Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Prólogo
Músico – Sei.
M á g i c o – E t o d a v e z er a a m e s m a c o i s a . I g u a l . S e m p r e
igual. A mesma. Era a mesma, não era?
Músico – Era.
M á g i c o – S e m p r e a m e s m a . S e m pr e i g u a l . P u t a q u e p ar i u .
Músico – Sempre.
Mágico – Não.
M ú s i c o – A m u l h e r d e l e m or r e e e l e e s c r e v e n a t u m b a d e l a :
“Enquanto você repousa, eu descanso.”
(música-vinheta)
Bloco 1
Pollyanna – Transito.
Alice x – Câncer.
Pollyanna – Ansiedade?
Alice y – Exatamente.
Alice x – Sério?
Alice x – Qual?
Pollyanna – Nada.
Alice x – Fala.
P o l l y a n n a – S a b e q u a n d o v o c ê s a i pr a f o r a d e v o c ê m e s m a e
consegue visualizar toda a cena na qual você está inserida?
Alice x – Sei.
Pollyanna – Não.
Alice x – Não?
A l i c e x – V o c ê a c h a q u e o pr o b l e m a é d e M a r t e ?
Alice y – Café?
Pollyanna – É. Café.
Alice x – Sério?
Alice y – Onde?
P o l l y a n n a – A h . N ã o m e l e m br o .
Pollyanna – Então.
Alice x – O que?
Pollyanna – Não.
Alice y – E dirá?
Pollyanna – Direi...
Pollyanna – Sim.
Alice y – Ok.
Pollyanna – Bom.
Alice x – O que?
Pollyanna – O café.
Alice x – Ah claro.
Pollyanna – ...
Alice y – ...
(pausa)
Pollyanna – Ok.
(pausa)
Alice y – Ok?
(pausa)
Pollyanna – Ok.
(silêncio)
A l i c e x – P o r q u e a p e r c e p ç ã o , a i nt u i ç ã o e a l ó g i c a s ã o a s
t r ê s a r m a s u t i l i z a d a s p e l o h o m e m p ar a a u m e n t a r o s e u
domínio sobre a natureza.
(pausa)
Pollyanna – Ok.
Alice y – Entendeu?
Pollyanna – Entendi.
Pollyanna – Entendo.
(silêncio)
Alice x – Então...
Pollyanna – O que?
Alice x – Café.
Pollyanna – Tem?
Alice x – O que?
Pollyanna – Café.
Alice x – Não.
Pollyanna – Ai.
P o l l y a n n a – D e u - m e u m a v o n t a d e d e t o m ar c a f é .
Alice x – “Deu-me”?
P o l l y a n n a – É c o m o d i z a f or m a c u l t a . D e u- m e u m a v o nt a d e
de tomar café.
Alice x – Imagina.
(silêncio)
Pollyanna – Continuar?
Pollyanna – É?
Alice x – Ansiedade.
Pollyanna – É um problema.
Alice x – Lua?
Alice x – Hã?
(pausa)
Alice y – Ah eu tenho.
Alice y – Loucura.
A l i c e x – A g o r a u m a c o i s a q u e m e s u r pr e e n d e u f o i .
Alice y – Cada vez está tudo mais estranhíssimo, não é?
Vocês não têm essa sensação?
Alice y – Ah eu tenho.
Alice y – Loucura.
(pausa)
Bloco 2
Mágico – Oi.
Dorothy – Oi.
(pausa)
D o r o t h y – N ã o . M a s o b r i g a d o p e l a pr e o c u p a ç ã o .
(silêncio)
Dorothy – Na verdade.
M á g i c o – I s s o é u m g r a n d e pr o b l e m a .
Dorothy – Qual?
Dorothy – É?
(pausa)
Dorothy – É.
Mágico – Tranqüila.
Dorothy – É.
(silêncio)
Dorothy – Bom eu vou indo.
Mágico – Ai.
Dorothy – O que?
M á g i c o – O u t r o g r a n d e pr o b l e m a .
Dorothy – Qual?
Mágico – Achar.
Mágico – Não.
Dorothy – Sapateio.
Mágico – Ok.
M á g i c o – E u e n t e n d o . M e s m o . N ã o p r e c i s a s e pr e o c u p a r .
Bloco 3
Alice y – Hã?
Alice x – Oi?
Alice y – Ih.
Bloco 4
Mágico – O músico?
Mágico – Entendi.
Dorothy – E elas ali quem são e por que elas não param de
olhar pra mim?
Dorothy – Não.
Mágico – Estranho.
D o r o t h y – E u c o n f e s s o q u e v o c ê m e d e i x a um p o u c o
confusa.
M á g i c o – Q u a n d o v o c ê d i z c o n f u s a . V o c ê q u e r di z e r
confusa ou você quer dizer outra coisa que não seja
confusa? Por exemplo. Irritada?
Dorothy – ...
M á g i c o – O k . O k . O k . V o c ê v e n c e u . M e n i n a s . 1- 2 - 3 .
(música- antidepressivo)
(virada)
Lamba a lama
Pra começar
Esqueça que começou
Quando acabar
Lembre-se não se acabou
Bloco 5
P o l l y a n n a – V o c ê e s t á i r r i t a d a ? P or q u e v o c ê e s t á i r r i t a d a ?
Dorothy – Não.
Bruxa – Espera!
Bruxa – Para.
Dorothy – Quero.
D o r o t h y – E u q u e r o q u e e l a m or r a .
Alice x – Inspira.
Alice x – Expira.
D o r o t h y – M a s e u a i n d a v o u f a l ar .
A l i c e x – O l h a p r a m i m e t e n t a f a z er i g u a l .
Alice x – Não.
(música)
Dorothy – Oi.
Músico – Oi.
Dorothy – É.
