Você está na página 1de 22

MANUAL PARA

IMPLANTAÇÃO DE
HORTA ORGÂNICA
Laísa Lopes
Leandra Barrozo
Kelson Lima
Cleody Coelho
MANUAL PARA
IMPLANTAÇÃO DE
HORTA ORGÂNICA

LAÍSA COELHO DOS SANTOS LOPES


Bolsista
Graduanda em Agronomia
Universidade Estadual do Maranhão - Campus de Balsas
laisacoelho2016@gmail.com

LEANDRA MATOS BARROZO


Orientadora
Doutora em Agronomia (Produção e Tecnologia de Sementes)
Universidade Estadual do Maranhão - Campus de Balsas
leandrabarrozo1@gmail.com

KELSON SOARES LIMA


Voluntário
Graduando em Agronomia
Universidade Estadual do Maranhão - Campus de Balsas
kelsonlima813@gmail.com

CLEODY JOSÉ DOS SANTOS COELHO


Voluntário
Graduando em Agronomia
Universidade Estadual do Maranhão - Campus de Balsas
cleodyjsc@gmail.com

Informações sobre o projeto


Email: hortificando@gmail.com
Instagram: @hortificando
https://instagram.com/hortificando?igshid=bcr89z9otwe6
Todos os direitos reservados.
APRESENTAÇÃO

A cartilha Manual Para Implantação de Horta Orgânica integra o projeto de extensão A


horta escolar na Educação Ambiental e Alimentar na Escola Municipal Menino Jesus no
Povoado Jenipapo, município de Balsas que tem como objetivo a implantação de uma horta
orgânica, visando o enriquecimento da merenda escolar e a sensibilização dos discentes para as
questões ambientais. Este, faz parte do Programa Institucional de Bolsas de Extensão (PIBEX)
da Universidade Estadual do Maranhão, vinculado à Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos
Estudantis (PROEXAE).
O trabalho estava sendo desenvolvido com a turma do 5º ano do ensino fundamental
através de metodologias participativas que envolveram palestras, oficinas, jogos dinâmicos e
práticas dentro da horta como a incorporação de adubo no solo e confecção de materiais. No
entanto, a pandemia da Covid-19 impossibilitou que as demais atividades fossem realizadas.
Dessa forma, foram desenvolvidas alternativas para continuar o projeto. Entre elas a
criação de um perfil no Instagram com caráter informativo e dialógico, assim como a produção
da presente cartilha com a proposta de incentivar o consumo e a produção de alimentos
orgânicos em casa ou na escola.
Por meio de uma linguagem simples e objetiva, o manual aborda conhecimentos básicos
que auxiliarão nas etapas de escolha do local da horta, materiais necessários, escolha das
hortaliças, preparo da área, manejo do solo, adubação, irrigação, plantio, manutenção e colheita
dos produtos olerícolas. Assim, o leitor evidenciará que a implantação de uma horta possui
baixo custo, apresenta diversos benefícios a saúde, economia e meio ambiente.

Os autores.
AGRADECIMENTOS

A Universidade Estadual do Maranhão (UEMA/CESBA), Programa Institucional de


Bolsas de Extensão (PIBEX) pela concessão da bolsa e oportunidade de contribuir com a
comunidade.
A Escola Municipal Menino Jesus, que acolheu o projeto. Em especial, aos alunos do
5º ano (2020) que participaram das atividades e compartilharam os conhecimentos adquiridos
com familiares e amigos.
A orientadora Leandra Barrozo, pela paciência, compreensão, amizade e instruções
prestadas a equipe executora.
Aos voluntários do projeto: Cleody, Igor, Kelson e Walison pelos momentos que
prestaram assistência.
Ao motorista Edason, que sempre nos acompanhou nas visitas a escola e ajudou nas
atividades desenvolvidas.
E a todos que contribuíram com a divulgação do trabalho nas redes sociais.
SUMÁRIO

