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Afinal, o que é biblioteca digital?

Article  in  Revista USP · January 2008


DOI: 10.11606/issn.2316-9036.v0i80p6-17 · Source: OAI

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Luís Fernando Sayão


CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear
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LUIS FERNANDO SAYÃO

Afinal, o que é
biblioteca digital?

INTRODUÇÃO

omeçando na década passada, a idéia de

biblioteca digital, tal qual genericamente

imaginamos, tem se transformado no pa-

radigma reiterado dos sistemas e serviços

bibliotecários. Desde então, um número

impressionante de iniciativas, que incluem

produtos e serviços de informação digital,

infra-estrutura técnica, normativa e comer-

cial, consórcios em escala global, tem sido

continuamente desenvolvido em torno

dessa idéia.
As bibliotecas digitais surgem num con-

texto que sobrepõe, por um lado, a integra-

ção e uso das tecnologias de informação e de

comunicação, das redes de computadores,

das tecnologias de apresentação e o bara-

teamento dos meios de armazenamento

em massa; e, por outro, a disponibilidade

crescente de conteúdos digitais em escala

planetária, a possibilidade de digitalização a

um custo economicamente viável de con-

teúdos em mídias convencionais e, ainda,

o fenômeno conhecido como coerência

das mídias digitais, que abre a possibilidade

singular para a concepção de novos serviços

de informação a partir da integração de

objetos digitais heterogêneos.

Esse contexto de rápidas transforma-

ções oferece as condições primordiais para

o estabelecimento de uma infra-estrutura

técnica que viabiliza o surgimento de diver-

sas atividades centradas no conhecimento

e na informação globalmente distribuídos.

Além do mais, a ambientação tecnologica-

mente favorável exerce uma forte influência

sobre a reconfiguração dos mercados de

conteúdos e no delineamento de uma nova

dinâmica para a economia da informação,


que rapidamente vai incorporando novos

patamares de consumo de conteúdos digi-

tais. Assim sendo, surgem diversos produtos

e serviços de informação – resultados de


concepções inéditas ou de inovações sobre

serviços já consagrados. Dentre eles, impul-

sionada por um conjunto heterogêneo de


LUIS FERNANDO
SAYÃO é membro forças, está a idéia de biblioteca digital.
da Comissão
Verdadeiramente, nós estamos ainda
Nacional de Energia
Nuclear (CNEN). nos primeiros estágios do entendimento
de todas as implicações dessa tecnologia A diversidade de atores envolvidos na
e das suas potencialidades. Termos como curta história das bibliotecas digitais bem
“redes de conhecimento”, “colaboratórios” como o complexo de tecnologias necessá-
e bibliotecas digitais têm significados que rias ao seu pleno funcionamento parecem
se misturam. Há uma forte sobreposição de ser o motivo mais óbvio para idéia pouco
significados entre a pesquisa e o desenvol- precisa do que seja uma biblioteca digital.
vimento em arquitetura para federação de Entretanto, outros fatores intervêm nas
coleções digitais autônomas e seus serviços sobreposições conceituais, um deles é o
associados e a arquitetura necessária ao extraordinário potencial de crescimento em
comércio eletrônico em larga escala, como diversos domínios e as expectativas geradas
apontava Dan Atkins (1998). Dez anos nos mais diversos segmentos da sociedade
não foram suficientes para resolver essas (Sayão, 2008). Além do mais, a realização
ambigüidades. A observação de Atkins desses potenciais, numa perspectiva social
continua viva nas agendas das comunidades e humanística, constitui um desafio que re-
envolvidas com a questão. quer uma interação sofisticada entre várias
Não obstante a intensa atividade de disciplinas tecnológicas e sociais.
pesquisa, de utilização e de exploração Por outro lado, a linha que separa a
comercial das bibliotecas digitais, não se concepção – quase ingênua – de biblioteca
tem um consenso estável do que seja exa- digital como um mero sistema compu-
tamente uma biblioteca digital e das suas tacional para armazenamento e acesso a
vinculações com a biblioteca tradicional e informações eletrônicas tem sido rapida-
com a biblioteconomia. O termo “biblioteca mente pulverizada pela idéia avassaladora
digital” vem sendo aplicado a uma varie- de um ambiente voltado para a criação e
dade extraordinária de coisas – do catálogo para o compartilhamento de informações
on-line de comércio eletrônico à coleção digitais. Esse ambiente é formado por um
de programas de computadores –, grande complexo de serviços e de coleções de con-
parte delas desvinculada do conceito que teúdos distribuídos, gerenciados de forma
temos de biblioteca. autônoma, contudo interoperáveis. Nesse
A busca por uma definição mais precisa patamar, viabiliza-se também o surgimento
e consensual para biblioteca digital esbar- de uma nova economia da informação e de
ra também na existência de três termos modelos de negócios que vão moldando
– biblioteca digital, biblioteca eletrônica e as novas possibilidades de distribuição
biblioteca virtual – que possuem diferentes de conteúdos de toda natureza via rede de
significados, mas que são usados freqüente- computadores.
mente para designar a mesma coisa. É sobre o que é biblioteca digital, a ótica
Ainda há mitos que envolvem as bi- como ela é vista por diversos grupos sociais
bliotecas digitais, o que aumenta o grau de e a natureza da sua vinculação e apropria-
mal-entendidos sobre o problema. Kuny e ção pela biblioteca tradicional, que vamos
Cleveland (1998) analisaram a irrealida- discutir rapidamente neste texto.
de em torno das bibliotecas digitais num
artigo cujo objetivo explícito era ser uma
provocação, uma refutação ao tecnologismo
exacerbado e aos excessos retóricos que VISÕES SOBRE AS BIBLIOTECAS
caracterizavam as expectativas em torno
do tema “biblioteca digital”. Segundo os DIGITAIS
autores, essa mistificação foi impulsionada
pelas companhias tecnológicas, políticos e Criou-se, historicamente, uma enorme
revistas vanguardistas – as mesmas forças expectativa em torno das potencialidades
que nos deram mitos como o paperless das bibliotecas digitais, não somente em
office (escritório sem papel) e vaticinaram termos de um novo paradigma de sistema
o fim dos livros. de informações, de busca e recuperação,

