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Hidrologia e Recursos Hídricos

Herlander Mata Lima, PhD

Portugal, 2010
Rev. 0
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ACTIVIDADE ANTRÓPICA vs AMBIENTE

Edward Lorenz: o pai da teoria do caos

Abril 2008
O matemático e meteorologista norte-americano
Edward Lorenz, "pai" da Teoria do Caos faleceu , aos
90 anos, na sua casa em Cambridge, no Estado de Massachusetts.
Edward Lorenz era professor no Instituto Tecnológico de
Massachusetts (MIT) quando desenvolveu o conceito
científico, conhecido por "efeito borboleta" ou Teoria
do Caos, de que pequenos efeitos levam a grandes
mudanças. A seu ver, qualquer coisa tão minúscula
como uma borboleta a bater as asas no Brasil muda o
movimento constante da atmosfera, a ponto de gerar
tornados no Texas. A descoberta do "caos
determinístico" trouxe "uma das mais dramáticas
mudanças no modo de encarar a natureza desde Isaac
Newton", considerou a comissão que galardoou Lorenz, em 1991,
com Prémio Quioto, para as Ciências Básicas. Edward Lorenz
surgiu com o conceito da "Teoria do Caos" nos anos 60
através dos seus hábitos de trabalho meticulosos,
segundo um dos seus antigos estudantes.

Fonte: Lusa (17-04-2008)

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 MÉTODOS QUANTITATIVOS EM HIDROLOGIA

O que não pode ser medido e reduzido a número não tem

realidade.
Galileu (1564 – 1642)

"When you can measure what you are speaking about, and express it in
numbers, you know something about it ... and you have, in your thoughts,
advanced to the stage of science".
 
William Thomson, Lord Kelvin, Irish Mathematician and Physicist, 1894

3-3
 Recursos Hídricos: quantidade disponível

Tabela 1. Distribuição da água na biosfera (Wetzel, 1996:2).

Para mais informações consulte a base de dados online, www.gwpforum.org.

3-4
 Recursos Hídricos: quantidade disponível

Crescimento demofórico:
“crescimento que engloba os
efeitos combinados da população
num sentido biológico e os de
produção-consumo num sentido
tecnológico”.

Figura. Pressões de severidade crescente impostas às populações dos países

desenvolvidos, resultantes em grande parte do crescimento demofórico exagerado
(Wetzel, 1996:3).
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 Recursos Hídricos: quantidade disponível

“Each drop of water has been included in the global resource, and parameters show that 70% of
major river or lake waters are already in use leaving behind the 30% which is predicted to be
most remote and uneconomical water. Hence harnessing more water to meet future demand in a
sustainable manner is a huge challenge in water sector”.

“Water in urban area has become an upcoming problem worldwide (SWITCH, base de dados
online, http://www.switchurbanwater.eu/, acedida em 12.04.2010). Reducing fresh water
resource, pollution of existing sources, change in lifestyle, increased demand in agricultural
products and global warming are some of the factors to increase water stress”.

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 Recursos Hídricos: quantidade disponível

O QUE É A HIDROLOGIA?

A Hidrologia, na perspectiva da Engenharia Civil, é a ciência que estuda a

ocorrência, distribuição e movimentação da água no planeta Terra. À esta
definição devem-se incluir os aspectos e impactes ambientais (e.g. poluição e
contaminação) referente aos recursos hídricos. Aprofunde a informação
consultando Lencastre & Franco (2006: 19-24).

Peixoto (1993: 125) refere que o ciclo hidrológico é o conceito fundamental da

hidrologia e define a hidrologia como “ciência que estuda as propriedades físicas e
químicas da água, a sua distribuição na Terra e o seu transporte nas várias fases”.

É razoável dividir a hidrologia em três ramos de especialização que se interligam:

 Ramo Atmosférico (Climatologia – Hidrologia da atmosfera);

 Ramo Terrestre (entenda-se Hidrologia de superfície); e
 Ramo Subterrâneo (Hidrologia subterrânea ou Hidrogeologia).

