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Prof.

ª DAIANE MARDEGAN

APOSTILA:
DISCIPLINA: LEGISLAÇÃO E ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS
Parte 01

CAMPINAS
2019.01

Atenção: O aluno está ciente de que esta apostila traz os assuntos básicos a
serem discutidos ao longo do semestre. Assim, além do conteúdo desta
apostila, deve se orientar e estudar pelos demais conteúdos disponibilizados
ao longo das aulas.

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1) NOÇÕES SOBRE PROPRIEDADE INDUSTRIAL

1.1 Breve introdução

Apenas faz sentido se tratar de propriedade industrial em uma sociedade


industrial, portanto, a Revolução Industrial é o grande estopim desta área do direito.
Com a Revolução Industrial (Sec. XIX), passou-se a perceber que a criação
era algo sinônimo de riqueza, poder e desenvolvimento industrial. Portanto, sendo
importante proteger aqueles que criavam novos mecanismos, equipamentos, etc.
Por isso, o início da discussão de regramentos para a área surgiu no Século
XIX, com a Convenção da União de Paris - CUP (1883)1. Nesta convenção já se
estabelecia que os bens que eram produzidos pelo intelecto humano e que tivessem
aplicação industrial, portanto, podendo gerar desenvolvimento teriam proteção
internacional. Neste ponto pode se observar a característica internacional do Direito
Empresarial e com isso do Direito de Propriedade Industrial.
O Brasil esteve nesta discussão, mas a convenção foi internalizada
formalmente em 1975, com o Decreto 75.572/75. A convenção de Paris, promulgada
pelo Decreto, estabelece que os países devem seguir o princípio da assimilação,
que significa dizer que os países signatários que anuíram à Convenção deveriam ter
lei/norma interna que tratasse acerca das regras de proteção industrial que
seguissem as regras gerais desta Convenção.
A propriedade industrial é comumente confundida com propriedade
intelectual, entretanto, propriedade industrial é uma espécie de propriedade
intelectual.

Propriedade Intelectual
Propriedade
Industrial

Fonte: elaboração própria.

A propriedade intelectual, que é gênero, possui algumas espécies de


regramentos que protegem o intelecto de formas e com características diferentes.
A propriedade industrial trata-se, portanto, da proteção, dentro do Direito
Empresarial, dada a determinados bens incorpóreos, que passam a fazer parte do

1
Para saber quais países fazem parte da CUP consultar: https://inventa.com/pt/convencao/paris

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patrimônio do empresário, garantindo-lhe algum tipo de exclusividade de uso ou
exploração, como se verá mais detalhadamente adiante.

Principais normas a serem consideradas:

✓ Decreto n. 75.572/95 (promulga a Convenção de Paris para a Proteção da


Propriedade Industrial – revisão de Estocolmo, 1967).

✓ CF/88:
Art. 5º, XXIX:
a lei assegurará aos autores dos inventos industriais privilégio temporário
para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à
propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico
e econômico do País.

✓ Lei n. 9.279/96 (LPI) – Principal regramento a tratar do assunto no Brasil.

A legislação e atuação do INPI tem como objeto a proteção destes bens,


para garantia dos seus inventores, bem como a repressão da concorrência desleal e
falsa indicação geográfica.
Há outros regramentos, inclusive, tratados internacionais que tratam do
assunto, mas por ora estes são os principais regramentos a se conhecer.

Acesse esta lei pelo link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9279.htm

1.3 Bens protegidos:

A. Invenção:
Produto ou processo produtivo (metodologia) que ainda não existe no
mercado.
É diferente da descoberta. A invenção é criar algo. Descoberta é descobrir algo
que já existe.
São
patenteáveis.
B. Modelo de utilidade
Aperfeiçoamento de invenção já existente. Não há criação de produto novo, mas
aquele já existente é aperfeiçoado.
Pode ser lançamento de novas versões de carros, dispositivos celulares,
computadores (não dos programas e softwares), etc.
Art. 9º: pode ser patenteado o objeto de uso prático.