1 PRODUÇÃO DE HORTAS 05
2 ESCOLHA DO LOCAL 06
3 MATERIAL ESSENCIAL 07
3.1 Ferramentas e utensílios 07
3.2 Insumos 07
4 QUAIS HORTALIÇAS PLANTAR? 08
5 PRINCIPAIS HORTALIÇAS CULTIVADAS 09
6 PREPARO DA ÁREA 10
7 PREPARO DOS CANTEIROS 11
8 MANEJO DO SOLO 11
9 ADUBAÇÃO ORGÂNICA 12
9.1 Construção da composteira 13
10 IRRIGAÇÃO 14
11 PLANTIO 15
12 MANUTENÇÃO DA HORTA 16
13 PRAGAS E DOENÇAS 17
13. 1 Identificação e controle de pragas 17
13.2 Identificação de sintomas, prevenção e controle de doenças 19
14 COLHEITA E ARMAZENAMENTO 20
1 PRODUÇÃO DE HORTAS

As hortaliças possuem altos teores de vitaminas, sais


minerais e fibras. Esses nutrientes são responsáveis por regular
várias funções do corpo, assim como protegê-lo de doenças. No
entanto, ainda é grande o número de pessoas com problemas de
saúde relacionados a má nutrição, devido a hábitos alimentares
Fonte: Imagens por
apoiados no consumo de alimentos industrializados, alimentação Pixabay

desiquilibrada e com pouca diversidade de alimentos in natura.


Na infância são construídos os hábitos alimentares e entender os fatores que influenciam
nessa formação é fundamental para a elaboração de ações de conscientização e intervenção.
Nesse aspecto, a inserção de hortas em escolas se configura como uma ferramenta efetiva na
modificação do padrão alimentar de crianças e isso trará benefícios na vida adulta. Ademais,
essa alternativa permite trabalhar a Educação Ambiental através da construção da horta com
materiais reutilizáveis ou recicláveis e tem caráter interdisciplinar nas práticas de ensino-
aprendizagem.
Ao decidir inserir uma horta orgânica é necessário, primeiramente, realizar o
planejamento. Essa etapa é fundamental para avaliar os objetivos a serem alcançados, as
limitações, os materiais disponíveis, assim evitando problemas no decorrer da construção.
Além do mais, o planejamento possui diversas vantagens como a redução de gastos com
insumos, irrigação e garante o desenvolvimento da unidade produtiva.
Alguns questionamentos devem ser apresentados:

QUAIS OS OBJETIVOS A QUAL O TAMANHO DA


SEREM ALCANÇADOS? ÁREA DISPONÍVEL?

QUAIS RECURSOS QUAIS HORTALIÇAS


NECESSÁRIOS? CULTIVAR?

QUANTO PRODUZIR? COMO MANTER?

Isto posto, a elaboração do plano de trabalho deve ser contínua, com a participação e
comprometimento de todos os envolvidos.

05
2 ESCOLHA DO LOCAL

Uma horta pode ser instalada em qualquer local, como em


quintais, muros, janelas e varandas. No entanto, independentemente do
tamanho da área, é necessário atender a alguns critérios para que as
plantas possam se desenvolver adequadamente:
• Receber luz solar durante boa parte do dia, pelos menos de 4 a 5 horas;
• Dispor de água de qualidade e em quantidade suficiente;
• Ser um local bem drenado;
• Escolher recipientes adequados para o plantio;
• O solo deve ser solto (fofo), sem pedras e resíduos;
• Deve ser cercado para evitar que algum animal possa destruir a produção;
• A área escolhida deve ser plana ou com pouca inclinação;
• Estar afastado de construções ou árvores que possam fazer sombra;
• Ser protegido de ventos fortes.
A horta pode ser construída de diferentes formatos sempre de modo a aproveitar o
espaço disponível. Além do plantio convencional em canteiros, vários recipientes podem ser
moldados para realizar o cultivo das hortaliças. Entretanto, é considerável que tenham furos na
parte inferior, para que a água escoe e tenham uma profundidade adequada para que o sistema
radicular possa se desenvolver. Abaixo estão listados alguns desses recipientes:
Figura 1 - Garrafa pet Figura 2 - Canos de PVC

