Você está na página 1de 5

INTRODUÇÃO GERAL AS SAGRADAS ESCRITURAS – AULA V

Professor: Francisco Évison Isaías Lopes

Formação de uma consciência canônica no NT

 Jesus, seus Apóstolos e a sua Igreja receberam os escritos do Antigo


Testamento como sagrados;

 Pouco depois começou a surgir uma nova literatura religiosa que tratava
da doutrina e vida de Cristo e dos Apóstolos;

 Ao final do século I quase todos os livros já estavam escritos.

 Outros livros tiveram o processo mais lento: 2Jo, 3Jo, 2Pd, Hb, Tg, Jd, e
Ap.

 Até o final do século IV chegou-se a unanimidade quanto ao cânon

Causas da formação do cânon do Novo Testamento

1. Difusão dos apócrifos: literaturas atribuídas aos Apóstolos 1;


2. Heresia de Marcião: Marcião foi um armador naval proveniente da Ásia
menor muito influente na Igreja de Roma pelo fato de ter sido um grande
benfeitor financeiro, entretanto sua ruptura ocorreu em 144 d.C. Ele foi o
primeiro a formar um cânon das Escrituras. Contudo, aboliu os livros do
Antigo e do Novo Testamento, só aceitando o evangelho de Lucas sem
os dois primeiros capítulos, e dez cartas de Paulo. Ele estabeleceu
basicamente um cânon paulino. Para Marcião fazer essa seleção, o que
fica evidente é que o conjunto já existia, o que consequentemente
acelerou o processo de canonização do Novo Testamento
3. Heresia do montanismo: consistiu na atitude de Montano 2 (c.156 -157 ou
172), de querer acrescentar livros de sua própria autoria ao cânon
bíblico. Ele era adepto ao rigorismo moral.

1
Cf. 2Ts, 2
2
Montano (Montanus) foi um religioso, tido por profeta da Ásia Menor (século II-III), fundador da
doutrina religiosa intitulada montanismo. Segundo a História Eclesiástica de Eusébio de
Cesareia, Montano seria proveniente da cidade de Ardabau, na antiga Frígia.
SENTIDO DAS ESCRITURAS

1. Literal: sentido mais raso, primeiras idéias a partir de um primeiro


contato;
2. Alegórico: Escavação do texto para encontrar sentido cristológico;
3. Moral: procura por princípios e fundamentos da moral tendo por base o
encontro com Deus que leva a um bem agir.
4. Anagógico: o sentido que fala das últimas realidades, busca de um
sentido escatológico

Lutero e a instrumentalização política da bíblia

Com Lutero o que se pode ver de modo claro é uma instrumentalização política
da Bíblia, sobretudo com as 95 teses que iam de encontro à doutrina da Igreja.
É interessante notar que enquanto a Santa Igreja em sua doutrina procura
sempre somar para não perder, Lutero, ao contrário sempre gerou rupturas.
Dente suas doutrinas destacam-se:

• Interpretação ou rupturas?

1. Sola gratia:

A antropologia luterana é extremamente pessimista. Para ele o pecado original


destruiu completamente o homem, e consequentemente tudo que ele é e faz
está corrompido irremediavelmente. A Igreja Católica, por sua vez ensina que a
graça vai mudando o homem por dentro. Lutero nega também qualquer
possibilidade de livre-arbítrio, pois para ele as ações humanas são
condicionadas pelo pecado (servo-arbítrio); ele defendia ainda que a
inteligência era incapaz de conhecer a Deus (incapacidade de teodiceia), indo
completamente contra a visão católica de que o homem é Capax Dei, e é
também cooperador de sua salvação. Para os protestantes a graça é
unicamente um dom imerecido dado por Cristo, dispensa qualquer participação
ou cooperação do ser humano, pois é Deus que salva.

2. Sola Fide:
Para Lutero a justificação se dava unicamente mediante a fé, sem a
necessidade das boas obras. No que tange a salvação, Lutero afirma que a
justiça é imputada ao homem pecador extrinsecamente. Em outras palavras,
quando o homem se apresenta diante de Deus, Cristo o cobre com uma capa
de justiça, mas internamente ele continua podre.

