Você está na página 1de 7

Exmo.

Senhor Juiz de Direito do Tribunal Judicial de ----------------

Loureiro Pereira de Almeida, solteiro , residente na Av. Santana nº 10, r/c , dtº Traseiras, 4910

Vem propor contra

Caixa Geral de Depósitos, Sociedade Anónima com sede na Av. João XXI, nº 63 em Lisboa,

ACÇÃO DECLARATIVA

Nos termos e seguintes fundamentos :

1º Por documento denominado Contrato de Empréstimo, celebrado em 28 de Julho de


2000, a aqui Ré, no exercício da sua actividade profissional, concedeu á mutuária,
Eduarda Maria Rodrigues de Sousa um empréstimo no valor de Euros 15 462,73, do
qual a mesma se confessou devedora, para ser aplicado em investimentos múltiplos
não especificados em bens imóveis.

2ºEm conformidade com o referido contrato, o aludido empréstimo teria de ser


amortizado em 360 prestações mensais constantes a efectuar por débito em conta,
vencendo-se a primeira no correspondente dia do mês seguinte ao da sua celebração,
ou seja, 28 de Agosto de 2000 e as restantes em igual dia dos meses seguintes.

3º No mesmo contrato, o aqui A. declarou responsabilizar-se solidariamente como


fiador e principal pagador , renunciando ao beneficio da excussão prévia,

4ºsendo ainda que, para garantia do capital , juros á taxa de 9,544% ao ano, acrescidos
de 4% em caso de mora e a titulo de cláusula penal, bem como das despesas
extrajudiciais que viesse a efectuar, fixadas para efeitos de registo em……… ……, aquela
mutuaria entregou á Ré uma procuração irrevogável conferindo-lhe poderes para
constituir Hipoteca sobre a fracção autónoma designada pela letra BD,
correspondente a habitação 2 no piso 3 do corpo IV, lugar de garagem no piso 2, com
entrada pelo nº 66 do prédio sito na Rua Augusto Gomes, descrito na Conservatória do
Registo Predial de Vila Nova de Gaia sob o nº 01820/020798, inscrito na matriz sob o
artigo 8433-BD tudo conforme docs. nºs …………..que junta e considera reproduzidos
para todos os efeitos legais.
5ºE assim em 7 de Fevereiro de 2007 foi celebrado o Contrato de Hipoteca para
garantia do sobredito empréstimo , tendo sido o montante máximo de capital e
acessórios garantido pela mesma de vinte e dois mil trezentos e sessenta e quatro
euros e seis cêntimos,

6º hipoteca que ficou definitivamente registada em pela apresentação 113 de 15 de


Fevereiro de 2007, conforme…………………………………………..

7º Por escritura pública de Compra e Venda e Mútuo com Hipoteca e Fiança,


outorgada no dia 28 de Julho de 2000 no Cartório Notarial de Espinho a aqui Ré, no
exercicío da sua atividade profissional, concedeu á mutuária, Eduarda Maria Rodrigues

de Sousa um empréstimo no valor de Euros 54 368,97 ,do qual a mesma se


confessou devedora,

8ºpara ser aplicado na aquisição da fracção autónoma designada pela letra BD,
correspondente a Habitação 2 no Piso 3, do Corpo IV e lugar de garagem no Piso 2, do
prédio urbano sito na Rua Augusto Gomes nº 66, descrito na Conservatória do Registo
Predial de Vila Nova de Gaia sob o nº1820/19980702-BD e inscrito na matriz sob o
Artigo-U- 8433º-BD,

9º declarando ainda, que para garantia e liquidação das quantias mutuadas , juros á
taxa de 9,544% acrescidos de uma sobretaxa até 4% ao ano em caso de mora, a titulo
de cláusula penal, constituir a favor da Ré Hipoteca Voluntária em garantia do bom e
pontual pagamento da quantia mutuada e bem assim dos respetivos juros e
acréscimos , sobre a fração autónoma supraidentificada,

10ºhipoteca que ficou definitivamente registada em 17 de Maio de 2000, conforme


doc.nº----------que junta e considera reproduzido para todos os legais efeitos.

11ºEm conformidade com o que resulta do Documento Complementar anexo á


referida escritura , o aludido empréstimo foi concedido pelo prazo de 30 anos a contar
do dia 28 de Julho de 2000, devendo ser amortizado em 360 prestações mensais a
efectuar por débito em conta, vencendo-se a primeira no correspondente dia do mês
seguinte ao da celebração do referido contrato ou seja em 28 de Agosto de 2000 e as
restantes em igual dia dos meses seguintes.