Fonte: https://www.fragmaq.com.br/ Fonte: https://construindodecor.com.br /


blog/montar-horta-suspensa-garrafa-pet/ horta-vertical-suspensa/
Figura 3 - Pneus

Fonte: http://w ww.nossalucelia.com.br/


n22918.html

06
3 MATERIAL ESSENCIAL

3. 1 Ferramentas e utensílios

• Enxada;
• Rastelo;
• Regador;
• Borrifador;
• Sementeiras;
• Pá;
• Estacas;
• Mangueira;
• Objeto cortante.

Entretanto, vários desses itens podem ser confeccionados com materiais


recicláveis/reutilizáveis como garrafa pet e outras embalagens plásticas (devem estarem limpas
para o uso). Confira alguns desses itens abaixo:
Figura 4 - Regador ecológico Figura 5 - Sementeira de copo plástico

Fonte: https://reciclagemideiasustentavel. Fonte: https://www.jardineiro.net/producao-


wordpress.com/2014/12/02/regador/
de-mudas-em-copinhos-descartaveis.html

3. 2 Insumos

• Adubo orgânico
• Sementes

ATENÇÃO!
Utilize sementes novas (verificar a data de validade).

07
4 QUAIS HORTALIÇAS PLANTAR?

Opte por ter um sistema produtivo diversificado. Uma


horta com várias hortaliças garante a menor degradação do solo e
permite o melhor aproveitamento do espaço, além de deixá-la
menos vulnerável ao ataque de pragas e doenças. Contudo, a
escolha das hortaliças depende de alguns fatores:
• Objetivos da horta;
• Clima local;
• Época do ano;
• Tamanho da área disponível;
• Disponibilidade dos responsáveis;
• Facilidade no cultivo; Fonte: Imagens por Pixabay

• Solo;
• Disponibilidade de mudas e sementes.

A horta pode ser diversificada de duas formas:


• Consórcio de culturas - cultivo simultâneo, na mesma área, de duas ou mais
espécies com características diferentes. Algumas opções:

Beterraba Cenoura Alface

Alface Tomate Cenoura

Rabanete Cenoura
Cebola Repolho Ervilha Rabanete

• Rotação de culturas - consiste em alternar, de forma ordenada, o cultivo de


diferentes espécies em uma mesma área, ou seja, não fazer o plantio sucessivo
de plantas da mesma família. Exemplos:

1º CULTIVO - Hortaliças folhosas (como alface e rúcula)


2º CULTIVO - Hortaliças tuberosas (cenoura e beterraba)
3º CULTIVO - Hortaliças-fruto (ervilha e tomate)

08
5 PRINCIPAIS HORTALIÇAS CULTIVADAS

Veja abaixo as informações sobre o plantio das principais hortaliças cultivadas em


hortas orgânicas:

ALFACE CEBOLINHA
Época de plantio: ano inteiro. Época de plantio: ano inteiro.
Modo de plantio: produzir Modo de plantio: produzir
mudas em sementeira. mudas em sementeira ou tirar
Transplante: 4 a 5 folhas. mudas da touceira.
Espaçamento: 25 a 30 cm entre Transplante: após 40 dias.
as mudas. Espaçamento: 20 cm entre as
Colheita: 60 a 80 dias após o mudas.
plantio. Colheita: 60 a 80 dias

COENTRO COUVE

Época de plantio: ano inteiro. Época de plantio: ano inteiro.


Modo de plantio: semeadura Modo de plantio: produzir
direta em sulcos de 1 a 2 cm de mudas em sementeira.
profundidade. Transplante: 4 a 5 folhas.
Espaçamento: 10 cm entre Espaçamento: 25 a 30 cm entre
sulcos. as mudas.
Colheita: 30 a 60 dias. Colheita: 60 a 80 dias após o
plantio.