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1.3.1 Requisitos (artigos 11 ao 15)

Bem/ Novidade Ato Aplicação Melhoria Licitude


Requisito inventivo Industrial funcional
IINVENÇÃO Algo novo, Algo que Pode ser O invento não
desconhecido decorre da produzido pode ser
invenção e/ contrário à lei, à
de todos,
do ser utilizado moral e aos bons
MODELO mesmos de Deve ser costumes. Não
DE humano e na comprovado que
especialistas podem decorrer
UTILIDADE não de indústria. houve melhoria
na área. de transformação
descoberta. na função do que do núcleo
Art.11 Art. 14 já existia. atômico. Não
envolvam o todo
ou parte de seres
vivos. Art. 18, LPI
FONTE: elaboração própria

C. Desenho industrial (art. 95, LPI)


Não é produto novo, nem mesmo aperfeiçoamento, mas sim diz
respeito à sua forma plástica/estética. A questão aqui é visual novo e
original que possa servir de tipo de fabricação.
Muitos empresários investem no desenvolvimento de novo design
para seus produtos de modo a ter mais competitividade no mercado.
Na prática as vezes ser um pouco difícil de distingui-lo do modelo de
utilidade.
O resultado do desenho industrial é que existe um produto “novo”
pelo qual apenas “eu” poderei explorar. Não pode ser um simples desenho
sem aplicação na indústria.
Para existir um desenho industrial é preciso preencher dois requisitos:
novidade e originalidade. São
Importante salientar, que o desenho industrial não pode ser confundido com registráveis.
obras de arte e vice e versa. As obras de arte não são elaboradas para reprodução
em escala industrial. Elas terão sua proteção dentro dos direitos autorais.
Por exemplo: óculos de sol que teve seu modelo alterado, mas que não
necessariamente diz respeito à sua eficiência, mas à estética.
A garrafa da Coca Cola é um desenho industrial protegido como
embalagem.

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D. Marca
Marca não diz respeito ao nome do empresário ou sociedade
empresária. A marca trata-se de um distintivo que diz respeito à
determinada marca. Tal desenho representa esta marca. Trata-se de uma
marca visual.
Também não é passível de registro e não de patente.
A marca pode ser nominativa (está relacionada a um nome que é
considerado a marca); figurativa (que a identificação da marca é uma figura) e a
marca mista (aquelas em que a marca é representada conjuntamente por um nome
e um figura).
São
• Marca de certificação: registráveis.
Marcas que indicam que aquele produto ou serviço atende a determinada
especificação técnica.

• Marca coletiva:
Dá-se quando um grupo de empresas ou pessoas possuem uma determinada
marca coletiva, ou seja, que identifica tal empresa ou pessoa como fazendo parte
de um determinado grupo.
Ex: Produtores de café que possuem uma marca específica.

• Marca de Produto ou Serviço


Trata-se da marca que diferencia um produto ou serviço de outro.
Ex: McDonald, Apple, etc.

Não são consideradas como marcas e, portanto, passíveis de registro no


Brasil, as “marcas sonoras, olfativas, etc”. Por exemplo, o “plim plim” da Rede Globo
apesar de ser muito conhecido por ser da Globo, não é passível de registro no INPI.
O art. 124, da LPI também destaca diversas questões que não podem ser
objeto de marca. Grande parte dos incisos deste artigo mencionam questões que
não podem por natureza ter relação com a própria atividade empresarial.

2) PATENTE

Título de propriedade temporária para exploração com exclusividade de uma


invenção e/ou modelo de utilidade. Trata-se de direito outorgado pelo Estado, no
caso, pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), autarquia federal
vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e
Serviços.

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A patente é concedida por meio de uma carta patente, conforme modelo
apresentado ao final deste capítulo. Para uma invenção ou modelo de utilidade
poderem ser patenteados eles devem seguir os requisitos indicados no item 1.3.1.
O investimento de tempo e dinheiro para desenvolvimento de uma invenção
e/ou modelo de utilidade é muito alto, por isso, a ideia da patente proteger o direito
de exclusividade à exploração, ainda que por um tempo determinado.
Assim, o direito de exclusividade tem como principais objetivos:
• Impedir que terceiro, sem o seu consentimento, use, produza, coloque à
venda ou importe o produto objeto de patente ou processo ou produto obtido
diretamente por processo patenteado (art. 41, 42 LPI).
• Garanta indenização por exploração indevida. Aquele que explora um
determinado invento que está patenteado pode ter que pagar indenização
por isso.

2.1 Quem pode requerer?


Artigo 6º, §2º, LPI:

§ 2º A patente poderá ser requerida em nome próprio, pelos


herdeiros ou sucessores do autor, pelo cessionário ou por aquele a
quem a lei ou o contrato de trabalho ou de prestação de serviços
determinar que pertença a titularidade.

