Você está na página 1de 8

Recebido em 30/09/2017; Aceito em 20/11/2017; Publicado na web em 04/06/2018

Ensaio de corrosão em placa de aço


carbono comum e galvanizado para
determinação da taxa de corrosão
atmosférica na cidade de São Luís
129
Fernando Célio monte Freire filho1;
Gabriel Alves Cantanhede2;
Edson Hiroharo Vieira Togawa3;
Vallena Maria Macêdo Rezende4;
Renata Medeiros Lobo Müller5;
Claudemir Gomes de Santana6;

1 Estudante do Curso de Engenharia Civil da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco-UNDB;E-mail: f.freire02@gmail.com;

2 Estudante do Curso de Engenharia Civil da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco- UNDB; E-mail: gbrlt77@gmail.com;

3 Estudante do Curso de Engenharia Civil da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco-UNDB; E-mail: edsontogawa@gmail.com;

4 Estudante do Curso de Engenharia Civil da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco-UNDB; E-mail: vallenamaria@hotmail.com;

5 Professor da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco-UNDB Líder do Grupo de Pesquisa; E-mail: r.lobomuller@hotmail.com;

6 Professor Unidade de Ensino Superior Dom Bosco-UNDB Líder do Grupo de Pesquisa; E-mail: csantana0405@gmail.com;

RESUMO
A corrosão é um problema que afeta toda uma sociedade, seja diretamente nos aparelhos
pessoais, eletrônicos e eletrodomésticos ou indiretamente, como em rede de distribuição
elétrica, placas cirúrgicas, entre outros. Este trabalho teve por objetivo avaliar e classificar
a taxa de corrosão atmosférica dos diferentes ambientes agressivos na de São Luís - MA e,
para tal, fez-se necessário a implementação de metodologia com exposição de corpos-de-
-prova padrões através de uma Painel de Intemperismo Natural, para que, por meio dessa
metodologia, determinar a taxa de corrosão atmosférica bem como suas características,
tipo de corrosão e ambiente de estudo sobre os corpos-de-prova.

Palavras-chave: Corrosão. Atmosfera. Intemperismo.

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 2, 2017


Corrosion test on carbon steel plate and
galvanized carbon for determination of
the atmospheric corrosion rate in the
city of São Luís
130
ABSTRACT
Corrosion is a problem that affects a whole society, being directly or indirectly in the personal,
electronics and electric appliances, such as in electric distribution system, surgical plates, among
others. This work aims to evaluate and classify the atmospheric corrosion rate of different
aggressive environments along São Luís - MA. It is consequently necessary to implement a
methodology by exposing standard specimens through a Natural Weathering Panel, and through
this methodology, determine the rate of atmospheric corrosion as well as its characteristics, type
of corrosion and study environment on the specimens.

Keywords: Corrosion. Atmosphere. Type. Corrosion rate.

