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TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

DA SILAGEM DE CAPIM
FICHA TÉCNICA

2022 – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar

1ª. EDIÇÃO – 2022 - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS


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PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO


João Martins da Silva Junior

DIRETOR GERAL
Daniel Klüppel Carrara

DIRETORA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E PROMOÇÃO SOCIAL


Janete Lacerda de Almeida

COORDENADORA DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Ana Ângela de Medeiros Sousa

EQUIPE TÉCNICA
Carolina Soares Pietrani Pereira
Vilton Francisco de Assis Júnior
Olá! Seja bem-vindo ao curso de Técnicas de produção da silagem de capim.

A ensilagem de capim consiste em conservar


o excedente de forragem produzido no
período chuvoso para ser utilizado no
período seco ou ensilar áreas de capim
previamente planejadas para esta finalidade.

Entretanto, os capins apresentam algumas


peculiaridades que precisam ser observadas
para uma boa tomada de decisão de quando
e como realizar a ensilagem.

Desse modo, o curso apresentará:

• Os capins mais utilizados para ensilagem, atentando às principais caracterís-


ticas que o capim deve possuir antes de ser ensilado para proporcionar uma boa
fermentação.

• Os equipamentos necessários para que você realize a ensilagem de capim com


as ferramentas que estiverem ao seu alcance.

• Os principais motivos que podem promover a deterioração (apodrecimento)


da silagem antes e após a abertura do silo, acompanhado das técnicas que po-
dem ser utilizadas para evitar esses tipos de danos.

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 1


TÉCNICAS DE PRODUÇÃO DE
SILAGEM DE CAPIM

Para realizar uma silagem de qualidade, é importante que você conheça o processo
de ensilagem, assim como o processo fermentativo e as particularidades que envol-
vem esse processo.

O QUE É A TÉCNICA DE ENSILAGEM?


Antes de tudo, você saberia definir o que é ensilagem, silo e silagem? Trouxemos
essas respostas abaixo, mas você pode acessar o AVA e acessar este conteúdo de
forma interativa. Você também verá as imagens do processo, siga em frente!

TÉCNICA DE
ENSILAGEM
Olá, tudo bem? Hoje vamos falar sobre a técnica de
ensilagem e, antes de mais nada, precisamos definir o

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 2


que é ensilagem, silo e silagem. Vamos em frente!
A ensilagem é o termo utilizado para descrever todo o
processo de produção, desde a colheita do material até a
vedação do silo.
Já o silo descreve o local de armazenamento no qual será
realizado o depósito do material colhido.
Por fim, a silagem é o termo adotado para se referir
ao material colhido, picado e depositado no silo, onde
passará pelo processo de fermentação.
Ou seja, a silagem é o nome que damos para o material
pronto para ser fornecido aos animais.
A técnica de ensilagem consiste então, na conservação
de forragens por meio de fermentação lática em ambiente
anaeróbio, ou seja, quando ocorre uma fermentação por
meio da acidificação, devido à alta concentração de ácido
lático em um ambiente sem oxigênio.
Essa técnica tem como objetivo a conservação do valor
nutritivo da forragem e reserva de volumoso.
E assim entendemos os conceitos básicos da técnica de
ensilagem. Até a próxima!

Processo de Ensilagem
Colheita e Picagem

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 3


Processo de Ensilagem
Compactação

Processo de Ensilagem
Vedação da silagem

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 4


Silo
Tipo cincho

Silo
Tipo superfície

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 5


Silagem
Fornecimento no cocho
aos animais

PROCESSO FERMENTATIVO
A conservação do material ensilado ocorre devido a sua acidificação, inibindo a ati-
vidade de microrganismos que deterioram a silagem. O processo fermentativo pode
ser dividido em quatro fases, apresentadas a seguir:

