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DIVISÃO ÁUREA

1- INTRODUÇÃO

A Razão Áurea tem sido motivo de estudo desde os mais remotos tempos. Ela repre-
senta, segundo os estudiosos, a mais agradável proporção entre dois segmentos ou duas
medidas. Há muito identificou-se essa proporção como sendo equivalente a 1,618:1, e con-
vencionou-se identificá-la por Phi.

Este trabalho pretende discorrer sobre Divisão Áurea, também conhecida como Seg-
mento Áureo ou Extrema Razão, dando especial atenção ao número Phi, às suas aplicações
& utilidades; expressões na natureza e às suas representações algébricas e geométricas.

2- DESENVOLVIMENTO

É sabido que na Grécia antiga se acreditava que todo o mundo e todo o cosmo era
composto de apenas quatro elementos: ar, água, terra e fogo. Os Pitagóricos (uma socieda-
de secreta cujos membros se dedicavam ao estudo da Matemática e da Filosofia) conheciam
a existência de quatro sólidos geométricos perfeitos - tetraedro, hexaedro, octaedro e icosa-
edro -, aos quais associavam, segundo eles, cada um dos elementos componentes da Natu-
reza.

Sabemos também que o homem sempre teve necessidade de estar ligado a crenças
divinas e de buscar as origens do Universo, tentando encontrar aí suas próprias raízes. Para
tanto ele sempre procurou ordenar tudo que lhe rodeia. O homem sempre busca encontrar
um ser supremo, que possa representar a perfeição na desordem em que vive.

Quando os Pitagóricos descobriram o quinto e último sólido geométrico perfeito devi-


am associá-lo a algum outro elemento do universo. Seguindo suas crenças, nada melhor do
que associá- lo com os Deuses, já que não havia mais elementos tangíveis com os quais pu-
dessem estabelecer as suas relações.

Este último sólido descoberto foi o Dodecaedro, a quem Platão chamou de "o mais
nobre corpo entre todos os outros".

Entre os cinco sólidos geométricos conhecidos o dodecaedro e o icosaedro são aque-


les que apresentam mais relações com o número Phi. A escolha do dodecaedro para repre-
sentar a ligação com os Deuses parece ter se dado por razões filosóficas (que transcendem
o objetivo deste trabalho) e por uma razão matemática simples: enquanto este é constituído
de pentágonos perfeitos, que se relacionam fortemente com Phi, aquele é composto de tri-
ângulos equiláteros, que não possuem relação direta com o número Phi.

3- O NÚMERO Phi

Chamamos Phi ao número 1,618...., encontrado matematicamente através de dedu-


ções algébricas ou geométricas. O número Phi pode ser representado pelas duas séries a
segui r.

ou

4- REPRESENTAÇÃO ALGÉBRICA DE Phi.

Para que possamos chegar, algebricamente, ao valor de Phi, precisamos partir do


segmento a seguir.

Pelo estudo das proporções podemos estabelecer que:

que pode ser escrito como

substituindo
temos

Essa equação apresenta duas raízes reais, que são

5- REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA DE Phi

Existem várias representações geométricas para que possamos chegar ao número


Phi. Apresentaremos, a seguir, algumas delas:

1. Um segmento Áureo.

I. Num segmento AB, de medida "a", traça-se, por B, uma perpendicular de

medida , definindo o ponto C


II. Ligando os pontos C e A tem-se um triângulo retângulo
III. Com a ponta seca do compasso em C e abertura BC marca-se um ponto
D no segmento AC
IV. O segmento AD é Áureo de AB (AB = AD.1,618)

2. 02- Outra construção para o Segmento de Ouro

I. Constrói-se uma reta perpendicular a AB, passando por A.


II. Com o auxílio de um compasso - ponta seca em A - determinamos um
ponto X na perpendicular construída
III. Determinamos o ponto Z, médio entre A e X.
IV. Constrói-se o segmento ZB
V. Com a ponta seca do compasso em Z e abertura ZB marca-se, sobre a
reta AZ o ponto Y.
VI. Com a ponta seca do compasso em A e abertura AY marca-se, sobre a
reta AB, o ponto C.
• O ponto C determina o ponto de razão áurea do segmento AB.

03. O retângulo de Ouro

Para construirmos um retângulo que apresente entre seus lados a razão de ouro pro-
cedemos da seguinte forma:

I. Constrói-se um quadrado ABCD


II. Divide-se esse quadrado ao meio, obtendo os retângulos ABEF e CDEF.
III. Constrói-se uma diagonal CF no retângulo CDEF
IV. Prolonga-se a base do quadrado e, com a ponta seca do compasso no
ponto F e a outra ponta em C constrói-se um arco até a reta suporte da base do qua-
drado, criando assim o ponto G.
V. Pelo ponto G levanta-se uma reta perpendicular à base, que será o lado
do retângulo de ouro.

O retângulo construído - retângulo dourado - possui os seus lados na razão áurea, ou


seja, .

6- A ESPIRAL LOGARÍTMICA

Para construirmos uma espiral logarítmica podemos utilizar um retângulo dourado que,
ao ser dividido por um segmento igual ao seu lado menor, nos fornece um novo retângulo
dourado.

