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Aula 2.

1 – Compressibilidade e
modelo de gás ideal

Prof. Msc. Mayara Franco


O que vamos falar?
1. Alguns ques7onamentos;
2. O gás ideal;
3. Modelo de gás ideal;
4. Fator compressibilidade;
5. Equações de estado;
6. Condições de trabalho na turbina;
7. Exemplos.

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Alguns questionamentos
Em diversas aplicações temos a u7lização de gases.
Por exemplo, já estamos discu7ndo a geração
energia nas termelétricas a par7r do vapor. A água
encontra uma diferença de pressão e isso faz girar a
turbina.

hQps://gfycat.com/quainQaQeredaurochs
3
Alguns ques<onamentos

1. O vapor pode ser


considerado um gás
hQps://www.physicallensonthecell.org/sites/default/files/ideal-gas.gif

ideal?
2. O que é um gás ideal?
3. Nas aplicações
práticas utilizamos
gases ideais ou reais?
4. Por que analisar
modelo de gases
ideais?
4
O gás ideial
Vamos começar a responder essas perguntas por
esta:
1. O que é um gás ideal?
Substância gasosa hipoté7ca na qual suas moléculas
obedecem a duas regras básicas:
a. Não se atraem e nem se repelem;
b. Não ocupam volume algum.

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hQp://imagensemoldes.com.br/wp-content/uploads/2018/06/Emoji-Olhos-Fechados-Sorrindo-PNG-300x300.png
O gás ideal
Por questões práticas, muitos gases podem ser
tratados como ideais.

Ar Ne He CO2
N2
Por outro lado, devemos ser cautelosos ao trabalhar
com outros gases. Nem todos podem ser encaixados
no modelo que os descreve.

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O modelo do gás ideal
A interdependência das partículas de um gás deu
origem à denominação de gás ideal.

• E por onde começou o modelo dos gases ideais?

• Que modelo é esse?

• E quando pode ser admitido?

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O modelo do gás ideal
O modelo começou com a
descoberta da constante
! , chamada de constante
𝑹
universal dos gases.
Trabalhando a T constante
e observando o
comportamento de P e 𝝊,
percebeu-se o mesmo
comportamento para uma
série de gases.

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O modelo do gás ideal
O valor da constante universal dos gases 𝑹 ! não é
variável para todos os gases e assume alguns valores
de acordo com a unidade empregada:

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O modelo do gás ideal
E em 1802, os franceses J. Charles e J. Gay-Lussac,
determinaram empiricamente que:
A baixas pressões o volume de um gás é proporcional
à sua temperatura.

𝑇
𝑃=𝑅
𝜐

Onde R é a constante do gás de trabalho e 𝝊 é o


volume específico do gás.

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O modelo do gás ideal
Rearranjando a relação anterior, temos a equação do
gás ideal:
𝑃. 𝜐 = 𝑅. 𝑇

Há outras formas possíveis de escrever esse modelo,


começando ao lembrarmos que:
𝑉 𝑉
𝜐= 𝑃. = 𝑅. 𝑇 ∴ 𝑃. 𝑉 = 𝑚. 𝑅. 𝑇
𝑚 𝑚

𝑚
𝑛= 𝑃. 𝑉 = 𝑛. 𝑀. 𝑅. 𝑇 / 𝑇
∴ 𝑃. 𝑉 = 𝑛. 𝑅.
𝑀
11
O modelo de gás ideal
Ex. 1) Qual é o volume específico do nitrogênio a 300 kPa
e 227 °C? O nitrogênio é gás ideal nessas condições.
Çengel & Boles (2013)
𝑃. 𝜐 = 𝑅. 𝑇
𝑅. 𝑇
𝜐=
𝑃
0,2968.500
𝜐=
300
𝑚:
𝜐 = 0,4947
𝑘𝑔 12
Fator de compressibilidade
Vimos o que é um gás ideal e o modelo que o
descreve. Agora, retornamos a mais um
ques7onamento levantado:

O vapor pode ser considerado um gás ideal?

A resposta dada foi “depende” e vamos entender


isso. Vejamos o gráfico T- 𝝊 adiante.

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Fator de compressibilidade
Ao assumirmos que Çengel e Boles (2013)

determinado gás é
ideal podemos
cometer um erro que
chamados de “desvio
da idealidade”, em
outras palavras, o
quanto (%) esse gás
está fora da hipótese
assumida.

Em que caso o vapor pode ser


considerado como gás ideal?