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 6


Fase de fermentação ativa
Fase aeróbica
O consumo de oxigênio dentro do
Fase em que há presença silo por parte dos microrganismos
de oxigênio e prevalecem os aeróbio e também pela forragem
microrganismos que deterioram a ensilada vai tornando o ambiente
silagem, como fungos, leveduras, gradativamente anaeróbio e
enterobactérias e bactérias favorecendo o aumento dos
heterofermentativas, que microrganismos anaeróbios,
produzirão CO2, H2O e calor (o dentre eles as bactérias ácido
aquecimento excessivo dentro do láticas (BAL). A produção de ácido
silo pode levar a reação de Maillard, lático pelas BAL torna o ambiente
que torna indisponível parte da acidificado, além de anaeróbio. Esse
proteína). Quanto menos oxigênio ambiente promove uma seleção
houver no silo, mais rápida será natural, que favorece as BAL e,
essa fase e menos danos serão consequentemente, a manutenção
causados. do ambiente ácido e a conservação
da forragem ensilada.

Fase de estabilidade
Fase de descarga
Com o pH ácido da silagem e a
Quando o silo for aberto, a silagem condição de anaerobiose dentro
estará exposta ao oxigênio e, do silo, o material ensilado estará
dependendo da estabilidade aeróbia conservado até a sua abertura.
da silagem, o crescimento de Nessa fase, somente as BAL
fungos e leveduras será rápido ou estão atuando, mas em menores
devagar. quantidades quando comparada a
fase de fermentação ativa.

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 7


Glossário
Ambiente aeróbio: Quando o ambiente tem oxigênio.
Ambiente anaeróbio: Quando o ambiente não tem oxigênio.
Condição de anaerobiose: Condições que tornam o meio ausente
de oxigênio.
Fermentação láctica: Fermentação que ocorre por meio da
acidificação, devido à alta concentração de ácido lático.
Reação de Maillard: Reação que liga a proteína aos carboidratos
estruturais, tornando parte da proteína indisponível para o animal.
Ocorre quando há um aquecimento excessivo do alimento.

Processo fermentativo para conservação da forragem

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 8


POSSO ENSILAR CAPIM?
Você deve saber que, durante muito tempo, o milho e o sorgo foram as gramíneas
mais comuns para ensilagem. E hoje? É possível ensilar capim? Lembramos sempre
que o conteúdo a seguir pode ser acessado de forma interativa no AVA, mas todo o
conteúdo do AVA está presente nesta apostila, então veja a seguir.

ENSILAGEM
DE CAPIM
Oi, como vai? Hoje o assunto é a possibilidade de ensilar
capim. Vamos lá!?
Por muito tempo, o milho e o sorgo foram as gramíneas
mais comuns para ensilagem, pois possuem
características que permitem um bom processo
fermentativo.
Porém, com o avanço das pesquisas em silagens, foram
descobertas técnicas que garantem a ocorrência eficiente
de acidificação e conservação da silagem de capim.
Então, uma boa notícia: você pode sim ensilar capim!E
a adoção do uso de capim para silagem tem várias
vantagens.
Algumas delas são: maior produtividade, menor risco por
ataque de pragas e variação no regime hídrico e menor
custo com controle químico.
Outra grande vantagem é o menor custo de formação,
já que as capineiras são culturas perenes e, uma vez
implantadas, poderão ser manejadas por vários anos.
Enquanto isso, o milho e sorgo são culturas anuais e todos
os anos precisam ser plantadas, gerando gastos anuais
com preparo de solo, compra de sementes e plantio.
Muito bom saber disso, não é mesmo!? Até a próxima!

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 9


OPÇÕES DE FORRAGENS PARA
ENSILAGEM
Quais as opções de capins mais utilizados para ensilagem? Quais os fatores a serem
atendidos no momento da ensilagem? Esse é o assunto abordado a partir de agora.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS QUE O CAPIM DEVE


POSSUIR PARA SER ENSILADO
Ao escolher o capim para ensilagem, espera-se que este:

Possui alta produtividade por área.

