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odelo de Ação Revisional Bancos

Juros Abusivos, parcelas em atraso


Montes Claros, Juros Abusivos, Advogado, preciso de
advogado, veiculo financiado em Montes Claros, januária,
janaúba.
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Publicado por Dr Daniel Pinheiro

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Modelo de Ação Revisional Bancos Juros Abusivos, parcelas em atraso.docx


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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE


DIREITO DA COMARCA DE _____________ - MG
______________, __________, ________,
_______________, portadora da cédula de identidade RG
nº _____________ – SSP/SP e inscrita no CPF/MF sob o nº
_____________, residente e domiciliada à Rua
___________ – _______________ – ______________
– SP, CEP _______________, por seu advogado adiante
assinado, consoante instrumento particular de mandato anexo,
vem, mui respeitosamente à presença de V. Exª, propor a
presente

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE EMPRÉSTIMO


c. C. OBRIGAÇÃO DE FAZER c. C. TUTELA DE
URGÊNCIA
em face de BANCO ______________, pessoa jurídica
_______________, inscrita no CNPJ sob o nº
_______________, sito na Rua __________, nº
_______, Centro, ____________, SP, CEP ___________,
pelos fatos e argumentos que passa a aduzir:
DOS FATOS
A autora é funcionária pública _________, laborando no
___________________________ e, recebe seus
vencimentos através do banco réu, na agência ______, conta
corrente _____________, no endereço acima apontado.

Devido a problemas financeiros, contraiu em meados do ano


___________, um financiamento na modalidade BB
Consignação em Folha, o qual se demonstra da juntada do
incluso histórico de empréstimos e informes de rendimentos.

Consoante seu informe de rendimentos do ano de


_________, a dívida total remontava à quantia
de _____________, já computados os juros e encargos
contratuais.
Tal crédito se mostrou oneroso e a autora buscou o réu com
vistas a tentar uma negociação que tornasse possível o
adimplemento da dívida, mormente pelo fato de que por
desempenhar cargo em comissão, não poderia possuir
apontamentos desabonadores junto aos cadastros de proteção
ao crédito.

Dessa feita, a negociação que teria o condão de tornar a dívida


exequível, acabou por crescer de maneira exponencial, sendo
que mesmo com o pagamento da quantia
de _____________, o saldo residual permaneceu
em ________________.
Nesta toada, no ano de ______, a autora que já havia
pago _____________, ainda detinha um saldo devedor em
aberto no aporte de ________________.
A dívida, conforme se depreende da tabela anexa, mesmo com
os pagamentos vultosos
de ________________________-, ao término do ano
de __________, remontava ______________,
consoante informe de rendimentos anexo.
A autora, que se viu refém de uma situação completamente
absurda, de enriquecimento imoral por parte do banco réu, foi
compelida pelo réu a proceder nova renegociação de sua
dívida, a qual está consubstanciada pelos contratos descritos
no incluso Extrato de Empréstimos.

Os referidos contratos dos quais ora acostamos cópias, numa


atitude desumana e predatória do banco réu, atingiram a
exorbitante soma de 72,64% de seu único rendimento
salarial, comprometendo de forma inexorável seu sustento e
de sua família.
Os descontos em folha de pagamento e débitos em sua conta
salário são ora demonstrados e oriundos das parcelas relativas
a ______________ de empréstimo vigentes, contraídos,
na tentativa de dar cumprimento aos abusivos encargos que
compõem o fornecimento dos créditos, oferecidos de forma
“facilitada” pelo réu.
As parcelas, que somam atualmente um total
de _____________ (______________) de desconto
automático mensal (valor da soma dos descontos de
junho/2016), são oriundas dos empréstimos creditados através
dos contratos abaixo relacionados:
(RELACIONAR AQUI TODOS OS CONTRATOS,
VALOR TOTAL, VALOR DE PARCELAS, E PRAZO
PARA SEU TÉRMINO.)
Portanto, a soma dos valores obtidos através dos contratos de
fornecimento de crédito corresponde a R$
______________ (______________), os quais, diga-se
de passagem, já contam com encargos e juros
cumulados decorrentes dos refinanciamento, somam-
se agora um total de R$ _______________
(__________________), dos quais R$
_______________ (_________________) já foram
pagos, restando pendentes, R$ _____________
(__________________).
Considerando que a autora percebe como líquido (sem o
desconto do consignado) o salário no valor de R$
____________ (_________________), o valor da soma
das parcelas dos contratos vigentes, correspondente a R$
______________
(______________________-) equivale a 72,64%
(setenta e dois vírgula sessenta e quatro por cento) de
se único rendimento.
A situação chegou ao limite, extrapolando o razoável, ficando a
autora ao total desamparo, razão porque recorre ao Poder
Judiciário, com vistas à obtenção da tutela jurisdicional.