O processo é o seguinte:

I. Constrói-se um retângulo dourado ABCD, como vimos na construção an-


terior ("O retângulo dourado”).

II. Neste retângulo marcamos, sobre BC um ponto F, de medida AB e tra-


çamos uma perpendicular a BC pelo ponto F.

III. O retângulo DCEF também é um retângulo dourado, que dará origem ao


retângulo EDGH.

IV. Repete-se o processo acima tantas vezes quanto se acha conveniente.

V. Com a ponta seca do compasso em E a abertura AE traça-se o arco AF


e repete-se o processo para nos demais quadrados obtidos.

A espiral conseguida é uma espiral logarítmica.


7- APLICAÇÕES DO NÚMERO Phi

O número Phi aparece com uma constância notável na Natureza. Podemos encontrá-
lo na forma de crescimento das plantas e dos demais seres vivos, nos chifres dos cordeiros
selvagens, nas presas dos elefan tes, na distribuição das sementes das plantas, nos cara-
cóis, nas coníferas, nas escamas de peixes e em tantos outros locais, os quais estejamos
dispostos a enumerar ou mesmo a encontrar.

O homem também se apropriou de Phi para realizar inúmeras obras e monumentos.


Desde as mais remotas épocas, até os dias atuais, temos construído com a ajuda de Phi, por
ser ele o número que expressa, segundo nossos conceitos de beleza, a mais perfeita relação
de harmonia já conseguida pelas mãos humanas.

A seguir temos uma imagem do Parthenom, construção grega que resistiu parcialmen-
te ao tempo e onde são notadas inúmeras presenças da razão áurea.

Na sua planta baixa podemos notar a presença da razão áurea também nas distâncias
entre colunas e nos seus ambientes internos.
Leonardo da Vinci usou Phi para pintar a Mona Lisa, uma de suas mais notáveis o-
bras. Em vários pontos da obra, tais como nas relações entre seu tronco e cabeça, ou entre
os elementos do rosto aparece a razão áurea.

As pirâmides do Egito também foram construídas com o auxílio de Phi. A razão apare-
ce, por exemplo, na proporção entre altura e lados e nas câmaras internas.

Na Matemática suas aplicações são inumeráveis. Podemos citar, além daquelas já ar-
roladas, o pentagrama e o decágono regular.
Pentagrama:

No primeiro pentagrama observamos que o triângulo azul tem seus lados em relação
dourada com a base, e o triângulo vermelho tem sua base em relação dourada com os lados.

O pentagrama é uma das construções geométricas que mais fascinou os estudiosos


em todos os tempos. Há uma inumerável quantidade de relações douradas dentro do penta-
grama.

Leonardo da Vinci também utilizou-o para realizar um dos seus mais famosos estudos.
Decágono:

Um decágono regular, inscrito numa circunferência, tem os lados em relação dourada


com o raio da circunferência.

8- CONCLUSÃO

Observamos a importância da Razão Áurea no desenvolvimento da humanidade. Seja


nas construções, nas observações da Natureza ou na procura pelo perfeição e pelo belo o
número Phi está sempre presente.

Ainda hoje ele se faz presente nos estudos e desenvolvimentos de novos produtos,
que comumente seguem a Razão Áurea para que sejam visualmente atrativos.

Torna-se difícil, no entanto, separar a eterna procura por relações com as divindades,
iniciada pelos gregos, com relações matemáticas concretas. Em muitas situações ficamos se
m uma resposta clara para perguntas sobre o surgimento da relação áurea em alguns ele-
mentos. Ela aparece por ser realmente importante ou é apenas uma coincidência forçada
pelo homem?

É certo que precisamos analisar e estudar Phi com muita profundidade, pois um valor
que nos acompanha com tanta constância, desde nossos primórdios, tem sua importância e
relevância. Também é certo que precisamos tomar um cuidado redobrado para que não en-
contremos relações onde elas não existam , ou mesmo onde hajam outras relações, inclusive
matemáticas, de maior importância e que e stejamos, eventualmente, posicionando num se-
gundo plano.

A incontestável presença da razão áurea em nossa vida, mesmo que não nos demos
conta dela, já a coloca como motivo de pesquisa. Quando ela se liga a estes questionamen-
tos e incertezas torna- se ainda mais importante, enigmática e fascinante. Bom seria se hou-
vesse novas possibilidades para estudos e discussões sobre tão rico assunto.
9- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• BOYER, Carl Benjamin. História da Matemática, tradução: Elza Gomide.


São Paulo. Edgard Blucher, 1974.

HERLING, André & YAGIMA, Eiji. Desenho, 8a Série. São Paulo. IBEP.

PUTNOKI, José Carlos. Geometria e Desenho Geométrico, 4. São Paulo.


Scipione, 1990.

PINTO, Nilda Helena S. Corrêa. Desenho Geométrico, 4. São Paulo. Moderna,


1991.

http://www.perseus.tufts.edu/GreekScience/Students/Tim/Contents.html

http://www.perseus.tufts.edu/GreekScience/Students/Tim/Contents.html

http://www.tony.ai/kw/tofc.html

OBSERVAÇÃO FINAL: Este trabalho foi orientado pelo prof. Carlos Petronzelli, da U-
niversidade Tuiuti do Paraná.

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