Que seu valor nutritivo não seja tão


baixo no momento da ensilagem para
facilitar ajustes nutricionais.

Que a gramínea apresente alto vigor


de rebrota, resistência a pragas e
doenças e tolerância a corte intenso.

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 10


CAPINS UTILIZADOS PARA PRODUÇÃO DE SILAGEM
Diversos capins podem ser utilizados para ensilagem, porém, algumas forragens
possuem um melhor desempenho para essa finalidade, por serem mais produtivos.
Como exemplo, é possível citar:

Capim-elefante Napier e Cameroon

Colher com 1,8 m – aproximadamente 70 a 90 dias de rebrota.

Produção esperada de 30 ton/ha/ano de matéria seca.

Capim-elefante com 70 dias de rebrota

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 11


Capim-elefante BRS Capiaçu

Colher com 3,5 a 4,0 m – aproximadamente 90 a 110 dias de rebrota.

Produção esperada de 50 ton/ha/ano matéria seca

Capiaçu com 70 dias de rebrota

A técnica de ensilagem de capim também pode ser utilizada


como estratégia de manejo de pastagens.

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 12


Na propriedade rural podem ocorrer cenários em que há sobra de forragem e, nesses
cenários, indica-se reservar a área com excedente de produção de forragem para
realizar a ensilagem.

Na pecuária de corte, diversas estratégias


nutricionais têm sido utilizadas com a pro-
dução de silagem em áreas mistas, que po-
dem ser utilizadas tanto para a produção de
volumoso quanto pastagens. Normalmente
os capins utilizados são do gênero Panicum
maximum, como:

• Mombaça

• MG12 Paredão

• Zuri

Essas gramíneas possuem uma rápida re-


Capim Mombaça com mais brota e maior rendimento por área, variando
de 60 dias de rebrota entre 20 e 30 ton/ha/ano de matéria seca.
Recomenda-se que a colheita seja realizada
entre 70 e 90 dias de rebrota, sempre levando
em consideração o teor de matéria seca.

PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO DE SILAGEM COM BASE


NO REBANHO
Para realizar o planejamento de silagem e o dimensionamento do silo, usaremos o
exemplo fictício a seguir. Usar exemplos práticos traz os dados para a realidade para
que você entenda os conceitos e possa aplicar na sua propriedade rural.

Uma propriedade tem 20 vacas em lactação com peso corporal (PC) de 450
kg. Então, pretende-se produzir uma silagem de BRS Capiaçu para utilizar
no período seco (6 meses ou 180 dias).

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 13


O consumo (Cons) de matéria seca de silagem consumível (MSSC) por vaca
é de aproximadamente 10 kg de matéria seca/dia. Assim, o consumo de ma-
téria seca de 20 vacas por 180 dias será de:

Consumo de matéria período de quantidade


MSSC = X X
seca (kg) utilização (dias) de vacas

MSSC = 10 kg de MS X 180 dias X 20 vacas

MSSC = 36.000 kg de matéria seca

Ou seja, serão necessários 36.000 kg de matéria seca de Capiaçu para su-


plementar as 20 vacas da propriedade durante esses 180 dias.

Considerando que o capim é colhido quando possui 28% de matéria seca,


então a quantidade de massa fresca de silagem consumível (MFSC) seria
calculada da seguinte forma:

MSSC 36.000
MFSC = MFSC = MFSC = 128.571 kg
28% 28%

Assim, o produtor precisará colher 128.571 kg de matéria natural para poder


suplementar as vacas na seca.

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 14


É importante colocar um acréscimo de 15% de perdas que podem ocorrer
durante o processo de ensilagem, processo fermentativo ou sobra no cocho
(NOVAES; LOPES; CARNEIRO, 2004). O cálculo considerando as perdas é
feito da seguinte forma:

128.571 kg
= 151.260 kg
85%

Portanto, precisaríamos ensilar 151.260 kg de Capiaçu.

