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GEOTECNOLOGIAS APLICADAS À ANALISE AMBIENTAL E FORMAÇÃO DE BANCO DE

DADOS INICIAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO DAS CRUZES, SELVÍRIA/MS.

Palavras-chave: Análise Ambiental; Geossistemas; Bacias Hidrográficas;


Geoprocessamento.

Introdução

Com o avanço e consolidação das atividades antrópicas nos diferentes meios naturais e
seu amplo reflexo na dinâmica ambiental, faz-se necessário direcionar um olhar crítico
para esse processo, com a intenção de entendê-lo, avaliar suas consequências e buscar a
minimização dos problemas que essas atividades no ambiente.

A apropriação dos recursos naturais projeta no espaço, diferentes formas de impactos e


derivações ambientais, notados tanto no espaço urbano (com enchentes e
deslizamentos), quanto no espaço rural (com assoreamento de rios e processos
erosivos).

O conceito de análise ambiental é utilizado para associar os resultados obtidos no


diagnóstico das caracteristicas dos recursos naturais, como relevo, solo e condição e
desenvolvimento da vegetação antrópica (agricultura) e nativa.

A efetiva realização deste estudo deve contar com o auxílio de diferentes fontes,
materiais e ferramentas (Geotecnologias). O fornecimento dos resultados esperados
nesta pesquisa está atrelado à metodologia de tratamentos dos diferentes tipos de dados
com caracteristicas dos componentes do subsistema e do sistema ambiental em estudo,
dando enfoque no comportamento espacial e na condição de vigor da componente
vegetal da área.

O objetivo principal nesta pesquisa é a caracterização geográfica de atributos


geográficos da área (relevo e ocupação), complementação do banco de dados inicial e
proposição de futuras intervenções, colaborando desta forma com propostas para o
planejamento ambiental do recorte e da preservação de suas dinâmicas.
Objetivos

Caracterizar e avaliar com o apoio da teoria geral dos sistemas e das geotecnologias, a
dinâmica da vegetação e sua relação com as caracteristicas ambientais no recorte
analisado

Realizar o levantamento qualitativo da ocupação da terra e do relevo, por meio de


técnicas de processamento digital de imagens e sensoriamento remoto, demonstrando as
condições e a tendência de distribuição, desenvolvimento e manejo destes componentes
do sistema ambiental (bacia hidrográfica).

As bases teóricas, os dados e as técnicas de sensoriamento remoto da vegetação formam


parte importante da construção efetiva dos resultados a que se propõem alcançar.

Metodologia

A teoria geral dos sistemas apresentada por Von Bertalanffy (1968;77) é tomada como
base teórico-metodológica para o desenvolvimento deste estudo, nela está a necessidade
de avalição de forma completa e sistêmica da relação dos componentes de um
determinado local ou área, ou seja, apresentar e discutir os procedimentos
metodológicos utilizados para analisar elementos ou componentes relacionados com a
natureza e seus organismos.

Dessa forma, dentro desse conceito, o sistema é um operador que, em um determinado


lapso de tempo, recebe a entrada (input) e o transforma em saída (output). Vale (2012
apud MIRANDOLA-GARCIA, 2016, p. 48)

Essa observação integrada do sistema permite entender a relação que os elementos da


natureza desenvolvem entre si e como este processo pode gerar impactos e derivações
no equilíbrio e na dinâmica ambiental.

A metodologia adotada consiste na coleta de dados em gabinete e em campo. Esta


atividade consistiu na busca e organização de diversos tipos de informações contidas em
arquivos diferentes – o material bibliográfico (artigos, livros, teses, mapas, cartas) e o
material digital referente a execução do processamento digital dos mapas de base e
mapas índices (bases em shapefile, imagens SRTM, imagens de satélite, tabelas, dados
de GPS).
A área de estudo delimitada é a microbacia do Ribeirão das Cruzes, situada na porção
sudeste do município de Selvíria/MS, localizada na região leste do estado do Mato
Grosso do Sul. Localizada entre as coordenadas geográficas 20° 15’ 36” S; 20° 30’ 33”
S e 52° 05’ 05” W; 51° 45’ 58” W, com uma área estimada em 212 Km², em altitude
média de 365 metros.