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Fator de compressibilidade
À medida que vamos Çengel e Boles (2013)

aumentando a P, a
hipótese de gás ideal
se torna absurda.

Em aplicações a baixa
P, o vapor pode ser
considerado como gás
ideal. Mas, em usinas
de potência a vapor,
NÃO!

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Fator de compressibilidade
Para corrigirmos e superarmos esse problema,
podemos usar um fator Z, chamado de fator de
compressibilidade.
E por consequência, teremos:

𝑃. 𝜐 = 𝑍. 𝑅. 𝑇 𝑜𝑢 / 𝑇
𝑃. 𝜐̅ = 𝑛. 𝑅.
Sendo Z dado por:
Çengel e Boles (2013)

𝑃. 𝜐̅ 𝑃. 𝜐 𝜐?@AB
𝑧= ou 𝑧= ou 𝑧 =
/ 𝑇
𝑅. 𝑅. 𝑇 𝜐CD@AB

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Princípio dos estados
correspondentes
Concluímos que a hipótese de gás ideal se aplica em
baixas P e altas T. Mas o que exatamente seria isso?

- 100 oC é uma T baixa?

Outras
Nessa condição,
substâncias estão
N2 é um gás ideal.
no estado sólido.
Tc = -147 oC

Então, essa asser7va depende do PCR ou de sua TCR.


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Princípio dos estados
correspondentes
Os gases se comportam de maneira diferente a uma
dada P e T. Porém, se comportam de maneira muita
parecida quando as T e P são normalizadas em
relação às PCR e TCR.

E como é feita essa normalização?

𝑃 𝑇
𝑃H = 𝑇H =
𝑃I? 𝑇I?

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Princípio dos estados
correspondentes
Esclarecendo melhor. Vamos observar o gráfico
abaixo. Çengel e Boles (2013)

19
Princípio dos estados
correspondentes
Esse análise de princípio dos estados
correspondentes permite fazer uma avaliação
quantitativa do fator de compressibilidade para
gases em geral.

Na ausência de dados tabelados sobre o gás de


trabalho, podemos utilizar um diagrama que
apresenta boa precisão para o fator de
compressibilidade em relação a PCR e TCR.

20
Princípio dos estados
correspondentes
Diagrama generalizado para substâncias compostas
por moléculas simples.

21
Princípio dos estados
correspondentes
Ex. 2) Determine o volume específico do vapor de água
superaquecido a 15 MPa e 350 °C, usando (a) a equação
do gás ideal, (b) o diagrama generalizado de
compressibilidade e (c) as tabelas de vapor. Determine
também o erro associado aos dois primeiros casos.
Çengel e Boles (2013)

a)
𝑅. 𝑇
𝜐=
𝑃
0,4615.623,15
𝜐=
15000
𝑚:
𝜐CD@AB = 0,01917
𝑘𝑔
22
Princípio dos estados
correspondentes
b)
𝑃 15
𝑃H = = = 0,680
𝑃I? 22,06
𝑇 623,15
𝑇H = = = 0,963
𝑇I? 647,1
𝑧 ≅ 0,65
𝜐?@AB
𝑧=
𝜐CD@AB
𝜐?@AB = 𝑧. 𝜐CD@AB

𝜐?@AB = 0,65.0,01917
LM
𝜐?@AB = 0,01246
NO 23
Princípio dos estados
correspondentes
Ex. 2) Vapor de água superaquecido a 15 MPa e 350 °C
c)

𝑚:
𝜐 = 0,011481
𝑘𝑔

Çengel e Boles (2013)

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Princípio dos estados
correspondentes
𝑚: LM
a) 𝜐CD@AB = 0,01917 b) 𝜐?@AB = 0,01246 NO
𝑘𝑔

𝜐IABIRBADS − 𝜐UAV@BADS
𝑒𝑟𝑟𝑜 =
𝜐UAV@BADS

0,01917 − 0,011481 0,01246 − 0,011481


𝑒𝑟𝑟𝑜 = 𝑒𝑟𝑟𝑜 =
0,011481 0,011481
𝑒𝑟𝑟𝑜 = 0,66971 𝑒𝑟𝑟𝑜 = 0,08527
𝑒𝑟𝑟𝑜 = 66, 971 % 𝑒𝑟𝑟𝑜 = 8,527 %