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 Recursos Hídricos: quantidade disponível

CICLO HIDROLÓGICO
O ciclo hidrológico é uma sequência fechada de fenómenos naturais em
que o Globo através dos mares, dos lagos, geleiras, vegetação, etc., cede,
por evapotranspiração, água à atmosfera na fase vapor, que depois de
condensar formando núvens é posteriormente devolvida ao globo sob a
forma de precipitação nas fases líquida ou sólida; aqui é parcialmente
retida na superfície, infiltrando-se no solo para originar as águas
subterrâneas, ou escoando-se através das linhas de água (e.g. rios,
ribeiras) para os oceanos e donde passa novamente, por evaporação, para
a atmosfera no estado vapor, fechando-se assim o ciclo (vide Peixoto, 1993:
125-134).

A definição do ciclo hidrológico reflecte o princípio de conservação da

água na Terra: a quantidade total da substância água nas três fases (sólida,
líquida e gasosa) não tem variado ao longo do tempo.
3-8
 Recursos Hídricos: avaliação quali-quantitativa
Modelo Conceptual do Balanço Hídrico

Legenda:
Evaporação a partir de:
(1) - Vegetação;
(2) – Rio;
(3) – Solo;
(4) – Oceano;
(5) - Transpiração das plantas;
(6) - Escoamento superficial.
Figura 1. Representação do ciclo hidrológico com localização
das diferentes componentes (FISRWG, 1998).

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 Recursos Hídricos: avaliação quali-quantitativa

Delimitação de uma bacia hidrográfica

A Bacia Hidrográfica é a área definida topograficamente drenada parcial
ou totalmente por um ou vários cursos de água (ver Figura 2). Por outras
palavras a Bacia Hidrográfica pode ser definida como a área onde o
escoamento superficial converge para um rio principal e seus afluentes.

Figura 2a. Ilustração do conceito de bacia

hidrográfica. Figura 2b. Bacias
hidrográficas de Portugal
Nota: os alunos deverão definir as bacias continental.
hidrográficas da RAM – através da carta
militar (Esc: 1:25 000)
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 Recursos Hídricos: avaliação quali-quantitativa

Figura 3a. Delimitação de uma bacia hidrográfica.

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 Recursos Hídricos: avaliação quali-quantitativa

Estudo Hidrológico de Bacias

O estudo hidrológico mais básico efectuado no âmbito da Engenharia Civil
respeita o seguinte procedimento:
 Delimitação da bacia (ver figura 3 da página anterior);
 Caraterização biofísica da bacia (e.g. área, comprimento da linha de
água principal, tipo de solo, precipitação/curvas I-D-F, tipo de ocupação
e uso, atribuição do coeficiente do escoamento, etc.)
 Cálculo do tempo de concentração da bacia;
 Cálculo de caudais e hidrograma de escoamento (e.g. Método Racional,
Método de SCS). O período de retorno (Tr) a considerar varia de acordo com os objectivos
do estudo;
Tr – período de retorno;
Tr  1 PQ 
 Análise de risco.
P(Q) – probabilidade de excedência de um dado caudal.

Por exemplo, caso se pretenda um caudal com a probabilidade de excedência de 1%

o Tr é 100 anos.
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 Recursos Hídricos: avaliação quali-quantitativa

Estudo Hidrológico de Bacias

MODELO AGREGADO vs DISTRIBUÍDO
O modelo distribuído apresenta vantagens relativamente ao modelo agregado pelo
facto deste último não ter em consideração as heterogeneidades espaciais da bacia
hidrográfica.
No modelo distribuído é possível atribuir ponderações às diferentes parcelas da bacia
tratando-as como pequenas unidades (sub-bacias) dentro da unidade principal.
A figura seguinte apresenta um exemplo esquemático dos dois tipos de modelos.

Figura 4 a) modelo agregado b) modelo distribuído

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 Recursos Hídricos: avaliação quali-quantitativa
Notas sobre Balanço da Água (Water Balance) (Chaponnière et al., 2007)

Figura 6. Variabilidade espacial das características

do solo (spatial variability of soil characterístics).

