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SEBRAE/RJ
Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado do Rio de Janeiro
Rua Santa Luzia, 685 / 6º, 7º e 9º andares - CEP 20030-040 - Rio de Janeiro - RJ Dificilmente há outro tipo de edificação mais direcionada a prover conforto am-
www.sebraerj.com.br biental para seus habitantes do que hotéis, pousadas e demais meios de hospeda-
Diretor-superintendente: Cezar Vasquez
gem. Este nível de conforto, no entanto, pode ser obtido pela adoção de práticas
Diretor: Armando Clemente
Diretor: Evandro Peçanha Alves
de arquitetura bioclimática que utilizem melhor as próprias condições ambientais
regionais ao invés dos sistemas artificiais, principalmente no que se refere a aque-
Unidade de Inovação e Acesso à Tecnologia cimento da água, iluminação e ventilação natural.
Ricardo Wargas de Faria
Doris Ziegler O grande desafio à incorporação nos projetos das chamadas medidas passivas da
arquitetura, expostas neste Guia Técnico, é que não há uma solução pronta para
ELETROBRAS
todas as edificações. Há diversas possibilidades de projetos que contemplem as
Centrais Elétricas Brasileiras
Av. Presidente Vargas, 409/13º andar - CEP 20090-004 - Rio de Janeiro - RJ
variáveis do entorno da edificação, as condições climáticas regionais e até mesmo
www.eletrobras.com a cultura local. Uma boa prática de projeto arquitetônico é aquela que é capaz de
Presidente: José Antonio Muniz Lopes incorporar todos estes aspectos, moldando-se de tal forma ao meio ambiente que
Diretor de Tecnologia: Ubirajara Rocha Meira seus usuários sintam-se parte desta integração.
PROCEL Ao empreendedor hoteleiro cabe a certeza de que todo investimento feito para pro-
Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
ver conforto ambiental e reduzir os gastos com energia significa retorno seguro para
Av. Rio Branco, 53/20º andar - CEP 20090-004 - Rio de Janeiro - RJ
www.eletrobras.com/procel
seu negócio, não apenas pela economia nas contas de energia elétrica, mas pela pró-
Chefe do Departamento de Projetos de Eficiência Energética: Fernando Pinto Dias Perrone pria preservação do meio ambiente, o que, em suma, é o que seu hóspede veio usu-
Gerente da Divisão de Eficiência Energética em Edificações: Maria Teresa Marques da Silveira fruir. Cada vez mais a sociedade considera as empresas pelo seu perfil de cidadania,
e espera delas a iniciativa de preservar a sua parte do ambiente para as gerações
PROCEL EDIFICA futuras. Como primeira atitude, nada melhor do que a própria conservação da ener-
Clovis José da Silva gia, como forma de respeitar e investir no bem-estar desses futuros hóspedes.
Edison Alves Portela Junior
Edwal Hiromi Sanomia
Elisete Alvarenga da Cunha
Estefania Neiva de Mello
Frederico G. C. Souto Maior de Castro
João Queiroz Krause
Lucas Mortimer Macedo S237 Santos, Myrthes Marcele Farias dos Ubirajara Rocha Meira
Vinicius Ribeiro Cardoso Soluções arquitetônicas voltadas para a eficiência
energética das edificações hoteleiras/Myrthes Marcele Diretor de Tecnologia da Eletrobras
Farias dos Santos, Luciana Hamada. – Rio de Janeiro:
Sebrae/RJ;
Eletrobras/Procel, 2011.
56 p. (Série Uso Eficiente de Energia)
ISBN 978-85-7714-185-2
Quem busca maior produtividade e redução de custos não pode deixar de levar em
consideração o uso eficiente dos recursos energéticos. Desde 1979, o Sebrae/RJ
desenvolve ações para auxiliar micro e pequenas empresas a utilizarem a energia
de forma adequada, garantindo maior competitividade e qualidade aos seus pro-
dutos, com menor impacto no meio ambiente.
Criada para ser um complemento ao Guia Prático do Uso Eficiente de Energia nos
Meios de Hospedagem, também editado pelo Sebrae/RJ, esta publicação sobre Introdução 9
soluções arquitetônicas voltadas para a eficiência energética se insere na proposta
de uma abordagem integrada sobre o tema, considerando não apenas os sistemas Capítulo I - Entendendo o que é arquitetura bioclimática 11
existentes nas empresas, mas as técnicas de arquitetura bioclimática, que consis- Capítulo II - O clima local como fator determinante 13
tem no aproveitamento da luz natural e do vento para climatização e na escolha de
Capítulo III - As estratégias arquitetônicas e construtivas 17
materiais sustentáveis para a construção, entre outros aspectos importantes. Em
conjunto com as técnicas tradicionais de eficiência energética, a arquitetura biocli- Ventilação natural 19
mática pode otimizar o uso de recursos naturais e reduzir o consumo de energia. Iluminação natural 25
Esperamos que as informações contidas neste guia sejam úteis e representem um Materiais e elementos construtivos 29
passo importante em direção à redução de impactos ambientais e à garantia de Uso da vegetação e de fontes de água 39
maior sustentabilidade para todo o setor hoteleiro.
Capítulo IV - A etiquetagem de eficiência energética de edificações 43
Referências bibliográficas 49
Glossário 51
Cezar Vasquez
Diretor-superintendente do Sebrae/RJ Anexo: Questionário bioclimático 53
INTRODUÇÃO
Além de reduzir custos com energia ao implementar medidas como essas, hoje
em dia o empresário também tem a opção de obter a Etiqueta Nacional de Con-
servação de Energia *(Ence), que classifica as edificações comerciais quanto à sua
eficiência energética, considerando três principais sistemas: iluminação, condicio-
namento de ar e envoltória arquitetônica, também chamada “pele da edificação”.
