PRELIMINARES DE LÓGICA

Estudaremos algumas noções elementares de Lógica que são importantes na

linguagem matemática , particularmente em Análise .

Definição de Proposição :
Qualquer afirmação , verdadeira ou falsa , mas que faça sentido .
Exemplos :
− Todo número primo maior do que 2 é ímpar .
− A soma das medidas dos ângulos internos de qualquer triângulo , na
Geometria Euclidiana , é 180 º .
− Todo número ímpar é primo .
Definição de Teorema :
Uma proposição verdadeira do tipo P implica Q , onde P e Q também são
proposições .
Simbólicamente :
P ⇒Q
Lê−se P implica Q , como P acarreta Q , ou Q é conseqüência de P .
P é a hipótese e Q é a tese do teorema .
Exemplo de Teorema :
a c a c a+c
Se duas frações e são iguais , então = = .
b d b d b+d
ou , ainda :
a c a c a+ c
= ⇒ = = .
b d b d b+ d
Definição de Lema :
Um teorema preparatório para a demonstração de outro teorerna .

Definição de Corolário :
Um teorema que segue como conseqüência natural de outro .

Obs .:
Muitos autores utilizam a palavra proposição para designar os teoremas de
uma certa teoria , reservando a palavra teorema para aqueles resultados que
devem ser ressaltados como os mais importantes .
Condição necessária e suficiente ( ⇔ )

Num teorema P ⇒ Q , diz−se que a hipótese P é uma condição suficiente de

Q (suficiente para a validade de Q) , ou que a tese Q é condição necessária
de P .
A recíproca de um teorema P ⇒ Q é a proposição Q ⇒ P , que também se es -
creve P ⇐ Q . A recíproca de um teorema pode ou não ser verdadeira .

Quando a recíproca de um teorema é verdadeira , escrevemos o teorema , jun -

tamente com sua recíproca , na forma P ⇔ Q . Neste caso , qualquer uma das
proposições P e Q é ao mesmo tempo necessária e suficiente para a validade
da outra .
A negação de uma proposição A será denotada por ¬ A .
Exemplos :
− A : nessa turma pelo menos um aluno é ruivo .
¬ A : nessa turma nenhum aluno é ruivo .
− B : nessa turma um aluno é ruivo .
¬B : nessa turma nenhum aluno é ruivo ou mais de um aluno é ruivo .
− C : nessa turma todos os alunos são ruivos .
¬C : nessa turma pelo menos um aluno não é ruivo .
− D : todos os seres de oito patas são aranhas .
¬ D : existe , pelo menos , um ser de oito patas não é uma aranha .
Princípio da não contradição : Uma proposição não pode ser verdadeira
juntamente com sua negação .

Princípio do Terceiro Excluído : toda proposição simples ( sentença declarati -

va ) P é verdadeira ou falsa .

Definição : para cada proposição condicional P ⇒ Q correspondem três pro -

posições :
(i) Q ⇒ P ( Recíproca);
(ii) ¬ P ⇒ ¬Q (Contrária);
(iii) ¬Q ⇒ ¬P (Contrapositiva) ;
Exemplos :
(a) P ⇒ Q : Se um número inteiro é par , então , seu quadrado é par .
Recíproca : Q ⇒ P
Contrária : ¬ P ⇒ ¬Q
Contrapositiva : ¬Q ⇒ ¬ P
(b) P ⇒ Q : Se um triângulo é equilátero , então , esse triângulo é isósceles .
Recíproca : Q ⇒ P
Contrária : ¬ P ⇒ ¬Q
Contrapositiva : ¬Q ⇒ ¬ P
(c) P ⇒ ¬Q : Se um número é menor que zero , então , esse número não é posi -
tivo .
Recíproca : ¬Q ⇒ P
Contrária : ¬ P ⇒ ¬( ¬Q ) → ¬P ⇒ Q
Contrapositiva : ¬( P ) ¬Q ⇒ ¬P → Q ⇒ ¬P
Tabela Verdade :

P Q P ⇒Q

V V V

V F F

F V V

F F V
Demonstração por absurdo :

Para provar que A⇒ B começamos supondo A verdadeira e B falsa ( esta úl -

tima é a chamada hipótese do raciocínio por absurdo ) , uma suposição ape -
nas temporária , até chegarmos a uma contradição , um absurdo . Somos então
forçados a remover a hipótese do raciocínio por absurdo e concluir que B é
verdadeira .

Exercício:
Prove que √ 5 não é um número racional .