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Série Uso Eficiente de Energia

Myrthes Marcele Farias dos Santos


Luciana Hamada

SOLUÇÕES ARQUITETÔNICAS VOLTADAS PARA


A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DAS EDIFICAÇÕES
HOTELEIRAS

GUIA ESPECIAL DE ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA


PARA EMPRESÁRIOS

Rio de Janeiro, 2011


Copyright © 2011, SEBRAE/RJ
Este trabalho foi elaborado no âmbito do Convênio de Cooperação Técnica entre o Sebrae/RJ e a APRESENTAÇÃO ELETROBRAS/PROCEL
Eletrobras/Procel. Todos os direitos reservados.

SEBRAE/RJ
Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado do Rio de Janeiro
Rua Santa Luzia, 685 / 6º, 7º e 9º andares - CEP 20030-040 - Rio de Janeiro - RJ Dificilmente há outro tipo de edificação mais direcionada a prover conforto am-
www.sebraerj.com.br biental para seus habitantes do que hotéis, pousadas e demais meios de hospeda-
Diretor-superintendente: Cezar Vasquez
gem. Este nível de conforto, no entanto, pode ser obtido pela adoção de práticas
Diretor: Armando Clemente
Diretor: Evandro Peçanha Alves
de arquitetura bioclimática que utilizem melhor as próprias condições ambientais
regionais ao invés dos sistemas artificiais, principalmente no que se refere a aque-
Unidade de Inovação e Acesso à Tecnologia cimento da água, iluminação e ventilação natural.
Ricardo Wargas de Faria
Doris Ziegler O grande desafio à incorporação nos projetos das chamadas medidas passivas da
arquitetura, expostas neste Guia Técnico, é que não há uma solução pronta para
ELETROBRAS
todas as edificações. Há diversas possibilidades de projetos que contemplem as
Centrais Elétricas Brasileiras
Av. Presidente Vargas, 409/13º andar - CEP 20090-004 - Rio de Janeiro - RJ
variáveis do entorno da edificação, as condições climáticas regionais e até mesmo
www.eletrobras.com a cultura local. Uma boa prática de projeto arquitetônico é aquela que é capaz de
Presidente: José Antonio Muniz Lopes incorporar todos estes aspectos, moldando-se de tal forma ao meio ambiente que
Diretor de Tecnologia: Ubirajara Rocha Meira seus usuários sintam-se parte desta integração.

PROCEL Ao empreendedor hoteleiro cabe a certeza de que todo investimento feito para pro-
Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
ver conforto ambiental e reduzir os gastos com energia significa retorno seguro para
Av. Rio Branco, 53/20º andar - CEP 20090-004 - Rio de Janeiro - RJ
www.eletrobras.com/procel
seu negócio, não apenas pela economia nas contas de energia elétrica, mas pela pró-
Chefe do Departamento de Projetos de Eficiência Energética: Fernando Pinto Dias Perrone pria preservação do meio ambiente, o que, em suma, é o que seu hóspede veio usu-
Gerente da Divisão de Eficiência Energética em Edificações: Maria Teresa Marques da Silveira fruir. Cada vez mais a sociedade considera as empresas pelo seu perfil de cidadania,
e espera delas a iniciativa de preservar a sua parte do ambiente para as gerações
PROCEL EDIFICA futuras. Como primeira atitude, nada melhor do que a própria conservação da ener-
Clovis José da Silva gia, como forma de respeitar e investir no bem-estar desses futuros hóspedes.
Edison Alves Portela Junior
Edwal Hiromi Sanomia
Elisete Alvarenga da Cunha
Estefania Neiva de Mello
Frederico G. C. Souto Maior de Castro
João Queiroz Krause
Lucas Mortimer Macedo S237 Santos, Myrthes Marcele Farias dos Ubirajara Rocha Meira
Vinicius Ribeiro Cardoso Soluções arquitetônicas voltadas para a eficiência
energética das edificações hoteleiras/Myrthes Marcele Diretor de Tecnologia da Eletrobras
Farias dos Santos, Luciana Hamada. – Rio de Janeiro:
Sebrae/RJ;
Eletrobras/Procel, 2011.
56 p. (Série Uso Eficiente de Energia)

ISBN 978-85-7714-185-2

1.Consumo de energia. 2. Arquitetura de hotéis. 3.


Arquitetura de pousadas. I. Hamada, Luciana. II.Título.

CDU 629.9:728.5
APRESENTAÇÃO SEBRAE/RJ

Quem busca maior produtividade e redução de custos não pode deixar de levar em
consideração o uso eficiente dos recursos energéticos. Desde 1979, o Sebrae/RJ
desenvolve ações para auxiliar micro e pequenas empresas a utilizarem a energia
de forma adequada, garantindo maior competitividade e qualidade aos seus pro-
dutos, com menor impacto no meio ambiente.

Em mais de 30 anos de trabalho nesse segmento, detectamos que o uso da energia


de maneira eficiente pode garantir aos pequenos negócios uma economia de 30%.
Apesar do significativo potencial de redução de custos, algumas barreiras técnicas,
econômico-financeiras e culturais ainda impedem que projetos de eficiência ener-
gética sejam implantados de forma maciça nos pequenos empreendimentos.

Um dos principais obstáculos é a falta de informação. A maioria dos empresários


desconhece a quantidade de energia necessária para o funcionamento da empresa
e poucos sabem quais são efetivamente os ganhos que a eficiência energética po-
de trazer. Para completar, em muitos casos, o proprietário tem pouco tempo para
pensar em melhorias, já que está envolvido com os assuntos do dia a dia.

Outra questão importante é que há pouca disponibilidade de recursos para inves-


timento e os prazos de amortização são considerados altos, o que faz com que
muitas empresas usem equipamentos obsoletos e mal dimensionados. Além disso,
raramente há capacitação de funcionários para o uso adequado da energia. Assim,
em alguns casos, até são adotados equipamentos eficientes que, no entanto, são
utilizados com desperdício.

Para reverter esse quadro, o Sebrae/RJ vem atuando na articulação e elaboração


de ações de políticas públicas, com o desenvolvimento de projetos em parceria
com instituições nacionais e internacionais, que incluem a realização de cursos e
oficinas temáticas, a elaboração de diagnósticos e implantação de projetos, a orga-
nização de palestras, seminários e missões, a realização de parcerias com sindicatos
e associações de classe e a elaboração de material técnico.

Entre essas iniciativas, merecem destaque os convênios realizados entre Sebrae/RJ


e Eletrobras/Procel desde 1987, a fim de promover a eficiência energética nos pe-
quenos negócios, por meio da disseminação de informações e treinamento de pro-
fissionais para atuar nesse mercado. Por conta da relevância da atividade turística
para a economia e do potencial existente no segmento para a implantação de
ações voltadas à eficiência energética, o setor hoteleiro tem sido atendido no âm-
bito desse convênio, com base em proposta de trabalho firmada com a Associação SUMÁRIO
Nacional da Indústria Hoteleira do Estado do Rio de Janeiro (ABiH-RJ).

Criada para ser um complemento ao Guia Prático do Uso Eficiente de Energia nos
Meios de Hospedagem, também editado pelo Sebrae/RJ, esta publicação sobre Introdução 9
soluções arquitetônicas voltadas para a eficiência energética se insere na proposta
de uma abordagem integrada sobre o tema, considerando não apenas os sistemas Capítulo I - Entendendo o que é arquitetura bioclimática 11
existentes nas empresas, mas as técnicas de arquitetura bioclimática, que consis- Capítulo II - O clima local como fator determinante 13
tem no aproveitamento da luz natural e do vento para climatização e na escolha de
Capítulo III - As estratégias arquitetônicas e construtivas 17
materiais sustentáveis para a construção, entre outros aspectos importantes. Em
conjunto com as técnicas tradicionais de eficiência energética, a arquitetura biocli- Ventilação natural 19
mática pode otimizar o uso de recursos naturais e reduzir o consumo de energia. Iluminação natural 25

Esperamos que as informações contidas neste guia sejam úteis e representem um Materiais e elementos construtivos 29
passo importante em direção à redução de impactos ambientais e à garantia de Uso da vegetação e de fontes de água 39
maior sustentabilidade para todo o setor hoteleiro.
Capítulo IV - A etiquetagem de eficiência energética de edificações 43
Referências bibliográficas 49
Glossário 51
Cezar Vasquez
Diretor-superintendente do Sebrae/RJ Anexo: Questionário bioclimático 53
INTRODUÇÃO

Esta publicação, da Série Uso Eficiente de Energia, apresenta orientações de efi-


ciência energética referentes aos aspectos arquitetônicos e construtivos, buscan-
do complementar os seus conhecimentos sobre como usar de forma eficiente a
energia elétrica, reduzir despesas operacionais e, ainda, obter outros ganhos, co-
mo a modernização das instalações e a melhoria do conforto dos hóspedes.

A quantidade de energia consumida pelos sistemas de iluminação e climatização


de ambientes está diretamente relacionada aos tipos de tecnologias adotadas e
às condições de ocupação e operação de tais sistemas. No entanto, também de-
pende fundamentalmente das características construtivas da edificação: da sua
adequação ou não à realidade climática local.