O Capiaçu produz em torno de 300 ton/ha/ano de matéria natural (3 cortes por


ano de 100 ton/ha cada), com base nesses valores o produtor precisará formar
uma capineira de 0,5 ha ou 5.042 m2 (151.260 kg ÷ 300.000 kg/ha = 0,5 ha).

PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO DE SILAGEM COM BASE


NO REBANHO
O “Sob medida” a seguir apresentará o dimensionamento do silo, tendo como base o
silo trincheira. Siga o cálculo por meio do recurso. No final da apostila, há uma pági-
na para que você possa fazer seus cálculos e anotações. Aproveite!

No AVA, esse recurso é apresentado de forma interativa. Fica o convite para acessá-lo.

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 15


Para exemplificar o dimensionamento do silo, teremos como base o silo trin-
cheira. Esse tipo de silo tem densidade média de 550 kg/m3, deve ter altura
entre 1,5 e 3,0 m e o comprimento do silo é determinado pelo número de dias
em que os animais serão suplementados, sendo necessário retirar obrigatoria-
mente no mínimo 15 cm de silagem todos os dias (PEREIRA NETO et al., 2009;
CARDOSO; SILVA, 1995).

De acordo com o exemplo dado anteriormente, será necessário ensilar 151.260


kg de Capiaçu. Considerando que o produtor optou por realizar a retirada de
30 cm de silagem do silo/dia, como margem de segurança. Determinaremos o
volume, o comprimento e a largura do topo e do fundo:

151.260 kg
Volume do Silo (V) = Volume do Silo (V) = 275 m3
550 kg/m 3

O silo do tipo trincheira possui formato trapezoidal, com base menor e base
maior, segundo a ilustração:

Dimensões do silo-trincheira

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 16


Para calcular, seguimos da seguinte forma:

0,30 m de camada removida


Comprimento (C) = X 180 dias
dia

Comprimento (C) = 54 m

Superfície de seção V 275 m3


= SST = SST = 5,09 m2
trapezoidal (SST) C 54 m

Como o silo tipo trincheira possui a forma de um trapézio, a SST é dada por:

(Base maior + base menor)


SST = X Altura (A)
2

(B + b) 5,09 m2
5,09 m2 = X 1,5 m (B + b) = X 2
2 1,5 m

(B + b) = 6,8 m

1,5 m

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 17


Como a largura do topo (B) deve ter 0,5 m a mais que a largura do fundo (b)
para cada metro de altura do silo (A), então é possível escrever que B = b + (0,5
x A) e, usando-se essa expressão, podemos continuar o cálculo desta forma:

(B + b) = 6,8 m

6,8 m - 0,75
b + (05 X A) + b = 6,8 m b =
2

2b + 05 X 1,5 = 6,8 m
b = 3,0 m

2b + 0,75 = 6,8 m

1,5 m

54 m
3,0 m

Como B + b = 6,8 m e b = 3,0 m, tem-se que:

B + 3,0 m = 6,8 m 3,8 m

B = 6,8 m - 3,0 m 1,5 m

54 m
B = 3,8 m
3,0 m

Assim, o silo deverá possuir 3,0 m de largura do fundo, 3,8 m de largura no


topo, 1,5 m de altura e 54 m de comprimento.

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 18


EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS
PARA ENSILAGEM
Cada propriedade rural possui um grau de mecanização e mão de obra. Todas elas
podem realizar a ensilagem, porém com escala e velocidade de produção diferentes.
Apresentaremos três tipos de sistemas de produção e suas características.

Colheita e picagem do material com picador estacionário

Sistema manual
No sistema manual, o corte é feito de forma manual,
por meio de facão ou foice, e a picagem ocorre
por um picador acionado por motor estacionário
(elétrico, diesel ou gasolina) ou ligada a tomada de
potência do trator (TDP). Após a picagem, o material
é compactado pela ação humana.