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mas também como um recurso estratégico de recursos informacionais digitalizados
dentro de contextos altamente institucionali- (Harter, 1997). Somam-se ainda o grande
zados, como governo, educação, cidadania, número de atores que contribuíram para
negócios e pesquisa científica. o desenvolvimento e a implementação de
O conceito de uma biblioteca digital bibliotecas digitais e aqueles que estão
meramente equivalente a uma coleção de envolvidos profissionalmente no seu uso,
objetos digitalizados, assistida por uma além, é claro, do dinamismo próprio da
ferramenta de gestão de informação, torna- ambientação tecnológica que sustenta essas
se tosco e já não cabe nas utopias desses bibliotecas. Biblioteca digital representa um
inúmeros setores. A idéia de biblioteca espaço sinérgico de um grande número de
digital como um “ambiente distribuído áreas da tecnologia da informação e várias
que integra coleções, serviços e pessoas na outras disciplinas e campos de pesquisa,
sustentação do ciclo de vida completo de como biblioteconomia, ciência da informa-
criação, disseminação, uso e preservação ção, museologia, arquivologia e gestão do
de dados, informação e conhecimento” conhecimento, para citar algumas das mais
(Duguid, 1997) – conforme preconizado importantes (Candela et al., 2007).
pelo relatório final do Santa Fé Planning Dessa forma, a maioria das definições
Workshop on Distributed Knowledge Work é fortemente influenciada pela percepção e
Environments –, talvez esteja mais próxima pontos de vista particulares de pessoas e de
do que se almeja para bibliotecas digitais organizações de diversas áreas que estive-
agora e num futuro possível. ram envolvidas em empreendimentos volta-
A complexidade das bibliotecas digitais dos para a construção e o uso de bibliotecas
em termos tecnológicos e organizacionais, digitais. A diversidade de contribuições que
somada ao seu universo vasto e variado de tanto serviu para o enriquecimento da área
usuários e à multiplicidade de visões – reais criou, ao mesmo tempo, uma zona obscura
e imaginárias – sobre as suas possibilidades de indefinições. Para ilustrar essa plurali-
e a sua extensão, impacta significativamen- dade de visões e possibilidades de uso, um
te a construção de uma definição comum. resumo da ótica dos cientistas da informação
“Apesar das intensas atividades de pes- e bibliotecários, cientistas da computação,
quisa e de desenvolvimento em torno das arquivistas, políticos e governantes, edito-
várias vertentes do problema, não se tem res, educadores e professores, comunidades
absolutamente claro o significado do termo da área cultural e do comércio eletrônico
biblioteca digital” (Harter, 1997). é apresentado a seguir tendo como base o
Passada mais de uma década, a afirmação artigo de Urs (2007).
de Harter continua sendo irritantemente A comunidade de biblioteconomia e
verdadeira: biblioteca digital é uma idéia ciência da informação visualiza a biblioteca
em movimento, ainda se desenvolvendo digital menos como um sistema de compu-
e tomando forma. “Nós estamos agora tação – uma máquina – e mais como uma
na adolescência das bibliotecas digitais”, instituição, como uma extensão lógica do
confirmam Lagoze e seus colaboradores que as bibliotecas vêm fazendo desde os
(2005, p. 1) pensando nos motivos de preo- tempos imemoriais, ou seja, adquirindo,
cupação e otimismo que essa fase turbulenta organizando e disseminando conhecimento
representa. usando as tecnologias correntes. O que o
A impossibilidade de uma definição bibliotecário deseja é a ampliação dos re-
de consenso acontece por vários motivos, cursos e dos serviços disponíveis e também
porém, o mais importante deles é que o a audiência das bibliotecas. Na sua pers-
termo “biblioteca digital” é usado para de- pectiva prática, o acesso simultâneo a um
notar um número extraordinário de coisas mesmo documento digital por um número
– de coleções pessoais até a internet intei- indefinido de usuários significa o fim da lista
ra. Na maioria das vezes essas coisas só de empréstimo. Para ele a biblioteca digital
têm em comum uma remota manipulação é um estágio a mais no desenvolvimento