Embora as soluções arquitetônicas relacionadas à eficiência energética possuam


maior potencial ao serem adotadas ainda durante a fase de projeto da edificação,
existem possibilidades economicamente viáveis de intervenção arquitetônica em
edifícios já construídos. De acordo com os dados do Procel, o potencial de econo-
mia de energia elétrica é de cerca de 30% em edificações existentes, se estas pas-
sarem por uma intervenção tipo retrofit (reforma e/ou atualização). (Procel, 2011)

Neste contexto, a adoção de premissas da arquitetura bioclimática, valorizando o


formato da edificação, a propriedade física dos materiais e a transmissão da luz
natural, entre outras, vem possibilitar um melhor desempenho energético do es-
tabelecimento hoteleiro, visto que o consumo de energia para a satisfação do
conforto dos hóspedes se dará apenas nos momentos em que o clima externo
não oferecer as condições necessárias.

As soluções arquitetônicas podem, ainda, ser compatibilizadas com os sistemas


artificiais através da adoção de novas tecnologias que evitam os desperdícios de
energia elétrica, tais como o fechamento automático de janelas quando do acio-
namento de condicionadores de ar ou a instalação de sensores fotoelétricos, que
reduzem o nível de iluminação na presença de luz natural.

Além de reduzir custos com energia ao implementar medidas como essas, hoje
em dia o empresário também tem a opção de obter a Etiqueta Nacional de Con-
servação de Energia *(Ence), que classifica as edificações comerciais quanto à sua
eficiência energética, considerando três principais sistemas: iluminação, condicio-
namento de ar e envoltória arquitetônica, também chamada “pele da edificação”.
Para ajudá-lo com essas questões, preparamos este material, no âmbito do Con-
vênio de Cooperação Técnica entre o Sebrae/RJ e o Procel e em parceria com a
Associação Nacional da Indústria Hoteleira do Estado do Rio de Janeiro (ABiH-

9
RJ), com o objetivo de orientar sobre a aplicação de soluções arquitetônicas bási-
cas que venham a auxiliar os meios de hospedagem na busca de uma maior efici- CAPÍTULO I
ência energética nos sistemas de iluminação e climatização artificial dos ambientes. ENTENDENDO O QUE É ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA

Características desta publicação

Após a introdução do conceito de arquitetura bioclimática, são apresentadas al- Os conceitos da arquitetura bioclimática vêm sendo cada vez mais enaltecidos, em
gumas considerações sobre a importância de se conhecer o clima local e o entor- virtude das atuais questões ambientais. De acordo com o Quarto Relatório de Ava-
no do estabelecimento. Em seguida, as principais soluções arquitetônicas para liação do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC, 2008), tal ce-
diferentes climas são detalhadas. nário se deve, principalmente, à constatação de que as edificações são uma das
principais fontes emissoras de gases do efeito estufa, pois demandam muita ener-
São abordadas principalmente as várias formas de aproveitamento da ventilação gia para o seu funcionamento (Figura 1). (LAMBERTS et al., 1997)
natural, da luz natural e a correta aplicação dos materiais e elementos construtivos
da envoltória, tais como revestimentos, vidros, beirais, proteções externas e ou- Segundo dados do Balanço Energético Nacional (BEN), quase 50% da energia elé-
tros. A utilização da vegetação e de fontes de água também é explorada. trica produzida no Brasil é consumida nas edificações (EPE, 2010). Isto se deve ao
fato de as edificações brasileiras possuírem baixo desempenho energético, pois
Por fim, encontram-se as informações sobre o processo de etiquetagem de efici-
sempre receberam pouca (ou nenhuma) atenção quanto à eficiência energética,
ência energética de edificações no Brasil, os requisitos técnicos a serem cumpri-
principalmente pela falta de uma legislação que imponha limites de consumo e de
dos e os métodos para a classificação do nível de eficiência energética de edifica-
ções comerciais. profissionais qualificados para atuar nesse campo interdisciplinar (MENDES et al.,
2005). O intenso uso de sistemas de iluminação e climatização artificial dos ambien-
No anexo, caso você queira se aprofundar no tema, é disponibilizado um questio- tes, para atendimento das condições de conforto dos ocupantes, é um dos princi-
nário bioclimático, elaborado por renomados especialistas na área. Com ele, será pais aspectos a serem observados.
possível fazer um exercício para selecionar as estratégias arquitetônicas específi-
cas ao seu caso.

Além disso, ao longo do texto você também encontrará as seguintes seções:

Conheça Mais – São informações complementares e dados que ampliam



o seu conhecimento.

Atenção! – Esta seção chama a sua atenção para questões importantes



sobre algum assunto.

Exemplos Numéricos – Traz, na forma de exemplos, alguns cálculos que



você poderá fazer para o seu estabelecimento.

Em Resumo... – Ao final da publicação, você encontra um resumo conten-



do os principais pontos da leitura.

Para que o tema seja bem compreendido, recomendamos a leitura dos capítulos
do Guia Prático do Uso Eficiente de Energia nos Meios de Hospedagem, da
Série Uso Eficiente de Energia

Figura 1 – As edificações consomem metade da energia elétrica produzida no país

10 11
A maioria das edificações brasileiras, especialmente as dos grandes centros urba-
nos, é baseada em um estilo arquitetônico que não leva em consideração as condi- CAPÍTULO II
ções naturais do entorno – o que as torna totalmente dependentes dos mecanis- O CLIMA LOCAL COMO FATOR DETERMINANTE
mos artificiais e de grandes quantidades de energia para resolver os aspectos de
conforto no seu interior.
O clima, de uma maneira geral, pode ser definido como o conjunto de condições
As premissas da arquitetura bioclimática podem ser entendidas como a aplicação meteorológicas que mantém as características comuns em uma determinada região.
de diretrizes construtivas que orientam a concepção de uma edificação em harmo-
nia com o clima e as características locais, voltadas para o conforto ambiental e a Do ponto de vista da arquitetura bioclimática, as principais variáveis climáticas a
eficiência energética. serem consideradas são a insolação, o regime de ventos (direção e intensidade), as
temperaturas, a umidade relativa do ar e a precipitação, ao longo do ano ou das
Isto significa obter, via recursos naturais disponíveis, uma edificação que utiliza a estações (Figura 2).
energia de fontes renováveis e que oferece aos ocupantes que nela habitam ou
trabalham as mesmas condições desejáveis de conforto com menor consumo de
energia, se comparada com outra edificação que não possui esta preocupação. Precipitação

Uma edificação bioclimática se propõe, portanto, a proporcionar um ambiente


construído mais confortável e duradouro possível, de forma a retardar, ou mesmo a
Radiação solar
evitar, que o usuário da edificação inicie o processo de climatização artificial – e, se Luz natural
esta for utilizada, como acontece em climas muito rigorosos, que seja a mais otimi- Aquecimento
zada e econômica possível.
Ventilação natural

Conheça Mais
Adequar a arquitetura às condições climáticas de um determinado local
significa construir espaços que possibilitem ao homem condições de conforto Umidade
(FROTA; SCHIFFER, 2006).

Nos últimos anos, os conceitos de sustentabilidade vêm se agregando aos da ar- Umidade
quitetura bioclimática, incorporando, por exemplo, novas técnicas construtivas e
materiais reciclados e recicláveis, o que se traduz em edificações eficientes não só Figura 2 – As principais variáveis climáticas
do ponto de vista energético, mas também quanto ao uso da água, matérias-pri-
mas e outros insumos. Conheça Mais
Os dados climáticos para diversas regiões podem ser obtidos no Instituto
Nacional de Meteorologia, órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. Acesse: http://www.inmet.gov.br.

Também é importante considerar a interface da edificação com o lugar em que


está localizada, ou seja, com o microclima local, por meio da análise dos condicio-
nantes geográficos (topografia, tipo de solo, cobertura vegetal e proximidade de
rios ou do litoral) e construtivos (como a existência de outras edificações, praças e
parques), capazes de interferir nas variáveis climáticas. O relevante, aqui, é identifi-
car os elementos específicos mais próximos da edificação, ou seja, o seu entorno.