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 19


Picagem do material com picadora acoplada ao trator

Sistema semimecanizado
O corte é feito manualmente, porém a picagem
é realizada por máquina acoplada ao trator e
movida pela TDP ou por motores estacionários e a
compactação é feita com trator.

Colheita e picagem da capineira em sistema mecanizado

Sistema mecanizado
Esse sistema possui mecanização em todas as
fases do processo de ensilagem (colheita, picagem
e compactação). As colhedoras realizam tanto a
colheita quanto a picagem do material.
As colhedoras mais utilizadas são acopladas
lateralmente em sistema de engate de 3 pontos,
movido pela TDP em tratores na faixa de 60 a 80 HP,
com capacidade de trabalho de 15 a 30 t/h.

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 20


ATENÇÃO: No caso de colheita mecanizada em
capineira de Capiaçu, o trator precisa possuir um
super redutor, pois o processo de colheita é devagar
devido à grande quantidade de material colhido por
metro linear, necessitando trabalhar a velocidade de
rotação reduzida.

TÉCNICAS E CUIDADOS NA
PRODUÇÃO DA SILAGEM DE CAPIM
Para a produção de silagem de capim mais eficiente, é importante adotar técnicas e
utilizar aditivos que tem como principal objetivo melhorar a fermentação anaeróbia
do material por meio do aumento no teor de matéria seca e aumento populacional
de bactérias produtoras de ácido lático.

TÉCNICAS UTILIZADAS PARA PROMOVER UM BOM PERFIL


FERMENTATIVO NA SILAGEM DE CAPIM
Veja a seguir o que fazer para possibilitar uma boa fermentação na silagem de capim
ou acesse o AVA para ver o conteúdo em sua forma interativa.

TÉCNICAS DE PROMOÇÃO
DE UM BOM PERFIL
FERMENTATIVO
Olá! Tudo bem? Este momento apresentará as técnicas
que são utilizadas na promoção de um bom perfil
fermentativo da silagem de capim. Vamos lá!?
Inicialmente é preciso saber que, para possibilitar uma boa
fermentação, é importante que o teor de matéria seca do
volumoso que será ensilado esteja entre 28 e 35%.

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 21


Caso esteja abaixo desse valor, há maior chance de
ocorrer perda de nutrientes pela produção de efluentes,
além da maior possibilidade de fermentações secundárias,
causada por bactérias do gênero Clostridium. Porém,
caso o teor de matéria seca seja alto, o processo de
compactação é prejudicado.

A verificação do teor de
matéria seca do capim antes
da ensilagem pode ser feita
por meio de forno micro-
ondas, como descrito no
Comunicado Técnico 77 da
Embrapa.

Caso seja necessário aumentar o teor de matéria seca,


você poderá adotar a técnica de pré-secagem ou de
adição de substratos sequestrantes de umidade.
A pré-secagem consiste em deixar a planta exposta ao
sol entre 6 e 8 horas antes de proceder com a picagem do
material. Os sistemas manual ou semimecanizado são os
mais viáveis para o uso da técnica.
Já os aditivos sequestrantes de umidade são alimentos
que têm capacidade de absorver umidade e são postos na
silagem durante o processo de compactação.

Alguns tipos de aditi-


vos sequestrantes de
umidades são: fubá de
milho, farelo de trigo,
polpa cítrica, casqui-
nha de soja e resíduos
regionais da agroin-
dústria, como farelo de
cacau, casca de café,
farelo de mandioca,
farelo de babaçu, entre
outros.

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 22


Atualmente há no mercado inoculantes próprios para
silagem de capim, que são constituídos com bactérias
lácticas e várias enzimas.
O uso de inoculante é recomendado sempre que for
realizada a ensilagem de capim, independentemente do
teor de matéria seca, pois o seu uso assegura que o silo
terá uma população suficiente de espécies bacterianas
produtoras de ácido lático para rápida e eficiente
fermentação do material ensilado.

