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FÔRMAS

&

ESCORAS

RODRIGO SANTA CRUZ


Caro leitor,

O E-book, Fôrmas e Escoras: Guia


Prático Para Projeto e Execução,  foi
elaborado pela equipe Engenhamais! de
uma maneira simples e didática para
que você, ao fim do livro, compreenda
todos aspectos do assunto e adquira
conhecimento que o ajude na sua
carreira profissional.

Este projeto é de minha autoria, Rodrigo


Santa Cruz, Engenheiro Civil, Founder &
CEO do site Engenhamais. Desejo que
você tenha uma ótima leitura deste E-
book! porém caso possua alguma dúvida
ou crítica construtiva, entre em contato
conosco pelo E-mail:

contato@engenhamais.com.br
índice
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I N T R O D U Ç Ã O

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S I S T E M A S D E
F Ô R M A S

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D I S P O S I Ç Õ E S
F I N A I S
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I N T R O D U Ç Ã O

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Ao analisar uma edificação nós
tendemos a imaginá-la por completo,
com todos os níveis já erguidos e suas
fachadas acabadas.

Se fôssemos refletir um pouco mais


sobre as etapas necessárias para chegar
ao projeto finalizado, talvez
considerássemos a infraestrutura; a
supraestrutura; a elevação da alvenaria;
o acabamento, as partes hidráulica e
elétrica.

Mas, será que mesmo nessa reflexão


consideraríamos o projeto e execução
das fôrmas tão importantes quanto as
etapas anteriormente citadas?

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" Um bom engenheiro é
aquele que consegue
organizar e programar
todos os procedimentos de
uma obra com
antecedência.

Neste artigo discutiremos:


"
A importância de um elaborar um
projeto especifico para fôrmas e
escoramentos;                                                           
 
Como estes sistemas funcionam;             
  
A razão pela qual devemos planejar
cada passo com antecedência para
termos uma obra mais enxuta e
compatível com o orçamento e o
cronograma.

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Antes de mais nada, devemos entender
que fôrmas e escoras são estruturas
temporárias responsáveis por suportar
as estruturas permanentes e suas ações
até que o elemento possua as
características desejadas no projeto.

Por isso, os projetos (e execução) das


fôrmas e escoramento devem receber a
devida importância, pois a má aplicação
das fôrmas e um mau escoramento
provocará um elemento estrutural
deficiente, com possíveis patologias e até
mesmo comportamento estrutural
diferente do esperado.

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Uma fôrma convencional é formada
basicamente por três elementos: 

Superfície de contato;                                         
   
Viga secundária;                                                     
  
 Viga principal.

O primeiro elemento pode ser composto


por um compensado de madeira; de
plástico; metálico ou fenólico.

Para as vigas, são tradicionalmente


utilizados elementos de madeira ou
elementos metálicos (alumínio ou aço).

Entretanto, a maneira de organizar


esses componentes irá variar de acordo
com o sistema adotado.

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SISTEMA DE UMA FACE

A princípio podemos considerar o


sistema de uma face. Este sistema é
utilizado quando uma de suas faces é
suprida pelo ambiente, como por
exemplo num muro de contensão.

Uma face será suportada pelo aterro ou


montante de terra e a outra pela fôrma.
Nesse caso a fôrma deverá possuir uma
ancoragem inclinada, para evitar os
efeitos de cisalhamento e para que não
se desloque.

As escoras também terão uma função


importante: resistir às pressões de
concretagem. Recomenda-se que essas
escoras possuam uma inclinação de
aproximadamente 45º.

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SISTEMA DE  DUAS FACES

O sistema de fôrmas mais comum é o de


duas faces. Neste, todas as faces são
cobertas por compensados de madeira e,
consequentemente, por vigas
secundárias e principais.

Sistema de fôrmas de Duas Faces

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Essas faces podem ser reguladas por
tirantes ou tensores. Os tirantes, mais
utilizados, são compostos por dois
reguladores nos compensados de cada
face, entre os quais passa uma barra
rosqueada.

Com isto é possível regular qual a


dimensão a fôrma deve manter até
durante a concretagem do elemento.

 Utiliza-se como auxílio, ainda, a galga,


uma espécie de régua de madeira
aplicada entre os compensados, que
serve para que o aperto aos tirantes não
diminua a seção transversal do
elemento estrutural.

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SISTEMA TREPANTE

Outro sistema a considerar é o Trepante.


Bastante utilizado em elementos com
alturas elevadas, sua estrutura
convencional é semelhante ao do
sistema de duas faces.

Os elementos devem ser separados por


níveis e ao realizar o painel no primeiro
nível, aplica-se um gancho de
ancoragem na parte superior do
elemento estrutural concretado, para
que assim, seja possível realizar a base
do escoramento para o próximo nível, e
assim sucessivamente.