12 13
Dessa forma, fica evidente a importância da caracterização climática local para Para a cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, que é classificada na Z8 (Zona Biocli-
apoiar as decisões arquitetônicas. A identificação, por exemplo, de elementos mática 8), as diretrizes construtivas recomendadas são:
(construtivos ou naturais) que servem de barreiras contra os ventos frios no inverno
ou a intensidade de radiação solar no verão, possibilita a determinação das solu- • Desumidificação dos ambientes, que pode ser realizada pela renovação do ar
ções mais adequadas e possíveis. interno pelo ar externo, por meio da ventilação natural dos ambientes;

Atenção! • Uso de paredes e coberturas com maior massa térmica (mais pesadas), onde o
Para a escolha da melhor solução arquitetônica, é imprescindível conhe- calor armazenado na estrutura física durante o dia seja devolvido ao exterior
cer as condições climáticas locais, sejam elas provenientes de um meio com durante a noite, quando as temperaturas externas diminuem; e
clima natural e/ou urbano, a fim de buscar o pleno aproveitamento das suas
vantagens ou a proteção nos momentos menos privilegiados. • Ventilação cruzada, obtida por meio do posicionamento das aberturas (portas e jane-
las) em paredes opostas, facilitando a circulação de ar pelos ambientes da edificação.
Para auxiliar a adequação das edificações ao clima local e objetivando otimizar o seu
desempenho térmico, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabele- Conheça Mais
ceu a NBR 15.220:2005 – Desempenho Térmico de Edificações, que normatizou o No anexo desta publicação, visando auxiliá-lo na identificação dos aspec-
zoneamento bioclimático brasileiro e serve de instrumento na identificação das prin- tos climáticos em que se encontra o seu estabelecimento e na escolha das es-
cipais diretrizes construtivas adequadas a cada condição climática (ABNT, 2005). tratégias arquitetônicas mais adequadas ao seu caso, disponibilizamos um
questionário bioclimático, de fácil preenchimento.
A NBR 15.220:2005 define oito zonas bioclimáticas, conforme apresentado na Figura 3.

Figura 3 - Zoneamento Bioclimático Brasileiro

14 15
CAPÍTULO III
AS SOLUÇÕES ARQUITETÔNICAS E CONSTRUTIVAS

Podemos classificar as edificações em dois grandes grupos: as com climatização


artificial permanente e as não climatizadas ou com climatização artificial eventual.

Todas, sem exceção, podem e devem adotar as diretrizes construtivas adequadas


às condições climáticas locais, cuja consequência, além da garantia do atendimento
com qualidade das condições de conforto ambiental, será um menor consumo de
energia. Entretanto, a forma de tratamento das edificações do primeiro grupo dife-
re em alguns pontos do segundo grupo (BARROSO-KRAUSE et al., 2002).

Em uma edificação com opção pela climatização permanente desde a sua concepção,
a fonte de conforto térmico é gerada no seu interior por meio dos sistemas artificiais
de climatização (aparelhos de ar-condicionado ou aquecedores). Neste caso, a estra-
tégia arquitetônica mais importante, com vistas à eficiência energética da edificação,
relaciona-se à sua proteção/isolamento contra o clima exterior. Caso contrário, o con-
sumo de energia para a geração de frio ou calor será superior ao necessário, em fun-
ção das perdas provocadas por infiltrações de vãos de janelas e esquadrias.

Atenção!
A proteção de uma edificação com climatização permanente pode ser
obtida por meio do isolamento térmico de fachadas e coberturas, e, no caso de
climas quentes, pela utilização de sombreamento externo, mas sem que este
impeça a entrada de luz natural nos ambientes internos.

A estratégia arquitetônica para as edificações não climatizadas ou com climatização


eventual – normalmente, estabelecimentos mais simples e de pequeno porte – não
é a mesma do caso anterior. Aqui, a fonte de conforto dos ambientes internos é
originada do meio externo, no vento que refresca em períodos quentes ou no sol
que aquece nos períodos frios.

Entretanto, poderá haver momentos do dia ou do ano em que o clima torna-se


inóspito, sendo necessário amenizar seus efeitos por meio de soluções arquitetôni-
cas e construtivas. Somente nos períodos mais críticos, que desfavorecem as con-
dições de conforto exigidas na edificação, é que se deve lançar mão do uso even-
tual de sistemas artificiais, optando sempre por equipamentos mais eficientes.

A melhor alternativa é buscar a integração entre os sistemas natural e artificial, apli-


cando as premissas da arquitetura bioclimática, e utilizar a climatização artificial nos
momentos em que o clima e o meio externo não oferecerem as condições adequa-
das para o conforto no interior da edificação.
17
Atenção! Ventilação Natural
Como muitas regiões lidam com climas mistos, o ideal é a realização de
um estudo mais individualizado, que deve ser realizado “in loco” por um pro- A ventilação natural proporciona a renovação do ar ambiente, sendo necessária em
fissional especializado e com instrumentos de medição adequados. todos os tipos de clima para a higienização em geral das edificações, mas desde
que aproveitada de maneira adequada.
A seguir são detalhadas as soluções arquitetônicas básicas para diferentes climas.
A ideia é aproximá-lo do tema e direcioná-lo para tornar seu hotel mais confortável É desejável e recomendável em grandes quantidades para as edificações localiza-
e eficiente. Serão abordados os seguintes tópicos: das em climas quentes e úmidos, como no caso da cidade do Rio de Janeiro. Para
tanto, as aberturas (portas e janelas) devem possuir dimensões suficientes e estar
• Ventilação natural posicionadas de maneira a permitir a ventilação dos ambientes. Preferencialmente,
• Ventilação permanente a disposição das aberturas deve ser em lados opostos, para facilitar a circulação do
• Ventilação controlada ar por meio da ventilação cruzada – quando o fluxo de ar atravessa a edificação
• Ventilação higiênica (Figura 4). (LAMBERTS et al., 1997)

• Iluminação natural
• Iluminação zenital
• Iluminação lateral

• Materiais e elementos construtivos


• Coberturas
• Paredes
• Elementos de sombreamento

• Uso da vegetação e de fontes de água

Figura 4 – Espaços fluidos facilitam a ventilação cruzada

Para promover a ventilação entre os ambientes internos, as portas podem conter


venezianas, exceto nos ambientes com climatização artificial.

Atenção!
As janelas e aberturas das fachadas podem ser protegidas de forma a
manter a privacidade visual do interior, mas sem impedir a circulação do ar.
Isto pode ser feito pelo uso de elementos vazados e venezianas.

No entanto, também é preciso estar atento à direção dos ventos predominantes na região
e ao entorno, pois este pode alterar significativamente a direção dos ventos (Figura 5).
(LAMBERTS et al., 1997)

18 19
Permanente Controlada Higiênica

Figura 7 – Tipos de ventilação natural

A opção pelo aproveitamento de uma ou mais formas de ventilação natural deverá


Figura 5 – Interferência do entorno na ventilação local ser avaliada em função da quantidade de ventilação necessária aos ambientes do
seu empreendimento, ditada de acordo com o tipo de clima.
Em climas frios e secos, a estratégia de ventilação natural deve ser adotada com
cautela, visando apenas à promoção da renovação do ar nos ambientes internos. Ventilação Permanente

Para minimizar os possíveis efeitos indesejáveis da ventilação, pode-se prever a colo- Sempre que o hotel estiver localizado em região de clima quente e úmido, a ado-
cação de obstáculos no caminho dos ventos para diminuir sua intensidade, tais como ção da estratégia de ventilação permanente é de extrema importância para o res-
muros com elementos vazados, mas sem impedir a entrada da insolação, principal- friamento das superfícies internas, pois o desconforto pode ser amenizado pela
mente no inverno (Figura 6). (BARROSO-KRAUSE et al., 2005). Essa solução também dissipação do calor e a retirada da umidade.
pode ser adotada em regiões onde a velocidade ou direção dos ventos é incômoda.
O ar aquecido tende a se acumular nos ambientes internos especialmente nas partes
mais elevadas. A sua liberação pode ser feita por meio de aberturas permanentes,
posicionadas na parte superior das paredes ou, preferencialmente, nos telhados.

Existem diversos recursos arquitetônicos que podem ser utilizados nos telhados,
tais como os lanternins, os exaustores eólicos, as aberturas zenitais e os forros ven-
tilados, conforme apresentado na Figura 8.

Figura 6 – Exemplo de obstáculo no caminho dos ventos para climas frios

Como veremos a seguir, existem três formas possíveis de usufruir da ventilação natu-
ral: permanente, controlada e higiênica (Figura 7). Lanternim Abertura zenital Exaustor eólico Forro ventilado

Figura 8 – Aberturas na parte superior da edificação


retiram o ar aquecido do interior

20 21
Para situações de inexistência de ventos, também é possível forçar a ventilação
pelo interior da edificação por meio da criação de aberturas inferiores, deixando a
vegetação baixa próxima ao piso elevado, e saídas pela cobertura, para obter o
chamado efeito chaminé (Figura 9). (BARROSO-KRAUSE et al., 2005)

Janela de abrir Janela de abrir e bandeira

Janela tipo basculante Janela de correr

Figura 10 – Tipos de janelas


Figura 9 – Exemplo de solução para promoção do efeito chaminé

Ventilação controlada As janelas de abrir com a opção da bandeira basculante na parte superior são as
ideais, pois, além de possuírem bastante área livre para ventilação, ainda oferecem
Na ventilação controlada, o usuário tem a possibilidade de dosar a ventilação con- a opção da ventilação higiênica, conforme veremos a seguir.
forme sua demanda de conforto. A ventilação controlada pode ser aplicada em
todos os tipos de clima, tendo em vista que pode ser controlada, inclusive, a ponto
de se ter a opção de não utilizá-la, através dos dispositivos de controle (abertura e Atenção!
fechamento), que devem estar ao alcance dos usuários. Os ambientes climatizados artificialmente devem ter janelas com frestas
bem vedadas, sem folga entre as folhas e a esquadria, visando otimizar o con-
Nesse tipo de ventilação, as aberturas devem ser posicionadas, preferencialmente, sumo de energia dos aparelhos de ar-condicionado ou aquecedores e, se pos-
na mesma altura em que são realizadas as atividades do dia a dia, para proporcio- sível, janelas com panos de vidro duplo (Figura 11). (MASCARÓ, 1991)
nar uma sensação direta de conforto aos usuários. 50% Absorção 5% Absorção