Para usar o inoculante


Algumas é necessário
dicas válidas diluir
para o uso de o produto
inoculantes:
em água, conforme recomendação do fabricante –
• informação
essa Usar semprepode
águaser
limpa e sem
vista cloro para
no rótulo realizar a
do produto
ou pordiluição
meio dado produto.
recomendação do consultor técnico. O
inoculante deve ser pulverizado ou aspergido no material
• Homogeneizar muito bem o inoculante e distribuir
que será ensilado.
a cada camada de compactação.
Esse processo pode ser realizado por meio de bomba
• Os
costal ouinoculantes devem
aplicador com ser armazenados
bomba em tem-
dosadora acoplada
peratura
à máquina ambiente,
de ensilar. protegidocom
A aplicação da luz direta.
bomba costal
ocorrerá sobre o material distribuído no silo, antes de ser
• Após aberto, o aditivo deve ser usado imediatamente
compactado, sendo indicado aplicar quando a camada de
ou cuidadosamente armazenado em geladeira.
material for de 20 cm.

Para usar o inoculante é necessário diluir o produto em


água, conforme recomendação do fabricante – essa
informação pode ser vista no rótulo do produto ou por
meio da recomendação do consultor técnico. O inoculante
deve ser pulverizado ou aspergido no material que será
ensilado.
Esse processo pode ser realizado por meio de bomba
costal ou aplicador com bomba dosadora acoplada
à máquina de ensilar. A aplicação com bomba costal
ocorrerá sobre o material distribuído no silo, antes de ser
compactado, sendo indicado aplicar quando a camada de
material for de 20 cm.
Já com o aplicador com bomba dosadora acoplada na
máquina de ensilar, a aplicação do inoculante ocorrerá
dentro do vagão enquanto o material é lançado pela
picadeira para dentro dele.
Então aqui apresentamos algumas técnicas utilizadas na

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 23


promoção de um bom perfil fermentativo da silagem de
capim. Espero que tenha aproveitado!

A verificação do teor de MS do capim antes


da ensilagem pode ser feita por meio de for-
no micro-ondas como descrito no Comuni-
cado Técnico 77 da Embrapa Gado de Leite.

CLIQUE AQUI
PARA ACESSAR

COMPACTAÇÃO E FECHAMENTO DO SILO

O processo de compactação e fechamento do silo é fundamental, pois nessa fase


é importante a expulsão de todo ar possível. A compactação é influenciada pelos
seguintes fatores:

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 24


TEOR DE MATÉRIA Silagem com teor de matéria seca acima de 35% têm maior difi-
SECA (MS) culdade de compactação.

TAMANHO
O desejável é tamanho de partículas menores que 2 cm.
DA PARTÍCULA

ALTURA DA CAMADA
DISTRIBUÍDA NO SILO O recomendável é realizar a compactação por camadas de 20 cm.
DURANTE O ENCHIMENTO

É indicado o uso de tratores por apresentar melhor área de conta-


PESO DO VEÍCULO to, porém alguns silos podem ser compactados pelo peso humano
por meio do pisoteio – é o caso dos silos tipo cincho e ensacado.

TEMPO DE Não existe um tempo determinado, mas o aconselhável é que a


COMPACTAÇÃO compactação ocorra durante todo o processo de ensilagem.

O processo de ensilagem deve ser bem planejado para poder ser realizado de forma
rápida, pois a demora do fechamento do silo poderá prejudicar a conservação da
forragem. Isso acontece pela exposição do material por tempo prolongado ao oxigê-
nio e causará problemas secundários de redução do pH da silagem.

A lona utilizada para cobrir o silo deve ser


dupla face 200 micras, sendo a face branca
exposta ao sol.