É importante verificar que nem sempre aquele que tem a patente é o inventor
ou criador do modelo de utilidade. É possível que ele esteja fazendo isso para
alguém, bem como que outra pessoa acabe fazendo o pedido de patente antes dele
por ter obtido informações sigilosas.
E se mais de uma pessoa inventar a mesma coisa? Para quem ficará a
patente? Esta resposta consta do 7º, da LPI:

Art. 7º Se dois ou mais autores tiverem realizado a mesma


invenção ou modelo de utilidade, de forma independente, o direito
de obter patente será assegurado àquele que provar o
depósito mais antigo, independentemente das datas de invenção
ou criação.

Parágrafo único. A retirada de depósito anterior sem produção de


qualquer efeito dará prioridade ao depósito imediatamente
posterior. (grifei)

2.2.1 Invento ou modelo de utilidade desenvolvido por empregado ou


prestador de serviço.

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O empregado, por exemplo, os engenheiros responsáveis pela criação de
um novo processo ou produto, ou mesmo pelo aperfeiçoamento de um produto, não
são “donos” da invenção ou modelo de utilidade? Depende, conforme situações
trazidas no quadro abaixo:

Situação vivenciada Quem será detentor da patente


Invento ou modelo de utilidade PATENTE SERÁ DO EMPREGADOR. (artigo
relacionado a contrato de trabalho 88/89, LPI)
(previsão no contrato) ou com a própria
natureza do serviço (contratação como
desenvolvedor de novos produtos,
serviços, etc)
Invento ou modelo de utilidade não tem PATENTE DO EMPREGADO (artigo 90, LPI)
relação direta com o contrato de trabalho
ou de prestação de serviços e o
empregado não usou recursos
(instalações, equipamentos, etc) do
empregador.
Invento ou modelo de utilidade não é PATENTE COMUM, salvo disposição em
relacionado diretamente ao contrato de contrário no contrato. (artigo 91, LPI)
trabalho ou prestação de serviços, mas
foi feito uso dos recursos do empregador.
Fonte: elaboração própria.

Importante observar que, de acordo com o artigo 217, da LPI aquele que
deseja ser detentor da patente deverá ter domicílio no país ou constituir procurador
devidamente qualificado e domiciliado no Brasil, especialmente, porque o processo
de patente pode ter consequências administrativas e judiciais. Assim, necessário
que o interessado tenha como ser localizado, ainda que por meio de procurador aqui
no Brasil.

2.2 Não patenteáveis


Não podem ser patenteados como invenção ou modelo de utilidade: (art. 10,
LPI):

I - descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos;


II - concepções puramente abstratas;
III - esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros,
educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização;
IV - as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação
estética;

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V - programas de computador em si;
VI - apresentação de informações;
VII - regras de jogo;
VIII - técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos
ou de diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal; e
IX - o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na
natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de
qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais.

2.3 Procedimentos (artigos 19 a 37, LPI)

De acordo com a LPI podemos dizer que as etapas gerais de um pedido de


patente são as indicadas de forma simplificada no fluxo abaixo:

Depósito do Pedido aceito Publicação


pedido (apresentação)
)

Concessão ou Pedido de Exame


não da patente (36 meses)

No site do INPI é possível verificar mais informações detalhadas sobre o


pedido de patente: http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/patente
Toda terça-feira é publicada a Revista de Propriedade Industrial, com os
pedidos apresentados e os registros de patente concedidos:
http://revistas.inpi.gov.br/rpi

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2.4 Tempo de vigência

A patente dura para sempre? Não.


Tanto para invenção quanto para modelo de utilidade, a LPI estabelece
prazos pelos quais os detentores poderão explorar o bem com exclusividade,
conforme artigo 40.

Tipo de bem Prazo de depósito Prazo da concessão


Invenção Máximo de 20 anos Mínimo de 10 anos
Modelo de utilidade Máximo de 15 anos Mínimo de 7 anos
Fonte: elaboração própria.

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A análise do processo pelo INPI pode levar meses ou até anos, por isso,
determinação acima quanto ao tempo mínimo contato da concessão.
Ex: Data do depósito: 15/01/2014.
Data da Concessão 15/01/2020. Serão contados 10 anos a partir desta data
de concessão.

Expirado o prazo da patente (por isso temporário), esta empresa ou pessoa


perde o direito de exclusividade. Ela poderá continuar explorando, mas não terá
mais exclusividade, portanto, possibilitando a exploração por outros.

2.5 Proteção Conferida

De acordo com artigo 42, da LPI A patente confere ao seu titular o direito de
impedir terceiro, sem o seu consentimento, de produzir, usar, colocar à venda,
vender ou importar com estes propósitos:
I - produto objeto de patente;
II - processo ou produto obtido diretamente por processo patenteado

Esta proteção começa a valer a partir da publicação do pedido de patente


pelo INPI, portanto, antes mesmo da concessão da patente em si.

