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Política Nacional de Habitação, intersetorialidade e integração de políticas públicas

1. Como ocorreu, na história brasileira, o acesso à moradia para as classes populares?


(p. 25 a 29)

- Até o século XIX as terras eram cedidas pela Monarquia ou eram ocupadas
-Terra não tinha valor comercial
-Lei de Terras (1850) determinou que as terras fossem concedidas mediante pagamento /
os que já continham terras cedidas pela coroa ou por ocupação pacífica (desde que
houvessem provas de que de fato era pacífica), puderam continuar.
-Leis dificultavam/burocratizavam o acesso a terras e a regularização destas - abertura para
os mais poderosos conseguirem.
-Forma de habitação das classes populares (séc. XX - até década de 30): vilas operárias,
incentivada pelo poder público, através de isenções fiscais, somente eram acessíveis para
segmentos da baixa classe média, como operários, funcionários públicos e comerciantes,
não sendo viáveis para a população mais pobre e, pelas moradias de aluguel, construídas
por iniciativa privada que em muitos casos se assemelhavam aos cortiços, pela baixa
qualidade.
-1946 Fundação Casa Popular: primeiro órgão de nível nacional voltado à questão de
moradias às famílias de menor poder aquisitivo, mas essa instituição não deu conta das
demandas da população de baixa renda no País.
-1962 criação do Conselho Federal de Habitação: Criado com o intuito de orientar e
promover a política de habitação do governo em prol de moradias para as classes mais
empobrecidas.
-1964 Plano nacional de habitação: criou o Banco Nacional de Habitação (gestão
centralizada e autoritária, própria da estratégia dos governos militares), o Serviço Federal
de Habitação e Urbanismo e instituiu a correção monetária nos contratos imobiliários.
-1973 criação do Plano Nacional de Habitação Popular: programas como o Programa de
Financiamento de Lotes Urbanizados; Programa de Financiamento da Construção,
Aquisição ou Melhoria da Habitação de Interesse Social; Projeto João de Barro – Programa
Nacional de Autoconstrução; Programa de Erradicação da Sub-habitação, tendo como
público-alvo famílias com rendimentos de até cinco salários mínimos mensais. - esses
programas foram desativados com o estancamento dos recursos federais e tiveram baixo
desempenho quantitativo e não impactaram o déficit habitacional.
- SFH apresentou amplo desempenho ao longo do regime militar, mas, ao mesmo tempo, foi
incapaz de atender às populações de baixa renda / contribuiu juntamente com o BNH para
aprofundar as desigualdades sociais no Brasil haja vista que privilegiaram os investimentos
para as faixas de renda média e média baixa.
-1986 extinção do BNH pelo governo Sarney: funções transferidas para a Caixa Econômica
Federal. - desestruturação da política habitacional, falta de novos mecanismos de
financiamento
-Anos 70 e 80 diversas ações realizadas no âmbito municipal, porém muito
pontuais/emergenciais/assistenciais - distante de uma política real.
-1995, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso foi criada a Secretaria de
Política Urbana - 1999 foi substituída pela Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano.
A principal marca do governo FHC foi a retomada dos financiamentos de habitação com
base nos recursos do FGTS.
-No geral, pode-se dizer que as respostas governamentais no período continuaram
centradas nas camadas de renda média.
-1999 Programa Habitar Brasil: intervenções em assentamentos subnormais de regiões
metropolitanas e capitais. Público-alvo: as populações que viviam em condições precárias,
em áreas de risco e sem acesso a serviços básicos de infraestrutura, com renda de até três
salários mínimos.
-2003 criação do Ministério das Cidades: governo federal realiza ações relevantes na
política urbana e nas políticas de habitação, saneamento e transporte, reforçando a
descentralização e o fortalecimento dos municípios definidos na Constituição Federal.
-Secretarias setoriais: Secretaria Nacional de Habitação, de Saneamento Ambiental,
de Transporte e Mobilidade, de Programas Urbanos e Secretaria Executiva.
-2008 criação do Programa Minha Casa, pelo governo federal com o intuito de viabilizar o
acesso a um milhão de moradias para famílias com renda de até 10 salários mínimos.