DO DIREITO
I – DA TUTELA DE URGÊNCIA
A tutela de urgência ora pleiteada encontra guarida na
expressa dicção do artigo 300, do Novo CPC, que diz:
“ Art. 300. A tutela de urgência será concedida
quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco
ao resultado útil do processo.” (gn).
A situação narrada pela autora, bem como a necessidade de
adequação dos descontos em folha de pagamento e conta
corrente, limitando-os ao percentual de 30% (trinta por cento)
é imperativa, sob pena de perecimento da autora e sua família,
que ora encontram-se privadas do básico para o sustento.
Tal fato, é claro, justifica a limitação dos descontos, o que é
entendimento predominante na jurisprudência dos nossos
Tribunais, inclusive no Superior Tribunal de Justiça.

Com efeito, inegável que os descontos efetuados podem


comprometem a subsistência da autora, uma vez que
consomem parcela significativa do que recebe a título de
salário, sendo razoável a sua redução, conforme pleiteado.

Do contrário, haverá flagrante desrespeito aos princípios


constitucionais da dignidade da pessoa humana, bem como do
artigo 7º, inciso X, da Carta Magna, que prevê a proteção
salarial.
Este tem sido o entendimento jurisprudencial, inclusive no E.
Superior Tribunal de Justiça:

“Trata-se de recurso especial (...), fundamentado no


artigo 105, inciso III, alíneas a e c, da Constituição Federal,
manejado em face de acórdão proferido pelo Tribunal de
Justiça do Estado do Paraná. Nas razões do especial, alega a
parte recorrente, violação dos
artigos 187 e 944 do CC, 535 e 649, IV, do CPC, 6º, IV e
V, 14, 51, I e IV, do CDC e à Súmula 297/STJ e dissídio
jurisprudencial.(...) Com efeito, no que pertine ao desconto em
folha, a decisão proferida pelo Tribunal a quo, ao limitar em
30% (trinta por cento) os descontos decorrentes de
empréstimo bancário efetuados na conta-corrente do ora
recorrente, está em consonância com o posicionamento
firmado por este Egrégio Tribunal, no sentido de não se
admitir que a instituição financeira se aproprie
integralmente do salário do cliente depositado em sua conta
corrente, com o objetivo de solver a dívida decorrente do
contrato de empréstimo, ainda que exista previsão contratual
para tanto. Isso porque, tais verbas, por terem nítido caráter
alimentar, não podem sofrer qualquer tipo de constrição”
(STJ, Resp 1.227.376-PR (2010/0218179-1), 3ª-T., j. Em
7.2.2011, Rel. O Min. VASCO DELLA GIUSTINA).
É, também, o entendimento do Egrégio TJSP:
“AÇÃO REVISIONAL Contrato de Financiamento - Desconto
em folha de pagamento - Pretensão de reforma da sentença
que limitou o desconto de parcelas de empréstimo consignado
em folha de pagamento e por meio de débito em conta
corrente em importância equivalente a 30% do salário líquido
do autor - Descabimento - Hipótese em que a amortização do
mútuo bancário, com a retenção de salário do apelado, atinge
patamares que prejudicam a própria subsistência do
mutuário e de sua família, o que não pode ser admitido -
Total do desconto que deve se limitar a trinta por cento do
valor da remuneração percebida pelo mutuário Recurso
Desprovido” (TJSP, Apel. Nº 0004190-77.2009.8.26.0038,
13ª Câmara de Dir. Priv., v. U., j. 16.3.2011, Rel. A Desª. ANA
DE LOURDES COUTINHO SILVA).
“APELAÇÃO Autora Ação de Obrigação de não fazer c. C.
Reparação moral - Mútuo bancário - Desconto automático da
conta corrente em que o Apelante recebe seus vencimentos –
Cláusula autorizadora - Desconto da totalidade dos
vencimentos – Abusividade da conduta - Ato ilícito Descontos
não podem exceder a 30% (trinta por cento) do valor líquido
do salário recebido - Analogia à Lei 10.820/03, que regula o
empréstimo consignado em folha de pagamento - Limitação
dos descontos e imposição de multa por descumprimento
(art. 461, §§ 4º e 5º, CPC)- Dano moral configurado -
Sentença reformada. Recurso parcialmente provido.” (TJSP,
Apel. nº 990.10.556599-9, 37ª Câmara de Direito Privado, v.
U., j. 17.3.2011, Rel. O Des. Tasso Duarte de Melo).
Imperioso observar que a Lei nº 10.820/2003, em seu
artigo 2º, inciso I, estabelece uma limitação para os descontos
consignados em um percentual máximo de 30% (trinta por
cento) sobre o total da remuneração líquida dos empregados
regidos pela CLT, pois descontos superiores a tal margem
comprometeriam a sobrevivência do tomador dos
empréstimos.
Logo, reputa-se razoável o pedido da concessão da tutela de
urgência para que tais descontos não excedam a 30% dos
vencimentos líquidos da devedora.