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 2, 2017


1 INTRODUÇÃO os efeitos de salinidade são mais intensos.
Um quinto de toda a produção do aço no
Todo metal, após o processamento, tem
mundo é usado para repor ou solucionar os
uma tendência natural de voltar ao seu es-
problemas de manutenção relacionados à
tado inicial de minério. Esse processo afe-
corrosão, essa questão que afeta diretamen-
ta uma sociedade industrializada de várias
te a economia mundial. Em São Luís – MA,
maneiras e envolve aspectos econômicos
os danos causados por essa patologia são
relevantes, com muitas razões para ser evi- 131
ainda maiores tendo em vista que a cidade
tada. Callister (2011) estima que aproxima-
é uma ilha e que apresenta grande influên-
damente 5% do PIB de um país industria-
cia da névoa salina, associado aos fatores
lizado é gasto na prevenção, manutenção
das emissões dos veículos e indústrias, que
e/ou substituição de produtos perdidos ou
potencializam a emissão de agentes quími-
contaminados como resultado dessas rea-
cos à atmosfera, contribuindo para intensi-
ções de oxidação, sendo necessária a utili-
ficação do processo corrosivo.
zação de maiores coeficientes de segurança
e materiais nobres e caros, parada temporá- Segundo Costa apud Brambilla (2009), ma-
ria da utilização do equipamento ou da es- teriais metálicos próximos à orla marinha,
trutura, contaminação de produtos, perda expostos ao aerossol, tem um potencial
de eficiência, perda de credibilidade, riscos de corrosão 8 vezes maior que em outras
de graves acidentes, etc. localidades. Assim, o estudo das variáveis
que influenciam no processo de corrosão
Segundo Gentil (2011), a “corrosão pode ser
atmosférica em regiões litorâneas, é de fun-
definida, de modo simples, como sendo a
damental relevância, haja vista que grande
tendência espontânea do metal produzido
parte dos materiais presentes no cotidiano
e conformado de reverter ao seu estado ori-
está suscetível ao processo de degradação.
ginal, de mais baixa energia livre”. Já para
Callister (2011) “corrosão é definida como Tendo visto os danos causados por essa pro-
o ataque destrutivo e não intencional a um blemática, o trabalho se dispõe a avaliar o
metal; esse ataque é eletroquímico e come- índice de corrosão da cidade de São Luís –
ça normalmente pela superfície”, uma vez MA, trabalhando com a montagem de uma
que é na superfície que ocorre maior con- estação de monitoramento da corrosão,
tato do metal com os gases e compostos com a exposição de corpos de prova com-
químicos que tem a capacidade de ativar o posto por placas de aço carbono comum
processo de corrosão. e aço galvanizado, para obter o potencial
corrosivo da cidade.
Uma das maiores patologias associadas à
Construção Civil se refere a esse assunto,
problemática que está presente em todo e
2 METODOLOGIA
qualquer tipo de obra, principalmente em Para avaliar o índice de corrosão atmosfé-
obras localizadas em regiões costeiras, onde rica na cidade de São Luís- MA, utilizou-se

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 2, 2017


como metodologia padrão a Norma Brasi- corpo de prova a uma solução de ácido clo-
leira, NBR 6209:2007, na montagem de um rídrico (HCl) a 10% por dois minutos.
painel de exposição no qual foram instala- Em seguida, fez-se a limpeza das placas para
dos os corpos de prova de aço carbono e de a retirada das possíveis impurezas, utilizan-
aço galvanizado. do, para tanto, uma palha de aço envolvida
Construiu-se um painel com uma inclinação por carbonato de sódio, passando por toda
superfície do corpo com movimentos de
de 30˚ em relação ao solo, sendo o primeiro
132 cima para baixo e logo se lavou com água
nível a uma altura de 1 metro. Verificou-se
para a retirada das substâncias.
que a essas características os corpos de pro-
va metálicos já não sofriam possíveis influ- O último processo foi o de secagem do cor-
ências do substrato, tais como: reflexão de po de prova, em que, primeiramente, re-
raios solares, umidade, arraste eólicos e etc. tirou-se o excesso de água utilizando um
papel macio. Em seguida, introduziu-se em
Ainda segundo a norma já citada, o painel um recipiente contendo álcool, como agen-
foi instalado em uma base de concreto, ve- te desengraxante, para logo levá-los para
rificando a ausência de qualquer vegetação a estufa por 30 minutos a temperatura de
rasteira nas proximidades. Optou-se por 100˚C. Finalizando o processo de secagem,
implantá-lo na cobertura de um prédio, os corpos de provas foram colocados em um
ficando livre de influências de meios ex- dessecador durante 45 minutos, até a estabi-
ternos, tais como: canalização e/ou interfe- lização da temperatura. Verifica-se na figura
rências no fluxo normal do vento, sombras, 1 o antes e depois do processo de limpeza.
reflexos de vidros, entre outros. A fixação Figura 1: Placas de aço carbono comum an-
dos corpos de provas se deu utilizando-se tes e pós-limpeza:
uma borracha fixa a um parafuso resistente
a corrosão. Adotou-se esse tipo de material
inerte com relação à influência da diferença
de potencial sobre os corpos de prova.

Os corpos de prova adotados para o moni-


toramento da corrosão foram constituídos
de placas de aço carbono comuns e aço
galvanizado nas dimensões de 10 cm de
largura, por 15 cm de comprimento a uma
espessura 20 mm. Primeiramente, utilizou- Fonte: Autores.