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contínuo de novos meios de publicação – em segmentos da iniciativa privada interessada
que a biblioteca soma a responsabilidade de em expandir suas áreas de atuação.
também ser uma publicadora web –, bem Os editores, desde a revolução de Gu-
como uma nova infra-estrutura tecnológica temberg, têm continuamente desempenhado
e organizacional voltada para potencializar um papel fundamental na facilitação da
a sua missão de disseminar informação e produção e distribuição de informação. A
conhecimento. Porém, enquanto os profis- percepção da indústria editorial em relação
sionais de informação têm uma perspectiva à nova mídia representada pelas bibliotecas
de continuidade evolutiva em relação às digitais é ambivalente: em contrapartida às
bibliotecas digitais, outras visões impor- novas oportunidades mercadológicas exis-
tantes se sobrepõem. tem as ameaças representadas pelas novas
Os profissionais da área de ciência da formas de autopublicação e o movimento
computação enxergam as bibliotecas digi- crescente em torno do acesso livre, o que
tais como uma extensão dos sistemas de exige uma adaptação permanente a um
computadores em rede – um sistema que meio que se renova constantemente. Numa
oferece facilidades informacionais. Essas visão otimista, para o mundo editorial, a
visões se fragmentam à medida que se biblioteca digital constitui um novo modo
analisa com um grau a mais de detalhes as de distribuição de conteúdos e um novo
diferentes áreas que compõem o domínio mercado – bastante competitivo – a ser
da ciência da computação. Por exemplo, conquistado, num contexto de mudança
enquanto os pesquisadores da área de da economia da informação. Para isso os
recuperação da informação (RI) vêem as editores estão se adaptando ao paradigma
bibliotecas digitais como uma ampliação da publicação eletrônica, integrando mídias,
dos sistemas de recuperação de informação criando novos modelos de negócio, como
em que os documentos e sua representa- os portais agregadores, e estabelecendo
ção (ou descrição) são diferentes da RI parcerias com organizações mais próximas
tradicional, quem trabalha com sistemas ao mundo da internet.
multimídia considera as bibliotecas digi- Para os educadores e os professores que
tais uma aplicação dessa tecnologia; para sempre tiveram uma relação de colaboração
pesquisadores da área de base de dados, a quase que simbiótica com as bibliotecas
biblioteca digital é tão-somente uma ampla tradicionais, as bibliotecas digitais podem
base de dados. ser um meio de ampliar essa relação clássica.
Apesar das controvérsias apaixona- Para eles as bibliotecas digitais constituem
das, a maioria dos políticos e governantes um novo recurso de aprendizado, apoiados
percebe a biblioteca digital como parte da por conteúdos multimídia, interatividade
infra-estrutura tecnológica necessária para e integração de informações heterogêneas
a superação da desigualdade informacional de que o ensino e, particularmente, o en-
e de acesso, e como mais um recurso para sino a distância não podem prescindir. As
apoio dos programas de inclusão digital. bibliotecas digitais abrem possibilidades
Consideram, com maior ênfase, a biblioteca extraordinárias para a educação e o ensi-
digital como um insumo básico para a pes- no, mudando paradigmas e estabelecendo
quisa, o ensino superior e a pós-graduação novas metodologias pedagógicas. São as
e como um instrumento para a maior visi- áreas que mais podem se beneficiar dessa
bilidade de bens e instituições culturais. Os nova tecnologia.
governantes, com intensidade variável, têm Para os arquivistas, as bibliotecas
investido em infra-estrutura computacional digitais rompem com a relação quase an-
e de redes que beneficiam diretamente as tagônica entre a preservação e o acesso
iniciativas na área de bibliotecas digitais. existente no mundo do papel e dos demais
Grande parte dos projetos mais relevantes materiais analógicos (Sayão, 2005). Isso
são iniciativas do poder público, financiados acontece na medida em que a digitalização
por suas agências e, não raro, apoiados por se torna um meio de preservar os conteúdos