Usuário anterior: (artigo 45, LPI): aquele que já explorava, de boa-fé, o produto ou
processo antes do depósito do pedido de patente, poderá continuar a fazê-lo sem
prejuízo.

2.6 Licenciamento/Cessão da exploração

Cessão da patente: é possível que uma empresa ou pessoa que possua o


direito da patente faça a cessão do direito, por meio de um contrato de cessão para
um terceiro poder utilizar tais bens. Aqui aquele que recebe, cobrará um valor para
esta exploração. Neste caso, implica a transferência da propriedade / titularidade
sobre a patente.

Licença de patente: Trata-se da possibilidade do titular da patente negociar a


exploração da patente com terceiros. Neste caso, o titular não transfere a
titularidade, mas apenas licencia a exploração, mantendo direitos e deveres.

Licença Compulsória (artigos 68/74) (também conhecida como quebra de


patente):

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Trata-se da possibilidade de o proprietário da patente perder o direito de
exclusividade na exploração. Ele não perde a patente, mas poderá não ter mais a
exclusividade. Não há a real perda da patente, pois isso seria conceder a patente
para outro e não é isso que ocorre.
A licença compulsória pode ocorrer em situações de interesse público ou
emergência nacional (artigo 71). É possível que o Estado promova a licença
compulsória para que possa atender esta necessidade. Ex: Governo Lula – licença
compulsória para que outras indústrias fabricassem o remédio Efavirenz,
componente do coquetel para tratamento do HIV.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u134994.shtml

A licença compulsória não ocorrerá antes de um processo, ou seja, sem que


ele tenha condições de se defender. A licença compulsória apenas pode ser
determinada em Decreto do Presidente da República.
A licença compulsória pode ocorrer em razão de abuso do poder
econômico. O abuso ocorre quando uma empresa ou pessoa detém a carta patente
que lhe garante exclusividade na exploração. A exploração ou mesmo não
exploração não pode ser abusiva, sob pena de licença compulsória.
Ex: Uma empresa detém patente de um produto farmacêutico e não o produz em
quantidade que possa atender o mercado, colocar um valor extremamente alto (fora
do que realmente seria justo) para um produto que é necessário para a população. É
possível que se verifique nestas situações, o abuso do poder econômico.

3) REGISTRO DE MARCAS E DESENHO INDUSTRIAL.

Tanto a marca quanto o desenho industrial não passam pelo processo de


patente, mas sim pelo registro no INPI, assim, a forma correta é dizer que a marca e
o desenho industrial são registrados e não patenteados. Nestes casos se recebe um
Certificado de Registro.

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O registro também se trata de um título de propriedade temporária para
uso/exploração de uma marca ou desenho industrial concedido pelo Estado, no caso
do INPI. Os procedimentos internos são diferentes daqueles utilizados para a
patente.
Além disso, existem algumas características diferentes entre as marcas e
desenho industrial que serão colocadas nos tópicos a seguir.

Vale lembrar que assim como a patente, o registro também tem como
principais objetivos de proteção da marca e do desenho industrial para:

• Impedir que terceiro, sem o seu consentimento, use a marca ou explore o


desenho industrial.
• Garantir indenização por uso/exploração indevida. Aquele que usa ou
explora uma marca ou desenho industrial registrados pode ter que pagar
indenização por isso.

3.1 Desenho Industrial

Art. 95. Considera-se desenho industrial a forma plástica


ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e
cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando
resultado visual novo e original na sua configuração externa e que
possa servir de tipo de fabricação industrial.

NÃO PODEM SER REGISTRADOS COMO DESENHO INDUSTRIAL:


• Algo contrário à moral e aos bons costumes, honra ou imagem de pessoas,
atente contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou ideia e
sentimentos dignos de respeito e veneração;
• a forma necessária comum ou vulgar do objeto
• Aquela forma determinada essencialmente por considerações técnicas ou
funcionais.

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Fonte: http://www.rcmarcasepatentes.com.br/mais-um-cliente-com-marca-concedida/

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Fonte: http://www.ciadamarca.com.br/servicos/registro-de-design-e-desenho-industrial

Atentar-se que no caso do desenho industrial valem as mesmas regras


quando a propriedade do registro daquelas apresentadas no item 2.2.1 ao tratar da
patente.
Assim como no caso da patente, tem preferência aquele que fizer o depósito
primeiro. No caso da marca existe uma exceção na lei relacionada àquele que usava

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a mesma marca (idêntica ou semelhante), há pelo menos 6 meses. Neste caso, este
que já usava terá prioridade. (artigo 129, §1º, LPI).

