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IMPUGNAÇAO AO EDITAL

MODALIDADE DE LICITAÇÃO. NUMERO. SECRETARIA ESTADUAL DE


DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DA BAHIA.

Impugnante: Jabuticaba LTDA.

A(o) Sr(a). Pregoeiro da Secretaria Estadual de Desenvolvimento do Estado da Bahia.

JABUTICABA LTDA, CNPJ 05.055.899/0001-20, com sede na Rua dos Amores 7070,
Salvador-Bahia, vem, respeitosamente, perante vossa senhoria, apresentar IMPUGNAÇÃO AO
EDITAL do (modalidade/nº) em epígrafe, com sustentação no §2.° do artigo 41 da lei
8666/1993, aplicável por força do artigo 9.º da lei federal n.º 10520/2002(sendo pregão) - e
artigo 18 do Decreto Federal n.º 5450/2005, pelos fundamentos demonstrados nesta peça.

I - TEMPESTIVIDADE. Inicialmente, comprova-se a tempestividade desta impugnação, dado


que o aviso do edital foi publicado em xx/xx/xxxx, de forma que há pleno cumprimento ao prazo
de 5 (cinco) dias indicados no item x.x do edital, em sintonia com o artigo 11 do Decreto
Estadual 44.786/2008 bem como ao prazo de 02 (dois) dias úteis antecedentes a abertura da
sessão pública, em consonância ao previsto no item xx.xx do edital do (modalidade/n) em
referência

II - OBJETO DA LICITAÇÃO.Contratação de empresa para xxx, a ser contratado pela


Secretaria Estadual de Desenvolvimento do Estado da Bahia, conforme as especificações e
condições constantes deste edital e seus anexos.

A presente impugnação apresenta questões pontuais que viciam o ato convocatório, quer por
discreparem do rito estabelecido na lei 8666/1993 (com alterações posteriores) e na lei federal
n.º 10520/2002(sendo pregão), quer por restringirem a competitividade, condição esta
essencial para a validade de qualquer procedimento licitatório. Pretende também apontar
situações que devem ser esclarecidas, facilitando-se a compreensão de determinadas
cláusulas e evitando-se interpretações equivocadas.

III - FUNDAMENTOS DA IMPUGNAÇÃO AO EDITAL.

1.2. DA REGULARIDADE FISCAL E TRABALHISTA:

1.2.4. prova de inexistência de reclamatórias trabalhistas perante a justiça do trabalho,


mediante certidão específica;

Sucede que, tal exigência mostra-se descabida, pois afronta às normas que regem o
procedimento licitatório, como à frente será demonstrado.

De acordo com art. 29, V, da Lei 8666/93:

Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e


trabalhista, conforme o caso, consistirá em: (Redação dada pela
Lei nº 12.440, de 2011) (Vigência)V - prova de inexistência de
débitos inadimplidos perante a Justiça do Trabalho, mediante a
apresentação de certidão negativa, nos termos do Título VII- A
da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-
Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943. (Incluído pela Lei nº
12.440, de 2011) (Vigência)
Em atenção ao supramencionado artigo, Verifica-se que no dispositivo acima se fala em
certidão negativa, portanto a exigência de certidão especifica de inexistência de
reclamatórias trabalhistas perante a justiça do trabalho extrapola os limites impostos pela
lei. Então, a inclusão dessas exigências em edital implicaria restrição indevida ao caráter
competitivo, pois imporia uma condição não prevista em lei para participação no certame.

DA QUALIFICAÇÃO TÉCNICA:

1.4.2.  Comprovação de aptidão do responsável técnico que demonstre o mesmo ter


experiência em 60% do objeto ora licitado por meio da apresentação de atestado
fornecido por pessoas jurídicas de direito público ou privado devidamente averbado no
Conselho Profissional.

