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Autores
JOSÉ DOS SANTOS DIAS
Mestrando (Programa de Pós-graduação em Contabilidade/Centro Sócio-Econômico/
Universidade Federal de Santa Catarina – PPGC/CSE/UFSC)
Professor (Departamento de Contabilidade/Centro de Ciências Administrativas e Jurídicas/
Universidade Federal de Roraima – DCON/CECAJ/UFRR)
(55)48-38796162
josediasrr@gmail.com/josedias@dcon.ufrr.br
ADRIEL ZUNINO
Mestrando (Programa de Pós-graduação em Contabilidade/Centro Sócio-Econômico/
Universidade Federal de Santa Catarina – PPGC/CSE/UFSC)
(55)48-84018875
adrielzunino@hotmail.com
ABSTRACT
The fundamental problem of this research rest on the fact that there isn’t a theoretical basis
for Controllership consolidated as an area of human knowledge. However, several authors
argue that the main function of the Controllership is to optimize the overall result of the
company. Starting from that premise, the question arises: What’s the role of the
Controllership in developing the information system of a company? In search of answers, it
offered to characterize the functions of the Controllership in relation to information system
business. To that end, objective is, through the literature relevant to the subject, identifying
the functions and responsibilities of the Controllership and/or Controller, identifying the
characteristics of an information system common to the organizational process and, finally,
comparing the functions and responsibilities of the Controller in relation to the
characteristics identified in an information system to respond to question. As result, some
functions are listed through a bibliographical research combined with the technique of
content analysis, relating the data through a categorical analysis.
1 Introdução
O cenário econômico brasileiro tem exigido um crescimento nos níveis de eficiência e
eficácia das empresas. O uso dos recursos nas atividades inerentes ao negócio deve ser
considerado sob a ótica da contribuição para o resultado global da empresa, objetivando a sua
continuidade (CROZATTI, 1997).
A otimização do resultado global da empresa somente é alcançada mediante o controle
operacional de todas as atividades da organização. Corroborando, Riccio e Peters (1993)
afirmam que “o monitoramento de todas as atividades e resultados da empresa como um todo
deve ser de responsabilidade da ‘função’ Controladoria”.
Entretanto, Morante e Jorge (2008) afirmam que “ao controller cabe a tarefa de
proporcionar às diversas áreas da organização os indispensáveis instrumentos de trabalho,
com vistas a uma eficaz gestão de processos”.
Para Nascimento e Reginato (2007a, p.2), “a função da controladoria é apoiar o
processo de decisão, através de sistemas de informações que possibilitem o controle
operacional, visando ao monitoramento das atividades da empresa”.
Stair (1998, p.17) afirma que “um sistema de informação eficiente pode ter um grande
impacto na estratégia corporativa e no sucesso da organização”.
Um sistema de informação, por ser uma parte integrante de uma organização, é um
produto de três componentes: tecnologia, organizações e pessoas. Não se pode entender ou
usar sistemas de informação em empresas de forma eficiente sem o conhecimento de suas
dimensões em termos de organização e de pessoas, assim como de suas dimensões técnicas
(LAUDON; LAUDON, 1999).
Nesse sentido, a construção de um sistema de informação, mediante uma visão
sistêmica da empresa, facilitará aos gestores na obtenção de informações que estejam em
consonância com seus processos decisórios. Assim, quanto maior for a precisão entre a
informação fornecida e as necessidades informativas dos gestores, melhor será a decisão
tomada (MASON JUNIOR, 1975).
Segundo Beuren, Bogoni e Fernandes (2008), as funções da controladoria se
confundem algumas vezes na literatura com as funções do controller.
Oliveira, Perez Júnior e Silva (2004) percebem que ainda não há nítida e marcante
definição das funções e atividades da Controladoria e do controller, apesar do significativo
desenvolvimento das profissões ligadas à área contábil no Brasil.