3.2 Vigência das proteções:

Tipo de bem Prazo Prorrogações


Desenho Industrial 10 anos (do depósito) 3 vezes de 5 anos
Marca 10 anos (da concessão) Ilimitadas (10 anos cada)

Importante observar que no caso da marca e do desenho industrial, o


interessado fica obrigado a solicitar a renovação. Caso contrário, também perderá o
direito à marca.
Após os prazos de proteção, os direitos entram em domínio público. Vale
ressaltar que isso corre, inclusive, se os prazos para prorrogações não forem
respeitados.
No caso da marca, caso o titular não explore o direito de seu uso, dentro de 5
anos da concessão, seu direito caducará (artigo 143, LPI), caso não comprove as
razões legítimas para o não uso.

3.3 Algumas observações importantes sobre o registro da Marca

3.3.1 Princípio da especificidade e exceção.

Em regra, a marca segue o princípio da especificidade, o que quer dizer que


ela somente terá proteção dentro do seu ramo de atuação. Portanto, ao registrar
uma marca no ramo de cosméticos, por exemplo, outro empresário pode registrar a
mesma marca em outro ramo.
Este princípio encontra exceção quanto falamos das marcas de alto renome:
Marca de alto renome (art. 125, LPI): marca registrada no Brasil que seja de alto
renome terá proteção em todos os ramos de atividade.
Ex: Goodyear; McDonald’s. Elas estão indicadas no INPI:
http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/marcas/marcas-de-alto-renome
O reconhecimento da condição de marca de alto renome depende de
requerimento do interessado ao INPI por meio de procedimento próprio (Resolução
PR 107/2013). O interessado deve demonstrar que a marca tem amplo
reconhecimento em todo o país, sua importância, amplitude; reputação e prestígio e;
grau de distintividade e exclusividade do sinal marcário.

3.3.2 Marca Notoriamente conhecida (artigo 126, LPI):

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Marca conhecida no Brasil e internacionalmente que acaba por ter proteção
no Brasil sem nem mesmo precisar de registro.
Ela terá proteção no seu ramo, ou seja, ao contrário da de alto renome não terá
proteção em todos os ramos.
Ex: Caso da Skechers http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI118486,41046-
STJ+Direito+de+protecao+a+marca+notoriamente+conhecida+independe+de
A empresa "Sketch" tem registro desta marca de 1996 no Brasil. A “Skechers”
pediu registro, que inicialmente foi negado por entender ser muito semelhante a
primeira. Após batalha judicial, a “Sckechers” conseguiu o registro por ser
considerada uma marca notoriamente conhecida.

3.3.3 Regras quanto aos que podem registrar uma marca.

A LPI traz algumas regras sobre aqueles que podem registrar uma marca.
Em regra, qualquer pessoa física ou jurídica de direito público ou privado pode
solicitar o registro.
Entretanto, no caso das pessoas físicas ou empresas privadas apenas
podem requerer o registro de marca que tenha alguma relação com a atividade que
exercem ou produto que fabricam/comercializam/serviço que prestam, etc.

3.3.4 Vedações

O artigo 124, da LPI traz diversos sinais que não podem ser registrados.
Importante a leitura dos 23 incisos para verificar quais são cada uma destas
situações.

4. Contratos de Cessão e Licença de uso de Marca e Exploração de Desenho


Industrial
Por se tratarem de um direito do detentor do registro, tanto registro de marca
quanto de desenho industrial podem ser objeto de Contratos de Cessão e Licença.

Os contratos de cessão implicam a transferência da propriedade sob o


registro, mediante remuneração. Não cabe qualquer direito ou dever ao proprietário
originário sobre o bem.
Quanto ao licenciamento trata-se de contrato de transferência que não
implica na “perda”/transferência da propriedade, mas da possibilidade de
uso/exploração do terceiro, mediante remuneração. Neste caso, portanto, o
proprietário originário mantém direitos e deveres sobre a marca.

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Obs: Acesse o link abaixo para obter maiores informações sobre os contratos que
envolvem as questões relacionadas ao tema.
http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/transferencia/transferencia-de-tecnologia-mais-
informacoes

FONTE: http://ruralpecuaria.com.br/tecnologia-e-manejo/agricultura/indicacao-
geografica-pesquisadora-do-iea-apresenta-panorama-da-legislacao-e-registro-no-
brasil.html

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