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raros, únicos ou frágeis, ao mesmo tempo multilíngüe de informação, somado ao de-
em que proporciona acesso universal a senvolvimento de recursos lingüísticos para
representações digitais desses conteúdos serem acoplados às bibliotecas digitais, vai
através das bibliotecas e arquivos digitais. ajudar as comunidades que se expressam
A digitalização é vista pelos arquivistas em outros idiomas que não o inglês a su-
como uma alternativa à microfilmagem perarem as barreiras lingüísticas no acesso
tradicional com a ressalva dos problemas de e na disseminação de informações.
integridade e confiabilidade dos conteúdos
digitais, ou seja, do seu valor de prova e de
sua preservação de longo prazo, que é uma
preocupação constante de toda a comuni- A BIBLIOTECA VERSUS A
dade arquivística.
Para os pesquisadores, a colaboração é a “GOOGLIZAÇÃO”
chave para a pesquisa e o desenvolvimento.
Nesse sentido, eles percebem a biblioteca Tentando interpretar essa pluralidade de
digital como um espaço dinâmico voltado entendimentos e expectativas sobre o que é
para a geração, o compartilhamento e a biblioteca digital, Harter (1997) contrapõe
disseminação de conhecimento. Através das as duas visões extremas sobre a natureza das
bibliotecas digitais, os dados de pesquisa bibliotecas digitais: uma visão abrangente
agora podem ser acessados em escala plane- que toma a biblioteca digital tal como a web
tária pelos pesquisadores interessados. Essa é hoje – anárquica e individualista; e uma
característica é de grande importância para visão que toma a biblioteca digital como
o surgimento do conceito de “colaborató- uma metáfora, ou mesmo uma extensão,
rios” – resultado da contração das palavras da biblioteca tradicional. No espaço entre
“colaboração” e “laboratório”, significando esses limites são discutidas as diferenças
um centro de pesquisa sem paredes onde os essenciais: propriedades de localização
pesquisadores interagem eletronicamente física, de conteúdo, de critérios de seleção,
no desenvolvimento de projetos inovadores. de organização, controle de autoridades, de
Projetos como Genoma Humano, baseados autoria, de acesso, de grupos de usuários-
em compartilhamento internacional de dados alvo, de serviços, de taxação e de fixidade
de pesquisa e análises, são exemplos signifi- – conceito que está relacionado com a
cantes da idéia de um colaboratório. integridade e a segurança dos conteúdos e
Ainda há a perspectiva da biblioteca digi- suas propriedades de permanência.
tal como forma de apropriação do mundo da Num extremo, está a “googlização” das
informação pelo comércio eletrônico. Para bibliotecas digitais, referindo-se à incômoda
as organizações comerciais, as bibliotecas e errônea concepção de que o Google (http://
digitais estabelecem um novo mercado glo- www.google.com.br) representa a apoteose
bal, constituindo, para alguns autores, um da informação digital e que os problemas
caso específico de economia da informação existentes nesse domínio já foram resolvidos
(Schäuble & Smeaton, 1998). Um dado ou serão resolvidos por esse serviço ou por
importante é que os desenvolvedores de outra ferramenta semelhante. Esse estreita-
bibliotecas digitais têm deliberadamente in- mento das discussões conduz à visão míope
corporado modelos econômicos e de preços de que a biblioteca digital está limitada à
nas arquiteturas de bibliotecas digitais. busca e ao acesso – funções essenciais (e
No campo cultural, o que se observa é ainda desafiadoras), mas que são somente
que a biblioteca digital é um meio privile- parte do ambiente informacional circuns-
giado de dar visibilidade global a manifes- crito pela idéia plena de biblioteca, seja ela
tações culturais antes circunscritas às suas imaginária ou real (Lagoze et al., 2005).
comunidades e sem canais de comunicação Essa visão está turvada pelo fato de mais
para fora delas. O desenvolvimento de e mais pessoas estarem usando a internet
metodologias e técnicas para recuperação como a principal fonte de informação. De