II – DA NECESSIDADE DA REVISÃO / ADEQUAÇÃO


DOS CONTRATOS
Por decorrência lógica, e em homenagem aos princípios
constitucionais acima elencados, há de ser procedida a revisão
dos contratos em apreço, de modo a limitar os descontos na
forma prevista em lei.

Concernente à limitação de 30% dos rendimentos líquidos, já


se manifestou o E. Tribunal de Justiça de São Paulo, senão
vejamos:

“CONTRATO BANCÁRIO. Empréstimos. Desconto em conta


corrente-salário. Apropriação do numerário existente na
conta do cliente para pagamento das parcelas.
Inadmissibilidade. Limitação a 30% dos rendimentos
líquidos. Recurso parcialmente provido. Os
descontos de empréstimos na folha de pagamento
são limitados ao percentual de 30% (trinta por cento)
em razão da natureza alimentar dos vencimentos e
do princípio da razoabilidade. (TJ-SP - APL:
00055209320118260344 SP 0005520-93.2011.8.26.0344,
Relator: Gilberto dos Santos, Data de Julgamento:
24/04/2015, 11ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 24/04/2015).” [g. N.].
“APELAÇÃO – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER –
CONTRATO DE EMPRÉSTIMOS – LIMITAÇÃO DOS
DESCONTOS NA FOLHA DE PAGAMENTO DO APELANTE E
NA SUA CONTA CORRENTE EM QUE RECEBE SEU
SALÁRIO EM 30% (TRINTA POR CENTO) DE SEUS
VENCIMENTOS. Os descontos em valores superiores a
30% dos vencimentos do Apelado mostram-se
excessivos, visto o caráter alimentar da verba
recebida. Ademais, embora o Apelado tenha anuído
com consignação das parcelas em valores superiores
a 30% de sua verba salarial, deve ser observada a
limitação do percentual prevista na Lei Federal
nº  10.820/2003. Precedentes do STJ e desta Câmara.
Também não há que se falar na aplicação do Decreto
Estadual nº 51.314/2006, a fim de justificar a possibilidade de
limitação dos descontos no percentual de 50% (cinquenta por
cento) dos vencimentos do Apelado, isto porque, é de se
balizar a questão pelo Princípio da Razoabilidade com base
na Lei Federal nº 10.820/2003, sendo certo que o desconto de
valor excessivo fere a Dignidade da Pessoa Humana. –
RECURSO IMPROVIDO NESTE PONTO. [...]. (TJ-SP - APL:
10104036520158260008 SP 1010403-65.2015.8.26.0008,
Relator: Eduardo Siqueira, Data de Julgamento: 16/12/2015,
38ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação:
17/12/2015).” [g. N.].
Na mesma esteira, têm-se o entendimento esposado pelo
Colendo Superior Tribunal de Justiça, posto que, em atenção
aos Princípios da Razoabilidade e da Dignidade da
Pessoa Humana, fixou o entendimento de que os descontos
de valores realizados de forma consignada em folha de
pagamento de salário, aposentadoria e pensão ou diretamente
na conta bancária em que o indivíduo recebe seus proventos ou
benefícios previdenciários devem ser limitados em 30% (trinta
por cento), por força do caráter alimentar que envolve a verba
em questão.
Neste sentido, destaco os seguintes julgados:

