Segundo a Lei n° 6.938/81, artigo 3º, meio ambiente é considerado como o conjunto de
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que
permite abriga e rege a vida nas diferentes formas.

Nesse sentido, observa-se que a amplitude legislativa ambiental abrange o universo


animal, vegetal e mineral. Com relação à degradação ambiental, a mesma lei a define
como alteração adversa das características do meio ambiente (BRASIL, 1981).
Vale lembrar que de acordo com a Resolução CONAMA nº 01/86, degradação
ambiental está diretamente relacionada com impacto ambiental negativo, no qual,
considera-se como degradação da qualidade ambiental ocasionada pela atividade
humana (CONAMA, 1986).

Após vários anos de discussão no Congresso Nacional, em 2012 foi publicado o novo
Código Florestal Brasileiro, por meio da Lei 12.651/12, regulamentando a proteção da
vegetação nativa e revogando a Lei 4.771/65. A publicação desta lei, apesar de ter
gerado grande polêmica durante a votação nas casas do Legislativo (Câmara e Senado
Federal), atinge um nível de detalhamento que fortalece o conceito de produção
econômica sustentável rumo à gestão territorial integrada, valorizando o capital social
presente em diferentes realidades (VIEIRA e BECKER, 2010).

A redação do novo Código Florestal procurou preencher as lacunas do código anterior


de forma mais detalhada. O legislador enfatizou a instituição de áreas de proteção no
interior de propriedades rurais, tais como a Área de Preservação Permanente (APP) e
Reserva Legal (RL), além da regulação da exploração de produtos florestais e o trato
especial à agricultura familiar, considerados ambiental e socialmente importantes para
o país. A natureza coletiva do meio ambiente impõe ao Poder Público o dever de
orientar o uso dos recursos naturais de forma que seja mantida a capacidade produtiva
dos diferentes sistemas e compartimentos ambientais (MONTAÑO e SOUZA, 2008),
ou seja, o Estado tem a prerrogativa de fazer a avaliação das propostas de intervenção
no meio, e estabelecer as condições para que estas se tornem ambientalmente viáveis.

Os instrumentos de gestão ambiental são utilizados no sentido de evitar perdas


drásticas (custos externos) no meio ambiente. São as ferramentas utilizadas para a
efetiva defesa e proteção do ambiente (SAMPAIO, 2008).

Essas ferramentas de controle ambiental estão elencadas na Lei de Política Nacional


do Meio Ambiente (PNMA), em seu artigo 9º, e visam regulamentar as várias atividades
que abrangem o meio ambiente, para que haja preservação, melhoria e recuperação
da qualidade ambiental, tornando o ambiente favorável à vida e a condições propícias
para o desenvolvimento social e econômico (RODRIGUES, 2010).

3.1 Indicadores de Sustentabilidade e Indicadores de Avaliação de Desempenho


Ambiental
Os indicadores cumprem o objetivo social de melhorar a comunicação entre os
decisores políticos e a sociedade na discussão de temas complexos sobre os quais há
necessidade de um consenso social acerca da estratégia de sua abordagem, como a
política ambiental. Para tanto, um indicador deve tornar perceptível um fenômeno não
detectável em termos imediatos, tendo um significado maior que o fornecido pela
observação direta, expresso por gráficos ou formas estatísticas. Ressalte-se que os
indicadores são distintos das estatísticas e dos dados primários (ADRIANSEE, 1993).

Um indicador ambiental pode ser entendido como a representação de um conjunto de


dados, informações e conhecimentos acerca de determinado fenômeno
urbano/ambiental capaz de expressar e comunicar, de maneira simples e objetiva, as
características essenciais (como ocorrência, magnitude e evolução, entre outros
aspectos) e o significado (como os efeitos e a importância sócio - ambiental associado)
desse fenômeno aos tomadores de decisão e à sociedade em geral. Sua adoção
envolve a perspectiva de ser utilizado no acompanhamento de cada fenômeno
urbano/ambiental ao longo do tempo, no sentido de avaliar o progresso ou retrocesso
em relação ao meio ambiente.

Os princípios de base dos sistemas de indicadores ambientais são os seguintes:

— Comparabilidade: os indicadores devem permitir estabelecer comparações e apontar


as mudanças ocorridas em termos de desempenho ambiental;

— Equilíbrio: os indicadores ambientais devem distinguir entre áreas problemáticas


(mau desempenho) e áreas com perspectivas (bom desempenho);

— Continuidade: os indicadores devem assentar em critérios similares e em períodos


ou unidades de tempo comparáveis;

— Temporalidade: os indicadores devem ser atualizados com a regularidade


necessária para permitir a adoção de medidas;

— Clareza: os indicadores devem ser claros e inteligíveis.

Você pode se perguntar: COMO DEFINIR INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE?

Como vimos até o momento, para aplicar o conceito de desenvolvimento


sustentável torna-se fundamental o estabelecimento de indicadores, objetivos e
metas que possam dar a medida do desempenho de um país em matéria de
sustentabilidade. Uma vez estabelecidas as metas, poder-se-á então em qualquer
altura, avaliar a distância que separa o país/ região do fim em vista.