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fato, a internet tem sido referida por muitos ceito fundamental de biblioteca no século
como “uma vasta biblioteca, contendo todo XXI, podemos supor que a tecnologia não
tipo de informação conhecida pelos seres vai mudar substancialmente o negócio das
humanos” (Wallace, 1999). Entretanto, essa bibliotecas, que é conectar pessoas com
constatação não pode ser ignorada como informações” (Kuny & Cleveland, 1998,
elemento de compreensão do seu contrá- p. 1 – tradução nossa).
rio, pois, diferentemente das bibliotecas
tradicionais, onde as fontes de informação É imprescindível compreender que a
adicionadas às coleções são cuidadosamente tecnologia atual está focada na conversão
selecionadas, organizadas e descritas – clas- de papel para formatos digitais e não na
sificadas, catalogadas, indexadas, resumidas conversão da biblioteca in toto para formatos
–, isso não acontece com freqüência nas digitais (Brown, 2005). Assim como uma
coleções encontradas na internet. Porém, biblioteca de audiovisual ou de microfilmes
a infra-estrutura oferecida pela internet é continua sendo uma biblioteca, o conceito
um veículo de dramática importância para atual de biblioteca digital constitui um
a distribuição de informação de qualidade subconjunto de um conceito mais extenso
para os usuários, e é parte essencial da infra- de biblioteca, e não um substituto para ele.
estrutura tecnológica de que as bibliotecas Todos os valores e funções da biblioteca
digitais não podem prescindir. continuam válidos, o que muda são os
No outro extremo, observa-se uma ten- objetos físicos que formam a biblioteca e,
dência convergente na direção do enquadra- naturalmente, o instrumental tecnológico
mento das bibliotecas digitais aos cânones para manipulá-los. As mídias digitais devem
biblioteconômicos, principalmente no que ser vistas como um novo suporte na longa
concerne à organização e à representação lista de materiais que a civilização tem, ao
dos recursos informacionais e também às longo da história, utilizado para registrar e
relações orgânicas com suas comunidades- transmitir o conhecimento para gerações
alvo. Isso parece indicar que as bibliotecas futuras. Como os outros materiais, nós
digitais devem se equiparar às bibliotecas podemos esperar que eles sejam utilizados
tradicionais, ao mesmo tempo em que na proporção em que a sua disponibilidade
criam condições técnicas para expandir os local, as tecnologias de apoio, seu custo
limites, as formulações e o alcance espacial e a sua confiabilidade sejam adequados e
e temporal do que sempre conhecemos suficientes para armazenar e disseminar
como biblioteca. Entretanto, é importante informação e conhecimento de acordo
assinalar que vai ficando cada vez mais ní- com as exigências do seu tempo. As novas
tido que essa visão expandida de biblioteca gerações de bibliotecas digitais não devem
exige novas reflexões sobre os modelos de ser consideradas como meros repositórios
informação e de serviços sobre os quais elas de informações estáticas. Antes disso, elas
estarão baseadas. devem ser reconhecidas como núcleo inicial
Essa convergência para a bibliotecono- do que, num estágio futuro, constituirá uma
mia pode ser justificada de várias maneiras, parte substancial do conhecimento humano
porém a mais convincente delas é também (Thanos, 2004).
a mais óbvia: biblioteca digital continua
sendo biblioteca.

“O progresso tecnológico mudou a maneira BIBLIOTECA DIGITAL:


como as bibliotecas fazem o seu trabalho,
mas não a razão do seu trabalho. Ainda INVENÇÃO OU REINVENÇÃO?
que desenvolvimentos tecnológicos mais
contundentes – como a conexão de um O conceito de biblioteca digital não é
computador a outro numa cadeia contínua algo que desponta desvinculado da idéia
pelo mundo afora – possam alterar o con- ancestral que temos de biblioteca. Ao