-se como metodologia de preparo e limpeza O processo de limpeza dos corpos de prova
dos corpos de prova, os procedimentos es- de aço carbono galvanizado segue o mesmo
tabelecidos pela norma técnica ABNT NBR processo do aço carbono comum, no en-
N° 6210:1982 e o procedimento de limpeza tanto não passa pela solução ácida, poden-
das placas antes da exposição. Imergiu-se o do ser verificado seu resultado pela figura 2.

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 2, 2017


Figura 2: Placas de aço carbono comum an- Realizada a pesagem dos corpos de provas,
tes e pós-limpeza: estes foram instalados na estação de moni-
toramento, ou painel de intemperismo na-
tural, conforme mostrado na figura 3, para
ficarem expostos aos agentes corrosivos
atmosféricos para avaliação de seu com-
portamento. Semanalmente, verificou-se
133
por meio de observações visuais e registros
fotográficos, substituindo-se um corpo de
prova de cada tipo, num período de 30 dias
corrido, a fim de avaliar a taxa de corrosão
Fonte: Autores. durante o período de exposição.
Após o processo de limpeza do corpo de Figura 3: Painel de exposição com placas
prova, identificou-se e pesou-se os mesmos de aço carbono comum e galvanizado:
em uma balança analítica a fim avaliar os
processos de deposição e corrosão, com
base na formação dos depósitos sobre a su-
perfície dos corpos de prova, ganho de mas-
sa e a corrosão após a remoção dos produ-
tos de corrosão com perda de massa após a
limpeza, obtendo-se o máximo de precisão
possível na taxa de corrosão sofridas pelas
placas de aço carbono e de aço galvanizado.
Fonte: Autores.
A tabela 1 abaixo mostra os resultados obti-
dos para cada corpo de prova.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1: pesos dos corpos de prova:
Com a instalação dos corpos de prova,
Aço Aço Carbono
PARÂMETROS Carbono Galvanizado acompanhou-se o processo de corrosão se-
comum (g) (g) manalmente durante a exposição, para ob-
Corpo de prova 01 106,1350 113,3740 ter a taxa de corrosão mensal da cidade de
Corpo de prova 02 105,8235 113,2128 São Luís/MA e realizar uma análise da forma
Corpo de prova 03 106,1354 114,2627
de corrosão em relação ao meio corrosivo.
Corpo de prova 04 105,8358 111,3745
Corpo de prova 05 106,2214 113,5838 As formas (ou tipos) de corrosão podem
Corpo de prova 06 104,5065 113,6466 ser apresentadas considerando-se aparên-
Corpo de prova 07 105,9058 108,4075 cias ou tipo de ataque e as diferentes causas
Corpo de prova 08 105,9498 113,5628 da corrosão e seus mecanismos (GENTIL,
Corpo de prova 09 105,9737 113,9758 2012, p. 45). Morfologicamente pode ser
Fonte: Autores. dívida em: uniforme, por placas, alveolar,

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 2, 2017


puntiforme ou por pite, intergranular (ou proporções diferentes, apresentando novos
intercristalina), intragranular (ou trans- valores na pesagem, verificado pela tabela 2.
granular ou transcristalina), filiforme, por
Tabela 2: pesos dos corpos de prova, após o
esfoliação, grafítica, dezincificação, empo-
primeiro mês e antes da limpeza:
lamento pelo hidrogênio e em torno de
cordão de solda. Ao término do primeiro Aço Aço carbono
Descrição carbono galvanizado
mês de exposição, retirou-se uma placa de comum (g) (g)
134
aço carbono comum e uma placa de aço Corpo de prova 01 106,5545 113,4216
carbono galvanizado, realizou-se o proce-
Fonte: Autores.
dimento de pesagem antes e pós-limpeza,
onde os aspectos visuais são observados nas Verifica-se um aumento na massa dos corpos
figuras de 4 e 5. de prova devido a crosta. No entanto, obser-
va-se a perda de massa dos corpos de prova
Figura 4: Placa de aço comum após o pri-
após a limpeza, demostrado pela tabela 3.
meiro mês e antes da limpeza:
Tabela 3: pesos dos corpos de prova, após o
primeiro mês e depois da limpeza:

Aço Aço carbono


Descrição carbono galvanizado
comum (g) (g)

Corpo de prova 01 105,6563 113,3552

Fonte: Autores Fonte: Autores.

