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ENGRENAGENS

Prof. Antonio Avila


Engrenagens são dispositivos de transmissão de
potência desde os primórdios da humanidade. Os
mecanismos que hoje conhecemos tem sua origem na
idade média.
A figura mostra o mecanismo do mais antigo relogio
mecanico, de 1386, ainda em funcionamento na
catedral de Salysburry.

A evolução dos mecanismos, que contem engrenagens, teve seu grande impulso
com a revolução industrial.
Tipos de Engrenagens:
Cilindricas retas:

dentes externos

dentes internos
Cremalheira
Engrenagens Helicoidais:

Engrenagens helicoidais e redutor de velocidades


Helicoidal dupla – fabricacao unitária

Acoplamento entre engrenagens helicoidais


Engrenagens Conicas:

Tipos

Dentes retos e espiral


Sem fim/coroa:
Tipos de Engrenagens:
CILINDRICAS RETAS: utilizadas para transmitir
potência entre dois eixos. (engrenagens cilindiricas
= SPUR GEARS)

CILINDRICAS HELICOIDAIS: os dentes são


inclinados em relação ao eixo de rotação. Sao mais
silenciosas devido ao contato gradual entre os dentes.

ENGRENAGENS CÔNICAS: os dentes são


formados em uma superfície cônicas. Utilizadas em
eixos concorrentes.

SEM-FIM/COROA: formado por um parafuso e uma


engrenagem helicoidal. Uitlizado em sistemas onde
há a necessidade de altas relações de transmissão
>10.
NOMENCLATURA:

Diâmetro primitivo: diâmetro de passo (pitch


diameter) ;
Diâmetro de cabeça: addendum diameter;
Diâmetro de pé: dedendum diameter;
Flanco do dente é qualquer das superfícies geradas
pelo perfil do dente;
Cabeça do dente é a parte mais externa do dente da
engrenagem de maior diâmetro;
Base do dente é a região localizada internamente no
diâmetro de pé;
Altura do dente = Addendum + dedendum;
Passo é a distância medida da distância entre dois
pontos homologos de dois dentes consecutivos medidos
na circunferência primitiva.
Angulo de pressão: é o angulo formado por uma reta
horizontal que passa pelo ponto de passo (ponto de
contato entre os dentes das engrenagens) e a
tangente a circunferência base e que passa pelo ponto
de passo.
PADRONIZAÇÃO: permite a intercambiabilidade de
engrenagens de diferentes fornecedores.
São padronizados m, P, Φ

SI (sistema internacional): Φ = 20o

Sistema ingles: Φ = 25o e

Φ = 20o (stub)

addendum a = 1/P e a=m


a = 0.8/P (stub)

Largura 9/P < b < 14/P ou


9m < b < 14m
Sistema internacional: (PADRONIZAÇÃO)
Módulos: de 0.1 a 1.0 incrementos de 0.1; de 1.0 a 4.0
incrementos de 0.25; de 4.0 a 5.0 incrementos de 0.5;
Sistema Inglês: (PADRONIZAÇÃO)
Passo diametral:

Como quantificar as relações entre as


grandezas padronizadas?

𝜋𝑑
Passo: p =
𝑁
d = diâmetro da circunferência primitiva
N = número de dentes
𝑁
Passo diametral: P = (sistema
𝑑
Inglês)
𝑑
Módulo: m = (sistema
𝑁
Internacional)
Relação entre P e m. Sabemos que:
𝑚
pP = π assim temos =𝜋
𝑝
25.4
m=
𝑃
É importante lembrar que:
P [dentes/polegada] e
m [mm/dente]
Lei de Engrenamento:

dp = diâmetro
do pinhão
dg = diâmetro
da engrenagem
ωp = rotação do
pinhão
ωg = rotação da
engrenagem

ωp dp = - ωg dg

dg+dp
c= = rp + rg
2
C = distância entre centros;
Interferência: ocorre quando a trajetória de
um dente interrompe a trajetória do outro dente no
engrenamento.

Sabemos que: 𝑟𝑎 = 𝑟 + 𝑎
Assim temos: 𝑟𝑎,𝑚𝑎𝑥 =
√𝑟𝑏2 + 𝐶 2 (𝑠𝑖𝑛Φ)2
𝑟𝑏 = 𝑟𝑐𝑜𝑠Φ
Razão de Contato (CR):

2 − 𝑟 2 + √𝑟 2 − 𝑟 2 − 𝐶𝑠𝑖𝑛Φ
√𝑟𝑎,𝑝 𝑏,𝑝 𝑎,𝑔 𝑏,𝑔
𝐶𝑅 =
𝑝𝑏

𝜋𝑑𝑏
𝑑𝑏 = 𝑑𝑐𝑜𝑠Φ 𝑝𝑏 =
𝑁

Análise das forças em engrenagens


cilindricas:
Como já foi visto anteriormente, existe um único
ponto de contato entre dois dentes de engrenagens
em contato.