Com isto, têm-se uma maior taxa de


reaproveitamento e, assim, um sistema
mais barato. 

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Entretanto, uma das desvantagens deste
sistema é a necessidade de tratamento
das juntas e furos na estrutura ao fim do
escoramento.

Sistema de fôrmas Trepante

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SISTEMAS ESPECIAIS

Existem ainda vários outros sistemas de


fôrmas utilizados na construção civil,
mas, apenas em situações especiais.

Um destes sistemas especiais é o de


fôrmas deslizantes. Basicamente a
estrutura funcionará como um
elevador, no qual o painel vai sendo
elevado aos poucos junto com a
concretagem do elemento.

Têm-se, assim uma execução bem mais


efetiva e rápida. Esse sistema pode ser
utilizado para reservatórios, nos quais
segue com a mesma forma geométrica,
atípica, até os níveis mais elevados.
Contudo, esse sistema só é viável se
executado em turnos interruptos.

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O cimbramento tem como função
suportar a estrutura permanente;
encaminhar os esforços para o solo e
evitar deformações na estrutura.

Um de seus tipos, e o mais utilizado, é o


escoramento. Ele pode ser definido
como hastes ou escoras fixas, sem
movimento, comprimidas entre o solo
ou o nível anterior e o elemento a ser
suportado.

Funcionamento de uma escora

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Estas escoras podem ser de material
metálico ou de madeira, respeitando as
normas e limites vigentes na região.

Caso haja necessidade de cimbramento


de uma estrutura que possua um vão
vertical muito elevado, é comum utilizar
um sistema de torre.

Seu material deve ser metálico, de


composição tubular, por encaixe ou
treliça.

Ao se tratar de uma estrutura muito


grande e que ainda suportará a
estrutura permanente, é de imensa
importância a realização de uma
ancoragem perfeita em sua base.

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Escoramento tipo Torre.

Outros dois sistemas de cimbramento


que merecem ser citados são o Suspenso
e o Auto Portante.

De maneira simplificada, é possível


afirmar que o sistema Suspenso será
um escoramento invertido.

A estrutura permanente que necessita


de apoio, estará abaixo do nível onde o
cimbramento será locado. 

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 Para isso, cada elemento precisa estar
bem tracionado para que o elemento
estrutural permaneça uniforme ao
longo do eixo horizontal.

O sistema Auto Portante é comumente


utilizado para pontes, onde executará o
gabarito aos poucos em relação ao
mastro/pilar principal.

É importante destacar que a realização


desse cimbramento, deverá ser
executada simultaneamente em ambas
as direções, para que assim ocorra o
equilíbrio dos elementos estruturais.

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R E E S C O R A M E N T O

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Do ponto de vista do engenheiro
responsável pela obra, esse é um dos
quesitos mais importantes, pois afeta
diretamente a gestão de sua obra.

Para estabelecer o cronograma é preciso


conhecer o clico das concretagens, e
assim ter um plano de desforma ou
reescoramento previamente
estabelecido.

 Com esse plano de reescoramento em


mente, poderá determinar o que pode
ser reaproveitado das fôrmas e
cimbramento e quais etapas virão a
seguir.

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Os dois tipos de reescoramento mais
utilizados são o alívio total de carga e o
alívio parcial de carga.

No total, o escoramento é retirado


completamente após a concretagem e
cura do elemento estrutural, permitindo
assim que a estrutura permanente
trabalhe por si só. Com um determinado
intervalo o reescoramento é aplicado no
mesmo local das escoras.

No alívio parcial, o reescoramento é


parte do escoramento. Ao se realizar a
cura do concreto, alguns elementos do
cimbramento são retirados, fazendo
com que a estrutura permanente
trabalhe em função dos pontos de
retirada do escoramento.

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Num ciclo de concretagem com tempo
médio de 7 dias, é possível estabelecer
um plano de desforma e retirada das
escoras.

Por exemplo: os elementos concretados


com até 14 dias mantêm 100% das
escoras. A partir dai, pode-se reduzir
para 75%. Ao chegar aos 21 dias,
trabalha-se com 50% e aos 28 dias, 25% a
0% das escoras.
100%

75%

50%

25%

0%
0 dias 7 dias 14 dias 21 dias 28 dias

Proporção - % de Escoras / Ciclo de Concretagem

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Obviamente trata-se de um exemplo e
cada caso possui a sua peculiaridade.

A depender das sobrecargas de projeto,


do concreto utilizado, das dimensões das
estruturas e da sobrecarga que irá
ocorrer durante a execução de outros
elementos, pode ser possível diminuir
esse tempo de retirada das fôrmas e
escoras.

Da mesma forma, pode ser necessário


permanecer mais tempo com a estrutura
provisória.