ATENÇÃO!

Respeite o espaçamento recomendado para cada cultura.

09
FEIJÃO-VAGEM RABANETE

Época de plantio: ano inteiro Época de plantio: ano inteiro.


(Nordeste). Modo de plantio: semeadura
Modo de plantio: semeadura direta em sulcos com 1 cm de
direta em covas com 1,5 cm de profundidade.
profundidade. Espaçamento: 15 cm entre os
Espaçamento: 50 cm entre sulcos.
plantas e 1 m entre linhas. Colheita: 25 a 30 dias após
Colheita: 60 a 70 dias após semeadura.
semeadura.

RÚCULA TOMATE

Época de plantio: ano inteiro. Época de plantio: ano inteiro.


Modo de plantio: semeadura Modo de plantio: produzir
direta em sulcos com 1 cm de mudas em sementeira.
profundidade. Transplante: 5 a 6 folhas.
Espaçamento: 20 cm entre os Espaçamento: 40 a 50 cm entre
sulcos e 15 cm entre plantas. as mudas.
Colheita: 30 a 40 dias após Colheita: 90 a 100 dias após
semeadura. semeadura.

6 PREPARO DA ÁREA

O local destinado a instalação da horta deve passar por uma série de procedimentos:
• Limpeza - retirar todos os materiais que tiverem espalhados pelo terreno como
restos de madeiras e pedras, assim como realizar a capina para eliminar plantas não
desejadas;
• Drenagem - canais para escoamento da água, ou seja, criação de valas na
superfície do solo para que a água não fique acumulada;
• Delimitação da área - fazer o dimensionamento de modo a aproveitar o espaço
disponível;
10
• Marcação dos canteiros - fincar estacas nos quatro cantos.

7 PREPARO DOS CANTEIROS

As dimensões dos canteiros variam conforme as hortaliças


a serem cultivadas e o espaço disponível. No entanto, devem
facilitar a realização das atividades como semeadura, manutenção
e colheita.
Geralmente adotam-se as seguintes medidas:
• Comprimento – depende do tamanho e formato da horta e deve ser deixado um
espaço de 30 a 50 cm entre os canteiros para facilitar a circulação de pessoas.
• Largura – de 90 a 120 cm. Sempre de modo a facilitar a realização de operações
como semeadura e colheita.
• Altura – 20 a 30 cm (levar em consideração a topografia do terreno).
O preparo do solo deve manter a fertilidade e preservar a biodiversidade existente. Para
isso, é necessário:
• Revolver o mínimo possível do solo, cerca de 15-20 cm de profundidade;
• Quebrar os torrões;
• Não queimar a matéria orgânica como folhas secas, visto que são um fertilizante
natural;
• Fazer a adubação necessária (usar adubo orgânico);
• Manter o solo coberto com palhas protetoras, pois evita a perda de água e diminui
o impacto da gota d’água.

8 MANEJO DO SOLO

O solo é um recurso fundamental para produção agrícola.


Constitui o local onde as plantas são cultivadas e extraem os
nutrientes para o seu desenvolvimento. Ademais, é um sistema
vivo, formado por microrganismos, que são responsáveis pela
decomposição da matéria e ciclagem dos nutrientes.
Nesse aspecto, deve ser manejado com cuidado para evitar problemas como a erosão e
compactação. As principais práticas a serem adotadas são:

11
• Palhas protetoras para proteger o solo e regular sua temperatura. Podem ser
usadas folhas secas, cascas de árvores trituradas, palha de arroz e serragem para
compor essa camada.
• Não encharcar o solo durante a irrigação, visto que causa a lavagem dos
nutrientes.
• Manter o solo sempre úmido para que os nutrientes sejam absorvidos.
• Fazer a adubação conforme a necessidade da cultura.
Dessa forma, o manejo do solo refere-se ao conjunto de práticas que englobam a
correção, adubação, escolha das culturas e preparo do solo, ou seja, é a arte do cultivo e do
cuidado. O manejo correto deixa as plantas menos vulneráveis à ação de patógenos e pragas, e
conserva o solo.

