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SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA Nº 696 - AR (2012⁄0226238-3)

(f)
RELATOR : MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA
REQUERENTE : ALBERTO LANIADO
ADVOGADO : CLAUDINEI JOSÉ FIORI TEIXEIRA E OUTRO (S)
REQUERIDO : LUIS OSVALDO ARMOZA
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - CURADOR
ESPECIAL
EMENTA
PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA ESTRANGEIRA
CONTESTADA. NULIDADE DE CITAÇÃO DA PARTE REQUERIDA NA
CARTA ROGATÓRIA. NÃO OCORRÊNCIA. SENTENÇA ESTRANGEIRA
QUE RECONHECE ESCRITURA DE CESSÃO DE
DIREITOS HEREDITÁRIOS. SOBERANIA NACIONAL E ORDEM PÚBLICA
NÃO VIOLADAS. HOMOLOGAÇÃO DEFERIDA.
1. "O ato citatório praticado no exterior deve ser realizado de acordo com
as leis daquele país, sendo, para tanto, incabível a imposição da
legislação brasileira" (SEC 3.897⁄EX, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, DJe
1º⁄7⁄2011).
2. A sentença estrangeira que reconhece a validade de escritura de cessão
dos direitos hereditários sobre imóvel no Brasil, apresentada pelo requerente,
não ofende a soberania nacional nem a ordem pública.
3. Requisitos dos arts. 5º e 6º da Resolução STJ n.º 9⁄2005 atendidos.
4. Homologação deferida.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima
indicadas, acordam os Ministros da CORTE ESPECIAL do Superior Tribunal
de Justiça, A Corte Especial, por unanimidade, deferiu o pedido de
homologação de sentença, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os
Srs. Ministros Humberto Martins, Maria Thereza de Assis Moura, Herman
Benjamin, Sidnei Beneti, Og Fernandes, Raul Araújo, Ari Pargendler, Gilson
Dipp e Nancy Andrighi votaram com o Sr. Ministro Relator.
Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Francisco Falcão, Laurita
Vaz, João Otávio de Noronha e Napoleão Nunes Maia Filho.
Licenciado o Sr. Ministro Jorge Mussi.
Convocado o Sr. Ministro Raul Araújo.
Brasília (DF), 04 de junho de 2014 (Data do Julgamento)
MINISTRO FELIX FISCHER
Presidente
MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA
Relator
SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA Nº 696 - AR (2012⁄0226238-3)
(f)
RELATOR : MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA
REQUERENTE : ALBERTO LANIADO
ADVOGADO : CLAUDINEI JOSÉ FIORI TEIXEIRA E OUTRO (S)
REQUERIDO : LUIS OSVALDO ARMOZA
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - CURADOR
ESPECIAL
RELATÓRIO
MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA:
ALBERTO LANIADO, cidadão argentino, requer a homologação da
sentença estrangeira proferida pelo Juizado de Primeira Instância nº 10 em
matéria Civil e Comercial em San Martin, província de Buenos Aires,
Argentina, em face do ora requerido, também argentino, LUIS OSVALDO
ARMOZA.
Informa o requerente que sua condição de legítimo cessionário foi
reconhecida pela sentença alienígena, a qual atribuiu validade à escritura de
cessão dos direitos hereditários recebida de seu falecido irmão, em desfavor
do ora requerido, que apresentara um documento de cessão, posteriormente
realizada.
Ressaltando que a Corte de Apelações de Buenos Aires confirmou a
sentença que, após notificação das partes, tornou-se definitiva, o requerente
pugna por sua homologação, a fim de que lhe seja atribuída "eficácia no
Brasil, para garantir a preservação dos seus direitos como cessionário sobre
o acervo hereditário existente no país em nome de seu irmão José Laniado"
(fl. 4).
O pedido foi originariamente apresentado perante o STF e, com o advento
da EC 45⁄2005, foram os autos encaminhados a esta Corte e distribuídos,
inicialmente, ao Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, então Vice-Presidente.
Procedida a citação do requerido por carta rogatória (fls. 340⁄358,
387⁄400, com tradução às fls. 415⁄422), ele não se manifestou no prazo legal,
conforme certidão de fl. 402.
A Defensoria Pública da União apresentou contestação às fls. 424⁄433.
Arguiu preliminarmente a nulidade da citação, uma vez que o requerido não
chegou a assinar "o recibo de entrega da carta rogatória" e "o ato de
comunicação processual foi entregue a um "encarregado do edifício"".
Alegou, ainda, caso superado esse óbice, que a pretensão dorequerente
ofende a soberania e ordem públicas nacionais, "consubstanciadas no art. 89,
inc. I, do Código de processo Civil, uma vez que uma autoridade judicial
estrangeira estaria conhecendo, direta ou indiretamente, de ação relativa a
bem imóvel situado no Brasil".
O requerente ofereceu réplica às fls. 450⁄451.
Com vista, o Ministério Público Federal manifestou-se às fls.