A ventilação controlada é muito utilizada em regiões que apresentam regime in- Radia
ç ão so
lar inc
constante de ventos. Nesses casos, ela é bastante vantajosa, já que, em dias quen- idente
38% Transmissão
tes, a edificação pode estar aberta à circulação do ar, enquanto que em dias mais
frios ou com muito vento, o usuário pode vedar completamente as aberturas da
edificação ou controlar a intensidade de ventilação conforme sua necessidade. 7% Reflexão

Existem diversos tipos de janelas que propiciam maior ou menor aproveitamento


da ventilação natural. As janelas de abrir são as que possuem maior área livre para
a circulação do vento, pois aproveitam 100% da ventilação. Já as janelas do tipo Vidro interno
Vidro externo
basculante, apesar de possuírem uma área menor para entrada do vento, oferecem
a possibilidade de direcionar o fluxo de ar (Figura 10).
Figura 11 – Janela com vidro duplo

22 23
Muito útil principalmente em regiões de climas frios, a ventilação higiênica é neces- Iluminação Natural
sária à manutenção da qualidade do ar e à exaustão de gases e odores, em especial
os produzidos na cozinha e banheiros. As soluções arquitetônicas para o aproveitamento da iluminação natural nas edifi-
cações são recomendadas para todos os tipos de clima, pois além de promoverem
Para o favorecimento da ventilação higiênica, aberturas mais altas (com dispositivos o conforto luminoso e a salubridade, são bastante eficazes na busca da eficiência
de controle para fechamento) e janelas com bandeiras basculantes na parte supe- energética.
rior são bastante úteis, por permitirem somente a ventilação necessária para a re-
novação mínima do ar interno (Figura 12). (LAMBERTS et al., 1997) Um cuidado maior deve ser tomado em regiões de clima quente, para evitar os
ganhos de calor indesejáveis advindos da luz natural, pois isto demandará o acio-
namento do aparelho de ar-condicionado. Nesses casos, a abertura para ilumina-
ção natural deverá estar protegida da radiação solar direta.

A iluminação natural deve ser explorada de forma integrada com os sistemas de


iluminação artificial, a serem utilizados somente na ausência ou insuficiência da luz
natural.

Conheça Mais
Figura 12 – Exemplo de ventilação higiênica Para a implantação de um sistema eficiente de iluminação artificial devem
ser consideradas as recomendações e tecnologias tratadas no Capítulo 4 do
Conheça Mais Guia Prático do Uso Eficiente de Energia nos Meios de Hospedagem, da Série
Ambientes com pé-direito alto favorecem a ventilação higiênica, desde Uso Eficiente de Energia.
que possuam aberturas superiores adequadas.
Um sistema de iluminação natural pode ser lateral ou zenital (pelo teto), devendo
ser adotado tendo em vista a forma e a disposição dos ambientes e o tipo de tare-
fa visual que neles será realizada.

Iluminação zenital

A iluminação zenital oferece maior iluminação média sobre o ambiente do que uma
superfície iluminante lateral equivalente. É bastante útil, podendo iluminar locais
sem paredes externas (onde, portanto, não seria possível abrir janelas), como acon-
tece muitas vezes, por exemplo, nas áreas de circulação das edificações.

Apesar de ter um custo inicial geralmente mais alto e oferecer maiores dificuldades
para a limpeza, o uso da iluminação zenital, especialmente em locais amplos, pro-
porciona maior uniformidade de iluminação e valorização dos ambientes por meio
da arquitetura.

A disposição da luz interior de um ambiente iluminado zenitalmente e sua eficiência


luminosa dependem, entre outros aspectos, do tipo de recurso arquitetônico a ser
adotado. O tipo “dente de serra” (ou shed) fornece uma iluminação difusa, enquan-
to os lanternins oferecem uma iluminação direcional e as claraboias ou telhas trans-
lúcidas são as que possuem maior eficiência luminosa. A Figura 13 a seguir mostra
esses sistemas de iluminação zenital.
24 25
2.5x

Lanternins Telhas translúcidas


Quarto

2.5y-0.80m

0.80
Cozinha

Figura 14 – Alcance da iluminação natural lateral


Shed Átrio Claraboia

No caso de banheiros e cozinhas, deve-se deduzir a altura da bancada. Toman-


Figura 13 – Sistemas de iluminação zenital do esta como tendo 80 centímetros e estando a verga da janela a dois metros
de altura, a luz natural chegará até o alcance de:
Iluminação lateral
5,00m – 0,80m = 4,20 metros de profundidade
A iluminação lateral é adequada para zonas próximas às janelas, onde é possível
obter luz suficiente para a realização de tarefas visuais. O nível de iluminância do
local diminui à medida que aumenta a distância da janela. Além das aberturas verticais tradicionais (janelas), pode-se explorar a luz natural
lateral por meio de diversos recursos arquitetônicos, como light shelf (prateleiras de
Por isso, a profundidade do ambiente deve ser proporcional à altura do ponto mais luz), refletores externos, dutos de iluminação com espelhos, persianas reflexivas,
alto do vão da iluminação lateral (geralmente, a verga da janela), especialmente nos paredes transparentes (tijolos de vidro), poços de luz e outros (LAMBERTS et al.,
ambientes de permanência prolongada, como quartos e salas. Embora varie em 1997), conforme apresentado na Figura 15.
função da luminosidade de cada localidade, em geral a altura mínima da verga da
janela deve estar a cerca de 40% da profundidade do cômodo (BARROSO-KRAUSE
et al., 2005), conforme exemplo numérico mostrado a seguir.

Exemplo numérico
Tendo um ambiente cinco metros de profundidade, a altura da verga (viga da
janela) deve estar a 40% desse valor, ou seja: Ligth shelf Refletor externo Duto com espelhos

5,00m (profundidade do ambiente) x 40% = 2,00 metros de altura

Assim, a verga da janela deverá estar a pelo menos dois metros de altura. Isto
corresponde a dizer que a profundidade do ambiente, admitida como ilumina-
da naturalmente, é equivalente a 2,5 (duas vezes e meia) a altura do ponto mais
alto do vão da iluminação lateral (no caso, a verga da janela), conforme mostra- Persiana flexível Paredes transparentes Foco de luz
do na Figura 14. (BAHIA et. al, 1997)
Figura 15 – Sistemas de iluminação natural lateral
26 27
Dentre esses, destacamos o uso do light shelf, um elemento construtivo que facilita Materiais E Elementos Construtivos
a entrada da iluminação natural no ambiente ao mesmo tempo que possibilita a
proteção solar da abertura (Figura 16). (LAMBERTS et al., 1997) As características construtivas que influenciam no consumo de energia elétrica são
aquelas que aumentam ou minimizam a troca térmica entre o interior e o exterior
da edificação, através da sua envoltória. Envoltórias com menores trocas térmicas
implicam em menores ganhos de calor em climas quentes (radiação solar, tempera-
tura etc.) ou menores perdas de calor em climas frios (infiltração, diferenças de
temperatura etc.).
Luz natural
Conheça Mais
Ligth shelf
Quanto menos a envoltória arquitetônica expuser o interior da edificação, me-
Sombra nor será a troca térmica entre o interior e o exterior e, como consequência, menor
será o consumo de energia para condicionamento artificial dos ambientes internos.
Figura 16 – Esquema de funcionamento do light shelf (prateleira de luz)
Para um melhor entendimento das soluções arquitetônicas referentes aos compo-
Isto é feito em duas porções horizontais, sendo a superior destinada a redirecionar nentes construtivos da envoltória arquitetônica, nesta seção, subdividimos esses
a luz natural para o teto – assim uniformizando a distribuição da luz no interior do em: coberturas, paredes e elementos de sombreamento.
ambiente – e a inferior, destinada à interceptação da radiação solar direta, reduzin-
do o ganho de calor por meio do sombreamento da abertura, mas permitindo a Coberturas
visão, ventilação e a proteção solar da abertura.
As coberturas mais usuais podem ser classificadas em pesadas e leves (BARROSO-
Atenção! -KRAUSE, 1990). As coberturas pesadas são caracterizadas pela sua disposição ho-
Para potencializar o aproveitamento da luz natural, os tetos e as paredes rizontal e geralmente são feitas de laje de concreto ou são do tipo volterrana (feitas
dos ambientes devem ser pintados ou revestidos internamente com cores cla- de vigotas de concreto, alternando com tijolos cerâmicos furados). Possuem grande
ras ou reflexivas. capacidade de armazenamento térmico.

As coberturas leves são, geralmente, telhados montados sobre treliças, e caracteri-


zadas pela sua inclinação. A inclinação se dá de acordo com o tipo de telha empre-
gada. Sua capacidade térmica não é tão representativa.