Assim, os indicadores são parâmetros selecionados e considerados isoladamente ou


combinados entre si, sendo especialmente úteis para refletir sobre determinadas
condições dos sistemas em análise (normalmente são efetuados tratamentos aos
dados originais, tais como médias aritméticas simples, percentis, medianas, etc.).

A par com os indicadores, surgem neste âmbito os conceitos de sub - índices (constitui
uma forma de agregação intermédia entre indicadores e índices) e
de índices (corresponde a um nível superior de agregação, onde após aplicado um
método de agregação aos indicadores e/ou aos sub - índices é obtido um valor final).

Relativamente ao conteúdo, amplitude e natureza do sistema de indicadores de


desenvolvimento sustentável proposto, consideram-se quatro categorias:

> Indicadores ambientais

> Indicadores económicos (micro e macro)

> Indicadores sociais

>Indicadores institucionais (compreendem a estrutura e funcionamento das


instituições incluindo instituições clássicas; organizações não governamentais (ONG) e
empresas.

De acordo com a classificação de 1993 da OCDE (Organização para a Cooperação e


o Desenvolvimento Económico), os indicadores ambientais podem ser sistematizados
pelo modelo Pressão-Estado-Resposta (PER) que assenta em três grupos chave de
indicadores:

> Indicadores de Pressão – caracterizam as pressões sobre os sistemas ambientais


e podem ser traduzidos por indicadores de emissão de contaminantes, eficiência
tecnológica, intervenção no território e de impacte ambiental;

> Indicadores de Estado – refletem a qualidade do ambiente num dado horizonte


espaço/ tempo; são os indicadores de sensibilidade, de risco e de qualidade ambiental;

> Indicadores de Resposta – avaliam as respostas da sociedade às alterações e


preocupações ambientais, bem como à adesão a programas e/ou implementação de
medidas em prol do ambiente; podem ser incluídos neste grupo os indicadores de
adesão social, de sensibilização e de atividades de grupos sociais importantes.

Em síntese, observe o quadro a seguir:


Fonte: http://www.ambiente.maiadigital.pt/ambiente/indicadores/o-que-sao-indicadores-de-sustentabilidade

Os indicadores e os índices podem servir um conjunto alargado


de aplicações consoante os objetivos em causa. Dessas aplicações podem destacar-
se as seguintes:

> Atribuição de recursos – suporte de decisões, ajudando os decisores ou gestores


na atribuição de fundos, alocação de recursos naturais e determinação de prioridades;

> Classificação de locais – comparação de condições em diferentes locais ou áreas


geográficas;

> Cumprimento de normas legais – aplicação a áreas específicas para clarificar e


sintetizar a informação sobre o nível de cumprimento das normas ou critérios legais;

> Análise de tendências – aplicação a séries de dados para detectar tendências no


tempo e no espaço;

>Investigação científica – aplicações em desenvolvimentos científicos servindo de


alerta para a necessidade de investigação científica mais aprofundada.

> Informação ao público – informação ao público sobre os processos de


desenvolvimento sustentável.

3.2 Desenvolvimento Sustentável em uma corporação – aspectos econômicos,


ambientais e sociais

Os conceitos de responsabilidade social e desenvolvimento sustentável têm como


definições básicas as decisões estratégicas e operacionais das empresas. Trata-se
de como devem ser observados quaisquer empreendimentos de maneira mais
detalhada sempre considerando os aspectos ambientais, econômicos, sociais e
humanos na organização. Para tanto, faz-se necessário uma observação detalhada
da ISO 26000, como veremos detalhadamente a seguir que trata de um conjunto de
normas que pretende padronizar as ações e orientar a implantação de projetos de
Responsabilidade Social pelas empresas, indiferente de porte ou tipo.

O tema responsabilidade social e desenvolvimento sustentável têm recebido cada vez


mais atenção, tanto por parte de estudos acadêmicos quanto por práticas de várias
empresas, deixando de ser uma questão complementar, para integrar a estratégia do
negócio.

No âmbito empresarial, o tema tem tomado proporções mundiais, o que pode ser visto
principalmente pelas propostas da Rio + 20 (Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável), que recentemente (13 a 22 de Junho de 2012)
abordou temas como Economia Verde e Estrutura Institucional para o
Desenvolvimento Sustentável.

Podemos analisar que ainda de forma tardia o Brasil está em plena expansão quanto
ao processo de construção de práticas de responsabilidade social e desenvolvimento
sustentável, mas apesar deste crescimento e atenção, ainda persiste a confusão do
que seja responsabilidade social e desenvolvimento sustentável no âmbito
empresarial, bem como as estratégias de disseminar corretamente o conceito.
Inicialmente, você deve entender os conceitos, responsabilidade e sustentabilidade.
Na língua portuguesa, Responsabilidade significa “Dever de arcar com o próprio
comportamento ou com as ações de outrem” (Dic. Online de Português), significado
este que nos direciona ao pensamento de que não somos responsáveis apenas pelos
nossos atos, mas, responsáveis pelos atos de terceiros, compreendesse também que,
nossos atos são impregnados de ações que causam e geram impactos efetivos ao
nosso redor.