Esta situação pode ser explicada por ser, a Controladoria, uma atividade desenvolvida
e divulgada somente a partir das últimas décadas, o que justifica as muitas dúvidas existentes
tanto no meio acadêmico como no profissional.
Diante disso, as diversas expressões utilizadas na literatura (atribuições, funções,
responsabilidades, atividades etc.) serão aqui sintetizadas em atividades e funções. De acordo
com Nakagawa (1994, p.42), “a atividade pode ser definida como um processo que combina,
de forma adequada, pessoas, tecnologias, materiais, métodos e seu ambiente, tendo como
objetivo a produção de produtos”. O autor esclarece, ainda, que essa definição de atividade
não se refere apenas a processos de manufatura, mas também a serviços e ações de suporte
aos diversos processos organizacionais.
3 Procedimentos Metodológicos
Tendo em vista o objetivo deste estudo, foi realizada uma pesquisa bibliográfica
combinada com a técnica de análise de conteúdo para a identificação das funções da
controladoria em relação ao sistema de informação de uma empresa.
Segundo Gil (2002, p.44-45), “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em
material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Para o autor
“a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a
cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar
diretamente”.
Nesse sentido, pesquisou-se, sobre o tema, em livros (nacionais e estrangeiros), teses,
dissertações, periódicos científicos, site de eventos científicos e revistas eletrônicas, entre
outros.
Mediante o uso da análise de conteúdo, foi possível realizar inferências para descobrir
as conexões existentes entre as funções da controladoria e as características de um sistema de
informação. Para Bardin (1994), a análise de conteúdo é um método de efetuar uma
exploração total e objetiva dos dados informativos, de tal forma que se obtenha o máximo de
informação (aspecto quantitativo), com o máximo de pertinência (aspecto qualitativo).
Para concluir o estudo, procedeu-se uma análise categorial para a identificação das
funções da controladoria em relação ao sistema de informação, conforme exposto na seção 14.
4 Origem da Controladoria
Pode-se dizer que a controladoria iniciou-se propriamente com o surgimento do
profissional denominado controller. Este termo tem origem do latim medieval “contra
rolatus” (papel contrário) que era a denominação para um segundo registro adotado para fins
de controle. Do francês vem o “contre rôle” e do inglês “counter-roll” (CROW, 1927).
Segundo Jackson (1950), o conceito no inglês já era mencionado em 1292.
Outro termo associado à controladoria é o de comptroller, ao qual, conforme Jackson
(1950), o seu surgimento seria de um erro etimológico ocorrido no século XV, onde a palavra
francesa compter (contar) teria sido usada como base para a escrita. Crow (1927) deduz que o
motivo estaria no fato da palavra count (conde) não poder ser confundida como título, pois,
quem ocupava esta função geralmente não era nobre. Segundo Del Valle, Bezerra e Tamura
(2000 apud ARAGAKI, 2001), os títulos de controller como o de tesoureiro tiveram sua
origem no governo da Inglaterra, sendo usado, no século XV, em vários cargos da English
Royal Household, como comptroller das contas na repartição Lord Chamberlain.
Em 1778, o congresso norte-americano institucionalizou o cargo de comptroller e, em
1789, o Departamento de Tesouraria instituiu a função de comptroller, sendo na seqüência a
função estendida às agências e repartições federais, estaduais e municipais. Em 1866, o
governo Inglês criou os Escritórios de Controladoria e Auditoria Geral, com objetivo de
melhorar o controle das contas públicas.
Segundo Tung (1993), as palavras controller e comptroller eram utilizadas,
inicialmente, na Inglaterra e nos Estados Unidos, para designar “o executivo que tinha a tarefa
de controlar ou verificar as contas”. Com a evolução industrial e comercial, essa definição
tornou-se inadequada, visto não abranger a amplitude das funções do controller.
Num estudo empírico sobre a história do surgimento da Controladoria, Jackson (1949)
descreve que a controllership nas empresas americanas surgiu das atividades de secretary
(Secretário) e de treasurer (Tesoureiro) em razão do grande volume de trabalho e fluxo de
informações.