465⁄466, opinando, conclusivamente, pelo deferimento do pedido de
homologação.
É o relatório.
SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA Nº 696 - AR (2012⁄0226238-3)
(f)
EMENTA
PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA ESTRANGEIRA
CONTESTADA. NULIDADE DE CITAÇÃO DA PARTE REQUERIDA NA
CARTA ROGATÓRIA. NÃO OCORRÊNCIA. SENTENÇA
ESTRANGEIRA QUE RECONHECE ESCRITURA DE CESSÃO DE
DIREITOS HEREDITÁRIOS. SOBERANIA NACIONAL E ORDEM
PÚBLICA NÃO VIOLADAS. HOMOLOGAÇÃO DEFERIDA.
1. "O ato citatório praticado no exterior deve ser realizado de acordo com as
leis daquele país, sendo, para tanto, incabível a imposição da
legislação brasileira" (SEC 3.897⁄EX, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI,
DJe 1º⁄7⁄2011).
2. A sentença estrangeira que reconhece a validade de escritura de
cessão dos direitos hereditários sobre imóvel no Brasil, apresentada
pelo requerente, não ofende a soberania nacional nem a ordem pública.
3. Requisitos dos arts. 5º e 6º da Resolução STJ n.º 9⁄2005 atendidos.
4. Homologação deferida.
VOTO
MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA (Relator):
Preliminarmente, verifica-se que a Justiça Argentina deu cumprimento à
carta rogatória, como se depreende da leitura de sua tradução (fls. 420⁄421):
Deixa-se o registro de que a cédula dirigida ao requerido foi notificada com
data de 27⁄09⁄2011, pelo prazo de quinze dias, (conforme consta na
carta rogatória, na fl. 117), vencendo o referido prazo em 20⁄10⁄2011.
Observa-se que rogatória ali mencionada ("na fl. 117") está à fl. 391 dos
autos e foi expedida por esta Corte para que o requerido fosse citado e
contestasse o pedido de homologação, no prazo de 15 dias, razão pela qual
não há falar em nulidade de citação do requerido.
Além disso, o STJ já decidiu que "o ato citatório praticado no exterior deve
ser realizado de acordo com as leis daquele país, sendo, para tanto, incabível
a imposição da legislação brasileira" (SEC 3.897⁄EX, Rel. Min. NANCY
ANDRIGHI, DJe 1º⁄7⁄2011).
Quanto ao mais, a sentença que se pretende ver homologada, ao reconhecer
a validade de escritura de cessão dos direitos hereditários apresentada pelo
requerente, não ofende a soberania nacional nem a ordem pública. Assim,
como bem acentuou o Subprocurador-Geral da República EDSON OLIVEIRA
DE ALMEIDA (fl. 465v.):
(...) a decisão homologanda faz menção, apenas, à legitimidade da sucessão
do autor em relação aos bens deixados pelode cujus, sem haver qualquer
disposição explícita acerca dos bens imóveis no Brasil.
Ante o exposto, julgo procedente o pedido de homologação da
sentença estrangeira, arcando a parte sucumbente com os honorários
advocatícios, inclusive do seu curador especial, arbitrados em R$ 1.000,00
(mil reais) para o patrono da parte requerente e em R$ 1.000,00 (mil reais)
para o curador especial, nos termos do art. 20, §§ 3º e 4º, do CPC. Sem
custas (Resolução STJ nº 9⁄05, art. 1º).
É como voto.
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
CORTE ESPECIAL
Número Registro: 2012⁄0226238- SEC 696 ⁄ AR
3
Números Origem: 200500181510 73930 8729
PAUTA: 04⁄06⁄2014 JULGADO: 04⁄06⁄2014
Relator
Exmo. Sr. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro FELIX FISCHER
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. ELA WIECKO VOLKMER DE CASTILHO
Secretária
Bela. VANIA MARIA SOARES ROCHA
AUTUAÇÃO
REQUERENTE : ALBERTO LANIADO
ADVOGADO : CLAUDINEI JOSÉ FIORI TEIXEIRA E OUTRO (S)
REQUERIDO : LUIS OSVALDO ARMOZA
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - CURADOR
ESPECIAL
ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Sucessões - Inventário e Partilha
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia CORTE ESPECIAL, ao apreciar o processo em
epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Corte Especial, por unanimidade, deferiu o pedido de homologação de
sentença, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Humberto Martins, Maria Thereza de Assis Moura, Herman
Benjamin, Sidnei Beneti, Og Fernandes, Raul Araújo, Ari Pargendler, Gilson
Dipp e Nancy Andrighi votaram com o Sr. Ministro Relator.
Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Francisco Falcão, Laurita Vaz,
João Otávio de Noronha e Napoleão Nunes Maia Filho.
Licenciado o Sr. Ministro Jorge Mussi.
Convocado o Sr. Ministro Raul Araújo.
Documento: 1328073 Inteiro Teor do Acórdão - DJe: 01/07/2014

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