Em se tratando de empresas, responsabilidade é muito mais do que só cumprir leis,


segundo Peter Drucker o desempenho econômico não é a única responsabilidade de
uma empresa, assim como o desempenho educacional não é a única
responsabilidade de uma escola.

Neste sentido, podemos perceber que responsabilidade social, não se trata somente
de ações eventuais e assistencialistas, mas de atitudes de valor no processo de
gestão, aonde se vai além do obrigatório, do legal, seja com os colaboradores ou com
os clientes, sobre este ponto, Lima (2000, p. 62) afirma:

A empresa competitiva não precisa da cidadania empresarial para


sobreviver. Ela precisa da cidadania empresarial para mostrar o
quanto é importante a sua participação no processo de
desenvolvimento da sociedade em geral, ultrapassando as barreiras
da sua função econômica, participando ativamente como um ator de
transformação social [...].

Já a Sustentabilidade é a forma de desenvolvimento que, mesmo suprindo nossas


necessidades atuais, se preocupa em atender essas mesmas necessidades das
gerações futuras, sem prejudicar o meio ambiente e garantindo uma formação
saudável e uma interação de respeito entre homem e natureza.

3.3 Caracterização da Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável


na esfera corporativa

As mudanças que a sociedade vem enfrentando nos últimos anos fez com que as
empresas diminuíssem o foco na maximização dos lucros, no cenário atual, não é raro
ver empresários de pequeno, médio e grande porte buscarem a participação em
projetos sociais ou apoio nos mesmos. Isso porque as pessoas estão cada vez mais
informadas, e impactos da poluição ambiental e outros aspectos relacionados à
responsabilidade social tais como, trabalho infantil, trabalho forçado, saúde e
segurança, começaram a pesar na decisão de compra dos consumidores.

A partir desta consciência, torna-se clara a escolha de bens e serviços provenientes


de empresas que mostram preocupação e atuam de fato na preservação do meio
ambiente e na utilização sustentável dos recursos naturais. Observa-se então que os
objetivos referentes às responsabilidades das empresas foram ampliados ou
redirecionados a fim de estas se tornarem instituições que possibilitem o
enriquecimento da sociedade e gerem lucro como meio de garantir o cumprimento de
sua função social. A ISO 26000 estimula as organizações a irem além do cumprimento
da lei e complementa outros instrumentos e iniciativas relacionadas à
Responsabilidade Social.

De acordo com a própria ISO 26000 a Responsabilidade Social define-se pela


responsabilidade de uma organização pelos impactos de suas decisões e atividades
na sociedade e no meio ambiente, por meio de um comportamento transparente e ético
que contribua para o desenvolvimento sustentável, levando em conta as expectativas
dos stakeholders (as partes envolvidas).

A seguir, observe os setes princípios mais importantes a serem considerados no


processo de desenvolvimento da norma:

- Prestar contas e assumir a responsabilidade pelo seu impacto;

- Transparência nas decisões e atividades;

- Comportamento ético;

- Respeito pelo interesse dos stakeholders;

- Respeito às regras legais;

- Respeito às normas internacionais de relacionamento;

- Respeito aos direitos humanos.

A ISO tem como objetivo criar normas que facilitem o comércio e promovam boas
práticas de gestão e o avanço tecnológico, além de disseminar conhecimentos. Mais
especificamente sobre a ISO 26000, esta foi criada durante a reunião do Comitê de
Políticas de Consumidores da ISO, em 2001, que se cogitou, pela primeira vez, a
criação de uma norma global de Responsabilidade Social Corporativa.

No entanto, o documento só passou a ser discutido em 2005. Desde então, uma série
de encontros do comitê organizador já ocorreram em diversas partes do mundo.

Sua versão final foi publicada em 2010 com o objetivo de traçar diretrizes para ajudar
empresas de diferentes portes, origens e localidades na implantação e
desenvolvimento de políticas baseadas na sustentabilidade.

Essa norma traz a proposta de servir como um importante norte para as corporações
e não como uma certificadora, ou seja, a adesão das organizações será voluntária.
Por isso, além dos princípios de Responsabilidade, Transparência, Comportamento
Ético, Consideração pelas partes Interessadas, Legalidade, Normas Internacionais e
Direitos Humanos, o documento envolve também áreas de Práticas de Trabalho, Meio
Ambiente, Práticas Legais de Operação, Combate a Corrupção e a Propina e
Desenvolvimento aliado à participação comunitária.

Atualmente, segundo o instituto ETHOS 78 países estão envolvidos na constituição da


norma, representados por 392 experts e 132 observadores, desta forma, com base
nos contatos e na disposição de posições ocorridas durante as reuniões
internacionais, o processo de elaboração da ISO 26000 conforma um verdadeiro
mutirão internacional.

3.4 Redução de Custo com uso da Gestão Ambiental; Benefícios e


Oportunidades

Você deve estar se perguntando: de que forma a implantação da Gestão Ambiental


Corporativa pode agregar valor e benefícios às empresas?