Para ajudá-lo com essas questões, preparamos este material, no âmbito do Con-
vênio de Cooperação Técnica entre o Sebrae/RJ e o Procel e em parceria com a
Associação Nacional da Indústria Hoteleira do Estado do Rio de Janeiro (ABiH-
9
RJ), com o objetivo de orientar sobre a aplicação de soluções arquitetônicas bási-
cas que venham a auxiliar os meios de hospedagem na busca de uma maior efici- CAPÍTULO I
ência energética nos sistemas de iluminação e climatização artificial dos ambientes. ENTENDENDO O QUE É ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA
Após a introdução do conceito de arquitetura bioclimática, são apresentadas al- Os conceitos da arquitetura bioclimática vêm sendo cada vez mais enaltecidos, em
gumas considerações sobre a importância de se conhecer o clima local e o entor- virtude das atuais questões ambientais. De acordo com o Quarto Relatório de Ava-
no do estabelecimento. Em seguida, as principais soluções arquitetônicas para liação do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC, 2008), tal ce-
diferentes climas são detalhadas. nário se deve, principalmente, à constatação de que as edificações são uma das
principais fontes emissoras de gases do efeito estufa, pois demandam muita ener-
São abordadas principalmente as várias formas de aproveitamento da ventilação gia para o seu funcionamento (Figura 1). (LAMBERTS et al., 1997)
natural, da luz natural e a correta aplicação dos materiais e elementos construtivos
da envoltória, tais como revestimentos, vidros, beirais, proteções externas e ou- Segundo dados do Balanço Energético Nacional (BEN), quase 50% da energia elé-
tros. A utilização da vegetação e de fontes de água também é explorada. trica produzida no Brasil é consumida nas edificações (EPE, 2010). Isto se deve ao
fato de as edificações brasileiras possuírem baixo desempenho energético, pois
Por fim, encontram-se as informações sobre o processo de etiquetagem de efici-
sempre receberam pouca (ou nenhuma) atenção quanto à eficiência energética,
ência energética de edificações no Brasil, os requisitos técnicos a serem cumpri-
principalmente pela falta de uma legislação que imponha limites de consumo e de
dos e os métodos para a classificação do nível de eficiência energética de edifica-
ções comerciais. profissionais qualificados para atuar nesse campo interdisciplinar (MENDES et al.,
2005). O intenso uso de sistemas de iluminação e climatização artificial dos ambien-
No anexo, caso você queira se aprofundar no tema, é disponibilizado um questio- tes, para atendimento das condições de conforto dos ocupantes, é um dos princi-
nário bioclimático, elaborado por renomados especialistas na área. Com ele, será pais aspectos a serem observados.
possível fazer um exercício para selecionar as estratégias arquitetônicas específi-
cas ao seu caso.
Para que o tema seja bem compreendido, recomendamos a leitura dos capítulos
do Guia Prático do Uso Eficiente de Energia nos Meios de Hospedagem, da
Série Uso Eficiente de Energia
10 11
A maioria das edificações brasileiras, especialmente as dos grandes centros urba-
nos, é baseada em um estilo arquitetônico que não leva em consideração as condi- CAPÍTULO II
ções naturais do entorno – o que as torna totalmente dependentes dos mecanis- O CLIMA LOCAL COMO FATOR DETERMINANTE
mos artificiais e de grandes quantidades de energia para resolver os aspectos de
conforto no seu interior.
O clima, de uma maneira geral, pode ser definido como o conjunto de condições
As premissas da arquitetura bioclimática podem ser entendidas como a aplicação meteorológicas que mantém as características comuns em uma determinada região.
de diretrizes construtivas que orientam a concepção de uma edificação em harmo-
nia com o clima e as características locais, voltadas para o conforto ambiental e a Do ponto de vista da arquitetura bioclimática, as principais variáveis climáticas a
eficiência energética. serem consideradas são a insolação, o regime de ventos (direção e intensidade), as
temperaturas, a umidade relativa do ar e a precipitação, ao longo do ano ou das
Isto significa obter, via recursos naturais disponíveis, uma edificação que utiliza a estações (Figura 2).
energia de fontes renováveis e que oferece aos ocupantes que nela habitam ou
trabalham as mesmas condições desejáveis de conforto com menor consumo de
energia, se comparada com outra edificação que não possui esta preocupação. Precipitação
Conheça Mais
Adequar a arquitetura às condições climáticas de um determinado local
significa construir espaços que possibilitem ao homem condições de conforto Umidade
(FROTA; SCHIFFER, 2006).
Nos últimos anos, os conceitos de sustentabilidade vêm se agregando aos da ar- Umidade
quitetura bioclimática, incorporando, por exemplo, novas técnicas construtivas e
materiais reciclados e recicláveis, o que se traduz em edificações eficientes não só Figura 2 – As principais variáveis climáticas
do ponto de vista energético, mas também quanto ao uso da água, matérias-pri-
mas e outros insumos. Conheça Mais
Os dados climáticos para diversas regiões podem ser obtidos no Instituto
Nacional de Meteorologia, órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. Acesse: http://www.inmet.gov.br.
