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Dentro do domínio material definido elas relações jurídicas administrativas públicas, a ordem
judicial administrativa vai julgar os litígios entre os interessados – em princípio, os sujeitos
respetivos – dando-lhes uma solução de carácter jurisdicional.
No entanto, essa atividade exercida pelos tribunais administrativos sofre, em virtude da sua
qualidade substantiva, limitações funcionais específicas, na medida em que se apresenta como uma
atuação que envolve um juízo sobre a legitimidade do exercício de um poder público: o poder
administrativo (executivo). De facto, do princípio da divisão dos poderes, da dimensão que separa
o poder judicial dos outros poderes públicos, há-de resultar alguma limitação para a justiça
administrativa visto que o juiz não pode pura e simplesmente ignorar nem se substituir à
competência e à autoridade prcpria das decisões jurídico-públicas da Administração.
A primeira questão que se coloca é, da interpretação do atual artigo 212º/3º CRP – “compete aos
tribunais administrativos e fiscais o julgamento das ações e recursos contenciosos que tenham por
objeto dirimir os litígios emergentes das relações jurídicas administrativas e fiscais” – para saber se
aí se consagra uma reserva material absoluta de jurisdição atribuída aos tribunais administrativos,
no duplo sentido de que, por um lado, os tribunais administrativos sc poderão julgar questões de
direito administrativo, e de que, por outro lado, sc eles poderão julgar tais questões.
Os tribunais administrativos e fiscais constituem, desde 1989, uma categoria prcpria de tribunais,
separada dos ditos “tribunais judiciais” (209º/1º/b), formando uma hierarquia cujo crgão superior
é o Supremo Tribunal Administrativo (212º/1º).
O estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais (ETAF) de 2002 mantém duas categorias
distintas de tribunais – os tribunais administrativos de círculo e os tribunais tributários – sujeitas a
diferentes Secções dos Tribunais Centrais Administrativos (TCA) e do Supremos Tribunal
Administrativo (STA) – respetivamente, as do Contencioso Administrativo e as do Contencioso
Tributário – de modo que essas sub-ordens de tribunais são relativamente autcnomas, tendo
apenas, no topo da hierarquia, como crgão comum, o Plenário do STA.