Atenção!
Devemos dar atenção especial à cobertura da edificação. Isto porque é
ela que sofre mais com a ação simultânea do sol e da chuva, numa proporção,
aproximadamente, três vezes maior, em comparação com as paredes externas
(MACHADO et al., 1986).

Para empreendimentos localizados em climas quentes, é importante que as cober-


turas sejam ventiladas. A criação de aberturas ou câmaras de ar em telhados com o
intuito de dissipar o calor, contribui de forma significativa para reduzir a carga tér-
mica no interior da edificação.

O uso de cores claras ou materiais reflexivos nas coberturas também é interessante,


pois ajuda substancialmente a refletir a radiação solar e a diminuir o acúmulo de
calor na cobertura, conforme apresentado no exemplo a seguir.
28 29
Exemplo numérico O prolongamento desse efeito pode ser obtido com o umedecimento periódico do
Consideremos uma cobertura em laje plana com revestimento asfáltico telhado nos dias mais quentes, por meio de tubulações perfuradas instaladas pró-
(betume ou piche) na cidade do Rio de Janeiro, em pleno verão. Isto significa ximas à cumeeira do telhado (LAMBERTS et al., 1997), conforme mostrado na Figu-
que estamos trabalhado potencialmente com os seguintes valores (BARROSO- ra 18. Esse umedecimento pode ser feito até com água reaproveitada dos banhos
-KRAUSE, 1999): ou água acumulada da chuva.

• Ganho de calor de uma laje plana: 7.846 Wh/m² Evaporação


Spray
• Absortividade de cores escuras: 0,90
• Absortividade de cores claras: 0,30

Multiplicando o ganho de calor da laje plana pelos índices de absortividade


das respectivas cores, temos: Tubulação

• Laje plana com betume (cor escura) por cima: 7.846 Wh/m2 x 0,90 = 7.061,40 Wh/m2
• Mesma laje com pintura clara: 7.846 Wh/m2 x 0,30 = 2.353,80 Wh/m2

Ou seja, ao compararmos as duas situações, percebe-se que a cobertura escura Figura 18 – Umedecimento do telhado
recebe 4.700 Wh/m2 a mais, um ganho de calor absorvido equivalente a três vezes
mais que o da cobertura em cor clara. O uso de forro e isolamento térmico nas coberturas também é importante em todos
os tipos de clima, principalmente no caso de ambientes climatizados artificialmente. O
A cobertura com betume (cor escura) está recebendo uma carga térmica muito forro de madeira, o rebaixo em gesso ou a própria laje são soluções comuns utilizadas
maior do que a pintada em cor clara, da onde se conclui que a simples pintura como forros dos telhados, mas podem ser incrementadas com a aplicação de mate-
ou revestimento em cor clara é um excelente método de resfriamento passivo riais isolantes. Nesse caso, podem ser aplicados lã de rocha, mantas cerâmicas, sub-
dos ambientes internos. coberturas ou mesmo placas de isopor incombustíveis, formando um forro tipo “san-
duíche”, conforme mostrado na Figura 19. (BAHIA et. al, 1997)
Em relação ao material, uma boa solução é o uso de telhas de barro colonial, desde Isolante térmico aplicado
que não pintadas e não envernizadas, pois sua porosidade ajuda a absorver a umi- sobre o forro
dade (água da chuva e sereno noturno), que é posteriormente evaporada com a
incidência do sol. Com a evaporação, esse tipo de cobertura perde calor, reduzin-
do os ganhos térmicos para o interior. Além disso, cada telha de cima (capa) faz
sombra para a de baixo (calha) e deixa sair o calor, conforme mostrado na Figura 17.

Ar-condicionado

Capa

Figura 19 – Cobertura ventilada e com forro de laje


incrementado com material isolante
Ar
Calha
Para os climas frios, é recomendada a utilização de claraboias ou telhas translúcidas
Figura 17 – Esquema mostrando a saída do calor pela telha de barro colonial em dimensões generosas na cobertura, para possibilitar a entrada de calor para o

30 31
interior da edificação. As superfícies envidraçadas possibilitam o ganho direto do Isso é conseguido com o uso de materiais com menores condutividades térmicas,
calor do sol para os ambientes (Figura 20). (LAMBERTS et al., 1997) tais como paredes compostas com algum material isolante, como placas de isopor
incombustíveis (Figura 22), paredes compostas com câmaras de ar ou paredes mais
espessas feitas de tijolos deitados, preferencialmente com furos.
Claraboia

Material Isolante

Inverno Verão

Figura 20 – Utilização de material translúcido nas paredes


e coberturas em climas frios Figura 22 – Paredes compostas com maior resistência à passagem de calor

O ganho de calor pode ser acentuado por meio da criação de estufas ou solários, Em climas quentes, considerando a temperatura do ar exterior maior que a interior,
devendo ser previstas aberturas na cobertura para que, nos momentos mais quen- a estratégia consiste em proteger a edificação dos picos de temperatura e evitar a
tes do ano, possam ser abertas e o calor retirado, evitando que este se irradie para entrada excessiva de calor no interior da edificação, mantendo o conforto térmico
dentro da edificação (Figura 21). (BARROSO-KRAUSE et al., 2005) dos seus ocupantes.

As paredes também podem ser revestidas ou pintadas externamente com cor clara, para
refletir a radiação solar, amenizando ainda mais a transferência de calor para o interior.

Para edificações hoteleiras situadas em climas frios, onde a temperatura do ar inte-


rior tende a ser maior que a do exterior, a utilização de paredes com menor condu-
tividade térmica evita as perdas de calor da edificação para o exterior, enquanto os
ganhos internos de calor (pessoas, cozinha, banho) são aproveitados, aumentando
a temperatura interior.
Inverno Verão
Para compensar as baixas temperaturas externas, a estratégia de utilização de pa-
Figura 21 - Uso da estufa no inverno e no verão redes com maior isolamento pode ser conjugada com a de aquecimento solar pas-
sivo, consistente em aquecer as paredes externas pelo aproveitamento direto da
Paredes insolação.

Para se obter temperaturas mais agradáveis no interior da edificação, deve-se utili- Conheça Mais
zar paredes com maior isolamento, isto é, com maior resistência à passagem de Em climas frios, para potencializar o ganho de calor pelas paredes, deve-
calor, útil tanto para clima quente quanto para clima frio, pois impede a transferên- -se pintá-las externamente em cor escura, para absorverem melhor a insolação.
cia de calor do exterior para o interior e vice-versa.

32 33
Se for possível, deve-se, ainda, prever a colocação de vidro para evitar que a pare- dos hóspedes. Nesses casos, ressalta-se a importância da boa proteção da edifica-
de perca o calor acumulado. Esta técnica, conhecida como parede Trombe (LAM- ção, isolamento térmico e vedação dos ambientes, evitando a fuga do calor pela
BERTS et al., 1997), consiste em aquecer o ar no espaço entre o vidro e a parede, estrutura física da edificação.
conforme mostrado na Figura 23.
Conheça Mais
Para a implantação de um sistema eficiente de aquecimento artificial de
ambientes, devem ser consideradas as recomendações e tecnologias tratadas
no Capítulo 4 do Guia Prático do Uso Eficiente de Energia nos Meios de Hos-
pedagem, da Série Uso Eficiente de Energia.

Caso o hoteleiro opte pelo uso de lareiras para aquecimento dos ambientes, uma
boa dica é aproveitar o calor delas por meio das chaminés para exaustão do ar, que
podem atravessar os cômodos dos andares superiores e que, por radiação, serão
aquecidos naturalmente (Figura 25). (BARROSO-KRAUSE et al., 2005)

Figura 23 – Parede de acumulação de calor para climas frios

Ainda para locais de clima frio, a utilização de fechamentos transparentes ou pare-


des de tijolos de vidro é importante para permitir o ganho direto do calor do sol
nos ambientes internos (Figura 24). (LAMBERTS et al., 1997)

Figura 25 – Aquecimento natural de ambientes em hotéis com lareiras


Figura 24 – Ganho solar direto
Elementos de Sombreamento
Atenção!
Um material de pequena espessura ou baixa densidade - como o vidro - Quando a edificação é construída em climas quentes e com forte insolação, uma
transferirá mais rapidamente as condições de temperatura externa para o inte- boa estratégia para promover o conforto térmico é a utilização de elementos de
rior da edificação. sombreamento externo nas aberturas, tais como toldos, varandas, brise-soleil, bei-
rais, marquises ou pergolados.
Em regiões extremamente frias, com temperaturas inferiores a 10,5ºC, somente as
soluções arquitetônicas podem não ser suficientes, sendo apropriado o uso de cli- A Figura 26 mostra alguns tipos de sombreamento possíveis a serem incorporados
matização artificial (aquecedores) para proporcionar o adequado conforto térmico em uma edificação.