12 13
Dessa forma, fica evidente a importância da caracterização climática local para Para a cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, que é classificada na Z8 (Zona Biocli-
apoiar as decisões arquitetônicas. A identificação, por exemplo, de elementos mática 8), as diretrizes construtivas recomendadas são:
(construtivos ou naturais) que servem de barreiras contra os ventos frios no inverno
ou a intensidade de radiação solar no verão, possibilita a determinação das solu- • Desumidificação dos ambientes, que pode ser realizada pela renovação do ar
ções mais adequadas e possíveis. interno pelo ar externo, por meio da ventilação natural dos ambientes;
Atenção! • Uso de paredes e coberturas com maior massa térmica (mais pesadas), onde o
Para a escolha da melhor solução arquitetônica, é imprescindível conhe- calor armazenado na estrutura física durante o dia seja devolvido ao exterior
cer as condições climáticas locais, sejam elas provenientes de um meio com durante a noite, quando as temperaturas externas diminuem; e
clima natural e/ou urbano, a fim de buscar o pleno aproveitamento das suas
vantagens ou a proteção nos momentos menos privilegiados. • Ventilação cruzada, obtida por meio do posicionamento das aberturas (portas e jane-
las) em paredes opostas, facilitando a circulação de ar pelos ambientes da edificação.
Para auxiliar a adequação das edificações ao clima local e objetivando otimizar o seu
desempenho térmico, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabele- Conheça Mais
ceu a NBR 15.220:2005 – Desempenho Térmico de Edificações, que normatizou o No anexo desta publicação, visando auxiliá-lo na identificação dos aspec-
zoneamento bioclimático brasileiro e serve de instrumento na identificação das prin- tos climáticos em que se encontra o seu estabelecimento e na escolha das es-
cipais diretrizes construtivas adequadas a cada condição climática (ABNT, 2005). tratégias arquitetônicas mais adequadas ao seu caso, disponibilizamos um
questionário bioclimático, de fácil preenchimento.
A NBR 15.220:2005 define oito zonas bioclimáticas, conforme apresentado na Figura 3.
14 15
CAPÍTULO III
AS SOLUÇÕES ARQUITETÔNICAS E CONSTRUTIVAS
Em uma edificação com opção pela climatização permanente desde a sua concepção,
a fonte de conforto térmico é gerada no seu interior por meio dos sistemas artificiais
de climatização (aparelhos de ar-condicionado ou aquecedores). Neste caso, a estra-
tégia arquitetônica mais importante, com vistas à eficiência energética da edificação,
relaciona-se à sua proteção/isolamento contra o clima exterior. Caso contrário, o con-
sumo de energia para a geração de frio ou calor será superior ao necessário, em fun-
ção das perdas provocadas por infiltrações de vãos de janelas e esquadrias.
Atenção!
A proteção de uma edificação com climatização permanente pode ser
obtida por meio do isolamento térmico de fachadas e coberturas, e, no caso de
climas quentes, pela utilização de sombreamento externo, mas sem que este
impeça a entrada de luz natural nos ambientes internos.
• Iluminação natural
• Iluminação zenital
• Iluminação lateral
Atenção!
As janelas e aberturas das fachadas podem ser protegidas de forma a
manter a privacidade visual do interior, mas sem impedir a circulação do ar.
Isto pode ser feito pelo uso de elementos vazados e venezianas.
No entanto, também é preciso estar atento à direção dos ventos predominantes na região
e ao entorno, pois este pode alterar significativamente a direção dos ventos (Figura 5).
(LAMBERTS et al., 1997)
18 19
Permanente Controlada Higiênica
Para minimizar os possíveis efeitos indesejáveis da ventilação, pode-se prever a colo- Sempre que o hotel estiver localizado em região de clima quente e úmido, a ado-
cação de obstáculos no caminho dos ventos para diminuir sua intensidade, tais como ção da estratégia de ventilação permanente é de extrema importância para o res-
muros com elementos vazados, mas sem impedir a entrada da insolação, principal- friamento das superfícies internas, pois o desconforto pode ser amenizado pela
mente no inverno (Figura 6). (BARROSO-KRAUSE et al., 2005). Essa solução também dissipação do calor e a retirada da umidade.
pode ser adotada em regiões onde a velocidade ou direção dos ventos é incômoda.
O ar aquecido tende a se acumular nos ambientes internos especialmente nas partes
mais elevadas. A sua liberação pode ser feita por meio de aberturas permanentes,
posicionadas na parte superior das paredes ou, preferencialmente, nos telhados.
Existem diversos recursos arquitetônicos que podem ser utilizados nos telhados,
tais como os lanternins, os exaustores eólicos, as aberturas zenitais e os forros ven-
tilados, conforme apresentado na Figura 8.
Como veremos a seguir, existem três formas possíveis de usufruir da ventilação natu-
ral: permanente, controlada e higiênica (Figura 7). Lanternim Abertura zenital Exaustor eólico Forro ventilado
20 21
Para situações de inexistência de ventos, também é possível forçar a ventilação
pelo interior da edificação por meio da criação de aberturas inferiores, deixando a
vegetação baixa próxima ao piso elevado, e saídas pela cobertura, para obter o
chamado efeito chaminé (Figura 9). (BARROSO-KRAUSE et al., 2005)
Ventilação controlada As janelas de abrir com a opção da bandeira basculante na parte superior são as
ideais, pois, além de possuírem bastante área livre para ventilação, ainda oferecem
Na ventilação controlada, o usuário tem a possibilidade de dosar a ventilação con- a opção da ventilação higiênica, conforme veremos a seguir.