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contrário, ele se desenvolve tendo como ou ‘bibliotecas de rolos de papiros’, por que
fundamento uma analogia direta com a então temos que qualificar as bibliotecas
biblioteca tradicional e com a sua missão digitais?”, interroga-se Braund (1999) num
de organizar coleções impressas e outros artigo com um título interessante: “Virtual
artefatos, de operar serviços e sistemas ou Real: o Termo Biblioteca É o Bastante”
que facilitem o acesso físico e intelectual (tradução nossa).
– e também o acesso de longo prazo – aos Mas, apesar de a biblioteca digital ser, na
seus estoques informacionais. maioria das vezes, um serviço vinculado à
Assim como no surgimento de outras biblioteca tradicional, fica claro que existe
concepções da era digital, que são recria- uma distinção que deve ser feita entre elas.
ções de idéias já estabelecidas, como é, por Os invólucros físicos e monolíticos em que
exemplo, o correio eletrônico, a biblioteca a informação está fixada – por exemplo, um
digital, num primeiro momento, espelha-se livro – são adequados ao acesso direto pelos
na biblioteca tradicional, para em seguida nossos sentidos e podem ser manuseados
expandir esse conceito já consagrado atra- fisicamente; por outro lado, dados digitais
vés da apropriação e uso das tecnologias são constituídos de sinais eletrônicos que
disponíveis. independem de mídias, mas que dependem
“Adicionando o adjetivo ‘digital’ ao de máquinas e programas de computado-
nome ‘biblioteca’, o futuro parece estar res que os interpretem antes de qualquer
reconciliado com o passado” (Lyman, interação humana com eles. A transição
1996). Alegorias futurísticas como biblio- do impresso para o digital implica também
tecas digitais e publicações eletrônicas são a criação de camadas de funcionalidades,
tranqüilizadoras porque elas sugerem uma de modos diferenciados de disseminação
continuidade institucional entre o passado e e entrega da informação e na forma como
o futuro. Pois, se é verdade que a inovação nos relacionamos com ela. A informação
tecnológica geralmente começa imitando o digital não é antagônica à informação im-
passado, não são as novas ferramentas que pressa, porém, no patamar atual, também
constituem inovação, mas sim as novas ins- não é a sua mímica. O seu surgimento muda
tituições. “Elas acalmam e ocultam a tensão muita coisa.
latente que existe entre tecnologia digital e A passagem inicial do impresso para
as instituições de uma sociedade industrial, o digital teve como ênfase a conversão
tensões que levam a questões importantes retrospectiva direta de conteúdos impres-
sobre a natureza das bibliotecas digitais” sos para formatos digitais, por exemplo, a
(Lyman, 1996, p. 1). Em outras palavras, bi- conversão de documentos raros, frágeis ou
bliotecas digitais parecem oferecer-nos toda muito consultados. A versão digitalizada
a conveniência, a eficiência, a sofisticação da dos estoques informacionais da biblioteca
tecnologia digital dentro da idéia familiar e tradicional proporcionou a possibilidade
confortável de uma biblioteca (McPherson, inédita do acesso independente de distân-
1997). Nessa direção, a biblioteca digital cia e de tempo, o compartilhamento por
parece antes querer reforçar os fundamentos mais de um usuário de uma mesma obra a
da biblioteca e da biblioteconomia do que um custo muito baixo e, é claro, o acesso
aniquilá-los, como temem alguns. instantâneo e fácil a uma versão digital do
O produto que gerenciamos nas biblio- texto completo.
tecas tradicionais é informação, e o seu Muito além da mera conversão retros-
invólucro que nos é mais familiar, o pa- pectiva, a emergência da web acelerou o
drão códice, tem influência decisiva sobre surgimento de novos gêneros de tipos de
a arquitetura da biblioteca e sobre o seu documentos que não tinham equivalência
funcionamento, mas ele não define por si só no domínio da informação impressa e exis-
o que é uma biblioteca. “Nós não estamos tiam somente no domínio da computação
preocupados em qualificar nossas bibliote- e da comunicação em rede. No contexto
cas chamando-as de ‘bibliotecas de tabletes’ ciberespaço, a informação digital pode