De acordo com art. 30, §1º, I da lei 8666/93

Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á


a:§ 1o A comprovação de aptidão referida no inciso II do "caput"
deste artigo, no caso das licitações pertinentes a obras e serviços,
será feita por atestados fornecidos por pessoas jurídicas de direito
público ou privado, devidamente registrados nas entidades
profissionais competentes, limitadas as exigências a: (Redação
dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

I - capacitação técnico-profissional: comprovação do licitante de


possuir em seu quadro permanente, na data prevista para entrega
da proposta, profissional de nível superior ou outro devidamente
reconhecido pela entidade competente, detentor de atestado de
responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço de
características semelhantes, limitadas estas exclusivamente às
parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto da
licitação, vedadas as exigências de quantidades mínimas ou
prazos máximos; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994).

Verifica–se, portanto, a inobservância da lei ao exigir quantidades mínimas, uma vez que a lei,
conforme dispositivo transcrito acima, veda tal exigência.

DA  QUALIFICAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA:

1.3.4.  As empresas, cadastradas ou não, que apresentarem resultado inferior ou igual a


3 (três) em qualquer dos índices de Liquidez Geral (LG), Solvência Geral (SG) e Liquidez
Corrente (LC), deverão comprovar que:

1.3.4.1 patrimônio líquido de 25% do valor estimado da contratação ou do item


pertinente; 

Como acima Refletem o momento atual da administração da empresa participante do certame.


Sabe-se que a jurisprudência dos tribunais em especial a do Tribunal de Contas da União, é a
de que o gestor responsável por licitações públicas deva ampliar o universo de licitantes,
incentivar a competitividade do certame e selecionar a proposta mais vantajosa para a
Administração Pública, sem jamais afastar-se dos princípios insculpidos no art. 3º, § 1º da Lei
n.º 8.666/93, verbis:
Art. 3º - A licitação destina-se a garantir a observância do princípio
constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa
para a administração, e será processada e julgada em estrita
conformidade com
os princípios básicos da legalidade, da probidade administrativa, da
vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos
que lhe são correlatos
§ 1º - É vedado aos agentes públicos
I – admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas
ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter
competitivo e estabeleçam preferências ou distinções em razão da
naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra
circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do
contrato;
A Jurisprudência admite:

Muitos órgãos da Administração Pública, especialmente na esfera federal,


consideram o “patrimônio líquido” em substituição aos índices contábeis.
Ex.: Edital do PREGÃO (PRESENCIAL) DRF/PVO/RO N.º 01/2005,
instaurado no âmbito da Secretaria da Receita Federal:“7.1.3.1.2. Caso a
licitante, optante ou não pelo SICAF, apresente resultado igual ou inferior a
1 (um), em qualquer dos índices contábeis de Liquidez Geral (LG), Liquidez
Corrente (LC) e Solvência Geral (SG), deverá fazer constar do envelope
“Documentos de Habilitação”, comprovante de que a empresa possui
Patrimônio Líquido, no mínimo, igual a R$ 14.291,20 (quatorze mil,
novecentos e noventa e um reais e vinte centavos), correspondente a 10%
(dez por cento) do valor anual estimado para a contratação”.

No mesmo sentido o Tribunal de Contas da União pronunciou-se:

Acórdão 1871/2005 – Plenário

“(...) 30. Poder-se-ia conjecturar, numa leitura favorável à legalidade do


edital, que o item 52.4.7, que estabelece a obrigatoriedade de comprovação
do capital social integralizado (fls. 14 do Anexo), presta-se, exclusivamente
para valorar a exigência requerida pelo item 52.3.2, que exige, para as
empresas que apresentarem índices contábeis iguais ou inferiores a 1, a
comprovação de possuírem capital mínimo ou patrimônio líquido mínimo
não inferior a 10% da soma do valor total de sua proposta, de cada lote”.

Por esse motivo declaramos que o referido edital de licitação deveria prever índices contábeis
iguais ou superior a 1, caso a empresa não apresentasse esses índices as mesmas deveriam
apresentar capital social ou patrimônio liquido não inferior a 10%.

Aumentado assim a competitividade, segurança e melhor preço para a Administração Publica.