Figura 5: Placa de aço galvanizado após o Observa-se que as placas de aço sofreram
primeiro mês e antes da limpeza: corrosão além de uniforme a pontual, po-
dendo ser verificado pelas figuras 6 e 7.

Figura 6: Placa de aço comum após o pri-


meiro mês e depois da limpeza:

Fonte: Autores.

Através das fotos, verifica-se a princípio que


os corpos de prova sofreram corrosão do
tipo uniforme por toda sua superfície em Fonte: Autores.

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 2, 2017


Figura 7: Placa de aço galvanizado após o T: taxa de corrosão (mm/ano)
primeiro mês e depois da limpeza:
S: área exposta da superfície do cupom
(mm²)

t: tempo

d: densidade (g/cm³)

• Aço carbono
135

Fonte: Autores.

O meio corrosivo para avaliação desse projeto


foi o atmosférico, sendo influenciado, princi- T = 0,049 mm/ano
palmente, por fatores como: umidade relativa,
• Aço galvanizado
substâncias poluentes, substâncias emitidas
pela névoa marítima, temperatura e tempo de
permanência de exposição do corpo de prova.

A corrosão atmosférica pode acontecer em


três tipos de estado: seco, úmido e molha-
do. Para a cidade de São Luís identifica-se
como sendo uma corrosão atmosférica úmi- 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
da, que, segundo Gentil (2012, p.58) ocorre
Tendo-se verificado a taxa de corrosão atmos-
em atmosfera com umidade relativa menor
férica referente ao mês de agosto de 2017 na
que 100%. Apresentando em sua atmosfe-
cidade de São Luís-MA, foram obtidos alguns
ra além dos gases constituintes tais como
parâmetros sobre a localização e a intensida-
oxigênio, hidrogênio, nitrogênio, sulfato
de da ação corrosiva. Segundo a norma NA-
entre outros, possui um fator influenciador
CE-RP-07-75, a corrosividade pode ser classi-
bastante presente de névoa salina contento
ficada de acordo com a tabela 4:
sais como cloreto de sódio (NaCl) e cloreto
de magnésio (MgCl2). Tabela 4: Classificação da corrosividade:

Obtidos esses resultados, calculou-se a taxa Taxa de corrosão


Corrosividade
de corrosão segundo a norma NACE (Natio- uniforme (mm/ano)
nal Association of Corrossion Engineers),
<0,025 Baixa
podendo ser expressa pela equação abaixo:
0,025 a 0,12 Moderada
0,13 a 0,25 Alta
> 0,25 Severa
Fonte: Autores.

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 2, 2017


Conclui-se que, neste período de exposição, a taxa de corrosão para o aço carbono comum
pode ser classificada como moderada, pois apresentou como resultado uma taxa 0,049
mm/ano. Para o aço carbono galvanizado, a taxa de corrosão foi de 0,0192 mm/ano,
sendo considerada baixa, conforme classificação de acordo com a tabela 4, uma vez que a
avaliação da corrosão está sendo realizada numa região costeira.

REFERÊNCIAS
136
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6209: materiais metálicos não
revestidos - ensaio não acelerado de corrosão atmosférica. Rio de Janeiro, 2007, 8 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6210: preparo, limpeza e ava-


liação da taxa de corrosão de corpos de prova em ensaios de corrosão atmosférica. Rio de
Janeiro, 1982, 16 p.

BRAMBILLA, Kelly J.C. Investigação do grau de corrosividade sobre materiais metáli-


cos das redes aéreas de distribuição de energia elétrica (RD) da região metropolitana
de Salvador - BA. 2011. 136 f. Tese (Mestrado em Engenharia e Ciências dos Materiais)
- Departamento de Tecnologia, Universidade Federal do Paraná, 2011.

CALLISTER, W. D. Ciência e Engenharia de Materiais: uma introdução. 7. ed., Rio de


Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2011, 705 p.

GENTIL, V. Corrosão. 6. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2011, 360 p.

CALLISTER, W. D. Ciência e Engenharia de Materiais: uma introdução. 7. ed. Rio de


Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2011, 705 p.

NACE Publication 3D170. Electrical and Electrochemical methods of Determining


corrosion Rates, Houston, 1984.

ACTA TECNOLÓGICA v.12, nº 2, 2017

Você também pode gostar