2. Que mudanças ocorrem, a partir da Constituição Federal de 1988, com relação à


provisão de moradias para as famílias mais pobres? (p.29)

-Estabelece a responsabilidade da provisão de moradias aos governos federal, estaduais,


municipais e do Distrito Federal.
-Inclui a moradia entre os direitos sociais e reforça o papel fundamental da União na
provisão de moradias para as famílias mais pobres.
3. Explique que importância tem o Estatuto da Cidade com vistas à defesa de cidades
justas e igualitárias? (p. 30 e 31)
-Regulamenta determinadas ações em prol de melhorias em relação ao ambiente urbano, a
propriedade privada e a qualidade de vida da sociedade que vive na cidade. Dentre uma
série de instrumentos contidos no Estatuto em questão relacionados à propriedade e ao
desenvolvimento da cidade estão: Parcelamento, edificação ou utilização compulsórios -
possibilita a imposição do caráter de função social da cidade pela obrigatoriedade da plena
utilização da infraestrutura disponibilizada pelo poder público; Outorga onerosa do direito de
construir - possível fonte de recursos para programas sociais através de arrecadação de
contrapartida compensatória do direito de construir acima do permitido; Estudo de impacto
de vizinhança - visa à garantia da qualidade de vida das populações próximas a qualquer
tipo de empreendimento urbano. Trata-se de um instrumento da política urbana destinado a
contemplar os efeitos positivos e negativos do empreendimento ou atividade quanto à
qualidade de vida da população residente na área e suas proximidades.

4. Como se organiza a política nacional de habitação? (p. 32 a 36)

-A política de habitação se traduz no SNH que é dividido em diferentes segmentos:


Ministério das cidades, o qual se responsabiliza pela formulação do Plano Nacional de
Habitação e por gerenciar ações e a implementação do Sistema, que inclui os orçamentos
destinados à moradia, estímulo à adesão ao Sistema por parte dos estados e municípios,
etc.
Conselho Gestor do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social tem a função de
implementar diretrizes e critérios de alocação dos recursos do FNHIS, uma das principais
fontes de recursos do sistema.
Conselho Nacional das Cidades tem caráter deliberativo e consultiva. Tratando-se da PNH,
tem algumas atribuições centrais especialmente relacionadas às prioridades, estratégias,
instrumentos, normas da Política, além de avaliá-la.
Caixa Econômica Federal agente operador do sistema, responsável pela
operação dos programas de habitação promovidos com recursos do FGTS e do FNHIS.
Órgãos descentralizados – constituídos pelos Estados, Distrito Federal e Municípios;
Conselhos Estaduais, Distrital e Municipais, com atribuições específicas de habitação no
âmbito local.
Agentes promotores: associações, sindicatos, cooperativas e outras entidades que
desempenhem atividades na área habitacional.
Agentes financeiros: autorizados pelo Conselho Monetário Nacional.
Sistema Nacional de Habitação Interesse Social - direcionado à população de baixa renda,
especialmente a que se encontra limitada em 3 salários mínimos. A adesão ao SNHIS é
voluntária e se dá a partir a assinatura do termo de adesão, por meio do qual Estados,
Municípios e Distrito Federal se comprometem a constituir no seu âmbito de gestão, um
fundo local de natureza contábil - específico para habitação de interesse social - gerido por
um conselho gestor com representação dos segmentos da sociedade ligados à área de
habitação, garantindo o princípio democrático de escolha de seus membros;
compromete-se ainda, a elaborar um plano local (estadual ou municipal) de habitação.

-Diretrizes específicas voltadas para os assentamentos precários: Respeito ao direito da


população de permanecer nas áreas ocupadas por assentamentos precários ou em áreas
próximas, que estejam adequadas ambiental e socialmente; Promoção e apoio às
intervenções urbanas articuladas territorialmente, principalmente programas habitacionais,
de infraestrutura urbana e saneamento ambiental, de mobilidade e de transporte; Estímulo
ao desenvolvimento de alternativas regionais, levando em consideração as características
da população local, suas manifestações culturais, suas formas de organização e suas
condições econômicas e urbanas, evitando-se soluções padronizadas e flexibilizando as
normas, de maneira a atender às diferentes realidades do País.
Ações relacionadas: desenvolvimento institucional, urbanização integrada, intervenção em
cortiços, melhoria habitacional, regularização fundiária.

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