A primeira etapa necessária para a concepção das atividades de geoprocessamento é a


construção das bases cartográficas para auxiliar nas etapas de geoprocessamento. Estes
arquivos são a partir das ferramentas de pré-processamento e processamento digital do
Arcgis 10.5® e SPRING 5.3®

A segunda etapa de geoprocessamento também foi realizada no SIG Arcgis 10.5®. O


mapeamento consistiu no levantamento e representação dos dados altimétricos.

Para a realização deste procedimento foi necessária a utilização do recorte MDE para
nossa área de estudo e as respectivas curvas de nível do local; as curvas podem ser
obtidas em bancos de dados públicos ou geradas também no Arcgis 10.5®, em
ferramentas específicas.

A última etapa do mapeamento é a construção do mapa geral de uso e ocupação da terra


do Ribeirão das Cruzes, Selvíria/MS. Ressaltamos que ele é inicial, pois, o
desenvolvimento desta informação de forma detalhada e precisa vai ser processada no
decorrer deste estudo e colaborará nas correlações futuras ligadas à avalição qualitativa
da vegetação e da qualidade da água que se seguirão.

A principal metodologia para análise, processamento e constituição do mapa de uso e


cobertura da terra é conhecida como classificação; consistindo, de forma básica, na
identificação e assimilação das informações de cor e textura de cada pixel de uma
imagem de satélite. Assim, os pixels são rotulados conforme a condição de ocupação e
utilização local.

Resultados

Os resultados obtidos na construção e execução da metodologia de coleta dos dados e


seu posterior tratamento, servem de base cartográfica e analítica para futuras pesquisas
que possam mensurar atributos e dinâmicas específicas do recorte analisado.
Dados do terreno, obtidos a partir da produção dos mapas de hipsometria e declividade
refletem as características do relevo. A altimetria predominante foi de 285m, sendo
estas as áreas mais rebaixadas, próximas ao canal principal do curso d’agua e de sua
confluência com um canal de ordem maior, neste caso o Rio Sucuriú (Sistema); a maior
cota foi de 455m, as áreas de maior altitude ficam próximas aos divisores de água,
obedecendo assim uma tendência comum nos relevos das formações geológicas da
bacia hidrográfica do Rio Paraná.

A declividade da área não demonstrou grande variação, exceto por algumas faixas no
alto curso da bacia. Na maior parte da área as declividades encontradas foram entre as
classes de 2% e 12%, revelando um relevo mais suavizado e aplainado da região.

Os últimos dados processados cartograficamente são informações de cobertura do solo


que forneceram o mapa destas caraterísticas, classificadas na imagem de satélite –Estas
classes foram definidas em 6 predominantes: as Pastagens, as plantações de Eucaliptos
(silvicultura), as faixas de Savana Florestada, as faixas de Floresta Aluvial (que
englobam a vegetação nativa) e as faixas de solo exposto e água.

Assim, a discussão sobre os aspectos relativos à cobertura da terra e os processos e


consequências que estão relacionados a cada uma destas formas de ocupação, deve ser
pautado na visão sistêmica integrada entre a vegetação, o solo, o relevo e à agua, um
dos principais componentes produtores de interação entre a matéria e a energia do
ambiente em questão

Referências

BERTALANFFY, L. von. General System Theory. Foundations, development and


applications. New York: George Braziler, 1968.

BERTALANFFY, L. von. Teoria Geral dos Sistemas. Petrópolis: Vozes, 1977.

MIRANDOLA, P. H. Discussão teórica dos métodos e técnicas para estudos em bacias


hidrográficas. Ciência Geográfica, Bauru, 20, n. 1, p. 44-57, jan/dez. 2016.

VALE, C. C. Teoria geral do sistema: histórico e correlações com a Geografia e com o


estudo da paisagem. Revista Entre-Lugar. UFGD. Dourados, MS: ano 3, n. 6, jul./dez.,
p 85-108. 2012.

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