9 ADUBAÇÃO ORGÂNICA

Adubar consiste em fornecer nutrientes ao solo. No


sistema de produção orgânico de hortaliças, devem ser usados
adubos (fertilizantes) orgânicos e naturais que são obtidos a partir
de matérias-primas de origem vegetal e animal. Alguns destes:

• Adubos verdes – cultivo de leguminosas junto ou antes do plantio da cultura a ser


implantada. Usada principal para a incorporação de nitrogênio ao solo. As
principais leguminosas usadas são o feijão-de- porco e o feijão guandu.

• Esterco animal - deve estar curtido, isto é, envelhecido sob condições não
controladas. É conveniente incorporá-lo cerca de 30 dias antes do plantio, caso não
esteja bem curtido continuará o seu processo de fermentação o que irá causar a
morte das plantas.
Recomenda-se de 15 a 20 L de esterco de curral ou 5 L de esterco de galinha por metro
quadrado em canteiros convencionais.

• Composto orgânico - produto da compostagem. Esta, o processo de transformação


dos resíduos orgânicos em adubo.

12
9. 1 Construção da composteira

PASSO 1 - SEPARAÇÃO DOS RESÍDUOS ORGÂNICOS

Pode colocar:
• Restos de alimentos - casca de frutas (com exceção das cítricas), casca de ovos,
borra de café (sem açúcar);
• Folhas secas;
• Pó de serragem.

Não pode colocar:


• Frutas cítricas - alteram o pH da terra;
• Fezes de cães e gatos - podem conter vírus e parasitas;
• Carnes - decomposição demora, causa mau cheiro e atrai animais;
• Leite e derivados - causa mau cheiro;
• Arroz - depois de cozido é fonte para ação de bactérias não benéficicas;
• Gorduras - prejudicam o composto;
• Alho e cebola - retardam a compostagem.

PASSO 2 - CONSTRUÇÃO

• Separe 3 baldes grandes (capacidade de 15-20 L) com tampas;


• Em 2 baldes faça furos de 2mm-5mm nas laterais, fundos e tampas;
• Faça furos na tampa do terceiro balde. Depois os empilhe-os conforme a imagem.
Figura 6 - Composteira

Balde 1- Composto

Balde 2- Composto

Balde 3 - Chorume

Fonte: http://herbivora.com.br/como-
comecar-compostar-em-casa/

13
PASSO 3 - MANUTENÇÃO

• Revolver duas vezes por semana;


• Tempo da compostagem - 2 a 3 meses;
• Produtos finais - adubo orgânico (sólido) e biofertilizante/chorume (líquido);
• Como usar: incorporar o adubo no solo. Já o biofertilizante, diluir uma 1 parte em
5 de água e colocar nos canteiros.

10 IRRIGAÇÃO

A água é um dos fatores que mais exerce influência no


cultivo de hortaliças. Desse modo, deve ser usada na quantidade
suficiente para garantir o desenvolvimento das hortaliças e evitar
o desperdício.
Entre suas principais funções está o transporte de
nutrientes, pois estes devem está dissolvidos na água para que
sejam absorvidos pelas raízes. Assim, devem ser tomados alguns
cuidados na irrigação para não encharcar o solo, posto que isso
causa diversos problemas, como:
• Facilita o aparecimento de doenças;
• O excesso de água expulsa o oxigênio do solo (as raízes ficam sem respirar);
• Lavagem do solo que acaba eliminando os nutrientes.
No cultivo de hortaliças, que são plantas de ciclo curto, a irrigação deve ser constante.
No entanto, varia conforme o estágio de desenvolvimento, devendo-se diminuir a frequência e
aumentar o volume ao passo que crescem.
• Produção de mudas - irrigar duas vezes ao dia e utilizar pouca água.
• Plantas jovens - irrigar uma vez ao dia com um maior volume de água.
• Plantas adultas - irrigar de 4 a 5 vezes por semana com maior volume de água.
Ressalta-se que a água deve ser de qualidade, pois algumas hortaliças são consumidas
in natura.