34 35
Verão 23º27’

23º27’
46º54’

Inverno

Pôr do sol

Varanda Toldo

21 de julho (inverno)

21 de maio (outono)
24 de setembro (primavera)

22 de dezembro (verão)
Nascer do sol
Pergolado Beiral

Figura 27 – Carta solar da cidade do Rio de Janeiro


Figura 26 – Alguns exemplos de uso de elementos de sombreamento

Conheça Mais
O uso de elementos de sombreamento é um recurso importante para reduzir os
O Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (LabEEE), da Uni-
ganhos de calor nas edificações por meio do controle da radiação solar. No entan-
versidade Federal de Santa Cataria (UFSC), disponibiliza no seu site para
to, a sua utilização não pode, de nenhuma maneira, servir de obstáculo à ventilação
download gratuito o programa gráfico Analysis SOL-AR, que permite a ob-
natural, que, como vimos anteriormente, é fundamental em climas quentes.
tenção da carta solar da latitude especificada. Acesse: http://www.labeee.
ufsc.br.
Atenção!
Ao utilizar os elementos de sombreamento, deve-se tomar o devido cui-
Dentre os elementos externos de sombreamento, destacamos o uso do brise-soleil
dado com a entrada da luz natural, que não pode ser prejudicada.
ou quebra-sol (Figura 28), que, quando bem dimensionado, fornece iluminação na-
tural adequada ao ambiente interno, permite a ventilação e, principalmente, con-
A avaliação da necessidade de colocação dos elementos de sombreamento deve
trola os ganhos térmicos indesejados. Segundo resultados de uma pesquisa desen-
ser feita em função da análise da trajetória do sol no local onde está situada a edi-
volvida em Porto Alegre, a correta utilização do brise-soleil reduz em torno de 59%
ficação. De acordo com a hora do dia, a estação do ano e a orientação escolhida, é
a radiação solar incidente no interior da edificação (CORBELLA, 2003).
possível saber quais fachadas estão mais expostas à radiação solar direta e, assim,
dimensionar as proteções das suas aberturas.

A posição espacial do sol para efeito do projeto de arquitetura é obtida por meio
das cartas solares, que variam de acordo com a latitude do local. Para exemplificar,
mostramos na Figura 27 a carta solar da cidade do Rio de Janeiro.

36 37
Uso da Vegetação e de Fontes de Água
Quebra-sol horizontal,
indicado para orientação
norte
Outra forma de proteger as aberturas da insolação indesejável em climas quentes
é através do uso da vegetação. Também é possível que apenas a instalação de
algum dos elementos construtivos vistos anteriormente não seja suficiente para
Quebra-sol sombrear adequadamente uma abertura, precisando ser complementado com uso
de vegetação.

Para reduzir a insolação solar, especialmente da parte da tarde, sugerimos a plan-


tação de arbustos em frente às fachadas voltadas na direção oeste, preferencial-
Janela
mente no caso dos quartos dos hóspedes. Se necessário, plantar árvores de copa
densa (Figura 29). (BARROSO-KRAUSE et al., 2005)
Quebra-sol vertical, indicado
para orientações leste e oeste

Área sombreada

Quebra-sol móvel, que permite


ajustes ao longo do tempo,
acompanhando a trajetória solar

Figura 28 – Esquema de funcionamento e indicações de uso do brise-soleil

Figura 29 - Arbustos plantados na direção do sol da tarde

As árvores, preferencialmente as de tronco alto, posicionadas na direção do vento


predominante, também servirão para refrescar o fluxo de ar antes que ele entre no
interior da edificação (Figura 30). (BARROSO-KRAUSE et al., 2005)

38 39
Em climas mistos, quando se alternam períodos quentes e frios ao longo do ano, o
ideal é optar por árvores com folhas caducas (que caem no outono/inverno). No ve-
rão, elas irão proteger a edificação da insolação por meio do sombreamento, e no
inverno, quando as folhas caírem, permitirão a incidência direta do sol, desejável nos
períodos mais frios (Figura 32). (LAMBERTS et al., 1997)

Figura 30 – Plantio de árvores de troncos altos

Alguns cuidados devem ser tomados em relação ao revestimento dos pisos exter-
nos em volta da edificação. Materiais que reflitam muito a radiação ou que tenham
grande poder de armazenar calor devem ser evitados, pois, à noite, o calor arma-
zenado, ao ser devolvido para o ar, é geralmente direcionado para o interior da
edificação.

Vale lembrar que os materiais de piso devem ser antiderrapantes e permeáveis,


Figura 32 – Proteção solar de árvores com folhas caducas
sendo aconselhável o uso de fibras vegetais, tijolos cerâmicos, madeira ou a própria
vegetação rasteira. Uma boa solução é a criação de juntas mais largas, que alter-
Em climas quentes e secos, a sensação térmica pode ser amenizada por meio da
nam piso e vegetação, colaborando para o escoamento da água (Figura 31).
evaporação da água ou da evapotranspiração das plantas (umidificação). A técnica
consiste, por exemplo, no plantio de áreas gramadas ou arborizadas no entorno da
edificação ou na instalação de um tanque de água ou mesmo de um jardim (cober-
tura naturada) sobre a cobertura, conforme Figura 33. (LAMBERTS et al., 1997)
Jardim Água

Menor temperatura
superficial

Figura 31 – Tipos de pisos externos para regiões de clima quente e úmido

Figura 33 – Tanque de água e jardim sobre a cobertura


Atenção!
A cobertura naturada deve contar com a impermeabilização da laje, dre-
nagem de águas pluviais com brita ou argila expandida e vegetação resistente
à insolação direta.

40 41
Outra boa estratégia a ser adotada são as “paredes verdes”, isto é, as paredes exter-
nas protegidas por plantas trepadeiras, para que a temperatura superficial da parede CAPÍTULO IV
seja reduzida. Esta solução pode ter como suporte um treliçado em madeira, uma A ETIQUETAGEM DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE EDIFICAÇÕES
tela ou uma grade, conforme Figura 34. (BARROSO-KRAUSE et al., 2005)

A regulamentação brasileira de etiquetagem de eficiência energética de edifica-


ções, que criou condições para concessão da Etiqueta Nacional de Conservação de
Energia (Ence), foi instituída pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (Inmetro) e o Procel, atendendo ao Programa Brasileiro de Eti-
quetagem (PBE), por meio da publicação de duas portarias que se complementam:
• Portaria nº 372, de 17/09/2010 (Inmetro, 2010a)1 , que aprovou a versão final do
Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifí-
cios Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-C); e
• Portaria nº 395, de 11/10/2010 (Inmetro, 2010b)2 , que aprovou o Regulamento
de Avaliação da Conformidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios
Comerciais, de Serviços e Públicos (RAC-C).

O RTQ-C especifica os critérios técnicos para classificação de edificações novas e


Figura 34 – Uso de “parede verde” existentes quanto à sua eficiência energética, que pode variar do nível “A” (mais
eficiente) ao “E” (menos eficiente), considerando três sistemas: iluminação, condi-
Em regiões climáticas extremamente secas, onde a umidade relativa do ar é muito cionamento do ar e envoltória arquitetônica. O texto do RTQ-C foi elaborado por
baixa (inferior a 20%) e a secura extrema causa desconforto, espelhos d’água ou uma equipe técnica de diversas instituições, no âmbito do Ministério de Minas e
lagos podem ser dispostos em frente às janelas e na direção predominante do ven- Energia (MME), e passou por diversas fases de aperfeiçoamento e consulta pública,
to, a fim de umidificar o interior da edificação (Figura 35). (LAMBERTS et al., 1997) até finalmente ser disponibilizado ao mercado.

Atenção!
As exigências contidas no RTQ-C devem ser avaliadas por um organismo
de inspeção acreditado pelo Inmetro, conforme descrito no RAC-C, que
apresenta os procedimentos necessários para obtenção da etiqueta.

O processo de implementação da etiquetagem definido no RAC-C é composto por


duas etapas: uma de avaliação do projeto de arquitetura, onde é identificado o ní-
vel de eficiência energética da edificação, ainda na planta; e, a outra, de inspeção
por amostragem da edificação construída3, para verificar se as premissas de projeto
foram aplicadas. O RAC-C contém formulários, modelos de planilhas e termos de
compromisso, dentre outros documentos em seus anexos, que facilitam a submis-
Figura 35 – Fonte e espelho d’água para regiões de clima extremamente seco são do projeto e da edificação construída.

1
Revogou a Portaria nº 163, de 8/06/2009.
2
Revogou a Portaria nº 185, de 22/06/2009.
3
Pós habite-se, no caso da edificação nova, e pós-reforma, para edificações existentes.

42 43
A etiqueta para edificações é concedida em caráter voluntário, visando preparar o
mercado da construção civil para assimilar, de forma gradativa, a inédita metodolo-
gia de classificação, mas deverá passar a ser obrigatória para as novas edificações
em prazo a ser definido.

É destinada a edificações comerciais, de serviços e públicas, climatizadas no todo


ou em parte, artificialmente ou naturalmente, com área útil superior a 500 m² ou
atendidas por tensão igual ou superior a 2,3 kV (grupo tarifário A). A Ence pode ser
fornecida para a edificação completa ou para parte desta, ou seja, bloco, pavimen-
to ou conjunto de salas.