“BANCO. Cobrança. Apropriação de depósitos do devedor. O


banco não pode apropriar-se da integralidade dos
depósitos feitos a título de salários, na conta do seu
cliente, para cobrar-se de débito decorrente de
contrato bancário, ainda que para isso haja cláusula
permissiva no contrato de adesão. Recurso conhecido e
provido.” (STJ REsp. 492.777-RS, Rel. Ministro RUY ROSADO
DE AGUIAR, J. 05/06/2003, DJ de 01.09.2003, p. 298).” [g.
N.].
“ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. DESCONTOS EM
FOLHA DE PAGAMENTO. LIMITE DE 30% (TRINTA POR
CENTO) DOS VENCIMENTOS. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO.
1. Os descontos na folha de pagamento de servidor
público devem ser limitados a 30% (trinta por cento)
de sua remuneração, em função do princípio da
razoabilidade e do caráter alimentar dos
vencimentos. Precedentes. 2. Agravo Regimental do
BANCO SANTANDER desprovido. (STJ; AgRg no REsp
979.442/MS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 09/06/2015, DJe
19/06/2015).” [g. N.].
“AGRAVO REGIMENTAL NO ARESP. EMPRÉSTIMO
BANCÁRIO. DESCONTO EM CONTA CORRENTE DE
PERCENTUAL LIMITADO A 30% DOS VENCIMENTOS DO
CORRENTISTA. POSSIBILIDADE. 1. A jurisprudência
desta Casa consolidou-se em admitir que os
descontos de empréstimos em conta corrente devem
ser limitados a 30% da remuneração, tendo em vista
o caráter alimentar dos vencimentos. Precedentes. 2.
Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ; AgRg no
AREsp 314.901/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI,
QUARTA TURMA, julgado em 18/06/2015, DJe
24/06/2015).” [g. N.]
Não menos importante, consoante se extrai de trecho
consignado no julgado da Apelação nº 0005520-
93.2011.8.26.0344, prolatado pelo Tribunal de Justiça de São
Paulo, o cliente não pode sujeitar-se à um regime de
escravidão, haja vista a natureza social do contrato:

“O simples fato de a cliente ter firmado o contrato e


autorizado os débitos não pode bastar para tornar a situação
imutável. Já é tempo de ser entendido que a expressão “pacta
sunt servanda” não mais tem o significado que se lhe
emprestam os Bancos, pois o contrato não mais serve à
escravidão, porém à libertação da pessoa
humana. Como dispõem a Constituição Federal e o Código
Civil, o contrato só se justifica “em razão e nos limites da
função social”, donde o princípio da força obrigatória jamais
pode superar o da justiça contratual.
Afinal, no mundo atual qualquer contrato tem importância
para toda a sociedade, donde o que prepondera já não é o
relacionamento entre as partes contratantes, mas os reflexos
do negócio jurídico no meio social. Portanto, acima de tudo
devem imperar a dignidade humana, o solidarismo e a
função social do contrato.” [g. N.].
Logo, sendo os descontos das prestações de contratos
bancários em folha e débito em conta corrente, é nítida sua
forma privilegiada de cobrança e, ainda que haja no contrato
cláusula que autorize a instituição debitar automaticamente as
prestações na conta corrente, tal cobrança deve sofrer revisão
assim que o devedor se insurge contra ela.