M ú s i c o – N o s s a . E u j u r a v a q u e er a n o i t e .
Dorothy – É?
Músico – É.
Dorothy – É.
Músico – Não é?
Músico – Não.
D o r o t h y – D e s c u l p a . E u t i v e a i m pr e s s ã o d e v o c ê t er d i t o
algo. Desculpa.
Dorothy – Oi?
Músico – Nada.
Dorothy – Desculpa.
Músico – Eu fechava um círculo de atividades que girava
em torno de perseguir. Persegui-la. Despendia todo meu
tempo a matutar medidas e encontros despretensiosos com
ela. Passei a comprar meu cigarro e o pão em outro bairro.
Tudo isso devido a uma única noite. Talvez eu tenha
d e i t a d o c o m m u l h e r e s m a i s b e l a s , t a l v e z o s e x o f o s s e at é
melhor com outras, mas essa não me saía da cabeça. Eu
acreditava que pelo menos ocupava meu tempo em procurá-
la. Vivia uma simples rotina, acordava tarde, sofria de
insônia, alimentava-me mal, fumava excessivamente, bebia
esporadicamente e, principalmente, trocava confidências
com mulheres. Mulheres. Tinha gosto pelo universo
feminino, pelo valor dos pequenos olhares, pela
necessidade de um amor eterno, pelas cogitações de
casamento, pelo zelo da casa. Eu parecia um antropólogo.
Está certo? Antropólogo? Enfim. Após àquela noite, minha
insônia aumentou. Passei a traçar planos fantásticos em
torno dela. Eu lembrava. Compulsivamente aquele corpo,
aqueles traços, aquelas curvas, aquele encontro. Porque
por mais carnal que tenha sido, me trazia de volta certa
i n o c ê n c i a p e r d i d a . P o r q u e e u e s t o u f al a n d o i s s o ?
Músico – Obrigado.
Músico – Obrigado.
D o r o t h y – E m a l g u m l u g ar a l é m d o ar c o - i r i s .
Dorothy – Na Indonésia.
Bruxa – Entendo.
Bruxa – Espera!
Bruxa – Para.
Bloco 6
Alice y – Ih.
A l i c e y – V o c ê n ã o t i n h a q u e i r f a l ar c o m e l a ?
P o l l y a n n a – M e r d a e l a v a i q u e r e r m e m a t ar .
Pollyanna – Desculpa.
Pollyanna – Me perdoa.
Dorothy – Ta bom.
Dorothy – Ta bom.
Dorothy – Está.
Pollyanna – Entendo.
Dorothy – Entendo.
(pausa)
Pollyanna – Ok.
(silêncio)
Dorothy – Desculpa?
Músico – O que?
M a r i a 3 – E u q u e r o f a l a r c o m e l a!
Alice – Oi?
Alice – Beijei?
Alice – Beijei?
M a r i a 3 – O q u e v o c ê e s t á a c h a n d o e n gr a ç a d o ?
Maria 1 – Schopenhauer.
Maria 3 – O que?
Maria 1 – Nada.
(silêncio)
Músico – Eu posso?
M a r i a 2 – G e n t e a l g u é m t i r a e s s a m u l h er d a q u i , s e n ã o e l a
vai bater na menina.
Maria 2 – Desculpa.
Músico – Vamos conversar.
M a r i a 3 – O q u e v o c ê a i n d a t e m pr a c o n v e r s a r c o m i g o ?
Maria 3 – Me solta.
Músico – ...
Músico – ...
Pollyanna – Caralho.
Dorothy – Desculpa.
P o l l y a n n a – C a l m a ? N ã o m e e n c o s t a . E u pr e c i s o s a i r d a q u i .
Músico – Espera.
Bloco 6
Dorothy – É.
Alice y – E agora?
Alice y – Agora.
Alice y – Entendo.
Alice y – Disse.
(silêncio)
Dorothy – Claro.
M á g i c o – V a m o s l á . É . P r i m e i r a p er g u n t a . “ I g u a l s ó q u e
diferente?”
Dorothy – Isso não pode ser.
D o r o t h y – P o r q u e a r e s p o s t a e s t á er r a d a ?
Dorothy – Os filósofos.
D o r o t h y – O u e s t á e r r a d a o u e s t á c er t a . E l a n ã o p o d e s e r
quase.
M á g i c o – B o m . C o n t i n u a n d o . T er c e i r a p e r g u n t a S a b e a q u e l a
Bloco 7
P o l l y a n n a – B o m , e u t r o u x e a q u i h oj e u m a f r a s e d o
Pasolini, que de alguma forma fez muito sentido e eu acho
que tem de alguma forma cria um bom assunto. Eu li essa
frase e me parece algo que exige uma necessidade de
falarmos sobre.
A l i c e – H ã ? O h o m e m q u e r s u b j u g a r . U m a m u l h er n ã o q u er
ser subjugada.
Alice – Oi?
Pollyanna – Não é?
Alice – Interessantíssimo.
Alice – Filme?
Pollyanna – Que?
Alice – A frase?
Pollyanna – Hã?
Alice – Filme.
Pollyanna – Não.
Alice – Então.
Pollyanna – Teatro.
Alice – Pasolini?
Pollyanna – Sim.
Alice – Bacana.
Alice – Incrível.
Pollyanna – É um problema.
Alice – É.
Alice – Não é?
Pollyanna – Problemaço.
Alice – Falta.
Alice – Oi?
Alice – Vergonha.
Alice – É.
Alice – Na cara.
Alice – Falta.
Alice – Ô.
Alice – Se não é?
Alice – É.
Alice – E se não for?
Alice – É.
Alice – Há de ser.
Alice – Será.
Alice – Também.
Alice – Mas.
(pausa)
(silêncio)
Bloco 4