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Seguem aqui recomendações que vão
ser de grande ajuda para a execução das
fôrmas e escoramentos em sua obra.

No caso das vigas baldrames, existe a


possibilidade de trabalhar com o próprio
solo como fôrma, utilizando somente
uma lona plástica para separar o
elemento estrutural do ambiente.  Isto só
será possível, entretanto, se o solo
possuir uma ótima coesão.

Nos demais caso, em solos não coesos, é


recomendado trabalhar com fôrmas e
escoras de madeira ou até mesmo
utilizar a alvenaria de bloco como
“fôrma morta” (caso seja calculado que
essa alvenaria suporte a pressão e que
seja viável financeiramente).

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Um método muito conhecido e que irá
auxiliar no reaproveitamento dos
materiais é o sistema catavento para os
pilares em concreto armado.

Esse método permite que a


superfície de contato,
geralmente o compensado
de madeira, se regule de
acordo com as dimensões
transversais dos pilares
sem a necessidade de
corte, o que resultaria
numa fôrma exata e que
só poderia ser reutilizada
em elementos
semelhantes.

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Quando o responsável por uma obra dá
entrada em um alvará de construção na
prefeitura, normalmente lhe é
solicitado um projeto arquitetônico
(com cortes, fachadas e afins), sendo
todos devidamente registrados em
conjunto com a ART (Anotação de
Responsabilidade Técnica) do projeto.

É necessário projeto
de Fôrmas e
Cimbramento com
ART registrada?
Contudo, são necessários inúmeros
outros projetos para uma execução com
o mínimo de erros possíveis, como o
projeto elétrico, hidráulico e estrutural,
mas que não são obrigatórios para a
regularização da obra.
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Entretanto um pensamento que o
engenheiro deve ter é de que as suas
ART’s também servirão de portfólio,
atestando que tem experiencia no
assunto.

No caso dos projetos de fôrmas e


cimbramento estima-se que apenas 5%
das obras possuam ART’s dos
respectivos projetos. Nos demais casos,
as fôrmas e cimbramento são
determinados pelo engenheiro de obras,
ou pela terceirizada responsável pela
execução.

Vale lembrar um fator importante: Em


caso de falhas ou erros na execução, a
responsabilidade será do engenheiro
responsável pela obra, caso não haja um
projeto registrado com ART. 

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Portanto, é recomendável que o
responsável pela obra providencie um
projeto de fôrmas e cimbramentos
devidamente regularizado.

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A N Á L I S E D E
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Em edificações convencionais, a
estrutura representa de 20% a 25% do
orçamento total.

Desses 20%, os serviços de fôrma e


cimbramento, somando mão-de-obra e
material, representam
aproximadamente 42% do preço final da
estrutura.

Com isso, estima-se que o insumo


fôrmas e cimbramento cheguem a
representar 9% no valor total da obra.

 Portanto, caso o engenheiro vise a


otimização da execução da estrutura,
naturalmente se direciona na
otimização deste insumo.

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Se separarmos a estrutura em Laje, Viga
e Pilar, existe uma relação de custo
referente aos serviços de fôrma e
cimbramento de 1:3:4, respectivamente.

 Essa relação é resultado da


caracterização desses elementos. Fôrmas
para laje são extremamente simples,
composta simplesmente pelo assoalho
plano e, em alguns casos, seus limites
verticais nas extremidades.

Já as vigas e os pilares possuem diversos


elementos de execução minuciosa e com
baixa taxa de reutilização no plano
geral.

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INFORGRÁFICO

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Devemos ressaltar que este E-book não
cobre todas as minúcias referentes às
fôrmas e escoras.

Existem inúmeras obras literárias que


expõem métodos e dicas de execução,
cálculo do dimensionamento de fôrmas
e quantidade de escoras, além de outras
informações.

Para uma análise mais profunda do


assunto, aqui destacamos o livro
“Fôrmas e Escoramento para Edifícios”,
de Nilton Nazar, publicado pela editora
PINI, que será de grande ajuda, pois é
bastante completo.

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REGULAMENTAÇÃO

Em meados de 2003 foi fundada a


ABRASFE (Associação Brasileira de
Sistemas de Formas e Escoramento).
  
Desde então, houve um esforço para a
criação de normas que regularizassem a
sua execução e projeto.

Hoje no brasil a norma vigente,


primordial ao tratar do assunto, é a NBR
15696 – Fôrmas e Escoramento para
Estruturas de Concreto.

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Chegamos ao fim do nosso E-book.
Agradeço desde já o seu apoio e
confiança na equipe Engenhamais! e
espero, do fundo do coração, que você
possua agora um conhecimento que
venha a lhe ser util em sua carreira
profissional.

Atenciosamente, 

Rodrigo Santa Cruz


rodrigo@engenhamais.com.br
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