De fato, embora seja válida a cláusula que autoriza o desconto


em folha de pagamento e, por conseguinte, na conta corrente
onde creditados os salários, o certo é que ao devedor é preciso
garantir condições para sobrevivência. A jurisprudência tem
sido bastante firme em tal sentido:

“A jurisprudência desta Corte tem se firmado no


sentido de que os empréstimos com desconto em
folha de pagamento (consignação
facultativa/voluntária) devem limitar-se a 30%
(trinta por cento) dos vencimentos do trabalhador,
ante a natureza alimentar do salário e do princípio
da razoabilidade.” (STJ - AgRg no REsp 1455715 / SC, Rel.
Ministro HUMBERTO MARTINS, J. 11/11/2014, DJe
21/11/2014)
“É válida a cláusula que autoriza o desconto em folha de
pagamento da prestação de empréstimo contratado, desde
que não ultrapasse o limite de 30% do salário bruto do
devedor, excluídos os valores relativos ao imposto de renda e
fundo previdenciário.” (STJ - AgRg no RMS 30821 / RS, Rel.
Ministro RAUL ARAÚJO, J. 17/12/2013, DJe
04/02/2014).” [g. N.].
Por conseguinte, os descontos em valores superiores a 30% dos
vencimentos da autora mostram-se excessivos, visto o caráter
alimentar da verba recebida e devem ser limitados. Ademais,
embora a Autora tenha anuído com consignação das parcelas
em valores superiores a 30% de sua verba salarial, deve ser
observada limitação prevista na Lei Federal nº 10.820/2003.
Nesse viés, destaco os seguintes julgados da 38º Câmara de
Direito Privado do TJSP:

“AÇÃO REVISIONAL C. C. REPARAÇÃO POR DANOS


MORAIS. CONTRATOS DE EMPRÉSTIMOS. SERVIDORA
PÚBLICA ESTADUAL APOSENTADA. Vários contratos
que estabelecem descontos das prestações em conta
corrente na qual a autora recebe seus proventos de
aposentadoria. Legitimidade dos descontos, porém
limitados a 30% dos vencimentos líquidos.
Percentual que garante a dignidade e a subsistência
da devedora. Inteligência ao art.  2º, inciso  I, da Lei
nº  10.820/03. Honorários Advocatícios que não comportam
redução. Sentença mantida. Recurso não provido. (TJSP,
Apelação nº 1004571-21.2014.8.26.0482, 38ª Câmara de
Direito Privado, Rel. Des. FERNANDO SASTRE REDONDO,
J. 26/11/2014). [g. N.].
Empréstimo mediante débito das parcelas em conta corrente
destinada ao recebimento de vencimentos. Limite de
desconto mensal de 30% da remuneração disponível
Obediência à Lei  10.820/03, art.  1.º,  § 1.º  e  § 2.º  e
art. 6.º, § 5.º, regulamentada pelo Decreto  4.840/03,
art.  3.º,  I  Ônus exclusivo da instituição financeira
pela verificação e a fiscalização da preexistência de
outras operações de natureza idêntica, porventura
impedientes da renovação ou da concessão de novos
financiamentos. Limitação legítima perante o direito
positivo devido à natureza alimentar da verba,
indispensável à sobrevivência digna. Recurso não
provido. (TJSP, Apelação nº 1008760-19.2014.8.26.0037, 38ª
Câmara de Direito Privado, Rel. Juiz CÉSAR PEIXOTO, J.
11/03/2015).” [g. N.].
Assim, conforme restou demonstrado nos documentos
acostados, atualmente o Banco réu retém 72,64% do total dos
vencimentos da autora, o que inviabiliza o mínimo necessário à
sua sobrevivência e de sua família.
Não se pode olvidar que as instituições financeiras,
cuja finalidade principal é a obtenção de lucro,
concedem sucessivos empréstimos, não se
acautelando quanto à capacidade de pagamento do
consumidor, colocando-o em desvantagem exagerada,
ou seja, incompatíveis com a boa-fé e equidade.
Nessa hipótese, a limitação dos descontos a 30% (trinta por
cento) do salário encontra amparo na Jurisprudência vigente,
conforme inúmeros julgados aqui avocados, bem assim, na Lei
Federal nº 10.820/2003.
Destarte, ainda que a autora tenha celebrado os contratos com
o Banco réu no afã de socorrer-se, é certo que as instituições
financeiras possuem a obrigação de verificar a capacidade de
endividamento de seus clientes antes de autorizar
empréstimos, sobretudo com descontos automáticos em conta
corrente ou na própria folha de pagamento.