O primeiro benefício é a identificação de oportunidades para se reduzir os custos


ambientais. As empresas devem identificar, reduzir ou até mesmo eliminar
determinados custos ambientais a saber:

 consumo de água;
 energia;
 transporte;
 consumíveis e matérias-primas ; e eliminação de resíduos de efluentes

Será possível à empresa identificar e eliminar também:

 custos de matérias-primas não usadas e eliminação;


 custos de transporte, armazenagem e manuseio;
 possíveis penalidades para falhas de cumprimento, como a poluição;
 impostos para aterro.

Além de tudo o que foi citado, os resíduos têm custos ambientais na perda dos recursos
da terra e a geração de metano, um potente gás estufa.

Você pode identificar a quantidade de material que é desperdiçado na produção de


produtos através da comparação do peso dos materiais comprados com o rendimento
do produto. Isto é conhecido como um "balanço de massa ', e é uma ferramenta valiosa
para identificar áreas para redução de custos.

Observe:

3.4.1 Água

Empresas pagam pela água duas vezes - primeiro para comprá-la e depois descartá-
la. Como alimentação de rede de esgoto, e o aumento do comércio cargas de efluentes,
controlando o uso da água oferece várias oportunidades para fazer economia de
custos. Para aproveitar ao máximo estas oportunidades, é preciso identificar
claramente onde a água é usada, e onde você pode reduzir o consumo.

3.4.2 Energia

Energia é uma despesa significativa para a maioria das empresas, mas o uso muitas
vezes pode ser reduzida em pouco ou nenhum custo. Além disso, os benefícios podem
ser aumentados por iniciativas governamentais e subsídios que incentivam as
empresas a ser mais eficientes em termos energéticos, tais como subsídios de capital
reforçada. Contas de gestão ambiental ajudará a identificar ineficiências e práticas de
desperdício e, assim, oportunidades de melhorias e redução de custos.

3.4.3 Transportes e viagens

Reduzir o impacto ambiental de viagens de negócios e ao transporte de mercadorias e


materiais podem ter benefícios de custo significativo. Utilizando os transportes públicos
ao invés de carros da empresa, investindo em veículos mais eficientes e melhor
planejamento da jornada irá reduzir combustível, manutenção e outros custos.

3.4.4 Consumíveis e matérias-primas

O custo de matérias-primas e materiais consumíveis necessários para fabricar produtos


ou prestar serviços podem ser facilmente identificados, e discussões com gerentes
seniores irão mostrar onde é possível poupar. Por exemplo, o uso de produtos
reciclados ou sustentável pode reduzir os custos, bem como ter os benefícios
ambientais.

Você, como gestor ambiental ou profissional de Meio Ambiente na empresa, deve


incentivar os fornecedores a participar e ser envolvido no processo. Considere um
contrato "servicised", onde seus fornecedores são pagos pelo seu desempenho serviço
e não para o volume de fornecimento. Isso deve fornecer fornecedores com um
incentivo a procurar formas de minimizar, em vez de maximizar as quantidades de
produtos consumidos. No longo prazo, os fornecedores também têm um incentivo para
procurar maneiras de reconstruir ou reformular o que eles estão fornecendo, até mesmo
substituindo-o com uma tecnologia diferente.

3.5 Como alocar os Custos Ambientais a processos Específicos

A imputação de custos aos processos ou produtos é um elemento importante na


elaboração das contas de gestão. Ele permite identificar as áreas-chave que você deve
focar para cortar custos. Você, como gestor, deve produzir um fluxograma que mostra
as principais atividades do negócio, quebrando os processos em detalhes o suficiente
para permitir-lhe atribuir uma estimativa dos custos ambientais de cada atividade.

O fluxograma não deve ser excessivamente detalhado, mas deve ter informações
suficientes para mostrar claramente onde você pode fazer poupança. Assim como rever
a contabilidade geral e face-a-face entrevistas com gerentes e funcionários sênior irá
permitir-lhe lista de materiais, mão de obra, insumos e saídas de utilidade resíduos e
dar com precisão os custos ambientais e financeiros.

Uma vez a proposta ou projeto aprovado você pode começar a reduzir


significativamente os custos ambientais, muitas vezes com pouco ou nenhum
custo adicional.

Outras melhorias podem ser feitas através do investimento em:

 eco concepção de produtos;


 otimização de processos de produto;
 utilizando as novas tecnologias;
 recuperação e reutilização de materiais.

A maneira mais eficaz de cortar custos é definir objetivos e metas para que você tenha
objetivos claros para trabalhar.
UNIDADE 4: SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA)