14
11 PLANTIO

O plantio das hortaliças pode ser realizado de duas formas:


semeadura direta ou através de mudas. Nesse aspecto, é
importante se atentar a qualidade das sementes e mudas a serem
utilizadas.
Sementes - atentar-se as informações contidas na embalagem:
• Data de validade;
• Porcentagem de pureza;
• Porcentagem de germinação;
• Época de plantio;
• Data da análise;
• Condições da embalagem – devem estar embaladas em pacotes aluminizados ou
latas lacradas.

Mudas - o aspecto mais importante é a sanidade:


• Observar se as folhas estão firmes e verdes, sem sinais de murcha,
amarelecimento ou ressecamento.

Na semeadura direta as sementes são plantadas diretamente no local definitivo


(canteiros ou vasos), caso do coentro e rúcula. Colocadas em covas com profundidade máxima
de 1,5 cm ou em sulcos/fileiras com profundidade de 1 cm.
Para as covas deve-se:
• Colocar 3 sementes, para que pelo menos uma germine e a planta possa se
desenvolver;
• Caso germine duas ou três sementes, quando as plantas atingirem quatro folhas
definitivas, realizar (assunto da próxima seção).
Para sulcos/fileiras:
• Semear ao longo do comprimento e depois que as plantas atingirem quatro folhas
definitivas realizar o raleio (assunto da próxima seção).

Quanto a utilização de mudas pode-se optar por comprá-las ou produzi-las. No caso da


compra, escolher mudas sadias. Para a produção de mudas será necessário o uso de sementeira,

15
ou seja, local adaptado para a produção a partir de sementes como bandejas plástica
multicelulares e copinhos plásticos (furá-los embaixo). Para tal seguir os passos abaixo:
1. Preencher a sementeira com terra adubada ou substrato;
2. Fazer uma pequena cova no centro de cada célula com no máximo 1,5 cm de
profundidade e colocar as sementes;
3. Cobri-las levemente com o substrato e depois irrigar.
4. Fazer a irrigação 2 vezes ao dia;
5. Quando as plantas atingirem de 3 a 4 folhas definitivas fazer o transplante das
mudas para o local definitivo.
O transplante de mudas configura a transferência de uma planta para o local de plantio
definitivo.

12 MANUTENÇÃO DA HORTA

Após a semeadura direta ou transplantio das mudas até a colheita é necessário realizar
várias operações de manutenção que irão garantir o desenvolvimento do sistema produtivo e
colheitas de hortaliças com qualidade. Esse conjunto de ações é denominado de tratos culturais.
Os principais procedimentos a serem seguidos são:
• Adubação de cobertura - distribuição de adubos sobre os canteiros, antes da
irrigação.
• Cobertura morta - depositar materiais orgânicos na superfície do solo com cerca
de 5 a 7 cm como folhas secas, cascas de árvores e pó de serragem. Isso matem a
umidade, diminui a germinação de plantas espontâneas, evita a exposição direta da
luz solar e minimiza o impacto da água no solo.
• Controle de plantas indesejáveis - capina ou retirada manual. Manter o material
cortado no local, visto que serve como cobertura morta.
• Controle fitossanitário - monitorar o desenvolvimento das hortaliças e verificar
o surgimento de pragas ou doenças.
• Estaqueamento - fazer um suporte para hortaliças trepadeiras como o tomate e o
pepino.
• Raleio - eliminar as plantas menos desenvolvidas e deixar um espaço adequado
entre as plantas (conforme o espaçamento da cultura).
• Repicagem - transplante de mudas.