forme sua demanda de conforto. A ventilação controlada pode ser aplicada em
todos os tipos de clima, tendo em vista que pode ser controlada, inclusive, a ponto
de se ter a opção de não utilizá-la, através dos dispositivos de controle (abertura e Atenção!
fechamento), que devem estar ao alcance dos usuários. Os ambientes climatizados artificialmente devem ter janelas com frestas
bem vedadas, sem folga entre as folhas e a esquadria, visando otimizar o con-
Nesse tipo de ventilação, as aberturas devem ser posicionadas, preferencialmente, sumo de energia dos aparelhos de ar-condicionado ou aquecedores e, se pos-
na mesma altura em que são realizadas as atividades do dia a dia, para proporcio- sível, janelas com panos de vidro duplo (Figura 11). (MASCARÓ, 1991)
nar uma sensação direta de conforto aos usuários. 50% Absorção 5% Absorção
A ventilação controlada é muito utilizada em regiões que apresentam regime in- Radia
ç ão so
lar inc
constante de ventos. Nesses casos, ela é bastante vantajosa, já que, em dias quen- idente
38% Transmissão
tes, a edificação pode estar aberta à circulação do ar, enquanto que em dias mais
frios ou com muito vento, o usuário pode vedar completamente as aberturas da
edificação ou controlar a intensidade de ventilação conforme sua necessidade. 7% Reflexão
22 23
Muito útil principalmente em regiões de climas frios, a ventilação higiênica é neces- Iluminação Natural
sária à manutenção da qualidade do ar e à exaustão de gases e odores, em especial
os produzidos na cozinha e banheiros. As soluções arquitetônicas para o aproveitamento da iluminação natural nas edifi-
cações são recomendadas para todos os tipos de clima, pois além de promoverem
Para o favorecimento da ventilação higiênica, aberturas mais altas (com dispositivos o conforto luminoso e a salubridade, são bastante eficazes na busca da eficiência
de controle para fechamento) e janelas com bandeiras basculantes na parte supe- energética.
rior são bastante úteis, por permitirem somente a ventilação necessária para a re-
novação mínima do ar interno (Figura 12). (LAMBERTS et al., 1997) Um cuidado maior deve ser tomado em regiões de clima quente, para evitar os
ganhos de calor indesejáveis advindos da luz natural, pois isto demandará o acio-
namento do aparelho de ar-condicionado. Nesses casos, a abertura para ilumina-
ção natural deverá estar protegida da radiação solar direta.
Conheça Mais
Figura 12 – Exemplo de ventilação higiênica Para a implantação de um sistema eficiente de iluminação artificial devem
ser consideradas as recomendações e tecnologias tratadas no Capítulo 4 do
Conheça Mais Guia Prático do Uso Eficiente de Energia nos Meios de Hospedagem, da Série
Ambientes com pé-direito alto favorecem a ventilação higiênica, desde Uso Eficiente de Energia.
que possuam aberturas superiores adequadas.
Um sistema de iluminação natural pode ser lateral ou zenital (pelo teto), devendo
ser adotado tendo em vista a forma e a disposição dos ambientes e o tipo de tare-
fa visual que neles será realizada.
Iluminação zenital
A iluminação zenital oferece maior iluminação média sobre o ambiente do que uma
superfície iluminante lateral equivalente. É bastante útil, podendo iluminar locais
sem paredes externas (onde, portanto, não seria possível abrir janelas), como acon-
tece muitas vezes, por exemplo, nas áreas de circulação das edificações.
Apesar de ter um custo inicial geralmente mais alto e oferecer maiores dificuldades
para a limpeza, o uso da iluminação zenital, especialmente em locais amplos, pro-
porciona maior uniformidade de iluminação e valorização dos ambientes por meio
da arquitetura.
2.5y-0.80m
0.80
Cozinha
Exemplo numérico
Tendo um ambiente cinco metros de profundidade, a altura da verga (viga da
janela) deve estar a 40% desse valor, ou seja: Ligth shelf Refletor externo Duto com espelhos
Assim, a verga da janela deverá estar a pelo menos dois metros de altura. Isto
corresponde a dizer que a profundidade do ambiente, admitida como ilumina-
da naturalmente, é equivalente a 2,5 (duas vezes e meia) a altura do ponto mais
alto do vão da iluminação lateral (no caso, a verga da janela), conforme mostra- Persiana flexível Paredes transparentes Foco de luz
do na Figura 14. (BAHIA et. al, 1997)
Figura 15 – Sistemas de iluminação natural lateral
26 27
Dentre esses, destacamos o uso do light shelf, um elemento construtivo que facilita Materiais E Elementos Construtivos
a entrada da iluminação natural no ambiente ao mesmo tempo que possibilita a
proteção solar da abertura (Figura 16). (LAMBERTS et al., 1997) As características construtivas que influenciam no consumo de energia elétrica são
aquelas que aumentam ou minimizam a troca térmica entre o interior e o exterior
da edificação, através da sua envoltória. Envoltórias com menores trocas térmicas
implicam em menores ganhos de calor em climas quentes (radiação solar, tempera-
tura etc.) ou menores perdas de calor em climas frios (infiltração, diferenças de
temperatura etc.).
Luz natural
Conheça Mais
Ligth shelf
Quanto menos a envoltória arquitetônica expuser o interior da edificação, me-
Sombra nor será a troca térmica entre o interior e o exterior e, como consequência, menor
será o consumo de energia para condicionamento artificial dos ambientes internos.