A primeira empresa americana a instituir o cargo de comptroller, segundo Jackson
(1949), foi a “Atchison, Topeka & Santa Fe Railway System”, em 1880. Originalmente esta
posição foi estabelecida para exercer tarefas com enfoque financeiro. O Estatuto da empresa
previa que os deveres do comptroller eram basicamente financeiros e relacionados com
bonds, ações e securities de propriedade da companhia.
De acordo com Chandler (1962), as empresas do setor ferroviário americano, por
exercerem um papel central na economia, também foram pioneiras em diversas práticas de
controle e gestão.
Atkinson et al (2000) afirmam que, em meados do século XIX, estas empresas
desenvolveram sistemas de informações gerenciais que fornecessem medidas sumárias de
desempenho para atender às diversas demandas. A expansão dessas empresas foi marcada
pelo aumento na complexidade das operações e, conseqüentemente, pela demanda por
informações mais elaboradas.
Por outro lado, a origem da institucionalização da função da controladoria moderna
nas empresas privadas, segundo Horváth (2006), é resultado da industrialização ocorrida nos
Estados Unidos, na metade do século XIX.
Nessa época, segundo Beuren (2002), diversas empresas começaram a se fundir,
formando grandes empresas. O crescimento vertical e diversificado desses conglomerados
exigia, por parte dos acionistas e gestores, um controle central em relação aos departamentos
e divisões que rapidamente se espalhavam nos Estados Unidos e em outros países. A primeira
indústria que estabeleceu a posição de controller foi a “General Electric Company”, em 1892.
Neste mesmo período, com o surgimento das grandes organizações, foram também
desenvolvidos os primeiros ensaios dos princípios e técnicas de controladoria utilizadas
atualmente. A demanda pela informação e pelo controle, nas empresas, pode ser relacionada
aos estágios iniciais da Revolução Industrial nas tecelagens, em fábricas de armas, ferrovias,
siderúrgicas e em outras operações industriais.
As indústrias têxteis no século XIX cresceram combinando múltiplos processos na
fabricação dos tecidos. De acordo com Zimmerman (2000), estas empresas desenvolveram
sistemas para medir o custo nas mais diversas atividades (processos de fabricação, conversão
da matéria-prima, produto em elaboração e acabado, etc.). Estes dados permitiam que os
gerentes fizessem inferências e comparações de diversas naturezas como, por exemplo,
identificar a diferença entre o custo de produzir ou comprar um produto. Segundo Atkinson et
al (2000), os gestores usavam tais informações para dois propósitos distintos: controlar e
melhorar a eficiência; e para decisões de preço e mix de produtos.
Pressionadas pelo aumento da demanda e da complexidade, que requeriam controles
cada vez mais elaborados, em meados de 1900, as siderúrgicas desenvolveram sistemas que
mensuravam o custo dos insumos por unidade (matéria-prima, mão-de-obra, energia elétrica,
entre outros), em bases semanais e diárias. Este suporte permitiu aos gestores manter o
controle das operações e tornou possível avaliar o desempenho do departamento, dos
empregados e, concomitantemente, verificar a qualidade e o mix de matérias-primas. Também
proporcionou informações precisas e oportunas sobre custos marginais, possibilitando, assim,
avaliar investimentos e servir de base para decisões de preço.
Segundo Zimmerman (2000), no período de 1925 a 1975, a controladoria foi
influenciada por eventos como a crise econômica de 1929 e a Segunda Guerra Mundial.
Nesse período, os principais fatores que afetavam a contabilidade eram as taxas de lucro e as
exigências da contabilidade financeira, após a criação do Financial Accounting Standards
Board. Küpper (2005) corrobora quando descreve que a controladoria teve ascensão nos EUA
após a crise de 1929. Um sinal do crescimento da controladoria foi a criação em 1931 do
“Controller Institute of America" (FEI, 2008).
