Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 INTRODUÇÃO
Dificilmente muitas pessoas param pra pensar sobre isso, mas se prestar apenas um
pouco de atenção, percebera que milhares de ações judiciais são abertas em um ano, e todos
os elas, estão fadadas a levarem no mínimo duas ou três vezes esse tempo para se encerrarem.
Processos demais, juízes de menos; a grande avalanche processual vem assolando o
sistema judiciário brasileiro a longas décadas. Sem conseguir encontrar nenhuma nova saída
pra essa sobrecarga processual, o sistema, e consequentemente a justiça, se tornam cada dia
mais lentos.
Mas porque não recorrer a meios que já existem? Entre os Métodos Alternativos de
Solução de Conflitos (MASCs) pode-se encontrar a Arbitragem, o mais antigo 1 MASC
heterocompositivo. Essa, possui grande semelhança com o os processos julgados pelo próprio
Estado, apesar de não ser possível a aplicação desse método em todos os tipos processuais, é
aceito nos mais comuns.
O processo arbitral assemelhasse tanto ao processo judicial que pode ser denominado
como um processo privado. Além disso, é muito mais flexível, econômica e pode ter seu
tempo de duração determinado pelas partes.
Incentivar o uso desse método alternativo para a solução de conflitos seria uma saída
quase que perfeita para desafogar o sistema judiciário brasileiro.
De vez em quando, tudo que as pessoas precisam para que possam optar pelo
caminho certo, é um empurrãozinho.
2
Encontra-se fundamentos quanto a essa conveniência no art. 22, da Lei de Arbitragem.
3
“A inobservância dos princípios destacados fere a busca da verdade material, maculando a decisão proferida no
Juízo Arbitral.” (SANTOS, 2013, on-line).
4
Sobre a possibilidade de as partes criarem as regras procedimentais da arbitragem, encontra-se explicações e
fundamentos legais nos seguintes artigos da Lei, 9.307: art. 2º, §1º, art. 11, IV, art. 19, § único, e art. 21, caput e
§§ 1º e 2º.
5
“O procedimento de oitiva das partes, via de regra costuma ser desprovido das formalidades conhecidas no
processo judicial, podendo, o advogado direcionar perguntas diretamente para as partes, sem antes consultarem
ao árbitro, o que não significa dizer, que posteriormente o árbitro não poderá interferir, coibindo desta forma
eventuais excessos.” (SANTOS, 2013, on-line).
6
Na arbitragem internacional, o depoimento escrito também pode ser denominado como witness statements.
7
“Se se demonstrar que a prova pericial é justificada, pode nomear peritos mesmo sem o acordo das partes.
Deve, no entanto, justificar a sua necessidade. De resto, as partes têm o direito de impugnar a nomeação de
peritos com fundamentos análogos aos da impugnação do árbitro.” (BARROCAS, on-line)
8
Capitulo esse que se resume aos artigos 22-A e 22-B.
Igualmente instituído pela Lei nº 13.129/15, a carta arbitral – com previsão no art.
22-C – é o meio em que o árbitro (ou o tribunal arbitral) possui para pedir auxílio do
judiciário para se pratique ou determine, geralmente por meio de coação, o cumprimento da
decisão ou pedido proferidos no processo arbitral se uma das parte recusar-se a faze-los por
vontade própria.
O documento final e decisório na arbitragem é denominado sentença arbitral;
segundo Pereira (2015, on-line) essa denominação é dada por dois motivos: “(i) a natureza
jurídica da arbitragem, eis que, inexiste justificativa para a adoção de divergência entre a
decisão proferida pelo juiz togado e do juiz arbitral [...]; (ii) a intenção do legislador em
concretizar e dar maior força ao resultado da arbitragem.”
As sentenças arbitrais independem de homologação judicial, essas decisões geram,
por si só, os mesmos efeitos das sentenças proferidas por juízes togados, valendo, inclusive,
como títulos executivos.
No procedimento arbitral existem sentenças terminativas – que põe fim ao processo
sem julgamento do mérito – e sentenças definitivas – as julgadoras do mérito, que aplicam o
direito material ao caso em tela –. As sentenças arbitrais podem ser ainda: declaratórias,
constitutivas e condenatórias.
Pereira (2015, on-line) leciona que “[...]se, durante o decurso da arbitragem, as partes
chegarem a um acordo quanto à lide, poderão formalizar tal acordo por um contrato simples,
pondo fim ao procedimento arbitral, ou poderão requerer sua formalização pelo árbitro,
através de uma sentença arbitral.”
O art. 33, da Lei nº 9.307, prevê a possibilidade de anulação da sentença arbitral;
essa será nula nos casos do art. 329, dessa mesma lei.
Como nos lembra Fernandes (2013, on-line) “O poder jurisdicional do árbitro
decorre de uma conjunção entre a possibilidade legal de se submeter uma determinada matéria
ao juízo arbitral somada à autonomia da vontade das partes em permitir que os árbitros
solucionem um conflito específico.”
9
Art. 32 É nula a sentença arbitral se:
I - for nula a convenção de arbitragem;
II - emanou de quem não podia ser árbitro;
III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei;
IV - for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem;
VI - comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva;
VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, inciso III, desta Lei; e
VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2º, desta Lei.
Por essa razão, a sentença arbitral que ultrapassar os limites dos poderes oferecidos
ao árbitro será invalida. Podendo a invalidade ser absoluta ou parcial.
Já que pode ser considerada uma versão privada e mais flexível do processo judicial,
a arbitragem seria o melhor método para desafogar o sistema judiciários brasileiro, ademais
pesquisas mostram que os procedimentos arbitrais possuem diversas outras vantagens.
Entre os autores pesquisados, encontra-se Dale (2015, on-line) que lista as principais
vantagens da utilização desse método, sendo essas: especialização, rapidez, irrecorribilidade,
cumprimento espontâneo, informalidade, confidencialidade e custo benefício.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
CAHALI, Francisco José. Curso de Arbitragem. 2ª Edição. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2012, p. 77.
DALE, Izadora Faria Freitas Azeredo. Arbitragem: Conceito, Noções Gerais e Vantagens.
Disponível em: https://izadoradale.jusbrasil.com.br/artigos/328586001/arbitragem-conceito-
nocoes-gerais-e-vantagens. Acesso em: 21 nov. 2020.
JUNIOR, Luiz Antonio Scavone. Manual de Arbitragem. 8ª Edição. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2018.