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2017.2
Data: 05/12/2017
a. Natureza jurídica
O pagamento é ato-fato jurídico. Um fato jurídico em sentido amplo é
composto por um suporte fático que prevê hipóteses de fato que, se verificadas
na vida real, a norma jurídica incide, dando a esses fatos o potencial de
produzir efeitos jurídicos previstos no preceito da norma jurídica.
O pagamento envolve uma conduta humana, mas essa conduta, para ingressar
no mundo jurídico, a norma considera irrelevante a presença ou qualidade da
vontade envolvida.
b. Princípios
O princípio da boa-fé objetiva está diretamente relacionado à noção de
obrigação como processo, envolvendo os deveres anexos e o adimplemento
ruim.
CC. Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e
comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de
custas e de honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe seja
permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de
correção monetária e de juros de um por cento ao mês.
c. Sujeitos
Refere-se a quem paga e a quem se paga.
i. Solvens
Quem paga a prestação devida recebe o nome de Solvens. Em regra, o
solvens será o devedor. O devedor pode pagar através de representante
legal ou convencional. Se o devedor tiver morrido, cabe o pagamento da
prestação aos seus herdeiros, nos limites da herança (intra viris
hereditatis). Aquilo que exceder as forças da herança pode ser paga pelos
herdeiros, mas será mera liberalidade.
ii. Accipiens
O accipiens é aquele a quem se paga. Em regra, quem recebe o
pagamento é o credor. Também é possível fazer esse pagamento a
representante do credor, quando ele tiver poder para tal. Trata-se de
poder específico para dar quitação, que deve estar previsto no mandato.
Também pode receber aquela pessoa que portar a quitação.
2. Objeto
a. Princípios
Em relação ao objeto do pagamento, há de se respeitar os três princípios
decorrentes do princípio da pontualidade:
Princípio da integridade. Ainda que o objeto seja divisível, o credor não pode
ser obrigado a receber de forma fracionada, salvo na hipótese de parcelamento
compulsório.
b. Obrigações pecuniárias
Entre as obrigações de dar, existem as obrigações de dar dinheiro. A coisa a ser
dada é uma determinada quantia em dinheiro.
i. Nominalismo
A obrigação pecuniária é devida pelo valor, pela quantia, e não pela nota.
A obrigação em dinheiro é, de regra, uma obrigação fungível.
Contratos unilaterais são aqueles que somente uma das partes tem
deveres.
Nos contratos bilaterais, existe algo que deve ser mantido, tanto no
momento em que o contrato surge, quanto no momento em que ele deve
ser cumprido: sinalagma ou equilíbrio contratual. O sinalagma é o
equilíbrio da prestação em relação à contraprestação.
CC. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
v. Obrigação valutária
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vi. Cláusula-ouro
Também são nulas as obrigações que preveem pagamento em ouro. No
entanto, o ouro pode ser usado como padrão de conversão, como
indexação.
3. Prova
O pagamento, uma vez feito, de forma perfeita, extingue a relação jurídica obrigacional;
efeitos liberatórios. Se o credor cobrar novamente o devedor, este pode se exonerar,
provando que já pagou.
O pagamento pode ser provado por qualquer meio, todavia, o meio mais robusto de se
provar o pagamento é a quitação. A quitação é a prova mais forte e robusta de que o
pagamento foi realizado. Não é a quitação que exonera o devedor, ela somente prova
que o pagamento foi realizado.
Quitar, no sentido de dar a quitação, significa dar ao devedor a prova de que ele pagou.
Essa prova se materializa através do recibo.
a. Presunção relativa
O recibo faz surgir a presunção de que houve o pagamento. A quitação gera a
presunção de que o devedor realizou o pagamento.
b. Forma
De que forma deve ser dado o recibo? Qual a forma exigida para a quitação?
Qualquer forma, de preferência, por escrito. Ainda que a lei exija forma
específica para o negócio jurídico, a quitação das obrigações dele decorrentes
pode ser dada por qualquer forma.
CC. Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular,
designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este
pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu
representante.
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a
quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida.
c. Prestações sucessivas
Quando o pagamento deve ser feito em prestações sucessivas: prestação 1,
prestação 2, prestação 3, a quitação da última prestação, da prestação mais
recente, faz presumir a quitação das anteriores.
Essa regra admite ressalva pois, quem dá a quitação, pode deixar expresso que
a quitação não se refere às prestações anteriores.
O credor poderá cobrar as quitações não pagas, caso não tenha expressado
ressalva, mas terá de provar que não recebeu o pagamento das prestações
anteriores.
d. Juros
Se o credor dá a quitação referente ao montante principal, presume-se que,
nessa quitação, está inserida a quitação dos juros.
e. Entrega do Título
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f. Despesas
Salvo manifestação em sentido contrário, as despesas relacionadas com o
pagamento e sua prova deverão ser suportadas pelo devedor. É lícito, a priori,
no pagamento pela internet, o devedor ter que pagar algo a mais pelo boleto.
4. Local
Onde o pagamento deverá ser realizado?
Como saber se uma obrigação é quesível ou portável? Em regra, elas são quesíveis. No
entanto, podem ser portáveis por força de convenção, de lei ou da natureza da
obrigação.
5. Tempo
O pagamento também pode ser chamado de vencimento. Quando a obrigação deverá
ser cumprida? Em regra, o vencimento é imediato, ou seja, contraída a obrigação, ela é
imediatamente exigível. Nascida uma obrigação, ela se torna exigível de imediato.
As partes podem não ter convencionado vencimento em data futura e, ainda assim, o
vencimento não ser imediato.
Nas obrigações que por sua própria natureza demandam tempo para o
cumprimento. A obrigação de construção de um imóvel.
Se há o vencimento previsto para data futura, o credor está proibido de exigir esse
pagamento antes do vencimento. A cobrança antecipada é cobrança indevida,
constituindo ato ilícito.
a. Vencimento antecipado
Em determinados casos, ocorrerá a antecipação do vencimento. O vencimento
está previsto para um data futura, mas o credor estará autorizado, em razões
de circunstâncias excepcionais, a exigir antecipadamente o pagamento. São
hipóteses em que o credor corre o risco de não receber; há sinais muito claros
de insuficiência patrimonial do devedor e, forçar o credor a esperar o
vencimento, comprometeria o direito do credor receber seu crédito.
CC. Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo
estipulado no contrato ou marcado neste Código:
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro
credor;
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias,
ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.
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Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva,
não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes.
Quando esse imóvel ou móvel forem penhorados por outro credor, ou seja, por
alguém que não foi o credor hipotecário ou pignoratício, esse crédito garantido
pela hipoteca ou penhor tem vencimento antecipado.
b. Pagamento antecipado
O devedor pode pagar de forma antecipada, com uma ressalva, desde que, no
caso concreto, isso não cause prejuízo ao credor. A presunção de que o termo é
em favor do devedor é uma presunção relativa. As circunstâncias do caso
concreto podem tornar excessivamente oneroso ao credor receber de forma
antecipada.
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Se esses juros remuneram pelo tempo que o dinheiro foi emprestado, quando
o devedor pagar antecipadamente, ocorre o deságio.
A obrigação está para ser paga ao final de um ano, 100 mil reais com juros de
12% ao ano. No vencimento, deve-se pagar 112 reais. Se paga-se a prestação em
6 meses, o pagamento antecipado enseja o deságio: o abatimento proporcional
dos juros.