3. Sola Scriptura:

Lutero rompe com a Tradição da Igreja afirmando que a Sagrada Escritura é


a única fonte; fez confusão entre Tradição (algo concreto e essencial) e
tradições (Coisas contingentes que dependem do tempo e espaço). Há
também o abandono do Magistério (Nega a autoridade e afirma a livre
interpretação da Escritura).

INTERPRETAÇÃO DAS ESCRITURAS APÓS O SÉCULO XVII

R. Bultmann (1884 1976)

1. Radicaliza a questão da divisão entre Jesus histórico e Cristo da fé;

2. Emprego da formgeschichte;

3. Distinção entre os ditos de Jesus e os atos de Jesus;

4. Dúvida sobre a historicidade dos Evangelhos

Método histórico Crítico

Os seus princípios são: a crítica textual, crítica do gênero, crítica da tradução,


crítica da redação, quando um texto pertence a um gênero literário histórico
faz-se a crítica histórica.

Outros métodos

Além desse método que acabamos de tratar, existem outros com disposições e
finalidades diferentes como a análise retórica, que diz respeito a toda a questão
do convencimento, persuasão pelo discurso que cada povo tem, a análise
narrativa, a qual propõe uma compreensão e comunicação da mensagem
bíblica que corresponde à forma de relato e de testemunho. A pergunta que
pode surgir aqui é: A Igreja escolhe um método como seu? Não
especificamente, a Igreja se serve de todos os métodos em conjunto para se
chegar a uma interpretação sólida.

REFERÊNCIAS

BÍBLIA – Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.


BÍBLIA – Bíblia do Peregrino. Comentários de L. A. Schockel. São Paulo: Paulus,
2002.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 3ª.ed. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Paulinas,
Loyola, Ave-Maria, 1993.
COLLANS, J. A FÉ CATÓLICA. Documentos do Magistério da Igreja. Edições Lumen
Christi. Mosteiro de São Bento: Rio de Janeiro, 2003.
DOCUMENTOS DO VATICANO II. Constituições, Decretos e Declarações. Petrópolis:
Vozes, 1966.
GIUSSANI, L. É Possível viver assim? Uma diferente abordagem da existência cristã.
Companhia ilimitada, São Paulo.
H. FRIES, A Revelação. In: FEINER, LOEHRER. Mysterium Salutis. I, 1. Petrópolis:
Vozes, 1971.
HARRINGTON, Wilfrid J. Chaves para a bíblia: a revelação, a promessa, a realização.
São Paulo: Paulus, 1985.
http://www.monergismo.com/textos/credos/cfw.htm
https://www.ipportovelho.com.br/artigo/confissao-gaulesa-francesa-ou-de-rochelle-
1559
HUNERMAN, Denzinger. Compêndio do símbolos, definições e declarações de fé e
moral. São Paulo: Edições Loyola, 2007.
JOSEF ROMER, Karl. Antropologia Teológica: a criação do mundo.
LA PENA, Juan L. Ruz de. Teologia da criação. São Paulo: Paulus, 1989.
LATOURELLE, René. Revelação. In: LATOURELLE, René – FISICHELLA, Rino.
Dicionário de Teologia Fundamental. Aparecida/ Petrópolis: Vozes/ Santuário, 1994.
LIBANIO, J. B., Eu Creio. Nós Cremos – tratado da fé. Edições Loyola: São Paulo,
2000.
M. SCHUMAUS. A Fé da Igreja. Volume I – Fundamentos. Petrópolis: Vozes, 1982.
SCHILLEBEECKX, E. Revelação e Teologia. São Paulo: Paulinas, 1968, p. 11-78.
SKA, Jean Louis. Introdução a leitura do Pentateuco São Paulo: Edições Loyola.v.37.
2003.
ZENGER, Erich. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Edições Loyola.v.36.
2003.

Você também pode gostar