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ser transportada na velocidade da luz, zada apoiada por uma ferramenta de gestão
armazenada em densidade atômica, e con- de informação. Esse primeiro patamar na
vergir em novos tipos de documentos que evolução das bibliotecas digitais foi substi-
combinam texto, imagem, gráficos, vídeo, tuído por um conceito mais sofisticado que
áudio, hiperlinks, applets e tudo mais que envolve um ambiente onde estão reunidas
a inovação tecnológica e força do mercado coleções, serviços e pessoas com a missão
possam proporcionar. de dar apoio ao ciclo completo de criação,
As bibliotecas digitais incluem as fun- disseminação, uso e preservação de dados,
cionalidades das bibliotecas tradicionais, informação e conhecimento, como propõe
mas potencialmente vão além em escopo Paul Duguid (1997).
e significado. O ambiente da biblioteca É necessário trazer, portanto, o debate
digital é um espaço dinâmico, constituído para dentro dos limites da realidade onde
de informações eletrônicas, com níveis atuam os bibliotecários e demais profissio-
diferenciados de granularidade, e serviços nais do conhecimento e onde se desenrolam
que possibilitam inúmeras configurações pesquisas e as práticas mais importantes
nas suas formas de disseminação e uma para a área. Localizar os possíveis atributos
gama extraordinária de usos e reúsos para e propriedades das bibliotecas digitais nesse
os seus estoques informacionais e para as espaço de pesquisas e práticas pode ajudar a
representações correspondentes. definir as vinculações das bibliotecas digi-
A substituição de papel pelo documento tais ao universo das bibliotecas. Os autores
eletrônico está assentada em algumas impor- Savanur e Negaraj (2004) e Urs (2007) tri-
tantes diferenças: no armazenamento distri- lharam esse caminho e definiram conjuntos
buído em formas digitais, na comunicação de características que contornam o desafio
direta, on-line, na obtenção do material via de uma definição mais formal. Antes deles,
redes de computadores, na multiplicidade a Association of Research Libraries (ARL)
de cópias a partir de uma versão original, lançou mão da mesma estratégia, registrada
no nível de granularidade que é possível no documento Definition and Purposes of a
tratar as informações digitais e nas suas Digital Library (ARL, 1995). Essas carac-
possibilidades de reúso. Essas diferenças se terísticas foram reunidas a seguir:
desdobram em transformações tão profun-
das que eventualmente deixam a biblioteca • as bibliotecas digitais são a contraparte
digital distante de uma mera expressão da digital das bibliotecas tradicionais e incluem
biblioteca tradicional (McPherson, 1997). materiais eletrônicos (digitais) bem como
Essas diferenças e transformações – que materiais impressos e ainda outros materiais
ainda estão em curso – as tentativas de – por exemplo, áudio, vídeo e objetos que
definição tentam traduzir. não se enquadram na mídia impressa e nem
podem ser disseminados em formato digital
ainda;
• uma biblioteca digital possui e controla
UMA DEFINIÇÃO POSSÍVEL a informação. Ela oferece acesso à infor-
mação, e não apenas aponta para ela;
Os sonhos e as utopias, juntamente • uma biblioteca tem uma estrutura organi-
com as realidades, expressam-se de diver- zacional unificada com pontos consistentes
sas formas quando adicionamos o termo para acesso aos dados;
“digital” à idéia precisa que a maioria de • uma biblioteca digital não é uma entidade
nós tem sobre o que é biblioteca. No mo- única, ela pode também oferecer acesso
mento em que se analisa a multiplicidade a materiais digitais e recursos de outras
de idéias sobre o que é biblioteca digital, bibliotecas digitais;
o único consenso possível de se distinguir • bibliotecas digitais apóiam o acesso rápi-
é que o conceito de biblioteca digital não do e eficiente a uma grande quantidade de
é equivalente a uma mera coleção digitali- fontes de informação distribuídas, porém

