Indiretas GESSO

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E.T.E.

“Philadelpho Gouvêa Netto” - São José do Rio Preto

ROTEIRO DE AULA – Materiais de Prótese


Professor : Christianno Vinicius Semedo

GESSOS ODONTOLÓGICOS

Os produtos do gesso provavelmente servem à profissão odontológica mais


adequadamente que qualquer outro material. Os materiais de gesso comum, gesso pedra, de
gesso pedra de alta resistência/ alta expansão e os materiais de revestimento para fundição
constituem esse grupo de produtos relacionados. Com pequenas modificações, os produtos
à base de gesso são utilizados em várias indicações.

UTILIZAÇÃO EM ODONTOLOGIA

- construção de modelos de arquivo, estudo e trabalho;


- construção de troquéis – modelos unitário.
- moldagem para confeccionar próteses totais (solúvel)
- material acessório (preenchimento)
- montagem de modelos em articuladores.
- aglutinante para a sílica (em revestimentos para fundições de ligas de ouro, de soldagem e
de ligas níquel-cromo de baixa fusão).

A principal razão para o seu uso diversificado é que os materiais à base de gesso são
de natureza única e suas propriedades podem ser facilmente modificadas por meios físicos
ou químicos.
A forma do Sulfato de Cálcio Diidratado, chamada gesso, geralmente é de cor
branca ou amarelo-leitosa e é encontrada na natureza como uma massa compacta. A gipsita
mineral é de importância comercial, sendo fonte do gesso de Paris.O termo gesso Paris foi
aplicado para esse produto porque ele é obtido pela queima da gipsita proveniente de
depósitos próximos à Paris, na França. Os depósitos de gipsita, no entanto, atualmente são
encontrados na maioria dos países.

Natureza Física e Química dos produtos de Gesso.


A maioria dos produtos de gesso é obtida da pedra natural de gipsita. Pelo fato da
gipsita ser a forma diidratada do sulfato de cálcio (CaSO4-2H2O), ela é aquecida para
perder 1,5g mol de seu 2g mol de H2O sendo convertida em Sulfato de Cálcio
Hemiidratado (CaSO4-1/ 2H2O), algumas vezes escrito como 2(CaSO4)-H2O . Quando o
sulfato de cálcio é misturado em água, acontece a reação reversa, e o sulfato de cálcio
hemiidratado é convertido de volta para sulfato de cálcio diidratado. Portanto a
desidratação parcial da pedra de gipsita e a reidratação do sulfato de cálcio hemiidratado
constitui uma reação reversível. Quimicamente é expressa como apresentado a seguir.
A reação é exotérmica, e quando 1g mol de sulfato de cálcio hemiidratado reage
com 1,5g mol de água, são formados 1g mol de sulfato de cálcio diidratado e 3900 calorias
de calor.

CaSO4 - 1/2H2O + 11/2H2O = CaSO4-2H2O + 3900cal/g mol.


Gesso Paris (Gipsita) + Água = Gesso.

Fabricação do gesso-comum, gesso-pedra e gesso pedra de alta resistência.


Três tipos de materiais brutos de base são derivados da gipsita. O gesso Plaster
COMUM TIPO 2 é fofo, poroso e menos denso, enquanto o tipo hidrocal TIPO 3possui
densidade mais alta e é mais cristalino. Densite PEDRA 4-5 é o mais denso destes
materiais.
São fornecidos sob a forma de pós, finos, brancos e pigmentados, para fins de identificação.
Embora esses três tipos sejam idênticos na fórmula química de Sulfato de Cálcio
Hemiidratado = (CaSO4)2H2O, eles possuem propriedades físicas diferentes, a qual os torna
adequados para diferentes indicações em Odontologia. A diferença está na maneira de
LIBERAR PARTE DA ÁGUA do sulfato de cálcio diidratado.
O gesso comum (Plaster – tipo 2 ) é produzido quando o mineral quando o mineral
gipsita é aquecido numa chaleira aberta na temperatura de aproximadamente 110 a 120ºC.
Se a gipsita for desidratada sob pressão, na presença de vapor de água, a 125º, o
produto obtido é chamado hidrocal – tipo 3.
Os gessos-pedra tipos 4 e 5, de alta resistência, são fabricados com o material bruto
de alta densidade chamado densite. Essa variedade é feita ao se ferver, a pedra de gipsita
em uma solução de cloreto de cálcio a 30%; em seguida o cloro é enxaguado com água
quente (100ºC) e o material é moído para atingir a granulação desejada. O pó obtido por
esse processo é de alta resistência.
Os produtos de gesso podem ser formulados com substâncias químicas para
modificar as suas características e propriedades de manuseio. Os fabricantes ajustam a
velocidade de presa no hemidrato original adicionando-lhes aceleradores e retardadores.
Aceleradores:
- sulfato de potássio a 2% (K2SO4)
- terra Alba (sulfato de cálcio diidratado cristalizado)
- cloreto de sódio (NaCl até 5%) em pequenas quantidades acelera a reação de presa, e em
grandes quantidades retarda.
- água gessada
Retardadores:
- NaCl (sal de cozinha) a 10%
- citrato de sódio a 10%;
- citrato de potássio a 10%;
- goma arábica;
- sangue.
Uma mistura de óxido de cálcio (0,1%) e goma arábica (1%) reduz a quantidade de água
necessária para misturar os produtos de gesso, resultando em propriedades melhoradas.
O gesso tipo 4 difere do tipo 5, pois o tipo 4 contém sais extra para reduzir a sua expansão
de presa.(tipo 4 alta resistência/ baixa expansão, tipo 5 alta resistência/ alta expansão)
REAÇÃO QUÍMICA

