Os diálogos entre Michel de Certeau e Michel Foucault a partir da
leitura de A Invenção do Cotidiano e de Vigiar e Punir
Autor: Raphael Cesar Lino. Orientador: Hélio Rebello Cardoso Júnior. UNESP, FCL de Assis,
História.
Palavras Chave: Certeau, Foucault, Historiografia.
Introdução
Os problemas levantados à Historiografia por
Michel de Certeau correspondem um importante
campo de reflexão, assim como a problematização
dos objetos analisados e a metodologia,
arqueológica e genealógica, de Michel Foucault.
Desse modo, ambos causaram entre os
historiadores alguns debates polêmicos e passaram
a influenciar na escrita da história. Nosso trabalho
busca pela leitura de A invenção do Cotidiano e
Vigiar e Punir estabelecer um diálogo entre os
autores, tanto por sua contribuição metodológica e
assim como pela inovação dos objetos analisados, o
cotidiano por Certeau e o surgimento da prisão por
Foucault.
Objetivos
Nosso objetivo com esta pesquisa é analisar os
dois autores, tendo em vista o movimento em que
percorria a historiografia, especificamente a terceira
geração dos Annales, desse modo nossa
comparação são os debates ocorridos entre os
autores por meio de textos em que se dedicam a
responder questões relacionadas às obras em
questão, e também o modo como constroem os
conceitos de antidisciplina e estratégias de Certeau
e o surgimento da Sociedade Disciplinar descrita por
Foucault.
Material e Métodos
Nossa metodologia consiste basicamente em
redigir textos e reflexões por meio de leituras pré-
estabelecidas num plano de atividades, com textos
que procuram abranger nossos objetivos e tenham
condições de tecer algumas conclusões e
argumentos específicos com possíveis contribuições
para o campo historiográfico.
Resultados e Discussão
Pensar a historiografia e suas mudanças no tempo
é também um grande campo de reflexão para os
historiadores de oficio, leva-se a pensar sobre a
escrita da história como uma prática que também é
resultado de condições e problemas historicamente
constituídos. Desse modo, dentre vários autores que
contribuíram para essa reflexão, nos apoiamos
especificamente nos trabalhos de Michel de Certeau
e Michel Foucault, ambos além de apresentarem
novos objetos históricos e novas propostas
XXV Congresso de Iniciação Científica
metodológicas, também trouxeram contribuições
para pensar sobre a escrita da história.
Certeau em A Escrita da História (1975) expõe
suas visões sobre a História e historiografia,
preocupa-se com a multidisciplinaridade e com a
linguagem, e a escrita da história estaria ligada ao
lugar institucional de onde fala o historiador, este
tem que adaptar seu trabalho a fim de ser aceito por
seus pares.
Foucault pensa numa história descontínua, os
acontecimentos não seguem uma linha evolutiva,
mas ao contrário, estão em descontinuidade em
relação aos anteriores, permitindo aos historiadores
1
repensar o tempo o passado e a verdade .
A partir dessas considerações dos dois autores
tecemos alguns pontos de comparação.
Foucault em Vigiar e Punir analisa o modo pelo
qual a punição muda na sociedade, do suplicio para
a clausura, do espetáculo da dor para a máxima
exposição do condenado num sistema de vigilância
continua. Esta mesma vigilância, segundo Foucault
também estaria localizada no que chama de
Sociedade Disciplinar, descrito como uma arte de
distribuição espacial dos corpos que busca o
controle pelo desenvolvimento das ações, e são
constantemente submetidos às formas da vigilância,
da norma e do exame.
Em A Invenção do Cotidiano Certeau descreve as
resistências dos consumidores, antes descritos
como simples agentes passivos às imposições a ele
instituídas, procura descrever o que chama de
Antidisciplina, conceito que busca exemplificar a
capacidade inventiva desse consumidor, que
segundo Certeau se mascarava por métodos de
análise totalitários.
Conclusões
Descritas brevemente podemos observar que
ambas as obras possuem alguns elementos
passiveis de comparação, os modos de vigilância e
instituição da Disciplina como modo de controle em
Foucault, e as resistências e inventividades dos
consumidores que são capazes de subverter a
ordem imposta, não sendo passivamente redutíveis
a elas. O espaço, problema presente em cada um é
explorado de maneira diferente, em Foucault a
vigilância panóptica e em Certeau as práticas de
subversão de tal dispositivo.
1
RAGO, Margareth. O efeito Foucault na historiografia brasileira.
Tempo Social. Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 7 (1-2): 67-82, out 1995.