12ºNo mesmo documento,


…………………………………………………………………………………………………………..declarou vender
a Eduarda Maria Rodrigues de Sousa, a fração supraidentificada, conforme doc.
nº----------------que junta e considera reproduzido para todos os legais efeitos

13ºEm 17 de Maio de 2000, foi registada a aquisição a favor da mutuária Eduarda


Maria Rodrigues de Sousa, por compra da supra referida fração, conforme doc.
nº………….que junta e considera reproduzida para todos os legais efeitos.

14º No mesmo acto, o aqui Autor responsabilizou-se solidariamente como fiador da


mutuária e principal pagador renunciando ao benefício da excussão prévia, tudo
conforme doc. nº-------junto á Acção Executiva nº 6143/07.2TBVNG, que correu termos
na 2ª Vara Mista do Tribunal Judicial de Vila Nova de Gaia, aqui junto como doc.
nº-------------que considera reproduzido para todos os legais efeitos.

15ºA mutuária não cumpriu as obrigações que naqueles contratos assumiu , não
tendo pago nos respetivos vencimentos ou posteriormente as prestações a que se
obrigara para o reembolso dos respetivos capitais e juros , o que sucedeu desde 28 de
Novembro de 2005 e 28 de Janeiro de 2006 respetivamente,

16º determinando assim , nessa data o vencimento de toda a dívida.

17º Pelo que a aqui Ré ficou com o direito a haver da mutuária a mesma.

18ºComo consequência directa e necessária daquele incumprimento, a aqui Ré em 22


de Junho de 2007 instaurou contra o A., a Acção Executiva para pagamento de quantia
certa, que correu termos sob o nº 6143/07.2TBVNG, do Tribunal Judicial de Vila Nova
de Gaia, pelo valor de Euros 70 482,17, conforme doc. nº……………que se junta e
considera reproduzido para todos os legais efeitos,

19º dando á Execução os docs. apresentados com o requerimento executivo


denominados Contrato de Empréstimo, Contrato de Hipoteca e Escritura de Compra e
Venda e Mutúo com Hipoteca e Fiança, documento complementar, aqui juntos
………………………..e cujo contéudo se dá por integralmente reproduzido.

20º Tendo a Ré, ali exequente feito registar penhora sobre a supra referida fração
autónoma em 5 de Janeiro de 2010, e em 8 de Setembro de 2011 procedido á
penhora do salário auferido pelo A. ao serviço da Camâra Municipal de Viana do
Castelo, conforme doc.nº-------que junta e considera reproduzido para todos os legais
efeitos.

21ºDonde resulta que desde essa data, estar o A. a proceder ao pagamento da


quantia exequenda á Ré

22ºtendo pago até á presente data a quantia de Euros………………………………na


qualidade de fiador e executado, através de desconto no seu salário, conforme docs.
nº…………………………………………………………………………………………….

23ºA mutuária foi declarada insolvente por douta sentença proferida no Processo nº
3271/10.0TBMAI do Tribunal Judicial da Maia, tendo a mesma transitado em julgado
em 26 de Julho de 2010,conforme doc. nº……… que junta e cujo contéudo aqui se dá
por integralmente reproduzido para todos os efeitos legais.

24ºTendo em 2 de Outobro de 2012, a Ré registado a seu favor na Conservatória do


Registo Predial de Vila Nova de Gaia, a aquisição a seu favor , operada no âmbito do
Processo de Execução supra referido, da fracção autónoma em causa nos presentes
autos , conforme doc.nº------que junta e cujo contéudo aqui se dá por integralmente
reproduzido para todos os legais efeitos,

25º e na mesma data procedeu a Ré ao cancelamento da sobredita Hipoteca, a qual


garantia os empréstimos supra referidos e seus acréscimos , conforme supra
Artigos---------------------------e doc. nº-----------------que junta e considera reproduzido
para todos os legais efeitos,

26ºApesar de saber que os empréstimos que concedeu á Eduarda Maria Rodrigues de


Sousa, não estavam liquidados, e sem aceitação do A., deixando de garantir o
respetivo pagamento á Ré ou a quem como o A. –fiador dele, viesse a ser chamado a
pagar,
27ºE assim impediu o A. de ficar sub-rogado no direito de ser ressarcido á custa do
património daquela mutuária , na exata medida daquilo que era o direito do A.
enquanto credor.

