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EDUCAÇÃO POPULAR E ENSINO SUPERIOR EM PAULO FREIRE

Nome: Ozana Secchi


Trabalho da Disciplina Didática do Ensino Superior
Prof: Sheila Torres Pinheiro

Referência:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151797022018000100
130&lng=pt&tlng=pt
BEISIEGEL, Celso de Rui . Política e educação popular. São Paulo : Ática, 1982.
FERNANDES, Floresta n. Sociedade de classes e subdesenvolvimento. São Paulo:
Ática,1968.
FREIRE, Paulo . Cartas à Cristina: reflexões sobre minha vida e minhas práxis. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 2015. Organização e notas de Ana Maria Araújo Freire.

Introdução

No artigo “Educação Popular e Ensino Superior em Paulo Freire” publicado em


2013, de Celso Rui Beisiegel um pró-reitor entre os anos de 1990 e 1993 em que no
período de 1988 a 1990, foi diretor da FE, onde também exerceu os cargos de
vice-diretor e chefe do Departamento de Filosofia da Educação e Ciências da
Educação tendo atuado também na Secretaria Estadual de Educação e no
Ministério da Educação, teve como ponto de partida alguns aspectos levantados em
“A educação superior em Paulo Freire: uma proposta de orientação para a
pesquisa”, tal como sendo um educador e filósofo brasileiro considerado um dos
pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o
movimento chamado pedagogia crítica e também o Patrono da Educação Brasileira
no qual aborda entre seus livros questões referentes à educação superior e um
aprofundamento no exame de problemas então levantados e que entre as
dificuldades que se apresentavam estava a escassez de publicações ou outras
manifestações de Paulo Freire sobre o assunto, uma vez que ele expunha
propostas e reflexões voltadas para conscientização e alfabetização de jovens e
adultos analfabetos ou pouco escolarizados.

Desenvolvimento
O autor aborda várias mudanças e avanços significativos que foram observados,
favorecendo o acesso à educação e formação de seres intelectualmente ativos.
“A distinção entre educação popular e educação das elites era bem evidente nos
meados do sé culo anterior. Não obstante a igualdade formal de direitos da
cidadania republicana, as desigualdades socioeconômicas constitutivas da
sociedade capitalistas, e tradições culturais geradas no passado semicolonial, ainda
marcavam todas as dimensões da vida coletiva (...)” (pág. 3).
Como abordado no trecho havia grande dificuldade na disponibilidade de ensino
básico e secundário, tanto para as minorias privilegiadas e principalmente às
camadas subalternas (maioria da população), e mesmo assim ambas com acesso
limitado, com o passar do tempo o ensino básico começou a se difundir no Brasil,
mas restringido a população infantil e com prevalência nos grandes centros
urbanos. Beisiegel mostra que a preocupação com a alfabetização de jovens e
adultos era iniciativa de projetos pontuais e fragmentados. Somente a partir de 1947
são inauguradas políticas nacionais nesse sentido, com a criação do Serviço de
Educação de Adultos, no Departamento Nacional de Educação e a instituição da
Campanha Nacional de Educação de Adolescentes e Adultos Analfabetos. Mas
estas iniciativas foram questionadas pelo seu caráter de “ensino supletivo” ao longo
da década de 50. A Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (1958)
durou pouco tempo e viu os seus agentes serem substituídos por outras
organizações: a Juventude Universitária Católica (JUC), Juventude Estudantil
católica (JEC) e a União Nacional dos Estudantes (UNE). Alguns estudos sobre as
instituições escolares no Brasil apontam que existiam dois grupos de educação: a
educação popular das elites. Sendo o primeiro de pouco acesso pelos
desfavorecidos por questões socioeconômicas e culturais. Voltado à população mais
carente. O segundo voltado às minorias privilegiadas. No entanto o poder público
modificou esse manejo de acesso à educação no século seguinte, facilitando o
ingresso de crianças, jovens e adultos ao ensino primário, além da admissão em
séries seguintes, mas o atraso educacional ainda era evidente, uma vez que grande
parte dos jovens e adultos eram analfabetos, gerando várias críticas ao ensino
ainda deficitário voltado para essa faixa etária. “A ampliação das possibilidades de
atendimento à procura do ensino superior de alguma forma seguiu a mesma lógica
dos procedimentos adotados para os degraus anteriores da escolaridade ( ...)”
(pág.10).
Segundo o autor, com o avanço dos alunos diplomados no ensino de nível médio,
aumentou a procura por universidades tanto particulares como públicas,
aumentando consequentemente o número de instituições de ensino superior, sendo
seguido também por ensinos de níveis anteriores .
Nos anos subsequentes observamos documentos (materiais didáticos,
cartilhas) apresentando conceitos políticos e ideológicos comprometidos seja
com a manutenção ou a transformação da ordem social. Segundo o autor,
método Paulo Freire de alfabetização de adultos mostrava, desde as suas
raízes, uma busca por práticas conscientizadoras. Nas últimas décadas, a educação
escolar teve a sua oferta estendida aos variados setores da população (ressaltando
que na época o analfabeto não tinha direito ao voto). O crescimento de diplomados
no ensino de nível médio ampliou o apelo por vagas no ensino superior. Por outro
lado, neste mesmo período, houve uma desqualificação do ensino público. O ensino
superior, por sua vez, também foi inserido na estratégia governamental de se
oferecer mais serviços com investimentos reduzidos, coube à iniciativa privada
absorver essa demanda por vagas. Contudo, as universidades públicas de melhor
qualidade continuam acessíveis somente às elites privilegiadas. Beisiegel mostra
como Freire evidenciava o caráter político que envolve a educação superior, o que
podemos observar na exposição “O compromisso popular da universidade”, de
1986, onde Freire aponta a necessidade de aproximação da universidade aos
interesses populares, colocando o ensino superior como ferramenta na luta pela
emancipação popular.

Conclusão

O autor deixa claro que as obras e escritos de Paulo Freire, no seu início de
carreira, tem poucas páginas ocupadas pela temática do ensino superior.
Quando o fazia, seu foco ainda era a emancipação dos oprimidos.
É razoável argumentar e concluir que a carência de manifestações de Freire
em relação ao ensino superior pode fazer sentido quando observamos que a
iniciativa privada mostra como objetivo cooptar os consumidores mais pobres,
e não acolher as demandas dos jovens trabalhadores inseridos nas classes
populares assim cooperando com a desigualdade entre a elite a população menos
favorecida.

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