Assim é possível traçar o diagrama de corpo livre


das forças.
𝐹𝑟 = 𝐹𝑡 . 𝑡𝑎𝑛Φ

Força X Velocidade
Cálculo de potência:
Torque X Rotação
Força x Velocidade:
A componente de força capaz de gerar trabalho é a
FORÇA TANGENCIAL, assm para calcularmos a
potência é necessário calcular a velocidade na
circunferência primitiva.

𝜋𝑑𝑛
SISTEMA INGLÊS: 𝑉=
12

onde: d[pol], n[rpm], V[pés/min]

𝜋𝑑𝑛
SISTEMA INTERNACIONAL: 𝑉 =
60000
onde: d[mm], n[rpm], V[m/s]

POTÊNCIA:
𝐹𝑡 𝑉
SISTEMA INGLÊS: 𝑊̇ =
33000

onde ώ [HP], Ft [lbs], V[fpm]


SISTEMA INTERNACIONAL: 𝑊̇ = 𝐹𝑡 𝑉
onde ώ [watt], Ft [N], V[m/s]

RESISTÊNCIA DO DENTE:
Um dos critérios para transmissão de
potência pode ser definido como a maior força
a ser aplicada no dente da engrenagem sem
que não haja a falha.
Através da técnica de foto-elasticidade é
possível determinar experimentalmente o
estado de tensões.
Equação de Lewis:
Condições Básicas:

 Toda a carga é aplicada em um único dente;


 Componente radial desprezível;
 Carga uniformente distribuída;
 Atrito por escorregamento desprezível;
 Concentração de tensão no filete;
Lewis definiu a chamada parabola de
resistência constante. (veja figura)
Observando a figura é possível perceber que é
mais resistênte que a parabola de resistência
constante definida pelo ponto A. No ponto A
temos:
𝑀𝑐 6𝐹𝑡 ℎ
𝜎= =
𝐼 𝑏𝑡 2
Por semelhança de triângulos temos:

𝑡⁄ ℎ 𝑡 2
2= → = 4𝑥
𝑥 𝑡⁄ ℎ
2
Substituindo o valor de x na primeira equação
temos:
6𝐹𝑡
𝜎=
4𝑏𝑥
Lewis definiu o fator de Lewis como:
2𝑥
𝑦=
3𝑝
onde p= passo
Assim é possível escrever a equação de Lewis
como:
𝐹𝑡
𝜎=
𝑏𝑝𝑦
Sabemos que: 𝑝𝑃 = 𝜋 e 𝑦𝑌 = 𝜋.
Assim podemos escrever a equação de Lewis
como:
𝐹𝑡 𝑃
𝜎=
𝑏𝑌
No SI temos:
𝐹𝑡
𝜎=
𝑏𝑚𝑌
O fator de Lewis pode ser calculado através do
abaco.

NOTA: Infelizmente algumas das


considerações feitas por Lewis podem
comprometer a precisão/acurácia dos cálculos.
O abaco para cálculo do fator de Lewis pode ser
observado abaixo:
ANÁLISE REFINADA DE RESISTÊNCIA
DO DENTE:

As seguintes condições foram adicionadas:


 Velocidade de impacto no diâmetro primitivo;
 Qualidade da manufatura;
 Razão de contato;
 Montagem;
 Concentração de tensão na base do dente;
A equação modificada de Lewis pode ser
escrita como:
𝐹𝑡 𝑃
𝜎= 𝐾𝑣 𝐾𝑚 𝐾𝑜
𝑏𝐽
onde:

Kv = fator dinâmico;

Note que é possível calcular os valores de Kv para


as velocidades expressas em pes/minutos.
78 + √𝑉
𝐶𝑙𝑎𝑠𝑠𝑒 𝐴: 𝐾𝑉 = √
78

78 + √𝑉
𝐶𝑙𝑎𝑠𝑠𝑒 𝐵: 𝐾𝑣 =
78
50 + √𝑉
𝐶𝑙𝑎𝑠𝑠𝑒 𝐶: 𝐾𝑣 =
50
1200 + 𝑉
𝐶𝑙𝑎𝑠𝑠𝑒 𝐷: 𝐾𝑣 =
1200
600 + 𝑉
𝐶𝑙𝑎𝑠𝑠𝑒 𝐸: 𝐾𝑣 =
600
J = fator geométrico;
Ko = fator de sobrecarga;

Km = fator de montagem;

Análise quanto a resistência `a fadiga:

𝑆𝑛 = 𝑆𝑛′ 𝐶𝐿 𝐶𝑔 𝐶𝑠 𝐾𝑟 𝐾𝑡 𝐾𝑚𝑠
onde:
CL = 1 (flexão);
Cg = 1.0 se P > 5;
0.85 se P ≤ 5;
Cs = conforme figura 8.13
Kr = fator de confiabilidade

Kt = fator de tempertura;
Para aços: Kt = 1.0 se T < 160 F
620
Kt = se T ≥ 160 F
460+𝑇

Kms = fator de tensão média


Kms = 1.0 (engrenagens intermediárias)
Kms = 1.4 (engrenagens condutoras e
conduzidas)
Durabilidade da superfície dos
dentes das engrenagens:

A vulnerabilidade a danos superficiais dos


dentes das engrenagens pode ser atribuída ao
tipo de lubrificação (elastodinâmica) e as
tensões desenvolvidas na região de contato
(tensão de Hertz).

TENSÃO DE HERTZ: Teoricamente o


contato entre duas superfícies cilindricas é um
ponto (2D) ou uma linha (3D). No entanto,
quando dois corpos curvos elásticos são
pressionados um contra o outro surge uma
área finita devido a deformação desenvolvida.
Como a área 0, as tensões ∞. Este
fenômeno pode levar `a fadiga.

Buckinghan observou: Pitting (cavitação)


ocorre em torno da circunferência primitiva,
pois a velocidade de deslizamento é nula.
𝑑𝑝 𝑠𝑖𝑛Φ 𝑑𝑔 𝑠𝑖𝑛Φ
𝑅𝑝 = , 𝑅𝑔 =
2 2

𝐹 [ 2⁄ + 2⁄ ]
1 𝑡 𝑑𝑝 𝑠𝑖𝑛Φ 𝑑𝑔 𝑠𝑖𝑛Φ
𝜎𝐻𝑒𝑟𝑡𝑧 = √ 2 2
√𝜋 𝑏𝑐𝑜𝑠Φ ( 1 − 𝜗𝑝 1 − 𝜗𝑔
+ )
𝐸𝑝 𝐸𝑔

Buckinghan definiu:

1
𝐶𝑝 = 0.564
√ 1 − 𝜗𝑝2 1 − 𝜗𝑔2
( + )
𝐸𝑝 𝐸𝑔

𝑠𝑖𝑛Φ𝑐𝑜𝑠Φ 𝑅 𝑑𝑔
𝐼= 𝑅=
2 𝑅+1 𝑑𝑝
Assim é possível escrever a equação de
Buckinghan como:

𝐹𝑡
𝜎𝐻𝑒𝑟𝑡𝑧 = 𝐶𝑝 √ 𝐾𝑣 𝐾𝑜 𝐾𝑚
𝑏𝑑𝑝 𝐼

NOTA:

2 2 2 𝑑𝑝 + 𝑑𝑔
[ ⁄𝑑 𝑠𝑖𝑛Φ + ⁄𝑑 𝑠𝑖𝑛Φ] = ( )
𝑝 𝑔 𝑠𝑖𝑛Φ 𝑑𝑝 𝑑𝑔

Assim temos:

𝑑𝑝 + 𝑑𝑔
2. 𝐹𝑡 ( )
√ 𝑑 𝑑
𝑝 𝑔
𝜎𝐻𝑒𝑟𝑡𝑧 = 𝐶𝑝
𝑏𝑐𝑜𝑠Φ𝑠𝑖𝑛Φ
mas
𝑑𝑔
𝑠𝑖𝑛Φ𝑐𝑜𝑠Φ 𝑑𝑝 𝑠𝑖𝑛Φ𝑐𝑜𝑠Φ𝑑𝑔
𝐼= =
2 𝑑𝑔 2(𝑑𝑔 + 𝑑𝑝 )
+1
𝑑𝑝
logo:

1 2 (𝑑𝑔 +𝑑𝑝 )
=
𝐼.𝑑𝑝 𝑠𝑖𝑛𝛷𝑐𝑜𝑠𝛷 (𝑑𝑔 𝑑𝑝 )

A substituição de cada uma das equações


fornece:

𝐹𝑡
𝜎𝐻𝑒𝑟𝑡𝑧 = 𝐶𝑝 √ 𝐾𝑣 𝐾𝑜 𝐾𝑚
𝑏𝑑𝑝 𝐼
Cálculo do Cp:
RESISTÊNCIA `A FADIGA
SUPERFICIAL:

𝑠𝐻 = 𝑠𝑓𝑒 𝐶𝐿𝑖 𝐶𝑅
onde:
SH é a tensão superficial de fadiga do
dente;
Sfe é o limite de resistência `a fadiga
superficial;
CLi é o fator de vida;
CR é o fator de confiabilidade `a fadiga
superficial;

Cálculo de Sfe:
Cálculo de CLi:

Cálculo de CR:

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