Para Boisvert (1999), os relatórios deste período informavam a direção, o grau de
conformidade das ações em relação aos planos e o alcance dos resultados pré-estabelecidos.
Isto permitia aos gestores controle sobre os planos financeiros.
A partir de 1975, os países destruídos na Segunda Guerra Mundial, como a Alemanha,
França e Japão, estavam reconstruídos e prontos para competir no mercado mundial. Isto
mudou significativamente o ambiente competitivo dos negócios no mundo todo. A competição
global se intensificou, as forças ambientais mudaram as organizações e fizeram com que os
gerentes questionassem os procedimentos utilizados pela controladoria tradicional.
O período de 1975 até o momento é conhecido como a Controladoria de Gestão
Estratégica. O objetivo é informar e orientar os gestores no momento da tomada de decisão e
a intenção é utilizar todos os meios e informações de forma pró-ativa, visando constantemente
adaptar as estratégias, em função do ambiente em constante mutação (BOISVERT, 1999).
Ainda, para Moresi (2000), essas classes de informação, em função de sua utilidade no
processo decisório de uma organização, podem ser analisadas em níveis hierárquicos,
conforme demonstra a Figura 1.
Inteligência
Síntese
Experiência
Conhecimento
Anáálise
Aprendizado
An
Informaç
Informação
Processamento
Elaboraç
Elaboração
Dados
7 Finalidades da Informação
Dentro do contexto atual, que é caracterizado pelo emprego da maior parte da força de
trabalho como trabalhadores do conhecimento, o sucesso ou o fracasso das empresas está,
cada vez mais, ligado ao modo como essas gerenciam e usam as informações (MOSCOVE;
SIMKIN; BAGRANOFF, 2002).
O gerenciamento dessas informações tem implicações para a Controladoria, uma vez
que esta trabalha com informações sobre negócios e sua missão primordial, na visão de
Moscove e Simkin (apud TACHIZAWA, 1990, p.148), é a geração de informações relevantes
para a tomada de decisão no âmbito da organização.
A informática vem influenciando de várias formas o modo como é trabalhada e
fornecida as informações. As organizações têm direcionado esforços de gestão, no sentido de
encontrarem uma maior aplicabilidade dos modelos tradicionais, por meio da utilização de
tecnologias de informação (MORESI, 2000).
Reconhecendo a importância da informação nas atividades de uma organização, uma
classificação deve ser feita para evidenciar o papel que ela pode desempenhar no ambiente
organizacional (informação crítica, mínima, potencial e irrelevante).
Entretanto, de acordo com as características apresentadas no Quadro 1, bem como a
classificação hierárquica da informação apresentada na Figura 1, essa classificação deve ser
refeita de maneira a apresentar os diferentes papéis de desempenho nas atividades da
organização, seguindo a hierarquia ora apresentada, conforme demonstra a Figura 2.
Informação Irrelevante
Informação Crítica
Informação Mínima
Informação
Potencial
Vantagem
Competitiva
Gestão da Organização
Sobrevivência da Organização
Lixo
FONTE: Adaptado de Amaral (1994) e Moresi (2000).
Figura 2: Classificação das finalidades da informação.
SPT Pessoal
(foco no dado) Operacional
Nesse contexto, verifica-se que a organização deve definir quais os tipos de sistema de
informação que mais se adéquam às suas necessidades e promover o desenvolvimento e a
implantação dos mesmos.
11 Tecnologia da Informação
Os avanços tecnológicos na área de telecomunicações e na informática, conforme
descreve a Figura 6, promoveram mudanças nas organizações.
12 Business Intelligence
A TI afeta os sistemas de várias maneiras. Uma razão de sua importância é que ela
precisa suportar e ser compatível com outros componentes de um SI. Por exemplo, para
automatizar um sistema de atendimento aos clientes, os gestores precisam decidir que tarefas
vão querer que seu sistema realize, identificar o pacote ou pacotes de programas de
computador capazes de realizar essas tarefas e, talvez, avaliar as diversas configurações de
equipamento possíveis que possam suportar esses pacotes.