28ºMuito mais, quanto sobre a fração BD garante do empréstimo em causa, registou a


Ré nova Hipoteca a seu favor no âmbito de outro empréstimo concedido a Manuel
António Almeida Frutuoso , no valor de Euros Euros 52 000,00, para garantia deste
empréstimo

29º a quem vendeu a referida fração autónoma, aquisição registada em 13 de


dezembro de 2013, pelo valor de Euros 52 000,00, conforme
doc.nº--------------------------que junta e considera reproduzido para todos os legais
efeitos.

30ºTudo sem conhecimento ou aceitação do A.

31ºOra não podia a Ré ignorar que o A. se constituira fiador , nos precisos termos e nas
concretas circunstâncias plasmadas nos documentos nos quais assumira a obrigação
de fiador do empréstimo e respectivas garantias.

32ºSendo que a condição de terem sido constituídas as referidas Hipotecas foi


decisivo para que o A. assumisse a responsabilidade de fiador nos termos em que o
fez.

33º Assim nos termos do disposto no Art.730º do C. Civil, “ Ahipoteca pode extinguir-
se por outras causas para além da extinção da obrigação, mormente pela renúncia.”

34º Quanto á extinção da fiança dispõe o art. 651º do C. Civil que a mesma, “se
extingue com a extinção da obrigação principal.”

35ºIn casu, o A. ficou liberado das obrigações que assumiu nos sobreditos contratos
como fiador, por não poder ficar sub-rogado nos direitos da Ré, ali credora pelo facto
de esta ter procedido ao cancelamento das hipotecas,

36º facto este que apenas a ela pode ser imputado.

37ºIsto mesmo resulta do disposto nos arts. 653º e 721º do C. Civil.


38ºNa verdade, o A. após cumprimento das obrigações que assumiu perante a Ré por
força da sua posição de fiador nos sobre ditos contratos, ficaria com o direito de ficar
sub-rogado nos direitos da Ré, na medida em que os satisfizesse, conforme o disposto
nos arts. 644º, 582º por força do disposto nos artigos 594º e 593º, todos do C. Civil

39ºOra, dado que a Ré procedeu ao cancelamento das hipotecas, facto que, repete-se,
só lhe pode ser imputado, impediu o A. de poder ficar sub-rogado nos direitos que lhe
cabiam.

40ºAssim dispõe o art. 653º do C.Civil, 2 Os fiadores (…) ficam desonerados da


obrigação que contraíram, na medida em que por facto positivo ou negativo do credor
não puderem ficar subrogados nos direitos que a este competem.”

41ºAssim, Vaz Serra, Fiança e Figuras Análogas in BMJ,71-271 “ O credor não deve
proceder de maneira a obstar a que o fiador se subrogue nos seus direitos, ( o
sublinhado é nosso) pois se esta sub-rogação se não der, pode ser o fiador
prejudicado. Ora, o credor , assim como recebe com a fiançauma garantia para o
crédito, deve por outro lado, evitar que o fiador, por falta daquela sub-rogação, seja
lesado.”

42ºOra, a Ré , credora nos contratos supra referidos, ao proceder ao cancelamento da


hipoteca, sabia que impedia o aqui A. ali fiador de se vir a subrogar nos direitos que
aquela competiam!

43ºBem sabendo porque não podia desconhecer, que o A. só aceitou assumir as


obrigações de fiador e principal pagador por ter a garantia consubstanciada na
Hipoteca da fracção BD.

44ºSendo certo, que não tinha a Ré o dever para com o A. fiador de zelar pela
solvabilidade da mutuária, sua devedora,

45ºnão é menos certo, que tinha o dever de não impedir que o A. ali fiador ficasse
prejudicado por falta da sua sub-rogação!

46ºDe todo supra exposto resulta, que por facto praticado voluntáriamente pela Ré ,o
A. não pode ficar sub-rogado na hipoteca constituída em favor da Ré para garantia dos
empréstimos por ela concedidos á Eduarda Maria Rodrigues de Sousa, em relação aos
quais o A. se constituiu fiador e principal pagador.

47º A actuação da Ré ao proceder ao cancelamento das Hipotecas, configura uma


renúncia á mesma , dado o disposto no art. 721º do C. Civil,

48ºpelo que deve o A. ficar desonerado das obrigações que perante ela contraiu como
fiador nos sobreditos contratos.

PEDIDO

PROVA

VALOR

Você também pode gostar