Você deve ter observado que de fato a temática da sustentabilidade está em alta nos
dias de hoje, e fica cada vez mais evidente que a consciência ambiental desempenha
um papel definitivo na construção da cidadania. De forma crescente, as pessoas
avaliam seus comportamentos em sociedade e como eles se refletem na conservação
do nosso ecossistema. A atitude, inclusive, vai além do aspecto comportamental, já que
não são somente as pessoas físicas que geram impactos na natureza. Como temos
abordado com frequência ao longo dessa nossa conversa, as empresas
possuem responsabilidade de peso nesse contexto, sendo, aliás, cobradas por sua
postura ambiental no sentido legislativo e cada vez mais pelo público consumidor.
É neste cenário de mudanças que o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) vem para
balizar as ações corporativas em busca do equilíbrio do homem, da indústria e do meio
ambiente. Definição importante para esses novos tempos de valorização dos
empreendimentos verdes, o SGA é um conjunto de políticas, práticas e procedimentos
técnicos e administrativos de uma empresa com o objetivo de obter um melhor
desempenho ambiental.
Todas as oportunidades e melhorias nos processos do negócio também devem ser
buscadas pelo viés do SGA, a fim de reduzir os impactos de suas atividades produtivas
no meio. A norma ISO14001, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é
a responsável por regulamentar o sistema, estabelecendo os requisitos de
implementação e operação. É importante acrescentar, ainda, que este modelo
sustentável de gerenciamento está fundamentado nos cinco princípios a seguir, que
devem ser obedecidos pelas empresas:
1. Conhecer o que deve ser realizado, assegurando o comprometimento com o SGA e
definindo a política ambiental;
2. Elaborar um plano de ação voltado ao atendimento dos requisitos da política
ambiental;
3. Assegurar as condições para o cumprimento dos objetivos e metas ambientais e
implementar as ferramentas de sustentação necessárias;
4. Realizar avaliações qualiquantitativas periódicas de conformidade ambiental da
empresa;
5. Revisar e aperfeiçoar a política ambiental, os objetivos e metas e as ações
implementadas para assegurar a melhoria contínua do desempenho ambiental da
empresa.
Vimos na unidade anterior que a racionalização do uso dos recursos implica na
implantação de um SGA, pois, este aplicado à empresa como ferramenta de gestão,
traz inúmeros benefícios, como a redução de riscos de acidentes ecológicos e a
melhoria significativa na administração dos recursos energéticos, materiais e humanos,
o que tem um impacto positivo direto nas contas de água e luz.
O fortalecimento da imagem da empresa junto à comunidade, assim como aos
fornecedores, stakeholders, clientes e autoridades também entra na lista das vantagens
de se seguir um modelo verde de gerenciamento.
Devemos sublinhar e ter isso em mente que a tendência da procura por produtos e
serviços oriundos de empresas ecologicamente conscientes e socialmente
responsáveis, que já é comum na Europa, está se fortalecendo de forma
impressionante no Brasil.
Outro ponto positivo é a possibilidade de conquistar financiamentos governamentais e
bancários, assim como programas de investimento, que aumenta consideravelmente
com o bom histórico ambiental das empresas.
Você pode estar pensando: entendi a necessidade e os benefícios, mas, como
implantar um Sistema de Gestão Ambiental na Empresa? Por onde começar? Que tipo
de empresa pode implantar?
Bem, qualquer empresa pode implementar o SGA. Na etapa inicial do processo, é feito
um mapeamento de todas as atividades da empresa e suas necessidades. Depois
deste primeiro momento, a empresa interessada deve passar por quatro etapas,
organizadas do seguinte modo:
1. Definição e comunicação do projeto, bem como a geração de um documento
detalhando as bases;
2. Revisão ambiental inicial para planejamento do SGA;
3. Implementação;
4. Auditoria e certificação.

4.1 Certificação – ISO e EMAS

Mas, afinal... qual a diferença entre as ISOS e as EMAS?

EMA é a certificação desenvolvida pela Comunidade Europeia. Trata-se de um sistema


de gestão ambiental, ainda que é conhecido como Eco gestão e Auditoria,
abreviadamente designado por EMAS, reconhecendo que a responsabilidade
ambiental está nas mãos dos responsáveis pela indústria, dos consumidores e do
público em geral. Tal como está definido no tratado de Maastricht, o EMAS pretende
desenvolver um programa que auxilie as atividades económicas, assegurando-lhes um
impacto ambiental mínimo.
Eco Management and Audit Scheme (EMAS) é um sistema de gestão ambiental (SGA),
assim como a ISO 14001. É altamente reconhecido por entidades governamentais e
reguladoras do ambiente e opção vantajosa para algumas empresas que cumprem
requisitos regulamentados e têm envolvimento em
programas governamentais.

De fato, muitas empresas implementam os dois referenciais (EMAS e ISO 14001) e


mantêm a certificação ISO 14001, o registo EMAS. Pelas regras do referencial EMAS,
a empresa se obriga a reportar, em declaração pública, seu desempenho ambiental.

Em 2001, reservada até então unicamente às empresas, a norma EMAS estendeu-se


a outras organizações (ONG, serviços públicos etc.) e integrou as diretrizes da ISO
14001 como sistema de gestão ambiental de referência. Em 2002, a Comissão
Europeia adotou a nova estratégia referente à Responsabilidade Social das Empresas

(RSE), que visa realçar a contribuição das empresas para o desenvolvimento


sustentável. A RSE passou a ser vista como “a integração voluntária de preocupações
sociais e ambientais por parte das empresas nas suas operações e na sua interação
com outras partes interessadas”. A esta estratégia segue consulta pública, que foi
lançada em 2001, via Livro Verde, cujo objetivo é melhorar os conhecimentos sobre
RSE e facilitar o intercâmbio de experiências e boas práticas.