No contexto do desenvolvimento da tecnologia de informação, a Business Intelligence
(BI) surgiu com o propósito de oferecer os meios necessários para a transformação de dados
em informação e para a sua divulgação por meio de ferramentas analíticas, a fim de dar
auxílio ao processo decisório (SELL, 2006).
Para Barbieri (2001, p.34), “o conceito de BI – Business Intelligence, de forma mais
ampla, pode ser entendido como a utilização de variadas fontes de informação para se definir
estratégias de competitividade nos negócios da empresa”.
Segundo Lunkes (2007, p.31), “a Business Intelligence é formada por um conjunto de
produtos e metodologias que visam sustentar o ambiente de informações analíticas e sintéticas
da empresa”.
Na essência, BI significa um conjunto de metodologias, métricas, processos e sistemas
de informação usados não só para mapear as informações, mas também para monitorar e
gerenciar o desempenho dos negócios, propiciando à organização a obtenção de vantagens
competitivas, por meio do auxílio à análise de dados do processo decisório (SILVA JÚNIOR,
2006).
Nesse sentido, a BI utiliza-se da TI na geração, no tratamento e na comunicação da
informação, uma vez que a TI existe para flexibilizar e tornar dinâmicos os sistemas
existentes e auxiliar na veiculação da informação entre os usuários que dela necessitem para
realizar suas atividades, e que esses sistemas compõem a fonte de dados da empresa
(NASCIMENTO; REGINATO, 2007a).
A infra-estrutura de uma empresa, a nível de SI, pode ser composta por várias
ferramentas de BI, empregando tecnologias para o suporte nos níveis estratégico, tático e
operacional, tais como: Data/Knowledge Warehouse; Data Mart; Data Mining; EIS –
Executive Information System; ERP – Enterprise Resource Planning; OLAP – On-Line
Analytical Processing; SCM – Supply Chain Management; outros.
A Figura 7 representa um exemplo de aplicação de Business Intelligence utilizando as
ferramentas de TI.
Business Intelligence (BI)
Acesso às
BI-
BI-Portal
Informaç
Informações
Meta--Dados
Acumulaç
Acumulação/ Sistema de
Gerencia-
Gerencia-
Disseminaç
Disseminação Sistemas de Aná
Análises mento do
Meta
das Conhecimento
Informaç
Informações
Integra
Data Mart
Preparaç
Preparação
Data Warehouse
dos Dados
Operacional Data Store (ODS)
Dados
Operacionais SCM E-Proc.
Proc. ERP CRM Dados
/Externos Externos
Cadeia de Valores
13 Modelo de Informação
As informações devem ser produzidas de forma a atender as necessidades dos
tomadores de decisões. Para tanto, essa produção deve observar o modelo de decisão e o
modelo de mensuração vigente, criando assim o modelo de informação próprio da
organização (BEUREN, 1998).
Almeida (2001, p.315) afirma que o modelo “deve refletir as características próprias de
cada empresa, que decorrem de sua relação com seu meio ambiente e de suas relações internas”.
Complementando, Nascimento e Reginato (2007a, p.63) afirmam que “o modelo de
informação deve privilegiar o perfeito conhecimento da realidade das atividades da empresa,
permitindo avaliar o desempenho das áreas, dos gestores e, conseqüentemente, do sistema
empresa como um todo”.
Contudo, na visão de Pereira (2001, p.63), o modelo de informação “compreende os
requisitos que as informações geradas devem atender, visando subsidiar o processo de
avaliação de resultados e desempenhos, intrínseco ao processo de gestão da empresa, por
meio da comparação entre os resultados planejados e realizados. As informações são vistas
como facilitadoras e indutoras das ações gerenciais para a otimização dos resultados”.