Assim, deve ser rechaçada de plano a conduta das instituições


financeiras de se apropriarem de considerável parte dos
recursos da remuneração de seus consumidores para se
reembolsarem dos empréstimos concedidos, sem que se faça
um rigoroso controle sobre a saúde financeira de seus clientes.
O consumidor, parte hipossuficiente na relação tem que ser
preservado de descontos que comprometam a proteção
constitucionalmente assegurada ao seu salário, bem como sua
própria sobrevivência, em violação ao princípio da dignidade
da pessoa humana.

Ademais, não se controverte que o Banco réu tem pleno


conhecimento do salário auferido pela autora, vez que este é
depositado em conta corrente do próprio Banco, o qual
mantêm convenio com o Estado de São Paulo.

Porém, apenas a limitação dos descontos no patamar acima


apontado não sana a injustiça e imoralidade das cobranças
extorsivas de juros e encargos, os quais se mostram abusivos e
contrários à boa fé e ao sistema consumerista.

Aqui não se discute a aplicação ou não da limitação dos juros


legais em 12% ao ano, mas, a incidência de juros compostos a
cada renovação de empréstimo, o que fez com que o montante
da dívida se tornasse impagável.

As tabelas acostadas dão a exata proporção de que a dívida


inicial contratada já foi adimplida em valores muito superiores,
mas, a capitalização dos juros e encargos é uma forma de
manter cativo, quase escravo, o consumidor, o que não pode
ser tolerado pelos primados básicos de direito, mormente da
legislação de defesa do consumidor.
Destarte, requer ainda, seja realizada a revisão dos contratos,
de forma a expurgar a incidência de juros sobre juros, por
ocasião de cada refinanciamento, posto que já estavam
comtemplados inicialmente, sendo verdadeiro enriquecimento
sem causa do réu.

DOS PEDIDOS
Posto isto, é a presente para requerer:

a) Seja concedida a tutela de urgência pleiteada, limitando os


descontos na forma pretendida, até o deslinde do feito;

b) A citação do réu na pessoa de seu representante legal, para


que, querendo, apresente a defesa no prazo legal, sob pena de
sujeitar-se à revelia e confissão sobre a matéria de fato;

c) Seja deferido o benefício da justiça gratuita a autora, por


declarar-se pobre na acepção jurídica do termo, juntando
inclusive, declaração de hipossuficiência;

d) A apresentação dos contratos pelo banco réu, sob pena de


não o fazendo seja aplicada a inversão do ônus da prova, na
forma do artigo 6º, VIII, da Lei 8.078/90;
e) A revisão dos valores dos contratos, expurgando-se a
cobrança composta dos juros a cada financiamento;

f) A limitação dos descontos a serem procedidos em folha de


pagamento / conta corrente, no patamar de 30% dos
vencimentos líquidos da autora;

g) Requer a PROCEDÊNCIA TOTAL de todos os pleitos,


tornando definitiva a tutela de urgência, bem como,
condenando o réu ao pagamento de custas, despesas
processuais, honorários sucumbenciais e demais cominações
de estilo;
h) Requer provar o alegado por todos os meios em direito
admitidos, sem exclusão de nenhum, mormente pela oitiva das
partes e testemunhas, perícias técnicas e contábeis, juntada de
novos documentos e demais que se mostrarem necessárias
para o deslinde do feito.

Dá-se ao presente o valor de R$ ________________


(__________________).
Termos em que,

Pede deferimento.

______________, ___ de ___________ de 2016.

NOME DO ADVOGADO

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