A proposta da Comissão Europeia inclui a criação de um fórum europeu multilateral


sobre RSE (CSR EMS Fórum) que conduza a avaliação e o benchmarking externos do
desempenho social e ambiental das empresas e dos códigos de conduta existentes. A
fim de fazer a RSE crível, a estratégia apela para caminhos que promovam a
convergência e a transparência das práticas e ferramentas no domínio da RSE.

Os sistemas de ecogestão, como são formalizados na ISO 14000 e no regulamento


europeu EMAS, definem o modus operandi que as empresas devem adotar a fim de
atingirem uma gestão integrada do meio ambiente, permitindo a melhoria contínua dos
seus desempenhos ambientais.

Esta operação é realizada apenas após ter determinado a situação ambiental da


empresa. No caso da EcoAuditoria (EMAS), esta etapa é pedida explicitamente,
não é o caso da ISO 14001, no entanto, a aplicação da ISO 14001 não pode ser feita
corretamente sem esta etapa prévia.

EMAS é instrumento importante da RSE, reconhecido como ferramenta-chave para


orientar as exigências ambientais e para promover a inovação e a modernização dos
processos. Consequentemente, contribui para a competitividade das empresas. Neste
contexto, solicita-se ao fórum do CSR EMS que explore a oportunidade de aplicar a
abordagem EMAS ao desempenho social das empresas e de outras organizações.

O EMAS foi criado através do Regulamento (CEE) n.º 1836/93 do Conselho, de 29 de


Junho de 1993, estabelecendo um elo entre a indústria e as imposições legais
associadas a algumas centenas de atos legislativos para proteção ambiental.

Quanto às ISOS, existem diferentes tipos de certificações, cada uma com suas
propostas para as empresas. Independente disso todas têm Independente disso todas
tem em comum o objetivo de introduzir reformas, arrumar o que não está dando certo
e incentivar a organização rumo à modernização administrativa. A proposta da
certificação ISO baseada na gestão da qualidade é oferecer vantagem competitiva e
melhoria contínua, corrigindo erros, reduzindo custos e processos ineficientes.

A certificação dos sistemas de gestão ambiental tem se tornado imprescindível para as


empresas devido ao aumento da conscientização ambiental e a busca pela
sustentabilidade, inclusive esteve em pauta na agenda do século 21. Fazer parte deste
rol é uma escolha acertada de empreendedores de todos os segmentos de atuação,
mas é importante enfatizar que o sucesso da implementação da SGA depende – e
muito – do comprometimento com as metas estabelecidas e dos próprios
colaboradores.

O diagnóstico ambiental, o sistema de gestão, o procedimento de auditoria e a


declaração final devem ser auditados por um organismo de certificação aprovado pela
comissão. Ao contrário das exigências da norma ISO 14001, o regulamento EMAS
prevê a publicação de uma declaração ambiental que deve incluir uma avaliação dos
problemas ambientais, um resumo dos dados quantificados.

4.2 Principais ISOS e suas vantagens

4.2.1 ISO 9001

Esse sistema de gestão da qualidade de padrão internacional cujo propósito é melhorar


o desempenho organizacional com foco nos negócios pode ser aplicado a qualquer
porte de empresa, produto ou serviço. Além de ampliar a competitividade no mercado
e ter possibilidade de fazer novos negócios, a certificação ISO 9001 também pode
aumentar o nível de organização interna, facilitar o controle da administração, melhorar
a produtividade e aumentar os lucros. Algumas empresas, atualmente, só realizam
contratos com fornecedores que possuam essa certificação, por isso é cada vez mais
necessário se readequar para obter mais uma vantagem competitiva. Ela pode ser um
ótimo caminho para uma organização que planeja seu crescimento ou expansão,
também facilita na hora de treinar novos colaboradores ou para quando houver
necessidade de substituições e quando existem atividades muito complexas na
organização.

4.2.2 Organização Interna

Ao gerenciar os processos da empresa, cada colaborador saberá qual a sua função.


Desta forma, as atividades são desenvolvidas de forma ordenada, com boa
comunicação entre os setores. O dinamismo será um dos resultados deste
mapeamento de processos.

4.2.3 Melhorias no desempenho dos negócios

Você estará na frente do concorrente ao possuir esta certificação. Usando os sistemas


de gerenciamento todas as atividades são monitoradas, são estabelecidas metas e
objetivos para os setores da empresa, a medição de desempenhos e resultados é feita
frequentemente. Você verá as melhorias em todos os departamentos em curto, médio
e longo prazo.

4.2.4 Credibilidade da marca

Com a certificação sua empresa terá mais credibilidade no mercado, através da


imagem de ser uma organização comprometida com a gestão de qualidade de seus
produtos e⁄ou serviços prestados.

4.2.5 Redução de custos

Além da economia de recursos e desperdícios desnecessários, sua empresa reduzirá


custos com o retrabalho, refugo, produtos com defeito, além de garantir mais
rentabilidade e reconhecimento dos clientes.

4.2.6 Satisfação dos clientes


Essa é uma das etapas obrigatórias no processo de implantação da certificação ISO
9001. Medir a satisfação dos clientes é obrigatória. Você terá segurança de que todas
as necessidades de seus clientes serão atendidas.