Para ser elegível à etiquetagem, como pré-requisito geral a ser cumprido, a edifica-
ção deverá possuir circuito elétrico com possibilidade de medição centralizada por
uso final: iluminação, condicionamento de ar e outros. Caso este pré-requisito não
possa ser atendido, a classificação máxima da edificação será nível C.

Conheça Mais
São exceções os hotéis com circuitos que são desligados automaticamen-
te quando o hóspede deixa o quarto, os edifícios com múltiplas unidades autô-
Figura 36 – Modelo da Ence Geral, neste caso, apresentando nível de eficiência A
nomas de consumo, o que faculta o não atendimento ao item sobre medição

centralizada por uso final, e edificações cuja data de construção seja anterior à
publicação do RTQ-C.

A classificação do nível de eficiência energética da edificação pode ser:

• Geral: abrangendo os três sistemas (envoltória, iluminação e condicionamento de


ar) mais possíveis bonificações a serem obtidas com inovações tecnológicas, uso
de energias renováveis, cogeração, com a racionalização do consumo de água etc.;

• Parcial: somente para a envoltória ou combinando a envoltória com um dos ou-


tros dois sistemas, ou seja, a avaliação da envoltória é obrigatória para obter
qualquer outra etiqueta.

Para obter a classificação geral da edificação, primeiramente calcula-se a eficiência


de cada um dos sistemas separadamente, obtendo-se as pontuações parciais. Uma
equação pondera os sistemas individuais através de pesos estabelecidos, resultan-
do na pontuação final da edificação. Os pesos são: envoltória = 30%; iluminação =
30%; e condicionamento de ar = 40% (Inmetro, 2010a).

O número de pontos obtidos define as classificações parciais ou a classificação ge-


Figura 37 – Modelo da Ence Parcial, neste caso, para a envoltória (nível A)
ral a serem informadas na Ence fornecida à edificação, conforme exemplos apre-
e o condicionamento de ar (nível A)
sentados nas figuras a seguir. Uma classificação nível A nos três sistemas individuais
está em condições de obter o Selo Procel (Procel, 2009).

44 45
Neste contexto, dentro de alguns anos caberá aos empresários do setor hoteleiro Em Resumo...
buscar índices de eficiência energética cada vez melhores nos seus estabelecimen-
tos para a obtenção da etiquetagem, através do uso de equipamentos (aparelhos • As premissas da arquitetura bioclimática sugerem a concepção de uma edifica-
de ar-condicionado, lâmpadas, aquecedores solares etc.), técnicas e materiais cons- ção que ofereça conforto aos seus ocupantes, via recursos naturais disponíveis,
trutivos mais eficientes. com o menor consumo possível de energia, adequando a edificação às condi-
ções climáticas locais.

Atenção! • Para a escolha da melhor solução arquitetônica para o seu empreendimento é


Cabe destacar que encontram-se em desenvolvimento regulamentos de imprescindível conhecer o clima local, procurando o pleno aproveitamento das
eficiência energética específicos. Nesse sentido, o setor hoteleiro deverá ser suas vantagens.
brevemente contemplado com o RTQ-H - Regulamento Técnico da Qualidade
do Nível de Eficiência Energética de Hotéis e Meios de Hospedagem. Acompa- • As soluções arquitetônicas voltadas para o uso eficiente de energia apresentadas
nhe por meio do site: http://www.inmetro.gov.br para climas quentes e climas frios podem ser resumidas em: ventilação natural (per-
manente, controlada ou higiênica), iluminação natural (lateral ou zenital), correto
emprego dos materiais e elementos construtivos da envoltória (coberturas, pare-
des e elementos de sombreamento) e uso da vegetação e de fontes de água.

• Diante das oportunidades de redução do consumo de energia elétrica, que po-


dem ser obtidas por meio de uma arquitetura bioclimática, a consideração das
soluções arquitetônicas apresentadas torna-se relevante para a promoção de
uma boa arquitetura hoteleira, que favoreça o conforto dos usuários e as poten-
cialidades naturais da região.

• Os exemplos apresentados não esgotam o tema, já que para cada empreendi-


mento há inúmeras soluções apropriadas, de acordo com o clima e a sua locali-
zação. Entretanto, com estas indicações o proprietário poderá, juntamente com
um profissional habilitado, iniciar o estudo das melhores estratégias arquitetôni-
cas para o seu empreendimento.

• As edificações eficientes podem solicitar a etiqueta de eficiência energética de


edificações, a Ence, concedida pelo Inmetro/Procel. Com isso, o seu empreendi-
mento poderá obter oficialmente um atributo a mais, ao associar os conceitos da
arquitetura bioclimática e da eficiência energética aos serviços de hotelaria ofe-
recidos ao mercado.

46 47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2005). NBR 15.220-3


- Desempenho Térmico de Edificações - Parte 3: Zoneamento Bioclimático Brasilei-
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BARROSO-KRAUSE, C.; LOMARDO, L.L.B.; MAIOR, F.S. (2005). Eficiência Energéti-


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Janeiro: Inmetro/Eletrobras, Procel – Programa Nacional de Conservação de Ener- GLOSSÁRIO
gia Elétrica. Disponível em http://www.procelinfo.com.br. Acessado em setembro
de 2010.

Inmetro – INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E QUALI- Abertura – Rasgo na envoltória da edificação, principalmente portas, janelas e cla-
DADE INDUSTRIAL (2010b). Regulamento de Avaliação da Conformidade do Nível raboias.
de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RAC-C).
Rio de Janeiro: Inmetro/Eletrobras, Procel – Programa Nacional de Conservação de Ambiente – Espaço interno de um edifício, fechado por superfícies sólidas tais como
Energia Elétrica. Disponível em http://www.procelinfo.com.br. Acessado em outu- paredes ou divisórias, teto, piso e dispositivos operáveis, tais como janelas e portas.
bro de 2010.
Área Útil (m2) – É a área realmente disponível para ocupação, medida entre os
IPCC – INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE (2008). Climate paramentos internos das paredes que delimitam o ambiente.
Change 2007: Synthesis Report. Genebra: WMO - World Meteorological Organiza-
tion/UNEP - United Nations Environment Programme. Disponível em http://www. Basculante – Vedo de janela ou porta que, por meio de articulação, gira em torno
ipcc.ch. Acessado em junho de 2010. de eixo horizontal, abrindo vão estreito. Muitas vezes é usado na parte superior das
esquadrias, permitindo ventilação mesmo quando os vedos principais estão fecha-
LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F.O.R. (1997). Eficiência Energética na Arquite- dos. O mesmo que janela basculante.
tura. São Paulo: PW Editores/Eletrobras, Procel - Programa Nacional de Conserva-
ção de Energia Elétrica. Disponível em http://www.labeee.ufsc.br. Acessado em Beiral – Parte do telhado que se prolonga além da prumada das paredes externas
junho de 2010. do edifício. Em geral, está em balanço, mas também pode ser suportado por mãos
francesas.
MACHADO, I.F. et al. (1986). Cartilha: Procedimentos Básicos para uma Arquitetura
no Trópico Úmido. São Paulo: Pini. Brise – Anteparo composto por uma série de peças, em geral placas estreitas e
compridas, colocadas em fachadas para reduzir a ação direta do sol. Suas peças
MASCARÓ, L. R. de (1991). Energia na Edificação: Estratégia para Minimizar seu podem ser móveis ou fixas, dispostas na horizontal ou na vertical.
Consumo. São Paulo: Projeto Editores Associados Ltda.
Claraboia – Abertura na cobertura do telhado, vedada por material transparente,
MENDES, N. et al. (2005).. Uso de Instrumentos Computacionais para Análise do para possibilitar ou aumentar a iluminação e, às vezes, a ventilação, em comparti-
Desempenho Térmico e Energético de Edificações no Brasil in: Anais de Ambiente mentos sem acesso direto ao exterior ou de amplas dimensões.
Construído, v. 5, n. 4, p. 47-68. Porto Alegre: Associação Nacional de Tecnologia do
Ambiente Construído. Condutividade Térmica – Quantidade de calor que passa a cada unidade de tem-
po através da unidade de área de um determinado material.
Procel - PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
(2009). Manual para Aplicação dos Regulamentos: RTQ-C e RAC-C. Rio de Janeiro: Conforto Ambiental – Atendimento de algumas das necessidades orgânicas – ba-
LabEEE/UFSC - Laboratório de Eficiência Energética em Edificações/Inmetro - Ins- sicamente, acústicas, higrotérmicas, visuais e de qualidade do ar – dos usuários das
tituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial/Eletrobras, edificações em suas horas de ocupação, refletindo a sua satisfação com o ambiente.
Procel. Disponível em http://www.procelinfo.com.br. Acessado em maio de 2010.
Cumeeira – Parte mais alta de um telhado, também chamada cume ou cumeada.
Procel - PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
(2011). Apresentação Procel Edifica. Disponível em http://www.eletrobras.com/pro- Esquadria – Elemento destinado a guarnecer vãos de passagem, ventilação e ilumina-
cel. Acessado em maio de 2010. ção. O termo é mais aplicado quando referido aos vãos de portas, portões e janelas.