Figura 16 – Esquema de funcionamento do light shelf (prateleira de luz)
Para um melhor entendimento das soluções arquitetônicas referentes aos compo-
Isto é feito em duas porções horizontais, sendo a superior destinada a redirecionar nentes construtivos da envoltória arquitetônica, nesta seção, subdividimos esses
a luz natural para o teto – assim uniformizando a distribuição da luz no interior do em: coberturas, paredes e elementos de sombreamento.
ambiente – e a inferior, destinada à interceptação da radiação solar direta, reduzin-
do o ganho de calor por meio do sombreamento da abertura, mas permitindo a Coberturas
visão, ventilação e a proteção solar da abertura.
As coberturas mais usuais podem ser classificadas em pesadas e leves (BARROSO-
Atenção! -KRAUSE, 1990). As coberturas pesadas são caracterizadas pela sua disposição ho-
Para potencializar o aproveitamento da luz natural, os tetos e as paredes rizontal e geralmente são feitas de laje de concreto ou são do tipo volterrana (feitas
dos ambientes devem ser pintados ou revestidos internamente com cores cla- de vigotas de concreto, alternando com tijolos cerâmicos furados). Possuem grande
ras ou reflexivas. capacidade de armazenamento térmico.
Atenção!
Devemos dar atenção especial à cobertura da edificação. Isto porque é
ela que sofre mais com a ação simultânea do sol e da chuva, numa proporção,
aproximadamente, três vezes maior, em comparação com as paredes externas
(MACHADO et al., 1986).
• Laje plana com betume (cor escura) por cima: 7.846 Wh/m2 x 0,90 = 7.061,40 Wh/m2
• Mesma laje com pintura clara: 7.846 Wh/m2 x 0,30 = 2.353,80 Wh/m2
Ou seja, ao compararmos as duas situações, percebe-se que a cobertura escura Figura 18 – Umedecimento do telhado
recebe 4.700 Wh/m2 a mais, um ganho de calor absorvido equivalente a três vezes
mais que o da cobertura em cor clara. O uso de forro e isolamento térmico nas coberturas também é importante em todos
os tipos de clima, principalmente no caso de ambientes climatizados artificialmente. O
A cobertura com betume (cor escura) está recebendo uma carga térmica muito forro de madeira, o rebaixo em gesso ou a própria laje são soluções comuns utilizadas
maior do que a pintada em cor clara, da onde se conclui que a simples pintura como forros dos telhados, mas podem ser incrementadas com a aplicação de mate-
ou revestimento em cor clara é um excelente método de resfriamento passivo riais isolantes. Nesse caso, podem ser aplicados lã de rocha, mantas cerâmicas, sub-
dos ambientes internos. coberturas ou mesmo placas de isopor incombustíveis, formando um forro tipo “san-
duíche”, conforme mostrado na Figura 19. (BAHIA et. al, 1997)
Em relação ao material, uma boa solução é o uso de telhas de barro colonial, desde Isolante térmico aplicado
que não pintadas e não envernizadas, pois sua porosidade ajuda a absorver a umi- sobre o forro
dade (água da chuva e sereno noturno), que é posteriormente evaporada com a
incidência do sol. Com a evaporação, esse tipo de cobertura perde calor, reduzin-
do os ganhos térmicos para o interior. Além disso, cada telha de cima (capa) faz
sombra para a de baixo (calha) e deixa sair o calor, conforme mostrado na Figura 17.
Ar-condicionado
Capa
30 31
interior da edificação. As superfícies envidraçadas possibilitam o ganho direto do Isso é conseguido com o uso de materiais com menores condutividades térmicas,
calor do sol para os ambientes (Figura 20). (LAMBERTS et al., 1997) tais como paredes compostas com algum material isolante, como placas de isopor
incombustíveis (Figura 22), paredes compostas com câmaras de ar ou paredes mais
espessas feitas de tijolos deitados, preferencialmente com furos.
Claraboia
Material Isolante
Inverno Verão
O ganho de calor pode ser acentuado por meio da criação de estufas ou solários, Em climas quentes, considerando a temperatura do ar exterior maior que a interior,
devendo ser previstas aberturas na cobertura para que, nos momentos mais quen- a estratégia consiste em proteger a edificação dos picos de temperatura e evitar a
tes do ano, possam ser abertas e o calor retirado, evitando que este se irradie para entrada excessiva de calor no interior da edificação, mantendo o conforto térmico
dentro da edificação (Figura 21). (BARROSO-KRAUSE et al., 2005) dos seus ocupantes.
As paredes também podem ser revestidas ou pintadas externamente com cor clara, para
refletir a radiação solar, amenizando ainda mais a transferência de calor para o interior.
Para se obter temperaturas mais agradáveis no interior da edificação, deve-se utili- Conheça Mais
zar paredes com maior isolamento, isto é, com maior resistência à passagem de Em climas frios, para potencializar o ganho de calor pelas paredes, deve-
calor, útil tanto para clima quente quanto para clima frio, pois impede a transferên- -se pintá-las externamente em cor escura, para absorverem melhor a insolação.
cia de calor do exterior para o interior e vice-versa.
32 33
Se for possível, deve-se, ainda, prever a colocação de vidro para evitar que a pare- dos hóspedes. Nesses casos, ressalta-se a importância da boa proteção da edifica-
de perca o calor acumulado. Esta técnica, conhecida como parede Trombe (LAM- ção, isolamento térmico e vedação dos ambientes, evitando a fuga do calor pela
BERTS et al., 1997), consiste em aquecer o ar no espaço entre o vidro e a parede, estrutura física da edificação.
conforme mostrado na Figura 23.
