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Auto da barca do inferno

A peça teatral escrita por Gil Vigente relata uma suposição em que quando
morrêssemos, seriamos levados a um rio, porto, em que estivesse presente duas barcas,
uma que levaria ao paraíso e outro ao inferno. Assim, conforme as atitudes tidas em
vida seriamos julgados pelos comandantes, diabo e anjo, para embarcarmos na barca
infernal ou celestial. Esta seria a definição da palavra auto, utilizada no título da peça.
Fora deste contexto auto significa uma composição de caráter místico, com gênero
teatral medieval europeu.

Personagens Representação Objeto do Argumentos Argumentos de Condenação


pecado de defesa pessoal
condenação
Fidalgo Um homem rico que Cadeira de Tratou os Deixou a sua Barca do
frequenta a alta classe. espaldas outros como esposa rezando Inferno
Tem uma mulher que Pajem pequenos, foi por ele em vida.
chora de alegria quando Manta/Rabo/Capa tirano
este morre e que também o
trai com alguém de menos
apreço.
Diabo O diabo é o condutor da
Barca do Inferno. É ele
quem da as ordens e define
se os personagens devem
ou não embarcar.
Anjo O anjo é o condutor da
Barca da Glória. Também
da ordens em sua
embarcação e permite ou
não que embarquem.
Onzeneiro Era um banqueiro que Apenas uma Usura e Queria voltar ao Barca do
roubou muito. Não queria bolsa. avareza. mundo e pegar Inferno
aceitar embarcar na Barca seu dinheiro
infernal, mas tendo seu
pedido recusado pelo anjo
teve de juntar-se na do
diabo.
Parvo Um homem humilde que Simpleza. Não errou de Barca da
não fora condenado. propósito Glória
Sapateiro Esperava ser salvo por Ferramentas de Ladrão, Era comungado e Barca do
sempre se confessar e ser seu ofício. excomungado confessado. Inferno
comungado. Argumentou Formas de sapato. e enganador. Ouviu missas.
várias vezes dizendo que Deu esmolas e fez
ouvia missas e dava velórios.
esmolas, mas era
surpreendido com o contra
argumento do diabo de que
ele havia roubado muito e
lucrado em cima do que
seriam caridades para sua
própria satisfação.

Frade Um homem da corte, Um escudo, uma Possuía uma Era padre. Barca do
padre. Não aceitava ser espada e sua amante. Inferno
condenado sendo um mulher.
padre.
Brízida Vaz Mulher que não aceitava Seiscentos virgos Perdição Criava meninas Barca do
ter de embarcar na barca postiços, três para os padres e Inferno
infernal porque havia arcas de feitiços, bispos. Fez coisas
salvado muitas meninas da Três armários de divinas em vida.
perdição. Tentou mentir, cinco
convencer o anjo, mas não cofres de enleios,
conseguiu. jóias de vestir,
guarda-roupa de
encobrir, casa
movediça, um
estrado de cortiça
e moças que
vendia.
Judeu Este não estava sendo Um bode. Ladrão, que O bode era o Barca do
aceito para embarcar em goza do sacrifício Inferno
nenhuma barca, por salvador. (Por necessário na
preconceito existente na ser judeu, já religião judaica.
época contra os judeus. O que havia Pagava em
diabo então permite que muito dinheiro.
ele vá, mas no reboque, preconceito
afirmando que era tão mau envolvido)
que iria ao inferno “à toa”.
Carregador e Tinham de embarcar por Uma vara na mão Corruptos. Sempre agiu com Barca do
Procurador conta de já terem roubado e muitos Aceitaram justiça. Não eram Inferno
e não terem confessado ao manuscritos. E o suborno. Não seus pecados.
menos. Mas eram homens outro levava confessaram.
das leis, e por isso quase livros.
foram aceitos na barca
celestial.
Enforcado Morreu enforcado e foi Enganado e Fora enganado, Barca do
informado de que com este descompromis achava que quem Inferno
ato seria considerado sado da reza. enforcado morria
santo. Não levou a serio os se livrava de
castigos e as rezas, então Satanás.
teria de ir ao inferno.
Quatro Morreram por Jesus Uma cruz cada Defensores de Morreram por Barca da
cavaleiros Cristo, então mereciam um. Jesus Cristo. Jesus Cristo. Glória
paz eterna.

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