50 51
Envoltória – Planos externos da edificação, compostos por fachadas, empenas, cober-
tura, brises, marquises, aberturas, assim como quaisquer elementos que os compõem. ANEXO
Questionário Bioclimático
Fachadas – Cada uma das faces externas da edificação.

Insolação – Grau de incidência da radiação solar em um ambiente ou superfície. Se você quiser se aprofundar mais no tema, poderá utilizar o Questionário Bioclimá-
Constitui-se em condicionante essencial do projeto arquitetônico. tico apresentado no Quadro 1 a seguir, por meio do qual será possível fazer um
exercício para identificar quais estratégias arquitetônicas são aplicáveis ao seu em-
Microclima – Clima específico de uma área geográfica muito reduzida, que se dife- preendimento. O questionário foi desenvolvido por um grupo de especialistas das
rencia, por circunstância de relevo ou urbanização, do clima da região que a cerca. faculdades de arquitetura da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universi-
dade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com o apoio do Procel, com base no Diagra-
Paredes – Elementos de vedação que formam e separam compartimentos e am- ma Bioclimático de Givoni e na NBR 15.220-3:2005 - Desempenho Térmico de Edi-
bientes internos da edificação. ficações.

Pé-direito – Altura que vai do piso ao teto nos compartimentos ou recintos de um Desenvolvido por B. Givoni em 1960 e readequado às condições de países em de-
edifício. Sua altura é fixada por legislação, em geral no código de obras municipais, senvolvimento em 1994, o Diagrama Bioclimático de Givoni constitui um instrumen-
de acordo com o uso dado ao compartimento ou ambiente do edifício. to de apoio para a elaboração de um diagnóstico básico das condições climáticas
locais e a tomada de decisões quanto às estratégias arquitetônicas a serem adota-
Shed – Cobertura com perfil em forma de dentes de serra, feita com material trans- das do ponto de vista do conforto térmico do ocupante da edificação.
parente ou translúcido, permitindo iluminação natural.
O método de Givoni também foi considerado na elaboração da NBR 15220-3:2005,
Solário – Por extensão, terraço ou parte do terraço exposto à luz solar e destinado que apresenta recomendações quanto ao desempenho térmico e estabelece um
aos banhos de sol. zoneamento bioclimático brasileiro, em que são feitas recomendações de diretrizes
construtivas com base em parâmetros e condições de contorno fixados.
Vergas – Vigas especiais colocadas horizontalmente sobre as ombreiras de deter-
minados vãos, como portas e janelas. Conheça Mais
O Diagrama de Givoni para diversas regiões pode ser obtido através do
Zona Bioclimática – Região geográfica homogênea quanto aos elementos climá- programa Analysis 2.0, disponibilizado gratuitamente no site do LabEEE/UFSC.
ticos que interferem nas relações entre ambiente construído e conforto humano. Acesse: http://www.labeee.ufsc.br.
No Brasil, o zoneamento bioclimático é definido pela Norma ABNT NBR 15.220-
3:2005 - Desempenho Térmico de Edificações. O Questionário Bioclimático é de fácil aplicação, pois cruza informações sobre ape-
nas dois aspectos, permitindo maior aproximação quanto à situação climática do
local onde se encontra a edificação:

• A sensação térmica quanto ao clima local (quente e frio) e


• A existência ou não de ventos no local.

Respondendo às perguntas do questionário, encontram-se os números correspon-


dentes às estratégias arquitetônicas recomendadas para o local desejado.

52 53
Quadro 1: Questionário Bioclimático 2. Ventilação Controlada - Obtida através da circulação de ar pelos ambientes da
Aspectos climáticos Há ventos no local? Não há ventos. edificação, desde que o usuário tenha a possibilidade de dosá-la através dos dis-
positivos de controle (abertura e fechamento), conforme sua demanda de conforto.
Alterna Alterna
Clima local ao Definições
É úmido?
períodos
É seco? É úmido?
períodos
É seco? 3. Resfriamento Evaporativo - Obtido por meio do uso de fontes de água ou de
longo do ano mais Precisas úmidos e úmidos
vegetação que permitam a evaporação da água (ou a evapotranspiração das plan-
secos? e secos?
tas) diretamente no ambiente que se deseja resfriar.

Temperatura 4. Massa Térmica para Resfriamento - Obtida por meio do uso de paredes (exter-
O local é mínima 2, 7, 8,
2, 8, 9, 2, 7, 8, 9, 2, 7, 8, 2, 8, 9, 2, 7, 8, 9, nas e internas) e coberturas com maior massa térmica (mais pesadas). O calor arma-
extremamente mensal 9, 10,
10, 12 10, 12 9, 10, 12 10, 12 10, 12 zenado no interior durante o dia é devolvido ao exterior durante a noite, quando as
frio? abaixo de 12
10,5ºC temperaturas externas diminuem.

Temperatura 5. Resfriamento Ativo - Uso de sistemas de climatização artificial para resfriamen-


mínima to dos ambientes, com consumo de energia, como ventiladores e aparelhos de
2, 8, 10, 2, 7, 8, 2, 8, 10, 2, 7, 8, 2, 7, 8,
O local é frio? mensal entre 2, 8, 10, 12
10,5ºC e
12 10, 12 12 10, 12 10, 12 ar-condicionado.
14ºC
6. Umidificação - Obtida através da utilização de recipientes e fontes de água e do
controle da ventilação natural, pois esta é indesejável por eliminar o vapor d’água.
O local tem Temperatura
1, 2, 6,
temperaturas entre 18ºC e 2, 10 2, 10 2, 6, 10 1, 2, 10 1, 2, 10 7. Massa Térmica para Aquecimento - Fechamentos opacos mais espessos e redu-
10
de conforto? 29ºC
ção da área de aberturas. A adoção de paredes internas pesadas pode contribuir
para manter aquecido o interior da edificação.

Temperatura 1, 2, 3, 8. Aquecimento Solar Passivo - Obtido pelo ganho direto de calor, principalmen-
O local é 1, 2, 10, 2, 4, 6, 1, 2, 10, 1, 2, 3,
quente?
entre 29ºC e
11
2, 10, 11
10, 11 11 4, 10, 11
4, 6, te por meio de fechamentos transparentes, janelas com grandes panos de vidro e
36ºC 10, 11 paredes transparentes, ou de aberturas zenitais (claraboias, telhas translúcidas).

9. Calefação (Aquecimento Ativo) - Uso de sistemas de climatização artificial para


Temperatura 1, 2, 5, aquecimento dos ambientes, com consumo de energia, como aquecedores e lareiras.
1, 2, 3, 1, 2, 3,
O local é muito máxima 10, 11 2, 4, 5, 1, 2, 5,
2, 5, 10, 11 4, 5, 10, 4, 5, 6,
quente? acima de 6, 10, 11 10, 11
36ºC
11 10, 11 10. Iluminação Natural - Aproveitamento da luz solar através de aberturas laterais
Rio de Janeiro
ou zenitais, com vistas à promoção do conforto luminoso e da salubridade e a re-
dução do consumo de energia com iluminação artificial durante o dia.
Fonte: BARROSO-KRAUSE, C.; LOMARDO, L.L.B.; MAIOR, F.S. (2005). Eficiência energética em habita-
ções de interesse social. Rio de Janeiro: Eletrobras, Procel – Programa Nacional de Conservação de 11. Sombreamento - Utilização de elementos de proteção externa nas aberturas
Energia Elétrica/Ministério das Cidades.
das fachadas mais ensolaradas, para impedir a entrada da radiação solar direta.

Legenda: 12. Ventilação Higiênica - Necessária à manutenção da qualidade do ar e à exaus-


tão dos gases e odores, principalmente os produzidos na cozinha e banheiros. É
1. Ventilação Permanente - Proporciona a renovação do ar ambiente por meio de
obtida por meio de aberturas superiores nos ambientes, acima do corpo do usuário,
aberturas permanentes, em especial as situadas na parte superior da edificação, para
para permitirem somente a ventilação necessária à renovação mínima do ar interno.
saída do ar aquecido, sendo de grande importância para o conforto térmico em regi-
ões de clima quente e úmido.
54 55
Veja um exemplo:

Suponha a aplicação do questionário para um empreendimento hoteleiro localiza-


do na cidade do Rio de Janeiro, um local que pode ser classificado como:

• Muito quente, com temperaturas, no verão, acima de 36ºC;


• Onde há ventos;
• E é úmido.

Para um local com essas características, há necessidade de adoção das seguintes


estratégias arquitetônicas:

1. Ventilação Permanente;
2. Ventilação Controlada;
5. Resfriamento Ativo;
10. Iluminação Natural;
11. Sombreamento.

Agora, é a sua vez!

Responda agora mesmo às perguntas para o local em que se encontra o seu em-
preendimento e aplique as soluções arquitetônicas encontradas. Se precisar, con-
trate um profissional devidamente habilitado para auxiliá-lo.

Atenção!
Se tiver dúvidas ou dificuldades, entre em contato com o Sebrae/RJ pelo
telefone: 0800 570 0800 ou pelo nosso site http://www.sebraerj.com.br.

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