MARÇAL JUSTEN FILHO tem a seguinte colocação sobre o tema (JUSTEN FILHO, Marçal.
Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, Editora Dialética, São Paulo,
1999, pág. 294):

“Pode afirmar-se que, em face da Constituição, o mínimo necessário à


presunção de idoneidade é o máximo juridicamente admissível para exigir-
se no ato convocatório. Logo, toda vez que for questionada acerca da
inadequação ou excessividade das exigências, a Administração terá de
comprovar que adotou o mínimo possível. Se não for possível comprovar
que a dimensão adotada envolvia esse mínimo, a Constituição terá sido
infringida. Se a Administração não dispuser de dados técnicos que
justifiquem a caracterização da exigência como indispensável (mínima), seu
ato será inválido. Não caberá invocar competência dicionária e tentar
respaldar o ato sob argumento de liberdade na apuração do mínimo. É claro
que a referência constitucional se reporta ao mínimo objetivamente
comprovável - não àquilo que parece ser o mínimo em avaliação
meramente subjetiva de um agente”.

Portanto, diante dos fatos apontados pela Impugnante, é recomendável que a Administração
adote medidas que visem ampliar o caráter competitivo da licitação e estabeleçam índices
usualmente utilizados para se aferir a qualificação econômico-financeira – Liquidez Corrente,
Liquidez Geral e Endividamento Total ou Solvência Geral- maiores ou iguais a 1 ou, se inferior,
Capital Social ou Patrimônio Líquido 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação.

Na esteira do raciocínio dissertado nesta peça, tal solicitação encontra-se apoiada nos
seguintes fundamentos:

a. As normas disciplinadoras das licitações públicas devem ser interpretadas em favor da


ampliação da disputa entre os interessados, desde que não comprometam o interesse da
Administração, a finalidade e a segurança da contratação;

b. A jurisprudência dos tribunais e dos órgãos de controle é pacífica no sentido de que as


exigências devem ser estabelecidas de forma que participem dos procedimentos de licitação o
maior número possível de licitantes;

c. A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a


selecionar a proposta mais vantajosa para a administração;

d. É vedado aos agentes públicos admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação,
cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo.

Sugere a Impugnante que a exigência de qualificação econômico financeira atenda ao objetivo


da Lei (exigir o mínimo necessário) e prescreva, s.m.j., a seguinte cláusula editalícia:

“Comprovação de patrimônio líquido não inferior a 10% (dez por cento) do valor estimado da
contratação, a qual será exigida somente no caso de a licitante apresentar resultado igual ou
inferior a 1 (um) em qualquer dos índices Liquidez Geral, Liquidez Corrente e Solvência Geral”.

Adotando-se a indigitada exigência de qualificação econômico-financeira, além de legitimar o


processo, ampliará o universo de competidores, sem que isso comprometa a garantia da
execução contratual.

Considerando-se, então, as exigências feitas através de todos itens anteriormente impugnados do


edital, não resta dúvida de que o ato de convocação contempla cláusulas manifestamente
comprometedoras ou restritiva do caráter competitivo que deve presidir toda e qualquer licitação.
Como se não bastasse, os itens mencionados ferem igualmente o princípio da isonomia
consagrado no inc. I, do art. 5º, da Constituição Federal.

DOS PEDIDOS

Pelos ditames normativo-principio lógicos supracitados, requer-se:


a) O acolhimento da presente Impugnação,
b) Declarar nulos os itens atacados
c) Determinar-se a republicação do Edital, escoimado do vício apontado, reabrindo-se o prazo
inicialmente previsto, conforme § 4º, do art. 21, da Lei nº 8666/93.
c) Caso não seja este o entendimento de Vossa Senhoria, requer desde logo, que seja a
presente Impugnação submetida à apreciação da Autoridade Superior competente, para que
delibere sobre seus termos, conforme legislação em Vigor;
Assim, por ser justo e totalmente razoável, espera-se por um parecer favorável quanto a
pretensão requerida.
Termos em que,
Pede juntada e deferimento.
Salvador-BA, XX de XXXX de 20XX.
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Jabuticaba Ltda
CNPJ 05.055.899/0001-20

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