Tal abordagem é confirmada por Figueiredo e Caggiano (2004, p.34), ao identificarem
o objetivo principal do modelo de informação que é “a adequação do sistema de informação
ao processo decisório, fornecendo informações cujas tendências sejam levar a decisões ótimas
com relação ao resultado econômico, fazendo com que os gestores, entre as várias
alternativas, selecionem aquela que otimizará o resultado: reduzindo custos, aumentando
receitas, aumentando lucro, aumentando eficiência, aumentando eficácia”.
14 Análise dos Resultados
Para se proceder com a análise, os dados foram exibidos em uma matriz para facilitar a
sua interpretação, pois, segundo Miles e Huberman (1994), gerar formatos de visualização de
dados qualitativos acaba por ser bastante fácil e agradável.
O Quadro 2 sintetiza os resultados da pesquisa bibliográfica, sendo que as citações
similares em redação ou semântica foram suprimidas. Os termos em destaque são o resultado do
desmembramento do texto em categorias para posterior reagrupamento analógico, realizado por
meio da análise categorial, uma das técnicas da análise de conteúdo (BARDIN, 1994).
A definição das categorias foi realizada com base nas características de uma boa
informação, listadas por Padoveze (2004), bem como nas características de um sistema de
informação.
Segundo Borinelli (2006, p.139), “fazem parte das atividades de Controladoria
desenvolver, implementar e gerir os sistemas de informações”. Nesse sentido e diante do que
foi exposto até o momento, podemos afirmar que a Controladoria deve desempenhar as
seguintes responsabilidades em relação ao sistema de informação:
• Coordenar cuidadosamente a análise do processo de decisão e o fluxo de informações
existentes, com a finalidade de auxiliar na estruturação do sistema de informação da
organização;
• Coordenar a identificação das necessidades informacionais para prover os gestores
com as informações úteis, confiáveis, no tempo oportuno e em linguagem inteligível, a
fim de melhorar a qualidade em suas decisões;
• Coordenar na identificação e organização das informações quantitativas e qualitativas,
financeiras e não-financeiras em informações úteis, e transformá-las em conhecimento
para ser veiculada a toda organização;
• Auxiliar a organização na construção do seu modelo de informação, partindo das
diretrizes dos modelos de decisão e de mensuração empregados, de modo que a
informação seja gerada e oportunizada na maneira adequada aos gestores, assegurando
sua eficácia em relação às necessidades informacionais;
• Coordenar a aquisição de Tecnologia de Informação para garantir uma comunicação
eficaz, adquirindo os meios necessários para se chegar a uma informação útil, exata e
comunicada em tempo hábil à decisão;
• Coordenar a estruturação de uma Business Intelligence para garantir a flexibilização e
dinamização dos processos organizacionais, assegurando o acompanhamento e o
controle das atividades da empresa.
NO SISTEMA/MODELO DE
CATEGORIAS NA CONTROLADORIA/CONTROLLER
INFORMAÇÃO
“...deve ser estruturado com base na análise dos
modelos de decisão e mensuração empregados”
“o Controller é responsável pelo projeto e
(BEUREN, 1998, p.28)
Estruturação funcionamento do sistema por meio do qual se
“Para que a informação sirva para o propósito da
(construir) coleta e relata a informação de controle”
tomada de decisão, faz-se necessário estruturá-
(ANTHONY, 1960, p.330)
la” (COLLATO; REGINATO; NASCIMENTO,
2006, p.9)
“o papel do Controller é diversificado e não
compreende somente funções e relatórios
Adequação à
contábeis, mas também apoio nas tomadas de
Decisão
decisões” (SIEGEL; SHIM; DAUBER, 1997, “...ao projetar um sistema de informações, faz-
p.12-13) se necessário analisar cuidadosamente o
“...tem como função avaliar se o fluxo e processo de decisão e o fluxo de informações
precisão das informações são suficientes para a existente” (BEUREN, 1998, p.28-29)
Fluxo
respectiva análise e se são aplicáveis para a
Informacional
tomada de decisão” (COLLATO; REGINATO;
NASCIMENTO, 2006, p.10)
“...deve acompanhar o processo e criar
condições para atuar nele de forma ativa, tendo “A eficácia do modelo será medida pelo grau em
responsabilidades definidas quanto a prover os que as necessidades informacionais dos
usuários internos e externos com as gestores forem atendidas” (FIGUEIREDO;
Necessidade informações necessárias para ciência e tomada CAGGIANO, 2004, p.34)
Informacional de decisão.” (BRITO, 2000, p.52)
“Os sistemas de informações [...] devem ser
configurados de forma a atender eficientemente
“...fornecer as informações na linguagem do as necessidades informativas de seus usuários”.