4.2.7 Colaboradores motivados

Com a ISO 9001, sua empresa alcançará níveis de excelência em gestão da qualidade
e isso resulta em colaboradores mais participativos, pois a comunicação melhora, os
processos definem padrões de eficiência no trabalho e envolvimento na solução de
problemas. Seus colaboradores serão mais eficientes e se sentirão mais motivados.

O processo de implantação da ISO pode não ser tão simples, mas se houver dedicação
e empenho de todas as pessoas e setores da empresa, com certeza ficará mais fácil.
Motivar toda equipe na busca desta melhoria é fundamental para que dê certo. A
contratação de uma consultoria especializada aliada à auditoria interna, é fundamental
para o sucesso da implantação.

4.2.8 ISO 14001

SO 14001 é uma norma reconhecida e respaldada internacionalmente que têm por


finalidade definir quais são as aplicações necessárias para se estabelecer um Sistema
de Gestão Ambiental, ou SGA, em empresas e organizações.

Etapas do SGA para conseguir a certificação ISSO 14001:

Requisitos gerais:

1- Ter uma política ambiental definida;


2- Planejamento da implantação;

3 - Implementação e operação;

4- Verificação;
5- Análise pela administração.

O objetivo dos requisitos acima é a criação e a promoção de um equilíbrio proporcional


entre desenvolvimento, rentabilidade e redução do impacto ambiental, fazendo com que
toda a organização esteja envolvida e comprometida para alcançá-lo.
Em um negócio ou em uma organização, há diversos processos que interferem
diretamente no meio ambiente, produzindo impactos ambientais. Assim, a
identificação desses aspectos e a compreensão da legislação ambiental referente a
eles são de grande importância.

Após a identificação dos processos que provocam impactos ambientais em conjunto


com a legislação pertinente, o próximo passo é modificar esses processos. Devem ser
implementadas mudanças no sistema de gestão ambiental, através de análises e
críticas. Isso deve ser tornar uma ação contínua em busca de melhorias.

A certificação do ISSO 14001 é feita pela ABNT (Associação Brasileira de Normas


Técnicas) por meio de auditorias e há prazo de validade do certificado, sendo
necessárias novas auditorias para revalidação.
É importante ressaltar que a obtenção do ISO 14001 promove diversas melhorias
internas nas empresas e organizações em termos de funcionamento, reutilização de
materiais, manuseio e reciclagem de resíduos, otimização do uso de energia, dentre
muitos outros.

Além disso, a credibilidade presente na obtenção do selo de qualidade também abre


um leque de melhores negócios, uma vez que a exigência do ISSO 14001 é, hoje, um
pré-requisito de muitas companhias e de muitos clientes para a realização de novos

Uma organização que deseja beneficiar-se desta certificação deve validar as quatro
seguintes etapas:

• Elaboração de diagnóstico ambiental, levando-se em conta o conjunto dos aspectos


ambientais das atividades da organização, dos seus produtos e serviços, dos seus
métodos de avaliação interna etc.;

• Definição de um sistema de gestão ambiental em face dos resultados do diagnóstico


e dos objetivos fixados pelos executivos da empresa. Este sistema deve definir as
responsabilidades, os objetivos, os meios para atingi-lo, os
procedimentos operacionais, as necessidades de formação e os sistemas de
informação.
• Realização de auditoria ambiental, levando-se em conta a implantação deste sistema
sua conformidade com os objetivos ambientais da empresa, bem como sobre o respeito
das leis ambientais pertinentes.

• Redação de declaração do desempenho ambiental da organização, que permita


comparar os resultados atingidos com os objetivos estabelecidos, bem como as
próximas etapas de melhoria do desempenho.

4.3 Análise de Ciclo de Vida – ACV

Como descrevemos de forma incansável nesse material de estudos para você, a


escassez dos recursos naturais e impactos ambientais são preocupações crescentes
desde as últimas décadas. O grande crescimento populacional e o aumento da
produção industrial, alimentado pela sociedade de consumo, acabam causando
impactos em todos os ecossistemas do planeta. Uma das formas de indivíduos,
instituições ou organizações amenizarem os impactos da produção e do consumo no
meio ambiente é analisar o ciclo de vida dos produtos. Mas, antes de tudo, o que é ciclo
de vida? Observe a figura a seguir:

http://www.ecycle.com.br/component/content/article/35/3074-o-que-e-avaliacao-analise-ciclo-vida-produto-acv-ferramenta-metodologia-estudo-eta
cadeia-produtiva-extracao-producao-embalagem-transporte-uso-deposicao-impactos-efeitos-riscos-poluicao-meio-ambiente-saude-sustentabilidad

Segundo definição utilizada pelo Instituto Nacional de Metodologia, Qualidade e


Tecnologia (Inmetro), o ciclo de vida é o conjunto de todas as etapas necessárias para
que um produto cumpra sua função na cadeia de produtividade, desde a extração e
processamento da matéria‐prima até o descarte final, passando pelas fases de
transformação, produção, transporte, distribuição, uso, reúso, manutenção e
reciclagem. A análise desse ciclo demonstrado na figura, tem um nome
oficial: Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). Ela nada mais é do que uma técnica
desenvolvida para verificar o impacto de produtos no meio ambiente. Ou seja, são
analisados os efeitos ambientais associados às atividades produtivas ao longo de todo
o ciclo de vida do produto.