Conheça Mais
Para a implantação de um sistema eficiente de aquecimento artificial de
ambientes, devem ser consideradas as recomendações e tecnologias tratadas
no Capítulo 4 do Guia Prático do Uso Eficiente de Energia nos Meios de Hos-
pedagem, da Série Uso Eficiente de Energia.
Caso o hoteleiro opte pelo uso de lareiras para aquecimento dos ambientes, uma
boa dica é aproveitar o calor delas por meio das chaminés para exaustão do ar, que
podem atravessar os cômodos dos andares superiores e que, por radiação, serão
aquecidos naturalmente (Figura 25). (BARROSO-KRAUSE et al., 2005)
34 35
Verão 23º27’
23º27’
46º54’
Inverno
Pôr do sol
Varanda Toldo
21 de julho (inverno)
21 de maio (outono)
24 de setembro (primavera)
22 de dezembro (verão)
Nascer do sol
Pergolado Beiral
Conheça Mais
O uso de elementos de sombreamento é um recurso importante para reduzir os
O Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (LabEEE), da Uni-
ganhos de calor nas edificações por meio do controle da radiação solar. No entan-
versidade Federal de Santa Cataria (UFSC), disponibiliza no seu site para
to, a sua utilização não pode, de nenhuma maneira, servir de obstáculo à ventilação
download gratuito o programa gráfico Analysis SOL-AR, que permite a ob-
natural, que, como vimos anteriormente, é fundamental em climas quentes.
tenção da carta solar da latitude especificada. Acesse: http://www.labeee.
ufsc.br.
Atenção!
Ao utilizar os elementos de sombreamento, deve-se tomar o devido cui-
Dentre os elementos externos de sombreamento, destacamos o uso do brise-soleil
dado com a entrada da luz natural, que não pode ser prejudicada.
ou quebra-sol (Figura 28), que, quando bem dimensionado, fornece iluminação na-
tural adequada ao ambiente interno, permite a ventilação e, principalmente, con-
A avaliação da necessidade de colocação dos elementos de sombreamento deve
trola os ganhos térmicos indesejados. Segundo resultados de uma pesquisa desen-
ser feita em função da análise da trajetória do sol no local onde está situada a edi-
volvida em Porto Alegre, a correta utilização do brise-soleil reduz em torno de 59%
ficação. De acordo com a hora do dia, a estação do ano e a orientação escolhida, é
a radiação solar incidente no interior da edificação (CORBELLA, 2003).
possível saber quais fachadas estão mais expostas à radiação solar direta e, assim,
dimensionar as proteções das suas aberturas.
A posição espacial do sol para efeito do projeto de arquitetura é obtida por meio
das cartas solares, que variam de acordo com a latitude do local. Para exemplificar,
mostramos na Figura 27 a carta solar da cidade do Rio de Janeiro.
36 37
Uso da Vegetação e de Fontes de Água
Quebra-sol horizontal,
indicado para orientação
norte
Outra forma de proteger as aberturas da insolação indesejável em climas quentes
é através do uso da vegetação. Também é possível que apenas a instalação de
algum dos elementos construtivos vistos anteriormente não seja suficiente para
Quebra-sol sombrear adequadamente uma abertura, precisando ser complementado com uso
de vegetação.
Área sombreada
38 39
Em climas mistos, quando se alternam períodos quentes e frios ao longo do ano, o
ideal é optar por árvores com folhas caducas (que caem no outono/inverno). No ve-
rão, elas irão proteger a edificação da insolação por meio do sombreamento, e no
inverno, quando as folhas caírem, permitirão a incidência direta do sol, desejável nos
períodos mais frios (Figura 32). (LAMBERTS et al., 1997)
Alguns cuidados devem ser tomados em relação ao revestimento dos pisos exter-
nos em volta da edificação. Materiais que reflitam muito a radiação ou que tenham
grande poder de armazenar calor devem ser evitados, pois, à noite, o calor arma-
zenado, ao ser devolvido para o ar, é geralmente direcionado para o interior da
edificação.
Menor temperatura
superficial
40 41
Outra boa estratégia a ser adotada são as “paredes verdes”, isto é, as paredes exter-
nas protegidas por plantas trepadeiras, para que a temperatura superficial da parede CAPÍTULO IV
seja reduzida. Esta solução pode ter como suporte um treliçado em madeira, uma A ETIQUETAGEM DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE EDIFICAÇÕES
tela ou uma grade, conforme Figura 34. (BARROSO-KRAUSE et al., 2005)
Atenção!
As exigências contidas no RTQ-C devem ser avaliadas por um organismo
de inspeção acreditado pelo Inmetro, conforme descrito no RAC-C, que
apresenta os procedimentos necessários para obtenção da etiqueta.
1
Revogou a Portaria nº 163, de 8/06/2009.
2
Revogou a Portaria nº 185, de 22/06/2009.
3
Pós habite-se, no caso da edificação nova, e pós-reforma, para edificações existentes.
42 43
A etiqueta para edificações é concedida em caráter voluntário, visando preparar o
mercado da construção civil para assimilar, de forma gradativa, a inédita metodolo-
gia de classificação, mas deverá passar a ser obrigatória para as novas edificações
em prazo a ser definido.
Para ser elegível à etiquetagem, como pré-requisito geral a ser cumprido, a edifica-
ção deverá possuir circuito elétrico com possibilidade de medição centralizada por
uso final: iluminação, condicionamento de ar e outros. Caso este pré-requisito não
possa ser atendido, a classificação máxima da edificação será nível C.
