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Da responsabilidade dos sócios - Migalhas: Peso - 07/04/2008 Página 1 de 3

Sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Migalhas de Peso

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O que é Migalhas?

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Da responsabilidade dos sócios
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Fernando B. Pinheiro*
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BRASIL 2014 - RIO 2016 Com a edição do


BUSCA "novo" (sic) Código
CATÁLOGO DE ESCRITÓRIOS Civil (clique aqui)
CENTRAL DO ASSINANTE aumentaram as
COLUNAS discussões a respeito
MIGALAW da responsabilidade
MARIZALHAS do sócio que
NA REAL transfere a sua
LAUDA LEGAL participação em uma
GRAMATIGALHAS sociedade limitada
PORANDUBAS aos outros sócios ou
ABC DO CDC a terceiros.
OS LEGAIS

CIRCUS
A Justiça do Trabalho
CONTATO
com o intuito de proteger o empregado, considerado mais
"fraco" (sic), sai em busca dos bens de antigos sócios, seus
CORRESPONDENTES
advogados e familiares. Os procuradores da Fazenda na sanha
dr. PINTASSILGO
de arrecadar mais, cada vez mais, saem atrás de bens de
EVENTOS
antigos sócios, seus advogados e familiares, em total
FACHADAS
desrespeito a lei. A lei, ora a lei!
FOMENTADORES

FONTES
Creio que está na hora de examinarmos a lei com mais cuidado!
INFORMATIVO MIGALHAS Nos casos de sociedades limitadas, parece-me que uma
INTERNACIONAL interpretação afoita está levando a injustiças tremendas, o que
LATINOAMÉRICA não é, e não poderia ser, o objetivo da lei. O objetivo deste
LATINÓRIO artigo é introduzir a discussão a respeito da extensão das
LEITORES disposições do parágrafo único do artigo 1.003 do Código Civil.
MERCADO DE TRABALHO

MIGALHAS DE PESO Esse artigo estabelece que "Até dois anos depois de
MIGALHAS QUENTES averbada a modificação do contrato, responde o cedente
MIGALHAS SOCIAIS solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e
OLHO MÁGICO
terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio."
PRODUTOS
O entendimento que vem se firmando na Justiça do Trabalho e
PROMOÇÕES
perante a Fazenda do estado é que o cedente responde
TV MIGALHAS
"solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e
terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio". A limitação
de dois anos, estipulada na lei já não está sendo respeitada.
Existem centenas ou milhares de casos em que a Justiça do
Trabalho e/ou os procuradores vão atrás de bens das pessoas
que há muito deixaram a sociedade.

Mas, pior do que isso, querem responsabilizar o cedente por


atos ou fatos ocorridos após a sua saída! Como poderia alguém,
que deixou a sociedade, responsabilizar-se pelo que ocorre nela
nos dois anos seguintes a sua saída.

O que me parece ainda mais grave, todavia, é que está


ocorrendo uma confusão na aplicação do disposto no
mencionado parágrafo único do artigo 1.003, ao estender sua
aplicação também para as sociedades limitadas. E está se
tornando o entendimento geral de que o quotista de uma
sociedade limitada, que cede suas quotas aos demais
quotistas ou a terceiros, permanece responsável pelas
obrigações da sociedade, existentes antes da sua saída, por um
prazo de dois anos.

O artigo 1.003 faz parte da Seção II – Dos Direitos e


Obrigações dos Sócios da sociedade simples (Capítulo I do

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Subtítulo II do Título II do Código Civil) e, conseqüentemente,


aplica-se à sociedade simples.

Esse dispositivo aplicar-se-ia às sociedades limitadas se a


matéria não fosse regulada no Capítulo IV (do mesmo Subtítulo
e Título do Código Civil) que trata das sociedades limitadas, por
força do disposto no artigo 1.053 do Código Civil que estabelece
que "a sociedade limitada rege-se, nas omissões deste
Capítulo, pelas normas das sociedades simples" (o grifo é
meu).

Ocorre que o artigo 1.052 do Código Civil é, pelo menos para


mim, muito claro ao estabelecer a responsabilidade dos sócios
de uma sociedade limitada. Segundo esse artigo, "na sociedade
limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao
valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente
pela integralização do capital social" (o grifo é meu).

Aliás, não poderia ser de outra forma. Na sociedade simples, a


responsabilidade dos sócios é ilimitada nos termos do artigo
1
1.023 do Código Civil, enquanto que na sociedade limitada,
como sua própria denominação já estabelece, a
responsabilidade dos sócios é limitada.

Historicamente, a sociedade por quotas de responsabilidade


limitada foi criada para permitir ao empresário limitar a parte
do seu patrimônio que pretendia arriscar no seu negócio. E
assim continua até hoje, pois, caso contrário, não haveria
distinção entre sociedade simples e sociedade limitada.

Pretender-se agora, que o sócio que deixa uma sociedade


limitada responda ilimitadamente pelas obrigações da sociedade
existentes antes da sua saída, é igualá-lo ao sócio da sociedade
simples. A sociedade simples e a sociedade limitada são
institutos diferentes, tanto que previstos em capítulos
diferentes do Código Civil, e as responsabilidades dos sócios
numa e noutra forma de sociedade são diferentes.

Concluindo, na sociedade simples, a responsabilidade dos


sócios é ilimitada e, quando um sócio deixa a sociedade,
transferindo sua participação para um ou mais sócios ou a
terceiros, o sócio retirante, pelo prazo de dois anos, permanece
responsável pelas obrigações da sociedade existentes quando
da sua saída. Por outro lado, a responsabilidade do sócio da
sociedade limitada é restrita à integralização do capital e,
quando deixa a sociedade, essa responsabilidade é transferida
aos adquirentes da sua participação. Sua responsabilidade
termina aí, a menos que acordado diferentemente entre
cedente e cessionário.

É obvio, mas convém registrar, que essa discussão fica sujeita


a não existência de fraude. Em havendo fraude na transferência
das quotas de uma sociedade limitada, ou que as quotas sejam
2
transferidas aos chamados "sócios cítricos" para acobertar as
fraudes do sócio retirante, parece-me que o sócio retirante
permanecerá responsável pelas obrigações da sociedade da
qual se retira, existentes antes e depois da sua retirada.
Mas a fraude é um outro assunto e não podem os bons
pagarem pelos maus. Para a fraude existe legislação mais do
que suficiente, se o Poder Judiciário se organizar.
___________________
1
Código Civil – Art. 1.023 – Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas,
respondem os sócios pelo saldo, na proporção em que participem das perdas sociais,
salvo cláusula de responsabilidade solidária.

2
Vulgo "laranjas"

____________

*Advogado do escritório Fernando Pinheiro - Advogados

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___________

Esta matéria foi colocada no ar originalmente em 7 de abril de 2008.


ISSN 1983-392X

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