A ACV hoje é regida pelas normas ISO 14040, criadas pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT). De acordo com um estudo feito na Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, esse tipo de avaliação auxilia na identificação de oportunidades de
melhoria nos aspectos ambientais dos produtos nas várias fases do seu ciclo de vida,
visando assim minimizar o uso de itens tóxicos, reduzir o consumo de água e energia,
diminuir a geração de resíduos (e encontrar soluções para utilizá-los como
subprodutos), reduzir os custos dentro do processo, avaliar a utilização de máquinas e
equipamentos, e ainda gerenciar outras atividades ambientais referentes ao processo
industrial, entre outros fatores.

Resumindo, a partir da ACV, a indústria pode verificar o que está fazendo de errado em
termos ambientais, tentando corrigir falhas; e o consumidor pode escolher, dentro das
suas possibilidades, produtos de companhias que se adequam a uma lógica mais
sustentável.

Um exemplo bastante prático pode ser observado no estudo realizado pela


Universidade Federal do Paraná (UFPR), que fez a comparação dos impactos
ambientais causados pela utilização de embalagens de PET com relação a embalagens
de alumínio, utilizando a metodologia do ACV. O estudo revelou que as embalagens de
PET afetam de forma mais negativa o meio ambiente se comparadas às de alumínio -
isso porque essas últimas têm maior redução quantitativa de energia no consumo de
recursos naturais, na emissão de poluentes atmosféricos e na geração de resíduos
sólidos.

O estudo também apresenta que no quesito consumo de recursos naturais renováveis


e não renováveis, PET é a embalagem que apresenta o pior cenário.

Um outro exemplo presente no nosso cotidiano é a comparação entre a utilização de


sacolas de plástico e sacolas de papel reciclado. De acordo com um estudo realizado
pela Franklin Associates, com o objetivo de avaliar os impactos energéticos e
ambientais pelo uso das sacolas de polietileno e de papel não branqueado, os
resultados mostraram que a energia necessária para produção de sacolas de plástico
foi de 20% a 40% menor do que para produzir a sacola de papel; as emissões
atmosféricas das sacolas de plástico foram de aproximadamente 63% a 7% menores
do que o papel. No entanto, as sacolinhas plásticas enfrentam problemas na parte final
do ciclo.

Existe um conceito também bastante relacionado ao ACV, que são os "seis 'erres' da
sustentabilidade". De acordo com o artigo publicado pelo Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), essas são as etapas para o planejamento
de um novo produto ou para melhorar um que já existente. O pensamento se baseia
nos seguintes conceitos:

4.3.1 Repensar

Examinar o produto para que ele seja o mais eficiente possível;

4.3.2 Repor (substituir)

Verificar a possibilidade de substituir algum item que seja tóxico por outro que impacte
menos a saúde humana e o meio ambiente;

4.3.3 Reparar

Desenvolver um produto que possa ter suas partes ou peças reparadas;

4.3.4 Reduzir

Pensar em uma forma de reduzir o consumo de matéria-prima, de energia, de água e


de emissão de poluentes;

4.3.5 Reutilizar

Pensar em um produto que tenha suas partes ou materiais passíveis de serem


utilizadas novamente;

4.3.6 Reciclar

Transformar os produtos e materiais que seriam jogados fora em matéria-prima ou em


novos produtos com outra utilidade.

Terminando a nossa disciplina fica aqui o seguinte questionamento:

Como esse tipo de analogia pode ser aplicado ao nosso dia a dia?
Dentro do nosso cotidiano, podemos incorporar também esse pensamento de ciclo de
vida, ao dar preferência a produtos naturais e biodegradáveis, pois têm um menor
impacto no meio ambiente e têm uma degradação muito mais rápida em contato com
ele. Quando procuramos utilizar produtos que apresentem selos verdes, demonstramos
consciência de estar consumindo itens que foram certificados por utilizarem métodos
que preservam o meio ambiente. Buscar utilizar produtos que sejam recicláveis também
é fundamental, pois assim contribuímos com o aumento do ciclo de vida desse
determinado produto.
LEITURA COMPLEMENTAR

Para obter mais informações sobre o desenvolvimento da Revolução Industrial e sua influência
na administração, sugerimos a leitura do seguinte texto:

SILVA, Patrícia Carla da. Revolução Industrial. Portal dos Administradores. 21 Janeiro 2009.
<http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/revolucao-industrial/ 27484/>.
Acesso em: 08 fev. 2014.

REDE DA SUSTENTABILIDADE. O que é sustentabilidade? – Disponível em:


< http://www.sustentabilidade.org.br/>. Acesso em: 06/03/2017.

ISO 26000 Norma Internacional de Responsabilidade Social. Novo site do Instituto


ETHOS sobre a norma ISO 26000. Disponível em: <www.ethos.org.br/iso26000>.
Acesso em: 07/01/2017.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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(Desenvolvimento de material didático ou instrucional - Material Instrucional).

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