Conheça Mais
São exceções os hotéis com circuitos que são desligados automaticamen-
te quando o hóspede deixa o quarto, os edifícios com múltiplas unidades autô-
Figura 36 – Modelo da Ence Geral, neste caso, apresentando nível de eficiência A
nomas de consumo, o que faculta o não atendimento ao item sobre medição
centralizada por uso final, e edificações cuja data de construção seja anterior à
publicação do RTQ-C.
44 45
Neste contexto, dentro de alguns anos caberá aos empresários do setor hoteleiro Em Resumo...
buscar índices de eficiência energética cada vez melhores nos seus estabelecimen-
tos para a obtenção da etiquetagem, através do uso de equipamentos (aparelhos • As premissas da arquitetura bioclimática sugerem a concepção de uma edifica-
de ar-condicionado, lâmpadas, aquecedores solares etc.), técnicas e materiais cons- ção que ofereça conforto aos seus ocupantes, via recursos naturais disponíveis,
trutivos mais eficientes. com o menor consumo possível de energia, adequando a edificação às condi-
ções climáticas locais.
46 47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Nobel, 7ª edição.
Inmetro – INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E QUALI- Abertura – Rasgo na envoltória da edificação, principalmente portas, janelas e cla-
DADE INDUSTRIAL (2010b). Regulamento de Avaliação da Conformidade do Nível raboias.
de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RAC-C).
Rio de Janeiro: Inmetro/Eletrobras, Procel – Programa Nacional de Conservação de Ambiente – Espaço interno de um edifício, fechado por superfícies sólidas tais como
Energia Elétrica. Disponível em http://www.procelinfo.com.br. Acessado em outu- paredes ou divisórias, teto, piso e dispositivos operáveis, tais como janelas e portas.
bro de 2010.
Área Útil (m2) – É a área realmente disponível para ocupação, medida entre os
IPCC – INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE (2008). Climate paramentos internos das paredes que delimitam o ambiente.
Change 2007: Synthesis Report. Genebra: WMO - World Meteorological Organiza-
tion/UNEP - United Nations Environment Programme. Disponível em http://www. Basculante – Vedo de janela ou porta que, por meio de articulação, gira em torno
ipcc.ch. Acessado em junho de 2010. de eixo horizontal, abrindo vão estreito. Muitas vezes é usado na parte superior das
esquadrias, permitindo ventilação mesmo quando os vedos principais estão fecha-
LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F.O.R. (1997). Eficiência Energética na Arquite- dos. O mesmo que janela basculante.
tura. São Paulo: PW Editores/Eletrobras, Procel - Programa Nacional de Conserva-
ção de Energia Elétrica. Disponível em http://www.labeee.ufsc.br. Acessado em Beiral – Parte do telhado que se prolonga além da prumada das paredes externas
junho de 2010. do edifício. Em geral, está em balanço, mas também pode ser suportado por mãos
francesas.
MACHADO, I.F. et al. (1986). Cartilha: Procedimentos Básicos para uma Arquitetura
no Trópico Úmido. São Paulo: Pini. Brise – Anteparo composto por uma série de peças, em geral placas estreitas e
compridas, colocadas em fachadas para reduzir a ação direta do sol. Suas peças
MASCARÓ, L. R. de (1991). Energia na Edificação: Estratégia para Minimizar seu podem ser móveis ou fixas, dispostas na horizontal ou na vertical.
Consumo. São Paulo: Projeto Editores Associados Ltda.
Claraboia – Abertura na cobertura do telhado, vedada por material transparente,
MENDES, N. et al. (2005).. Uso de Instrumentos Computacionais para Análise do para possibilitar ou aumentar a iluminação e, às vezes, a ventilação, em comparti-
Desempenho Térmico e Energético de Edificações no Brasil in: Anais de Ambiente mentos sem acesso direto ao exterior ou de amplas dimensões.
Construído, v. 5, n. 4, p. 47-68. Porto Alegre: Associação Nacional de Tecnologia do
Ambiente Construído. Condutividade Térmica – Quantidade de calor que passa a cada unidade de tem-
po através da unidade de área de um determinado material.
Procel - PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
(2009). Manual para Aplicação dos Regulamentos: RTQ-C e RAC-C. Rio de Janeiro: Conforto Ambiental – Atendimento de algumas das necessidades orgânicas – ba-
LabEEE/UFSC - Laboratório de Eficiência Energética em Edificações/Inmetro - Ins- sicamente, acústicas, higrotérmicas, visuais e de qualidade do ar – dos usuários das
tituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial/Eletrobras, edificações em suas horas de ocupação, refletindo a sua satisfação com o ambiente.
Procel. Disponível em http://www.procelinfo.com.br. Acessado em maio de 2010.
Cumeeira – Parte mais alta de um telhado, também chamada cume ou cumeada.
Procel - PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
(2011). Apresentação Procel Edifica. Disponível em http://www.eletrobras.com/pro- Esquadria – Elemento destinado a guarnecer vãos de passagem, ventilação e ilumina-
cel. Acessado em maio de 2010. ção. O termo é mais aplicado quando referido aos vãos de portas, portões e janelas.
50 51
Envoltória – Planos externos da edificação, compostos por fachadas, empenas, cober-
tura, brises, marquises, aberturas, assim como quaisquer elementos que os compõem. ANEXO
Questionário Bioclimático
Fachadas – Cada uma das faces externas da edificação.