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 Recursos Hídricos: avaliação quali-quantitativa

FACTORES HIDROLÓGICOS:
Na análise hidrológica que precede o dimensionamento de infra-estruturas
de Engenharia Civil é necessário identificar a caracterizar os factores que
influenciam as cheias, a saber:
• quantidade e distribuição da precipitação;
• área da bacia (tamanho, forma, ...);
• tipo do solo;
• ocupação e uso do solo;
• comprimento e declives das encostas e linhas de águas;
• teor de humidade antecedente do solo;
• potencial de armazenamento (e.g. bacias de retenção, albufeiras, canais,
etc.);
• potencial de desenvolvimento da bacia;
• tipo de precipitação (e.g. chuva, neve, ou combinação de ambas).
3-15
 Recursos Hídricos: avaliação quali-quantitativa

Figura 7. Efeito da forma da bacia no pico do escoamento (USACE, 1994).

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 Recursos Hídricos: avaliação quali-quantitativa

I. DETERMINAÇÃO DOS CAUDAIS DE PONTA (Qp)

Neste documento apresentam-se duas metodologias (método racional e o método do SCS) para determinação do Qp e os

respectivos exemplos de aplicação. Importa referir que a aplicação de ambos os métodos supracitados deve ser condicionada à

dimensão da bacia:

• Método Racional: adequado para bacias de área igual ou inferior a 10,12 ha. Contudo, é comum aplicar-se o Método Racional até um limite

de 122 ha quando se trata de uma bacia homogénea e regular (vide Mata-Lima, 2007);

• Método de SCS: adequado para bacias de área até 810 ha (vide Mata-Lima, 2007).

Contudo, quando possível subdividir a bacia em várias unidades mais pequenas (subbacias) esta limitação dos métodos é

ultrapassada.

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 Recursos Hídricos: avaliação quali-quantitativa

I.1. MÉTODO RACIONAL MODIFICADO(MRM)

com  =0,00278 (m3/s).h/(ha.mm)

onde: Q – caudal de ponta [m3/s]; A – área da bacia de drenagem [ha]; Ci – coeficiente de escoamento da subárea i [ - ]; Ai –
sub-bacia [ha]; Cf – factor de frequência para a Fórmula Racional [-] (ver Tabela 1); C – coeficiente de escoamento ponderado da bacia [-], função

da ocupação da bacia (ver Tabela 2). O uso do C ponderando é fundamental para ter em consideração a heterogeneidade da bacia; I – intensidade

de precipitação [mm/h]; a e b – são parâmetros da curva I-D-F para diversos postos hudográficos (ver Tabela 3 e Figura 8) e tc o tempo de

concentração [min].

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 Recursos Hídricos: avaliação quali-quantitativa

Tabela 1. Factor de frequência para a Fórmula Racional.

Período de retorno (anos) Cf

 10 1,00

25 1,10

50 1,20

100 1,25

Nota:
• Chamar atenção dos alunos para os algarismos significativos.

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 Recursos Hídricos: avaliação quali-quantitativa

Análise de Risco
O risco de falha (R) de uma dada infraestrutura hidráulica pode ser estimada pela equação:
n
 1 
R  1   1   (6)
 Tr 
onde: Tr – período de retorno considerado (anos), n – tempo de vida útil da infra-estrutura.
Tabela 5. Risco (R) em função de n e Tr.
Exemplo:
Calcule o risco (R) do caudal de
dimensionamento de uma passagem
hidráulica-PH (aqueduto), realizada numa
estrada, ser igualado ou excedido nos
primeiros 10 anos sabendo que foi
dimensionada para período de retorno de
100 anos.
10
 1 
R  1  1    0 ,0956
 100 
Existe cerca de 9,6% de possibilidade da
infra-estrutura (PH) vir a ser sujeita à um Aprofundar os conhecimentos através de US Geological Survey
Q100 nos primeiros 10 anos de vida. (1982: 10.1 – 10.4).
3-20
 Referências Bibliográficas 05/04/18 13:44:36

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