Quando você for realizar o fechamento do


silo, jogue cuidadosamente pá de terra em
cima da lona, do fundo do silo até a outra
exterminada – isso ajudará a expulsar o ar de
dentro dele.

Também pode ser colocado capim seco ou


uma outra lona comum em cima da lona du-
pla face para protegê-la.

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 25


Para evitar que animais furem a lona, é reco-
mendado que a área da propriedade destina-
da ao silo seja toda cercada à sua volta.

ABERTURA E UTILIZAÇÃO DO SILO


Normalmente o processo fermentativo estará completo após 40 dias de vedação,
sendo indicado realizar a abertura do silo apenas após esse prazo. Quando é realiza-
da a abertura do silo, a silagem é exposta ao oxigênio e isso permite o crescimento
de microrganismos que a estragam. É possível notar esse evento quando a face
exposta ao ar apresenta sinais de bolor e mofo, aquecimento e mau cheiro.

A velocidade do surgimento dos microrganismos que deterioram a silagem depen-


derá da estabilidade aeróbia da silagem. Uma silagem bem compactada e com boa
fermentação láctica terá maior estabilidade aeróbia.

Entretanto, sempre ocorrerá uma penetra-


Fermentação láctica – Fermen- ção do oxigênio entre 15 e 20 cm da face
tação que ocorre por meio da exposta da silagem, sendo indicado retirar
acidificação, devido à alta con- uma camada uniforme de no mínimo 20 cm
centração de ácido lático. por dia do silo.

ATENÇÃO

• Para evitar tombamento e rachaduras na silagem, faças as reti-


radas das fatias, mantendo uma leve inclinação;

• Observe sempre as características da silagem. Em caso de co-


loração ou manchas escurecidas, odor desagradável, tempera-
turas elevadas ou presença de fungos/bolores, descarte toda a
fatia comprometida da silagem e use as partes que estejam no
padrão recomendado.

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 26


• Após aberto, consuma o silo até o fim. Não se recomenda novo
fechamento do silo para uso em datas posteriores.

Retirada da silagem em camadas uniformes.

CONCLUSÃO
A produção de silagem de capim é uma tecnologia viável e de baixo custo que tem
sido muito utilizada nas propriedades rurais, podendo ser adotada por qualquer
produtor rural, e tem-se mostrado cada vez mais útil em diversas estratégias e
programas nutricionais, desde que o processo de ensilagem seja realizado atentan-
do-se aos diversos aspectos apresentados neste curso.

O curso apresentou os principais capins utilizados e as técnicas que devem ser


utilizadas para produzir uma silagem de qualidade.

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 27


Lembre-se!

É importante proporcionar as condições necessá-


rias para o crescimento das bactérias produtoras
de ácido lático para que a conservação do material
ensilado ocorra. Essas condições iniciam desde o
momento da colheita do capim, até a abertura e uso
do silo.

AGORA É COM VOCÊ!


Com todo esse conhecimento em mãos, tenha todo o
sucesso na atividade.

PRA VOCÊ
O conteúdo apresentado é muito importante, por isso separamos um espaço para
que você faça anotações com suas palavras. Incentivamos o uso do espaço a seguir.
Aproveite e anote, também, os seus cálculos.

Técnicas de Produção de Silagem de Capim 28


Técnicas de Produção de Silagem de Capim 29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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pa Gado de Corte, 1995. (CNPGC Divulga, 2). 6p.

JOBIM, C. C.; NUSSIO, L. G. Forragem conservada: Princípios básicos da fermenta-


ção na ensilagem. In: REIS, R. A.; BERNARDES, T. F.; SIQUEIRA, G. R. Forragicultura:
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LEONEL, F. P.; PEREIRA, J. C.; COSTA, M. G.; MARCO JÚNIOR, P. D.; LARA, L. A.; RI-
BEIRO, M. D.; SILVA, C. J. Consórcio capim-braquiária e milho: produtividade das
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Técnicas de Produção de Silagem de Capim 30

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