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vinculadas por links e que são plenamente palmente sugerir que existe um conjunto
integradas; de atributos que confere coerência ao con-
• bibliotecas digitais têm coleções que: ceito de biblioteca digital”. Esses atributos
a) são volumosas e persistentes ao longo incluem funções de coleções, organização,
do tempo; b) são bem organizadas e bem preservação, acesso e economia. O que sig-
gerenciadas; c) contêm formatos variados; nifica dizer que os projetos que envolvam
d) contêm objetos e não somente a sua bibliotecas digitais precisam ser definidos
representação; e) contêm objetos que não e mensurados segundo o desenvolvimento
podem ser obtidos de outra forma; desses atributos. Porém, é importante dei-
• bibliotecas digitais incluem todos os xar claro que a definição proposta também
processos e serviços oferecidos pelas enfatiza que as bibliotecas digitais devem
bibliotecas tradicionais, embora esses ser definidas e mensuradas em relação às
processos tenham que ser revisados para comunidades a que elas servem.
acomodar diferenças entre mídias digitais Esses atributos, de certa forma, dão
e impressas; densidade ao conceito proposto pela DLF,
• as bibliotecas digitais cumprem o para- ao mesmo tempo em que jogam luz sobre
digma do acesso onipresente, a qualquer outras funções biblioteconômicas importan-
hora e em qualquer lugar. Existe uma bi- tes para o desenvolvimento de bibliotecas
blioteca onde houver um computador pes- digitais, que não somente a busca e o acesso
soal conectado a uma rede. As bibliotecas a coleções digitais. As propostas da ARL
digitais estão sempre disponíveis; e da DLF revelam que a biblioteca digital
• as bibliotecas digitais intensificam o não está isenta de administrar os serviços
conceito de compartilhamento de recursos de uma biblioteca no seu elenco de funções,
provenientes das bibliotecas tradicionais; e que a sua vertente digital deve conviver
• as bibliotecas digitais se dirigem a uma ou a com as outras modalidades de informação
um conjunto de comunidades de usuários. disponíveis, estabelecendo uma possível
convergência entre os reinos digital e o
A Digital Library Federation (DLF) foi impresso.
mais adiante. Ela registra na sua página web A definição da DLF tem sido adotada
(http://www.diglib.org/about/dldefinition. amplamente por grande parte das comunida-
htm) uma definição abrangente que insti- des vinculadas às áreas de biblioteconomia
tucionaliza a visão biblioteconômica das e de ciência da informação. Tem sido ado-
bibliotecas digitais: tada também como marco primordial dos
principais projetos de pesquisa das muitas
“Bibliotecas digitais são organizações áreas que permeiam os estudos em biblioteca
que disponibilizam os recursos, incluindo digital. Entretanto, como vimos anterior-
pessoal especializado, para selecionar, es- mente, ela revela apenas uma das muitas
truturar, oferecer acesso intelectual, inter- faces do que é universalmente discutido e
pretar, distribuir, preservar a integridade e entendido como biblioteca digital.
assegurar a persistência ao longo do tempo
de coleções de trabalhos digitais, de forma
que eles estejam pronta e economicamente
disponíveis para uso de uma comunidade À GUISA DE CONCLUSÃO
definida ou um conjunto de comunidades”
(tradução nossa). A idéia de biblioteca digital tem mui-
tas faces, mas nenhuma delas a define
A própria DLF oferece uma interpretação completamente e esgota todos seus signi-
para a definição que ela estabelece: “Pode- ficados. As definições de biblioteca digital
se, naturalmente, revisar, refinar e de outra se reconfiguram de acordo com os seus
forma melhorar essa definição abrangente. inúmeros protagonistas que se espalham
Entretanto, o que se propõe aqui é princi- por muitas áreas.

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Mesmo no contexto mais restrito da tradicional são coisas separadas e distintas.
biblioteconomia e da ciência da informa- Elas não incluem a perspectiva simples de
ção, há uma multiplicidade de visões sobre que a biblioteca pode ser as duas coisas:
a natureza das bibliotecas digitais que se impressa e digital.
sobrepõem, e de práticas que se concreti- O digital não é o antagônico do im-
zam em harmonia com essas visões. O que presso, como o rolo de papiro não é o
se pode concluir com algum risco é que o antagônico do livro. Para cumprir o seu
conceito de biblioteca digital é algo ainda no papel ancestral a biblioteca sempre se
estágio transiente de evolução e que prova- apropriou das mais avançadas tecnologias
velmente guardará significados distintos ou disponíveis e vem continuamente evoluin-
receberá denominações distintas à medida do no ritmo dessas tecnologias. Assim foi
que as atuais sobreposições conceituais se com a tecnologia de microfilme, com a
resolvam. O breve passado das bibliotecas computação e agora com a web. Desde o
digitais não foi capaz de resolver essas am- surgimento dessas tecnologias, percebeu-
bigüidades, quem sabe o futuro seja rápido se que elas trariam um ganho extraordi-
em harmonizá-las. nário de produtividade e de amplitude
No entanto, o que se observa é que a nas funções administrativas, técnicas e
divergência se instala menos em relação à de intercâmbio de informação e conheci-
natureza dos serviços, produtos e interações mento no mundo das bibliotecas.
que uma biblioteca digital pode oferecer Portanto, a biblioteca digital é mais um
– isso parece cada vez mais claro e con- marco – que não traz aniquilamentos e nem
sensual –, e mais em relação à natureza pontos de singularidade – na continuidade
da sua vinculação com a biblioteca e seus evolutiva das bibliotecas, que caminham
fundamentos. rapidamente para se tornarem palácios
Essa questão deve ser ressaltada, pois híbridos de acesso à informação e ao conhe-
está reiteradamente explícito nas definições cimento distribuído, para onde convergem e
correntes que biblioteca digital e biblioteca se integram todos os tipos de mídias.

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