16
13 PRAGAS E DOENÇAS

13. 1 Identificação e controle de pragas

Considera-se praga os insetos e outros organismos vivos que causam danos diretos ou
indiretos no sistema de produção e assim geram perdas produtivas e econômicas.
Veja abaixo algumas das principais pragas encontradas em hortas e como realizar o
controle através de métodos alternativos (sem o uso de agroquímicos):

1. Formiga cortadeira Figura 7 - Formiga cortadeira


- Características: Possui de três ou quatro pares de
espinhos nas costas, na região logo após a cabeça.
- Danos: Corte nas folhas, em formato de meia-
lua ou arco, com desfolha completa da planta atacada.
- Controle: Fonte: https://agro20.com.br/sauva/

1. Barreiras - canais de terra ou canaletas de


cimento, cheios de água e gotas de detergente neutro,
Planta repelente:
circundando os canteiros de mudas.
mantém os insetos
2. Planta repelente - cultivo permanente de batata doce afastados da horta.

ao redor da horta ou entre canteiros. Planta inseticida:


provoca a morte dos
3. Planta inseticida - cultivo de gergelim ao redor da insetos.
horta.
4. Cinzas de madeira - Atuam como repetente destes insetos.
Devem ser misturadas com água e aplicadas sobre as plantas
ao final da tarde.

2. Vaquinha Figura 8 - Vaquinhas


- Características: Besouro de cor verde com manchas
amarelas que possui cerca de 8mm e antenas visíveis.
- Danos: Alimenta-se das folhas e pólen quando adulto, e
quando na fase larval, se alimenta de raízes.
Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br
/biocontrole-e-alternativa-contra-vaquinha-
verde-amarela/
- Controle:
1. Plantas repelentes - Cultivo de coentro, hortelã e

17
arruda.
2. Catação manual - Realizar a coleta dos insetos por
meio de algum instrumento e logo em seguida esmagá-los.

3. Lagarta Figura 9 - Lagarta


- Características: Inseto na fase jovem que depois se
transformam em borboletas.
- Danos: Alimenta-se das folhas.
- Controle:
1. Plantas repelentes - Cultivo de tomilho e cosmos. Fonte: https://agro20.com.br/lagarta-rosca/

2. Catação manual - Realizar a coleta dos insetos por


meio de algum instrumento e logo em seguida esmagá-los.

4. Pulgões Figura 10 - Pulgões


- Características: Insetos de 5 mm de comprimento, de
cores variadas.
- Danos: Atacam a seiva dos vegetais e deixam um
líquido açucarado, o que pode atrair fungos, bactérias e
formigas. Fonte: https://www.jardineiro.net/
pragas/pulgao.html

- Controle:
1. Catação manual - Realizar a coleta dos insetos por
meio de algum instrumento e logo em seguida esmagá-los.
2. Planta repelente - Plantio de coentro e cebolinha nos
canteiros.

5. Mosca branca Figura 11 - Moscas brancas


- Características: Insetos de 1 a 2 mm de comprimento,
de coloração branca a amarelada
- Danos: Atacam várias hortaliças. Causam murcha,
queda de folhas e contribuem para a perda dos frutos.
- Controle: Fonte: https://www.hortasbiologicas.pt/
pragas-mosca-branca.html

1. Catação manual - Realizar a coleta dos insetos por


meio de algum instrumento e logo em seguida esmagá-los.

18
2. Armadilhas adesivas - Realizar a instalação, em diferentes pontos da horta as
armadilhas atrativas, que devem ser revestidas com uma camada de cola ou graxa
para a fixação dos insetos.