25
Princípio dos estados
correspondentes
Ex. 3) Determine o volume específico do vapor de
refrigerante-134a a 0,9 MPa e 70 °C com base (a) na
equação do gás ideal, (b) no diagrama generalizado de
compressibilidade e (c) nos dados das tabelas. Determine
também o erro envolvido nos dois primeiros casos.
Çengel e Boles (2013)
a)
𝑅. 𝑇
𝜐=
𝑃
0,08149.343,15
𝜐=
900
𝑚:
𝜐CD@AB = 0,03106
𝑘𝑔
26
Princípio dos estados
correspondentes
b)
𝑃 0,9
𝑃H = = = 0,222
𝑃I? 4,059
𝑇 343,15
𝑇H = = = 0,917
𝑇I? 374,2
𝑧 ≅ 0,89
𝜐?@AB
𝑧=
𝜐CD@AB
𝜐?@AB = 𝑧. 𝜐CD@AB

𝜐?@AB = 0,89.0,03106
LM
𝜐?@AB = 0,0276434
NO 27
Princípio dos estados
correspondentes
Ex. 3) Refrigerante-134a a 0,9 MPa e 70 °C.
Çengel e Boles (2013)

c)

𝑚:
𝜐 = 0,027413
𝑘𝑔

28
Princípio dos estados
correspondentes
a) 𝜐 𝑚: b) 𝜐 𝑚:
CD@AB = 0,03106 ?@AB = 0,0276434
𝑘𝑔 𝑘𝑔

𝜐IABIRBADS − 𝜐UAV@BADS
𝑒𝑟𝑟𝑜 =
𝜐UAV@BADS

0,03106 − 0,027413 0,0276434 − 0,027413


𝑒𝑟𝑟𝑜 = 𝑒𝑟𝑟𝑜 =
0,027413 0,027413
𝑒𝑟𝑟𝑜 = 0,13304 𝑒𝑟𝑟𝑜 = 0,00840
𝑒𝑟𝑟𝑜 = 13,304 % 𝑒𝑟𝑟𝑜 = 0,84 %

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Equações de estado
Outras alterna7vas ao modelo de gás ideal ou
mesmo ao diagrama de compressibilidade
generalizado são as equações de estado.

São equações que representam com maior precisão


o comportamento P-𝝊-T de um dado gás em toda
região de vapor aquecido.

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Equações de estado
Como exemplo, temos as equações de estado
cúbicas em termos de quatro parâmetros.
𝑅𝑇 𝑎
𝑃= + [
𝜐 − 𝑏 𝜐 + 𝑐𝑏𝜐 + 𝑑𝑏 [
Onde,

𝑅[ 𝑇^H
𝑎 = 𝑎S
𝑃^H

𝑅𝑇^H
𝑏 = 𝑏S
𝑃^H

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Condições de trabalho na turbina
Durante o processo de geração de potência a partir
do vapor, são das as condições de entrada e saída da
água ao passar pela turbina.
Pressão Temperatura Estado
Entrada 5 MPa 450 oC Vapor
superaquecido
Saída 30 kPa 69,1 oC Vapor saturado

https://gfycat.com/quainttatteredaurochs 32
Condições de trabalho na turbina
Ex. 4) Para a situação, avalie:
1. Há a hipótese de aceitação do vapor como gás
ideal para as condições dadas? Qual o erro
cometido ao ser aceita essa hipótese?

Borgnakke e Sonntag (2009)


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Condições de trabalho na turbina
Para a situação, avalie:
2. A partir do gráfico anterior, obtivemos uma faixa
de erro. Avalie quantitativamente esse erro para
obtermos uma resposta mais exata. Compare
com os valores das tabelas termodinâmicas.
3. Caso seja necessário, qual o fator de
compressibilidade (Z) para a correção ao modelo
do gás ideal para ambos os casos?

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Bibliografia
BORGNAKKE, C.; SONNTAG, R. E. Fundamentos da termodinâmica. 7. ed. São
Paulo: Edgard Blucher, 2009.
ÇENGEL Y. A.; BOLES M. A. Termodinâmica, Editora McGraw Hill: 7ª edição. 2013.
Livro texto.
MORAN, M. J.; SHAPIRO, H. N. Princípios de termodinâmica para engenharia. 6. ed.
Rio de Janeiro: LTC, 2009.
VAN WYLEN, G. J.; SONNTAG, R. E.; BORGNAKKE, C. Fundamentos da
termodinâmica clássica. 4. ed. São Paulo: E.Blucher, 2008.

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