executivo que as receba” (CRC-SP, 1993, p.277)
(TUNG, 1993, p.92)
Clareza
“...se preocupa com a obtenção de dados, seu
processamento e a forma como a informação
“A qualidade e a tempestividade das gerada no processamento chegará aos usuários
Qualidade informações requeridas pelo processo decisório em tempo hábil e de maneira inteligível, para
da empresa podem ser fatores determinantes lhes assegurar qualidade em suas decisões”
para que sua capacidade gerencial se (MOSIMANN; FISCH, 1999, p.59-60)
Tempestividade potencialize favoravelmente em resultados”
(NASCIMENTO; REGINATO, 2006, p.1)
“Deve promover a geração de informações
relevantes, confiáveis e que estejam disponíveis
aos gestores no tempo e formato adequados, e,
Confiabilidade para cumprirem com sua finalidade, contam com
“...função de prover informações confiáveis,
o apoio das ferramentas de tecnologia da infor-
úteis e tempestivas na forma requerida pelo mação, voltadas à ampliação de sua utilidade”
(NASCIMENTO; REGINATO, 2007a, p.66)
processo decisório.” (REGINATO;
“É importante proporcionar aos gestores a
NASCIMENTO, 2007b, p.82) informação necessária para planejar, executar e
controlar os negócios, assim como disponibilizar
Utilidade
dados financeiros e não financeiros, qualitativos e
quantitativos, transformados em informação útil”
(LUNKES, 2007, p.33-34)
...compreende as operações globais da empresa,
provendo informações e tendo o poder de
A Business Intelligence “facilita a geração e a
comunicação destas aos gestores, sendo capaz
comunicação do recurso informação aos
Comunicação de analisar as informações obtidas de diversas
usuários, a empresa pode ter flexibilização e
áreas, fornecendo-as em tempo hábil para a
dinamicidade em seus processos, podendo até
tomada de decisão. (ROEHL-ANDERSON;
mesmo suprir várias de suas deficiências e gerar
BRAGG, 1996)
um clima favorável ao seu contínuo
“...é garantir a realização do processo de
desenvolvimento e ao seu pleno controle
decisão, ação, informação, controle,
organizacional” (NASCIMENTO; REGINATO,
Controle acompanhando e controlando as atividades da
2007a, p.73)
empresa” (PEREZ JÚNIOR; PESTANA;
FRANCO, 1997, p.36)
FONTE: Dados de Pesquisa.
Quadro 2 – Características comuns da Controladoria e do Sistema de Informação
Considerações Finais
Este estudo tratou do tema Controladoria à luz de sua função principal de otimizar o
resultado global da empresa. Dessa forma, buscou-se identificar o seu papel diante do sistema
de informação, uma vez que a mesma deve atuar em todas as áreas da empresa para poder
cumprir aquela função. Para tanto, o questionamento, bem como os objetivos de pesquisa
foram estabelecidos com o propósito de nortear o estudo.
No decorre do estudo, bem como na análise dos resultados, verifica-se que é possível
identificar e estruturar as novas funções da Controladoria. A resposta ao questionamento foi
desenvolvida nas diversas seções deste texto, onde se evidenciou as características intrínsecas
entre a Controladoria e o Sistema de Informação.
Por fim, verifica-se que este estudo pode ser aplicado em outras áreas organizacionais,
a fim de evidenciar um panorama mais completo sobre a Controladoria em decorrência da sua
abrangência na organização.
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