6. Cochonilhas
Figura 12 - Cochonilhas
- Características: Insetos de 3 a 5 mm, coloração
esbranquiçada ou amarelada que vivem colônias nos
caules e brotos.
- Danos: Sugam a seiva e podem transmitir vírus com ação
patogênica. Fonte: https://www.ecycle.com.br/3026-
curso-hortas-organicas-pragas
- Controle:
1. Catação manual - Realizar a coleta dos insetos por
meio de algum instrumento e logo em seguida esmagá-los.
2. Inseticida caseiro de detergente - Em 1 litro de água colocar 12 gotas de álcool
e 3 colheres de sopa de detergente. Depois agitar e borrifar na planta afetada.

13.2 Identificação de sintomas, prevenção e controle de doenças

Uma planta doente apresenta alguma desordem fisiológica que compromete seu
desenvolvimento e afeta sua morfologia. As doenças são causadas por fungos, bactérias, vírus
e nematóides (patógenos) que podem multiplica-se na planta acometida e se disseminar para as
sadias.
Os principais sintomas de doenças são:
Figura 13 - Manchas foliares Figura 14 - Podridão Figura 15 - Necrose

Fonte: https://www.grupocultivar. Fonte: https://www.hortasbiologicas.pt/ Fonte:https://sistemasdeproducao.cnptia.emb


com.br/noticias/medidas-de-manejo alface-cultivo.html rapa.br/FontesHTML/Tomate/TomateIndustr
-contra-doencas-foliares-em-tomateiro ial_2ed/doencas_bacteria.htm

19
Figura 16 - Clorose Figura 17 - Murchas Figura 18 -Tombamento

Fonte: https://blog.ifope.com.br/viroses- Fonte: https://www.manejebem.com.br/ Fonte: https://jornalagricola.wordpress.com


em-hortalicas-folhosas-o-que-voce- doenca/doenca-da-batata-murcha- /2012/06/22/cultura-melancia/tombamento-
precisa-saber/ bacteriana ou-damping-off1/

No entanto, com algumas simples técnicas de manejo, muitas dessas doenças podem ser
evitadas, como:
• Fazer a irrigação de forma homogênea de modo a evitar o encharcamento, pois a
água em excesso torna a planta suscetível ao aparecimento de doenças, assim como
evitar a falta de água e usar água de boa qualidade;
• Utilizar ferramentas higienizadas para nas operações de tratos culturais;
• Ter cuidado para não provocar ferimento nas plantas;
• Observar com frequência a horta para verificar a ocorrência de eventuais pontes
para doenças, e retirar o material acometido;
• Rotação de culturas, isto é, alternar diferentes culturas em uma mesma área;
• Realizar o consórcio de culturas, ou seja, cultivo simultâneo de duas ou mais
espécies na mesma área.

Para o controle de infestações deve-se:


• Eliminar frutas, folhas ou plantas acometidas pela doença; e/ou
• Eliminar toda a planta infestada, assim como a terra onde estava.

14 COLHEITA E ARMAZENAMENTO

Cada espécie de hortaliça apresenta um ponto de colheita


e o modo como deve ser colhida. Estes fatores são fundamentais
para a conservação da qualidade. Desse modo, devem ser
tomados alguns cuidados durante a colheita:
• Fazer a colheita no ponto de maturação correto;

20
• Colher no início da manhã ou no final da tarde, pois a temperatura está mais baixa
e assim evita a perda de água das
• Não deixar as hortaliças expostas ao sol;
• Não deixar partes descartáveis na horta, pois favorecem os patógenos;
• Colher somente a quantidade que será consumida nos próximos três dias;
• Limpar e sanitizar hortaliças, embalagens e ferramentas usadas na colheita;
• Usar vasilhas limpas para acondicionar as hortaliças.
Depois da colheita as hortaliças continuam perdendo água. Desse modo, os produtos
devem ser armazenados em locais frescos afim de conservá-los por mais tempo. Mantê-los
úmidos ou na geladeira são ótimas formas de preservar a qualidade.
Além do mais, os produtos devem ser lavados em água corrente para retirar as impurezas
como partes secas e terra.

21

Você também pode gostar