Insolação – Grau de incidência da radiação solar em um ambiente ou superfície. Se você quiser se aprofundar mais no tema, poderá utilizar o Questionário Bioclimá-
Constitui-se em condicionante essencial do projeto arquitetônico. tico apresentado no Quadro 1 a seguir, por meio do qual será possível fazer um
exercício para identificar quais estratégias arquitetônicas são aplicáveis ao seu em-
Microclima – Clima específico de uma área geográfica muito reduzida, que se dife- preendimento. O questionário foi desenvolvido por um grupo de especialistas das
rencia, por circunstância de relevo ou urbanização, do clima da região que a cerca. faculdades de arquitetura da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universi-
dade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com o apoio do Procel, com base no Diagra-
Paredes – Elementos de vedação que formam e separam compartimentos e am- ma Bioclimático de Givoni e na NBR 15.220-3:2005 - Desempenho Térmico de Edi-
bientes internos da edificação. ficações.
Pé-direito – Altura que vai do piso ao teto nos compartimentos ou recintos de um Desenvolvido por B. Givoni em 1960 e readequado às condições de países em de-
edifício. Sua altura é fixada por legislação, em geral no código de obras municipais, senvolvimento em 1994, o Diagrama Bioclimático de Givoni constitui um instrumen-
de acordo com o uso dado ao compartimento ou ambiente do edifício. to de apoio para a elaboração de um diagnóstico básico das condições climáticas
locais e a tomada de decisões quanto às estratégias arquitetônicas a serem adota-
Shed – Cobertura com perfil em forma de dentes de serra, feita com material trans- das do ponto de vista do conforto térmico do ocupante da edificação.
parente ou translúcido, permitindo iluminação natural.
O método de Givoni também foi considerado na elaboração da NBR 15220-3:2005,
Solário – Por extensão, terraço ou parte do terraço exposto à luz solar e destinado que apresenta recomendações quanto ao desempenho térmico e estabelece um
aos banhos de sol. zoneamento bioclimático brasileiro, em que são feitas recomendações de diretrizes
construtivas com base em parâmetros e condições de contorno fixados.
Vergas – Vigas especiais colocadas horizontalmente sobre as ombreiras de deter-
minados vãos, como portas e janelas. Conheça Mais
O Diagrama de Givoni para diversas regiões pode ser obtido através do
Zona Bioclimática – Região geográfica homogênea quanto aos elementos climá- programa Analysis 2.0, disponibilizado gratuitamente no site do LabEEE/UFSC.
ticos que interferem nas relações entre ambiente construído e conforto humano. Acesse: http://www.labeee.ufsc.br.
No Brasil, o zoneamento bioclimático é definido pela Norma ABNT NBR 15.220-
3:2005 - Desempenho Térmico de Edificações. O Questionário Bioclimático é de fácil aplicação, pois cruza informações sobre ape-
nas dois aspectos, permitindo maior aproximação quanto à situação climática do
local onde se encontra a edificação:
52 53
Quadro 1: Questionário Bioclimático 2. Ventilação Controlada - Obtida através da circulação de ar pelos ambientes da
Aspectos climáticos Há ventos no local? Não há ventos. edificação, desde que o usuário tenha a possibilidade de dosá-la através dos dis-
positivos de controle (abertura e fechamento), conforme sua demanda de conforto.
Alterna Alterna
Clima local ao Definições
É úmido?
períodos
É seco? É úmido?
períodos
É seco? 3. Resfriamento Evaporativo - Obtido por meio do uso de fontes de água ou de
longo do ano mais Precisas úmidos e úmidos
vegetação que permitam a evaporação da água (ou a evapotranspiração das plan-
secos? e secos?
tas) diretamente no ambiente que se deseja resfriar.
Temperatura 4. Massa Térmica para Resfriamento - Obtida por meio do uso de paredes (exter-
O local é mínima 2, 7, 8,
2, 8, 9, 2, 7, 8, 9, 2, 7, 8, 2, 8, 9, 2, 7, 8, 9, nas e internas) e coberturas com maior massa térmica (mais pesadas). O calor arma-
extremamente mensal 9, 10,
10, 12 10, 12 9, 10, 12 10, 12 10, 12 zenado no interior durante o dia é devolvido ao exterior durante a noite, quando as
frio? abaixo de 12
10,5ºC temperaturas externas diminuem.
Temperatura 1, 2, 3, 8. Aquecimento Solar Passivo - Obtido pelo ganho direto de calor, principalmen-
O local é 1, 2, 10, 2, 4, 6, 1, 2, 10, 1, 2, 3,
quente?
entre 29ºC e
11
2, 10, 11
10, 11 11 4, 10, 11
4, 6, te por meio de fechamentos transparentes, janelas com grandes panos de vidro e
36ºC 10, 11 paredes transparentes, ou de aberturas zenitais (claraboias, telhas translúcidas).
1. Ventilação Permanente;
2. Ventilação Controlada;
5. Resfriamento Ativo;
10. Iluminação Natural;
11. Sombreamento.
Responda agora mesmo às perguntas para o local em que se encontra o seu em-
preendimento e aplique as soluções arquitetônicas encontradas. Se precisar, con-
trate um profissional devidamente habilitado para auxiliá-lo.
Atenção!
Se tiver dúvidas ou dificuldades, entre em contato com o Sebrae/RJ pelo
telefone: 0800 570 0800 ou pelo nosso site http://www.sebraerj.com.br.
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