A reação que ocorre durante a presa dos produtos de gesso determina a quantidade
de água necessária. A reação de 1g mol de gesso comum com 1,5 g mol de água produz 1g
mol de material de gesso. Em outras palavras, 145g de gesso comum requer 27g de água
para reagir e formar 172g de gesso. Portanto, 100g de gesso comum requer 18,6 g de água
para formar sulfato de cálcio diidratado. Como visto na prática, no entanto, o gesso comum
para modelo não pode ser misturado com uma quantidade de água tão pequena e ainda
desenvolver uma massa adequada para manipulação. A tabela abaixo mostra a água
recomendada para a mistura, a água requerida e o excesso de água permitido para o gesso
comum, o gesso-pedra e o gesso especial (pedra-melhorado ou pedra de alta resistência)

Tipo de gesso Água de mistura Água necessária Água em excesso


(mL / 100g de pó) (mL / 100g de pó) (mL / 100g de pó)
Gesso comum 37 a 50 18,6 18 a 31
Gesso pedra 28 a 32 18,6 9 a 13
Gesso especial 19 a 24 18,6 0a5

Exemplo: Para misturar 100g de gesso comum para modelo até obter uma consistência
adequada, use 45mL de água. Note que apenas 18,6g dos 45mL de água reagem com 100g
do gesso comum para modelo, e o excesso fica como água livre na massa cristalizada, sem
ser usada na reação química. A água em excesso é necessária para molhar as partículas de
pó durante a mistura. Naturalmente, se 100g do gesso comum para modelo for misturado
com 50mL de água, a massa resultante é mais fina, e a mistura é vazada mais facilmente no
molde, porém a qualidade do gesso cristalizado é inferior e mais fraca que quando são
utilizados 45mL de água. Quando o gesso comum é misturado com uma quantidade menor
de água, a massa misturada é mais espessa, é mais difícil de ser manipulada e encapsula
bolhas mais facilmente quando é vazado no molde, mas o gesso endurecido geralmente é
mais forte. Assim, o controle cuidadoso da quantidade adequada de água na mistura é
necessário para a manipulação adequada e qualidades ideais da massa cristalizada.

A principal diferença entre os tipos de gesso está no formato dos cristais de sulfato de
cálcio hemiidratado. No gesso comum, os cristais são irregulares em formato e porosos em
natureza, enquanto os cristais do gesso pedra e dos dois gesso pedra de alta resistência são
densos e mais regulares em formato. Esta diferença possibilita a obtenção da mesma
consistência com menos água em excesso para o gesso pedra que para o comum. O especial
requer menos ainda. A diferença nas proporções água/ pó tem um efeito pronunciado na sua
resistência à compressão e à abrasão.
Note que todos os produtos de gesso possuem a mesma fórmula química, e a natureza
química das massas produzidas pela mistura deles com água também é idêntica (massa dura
de gesso), as diferenças entre eles estão em princípio nas suas propriedades físicas.
PROPRIEDADES
As importantes incluem qualidade, fluidez no momento de vazar, o tempo de presa, a
expansão linear de presa, resistência à compressão, resistência à tração, dureza, resistência
à abrasão e a reprodução de detalhes. Estes requisitos são descritos pela especificação nº 25
da ANSI/ADA (ISSO 6873), assim resumidas:
Faixa de Resistência à Reprodução dos
Tipo expansão de compressão (MPa) detalhes (um)
presa ( % )
Gesso comum 0 – 0,30 9,0 75 +/- 8
Gesso pedra 0 – 0,20 20,0 50 +/- 8
Gesso pedra de alta resistência 0 – 0,15 35,0 50 +/- 8
/ baixa expansão
Gesso pedra de alta resistência 0,16 – 0,30 35,0 50 +/- 8
/ alta expansão
Tempo de presa final é o tempo necessário para a reação completar.
 O tempo de presa não pode ter uma diferença maior que 20% do valor afirmado
pelo fabricante.
 Se a velocidade da reação é muito rápida ou o material possui um tempo de presa
curto, a massa misturada pode cristalizar-se antes do operador conseguir manipulá-
la adequadamente. Por outro lado, se a reação for muito lenta, é necessário um
tempo excessivamente longo para completar o procedimento.
A reação química se inicia no momento em que o pó é misturado com a água, mas no
estágio inicial apenas uma pequena parte do hemiidrato é convertida para gesso.A massa
recém-misturada possui uma consistência semifluida e pode ser vazada em um molde com
qualquer formato. À medida que a reação procede, mais cristais diidratados são produzidos;
a viscosidade aumenta, e a massa não pode mais fluir reproduzindo detalhes do molde. É o
fim do chamado tempo de trabalho.O tempo de presa final é quando o material pode ser
separado do molde sem distorção ou fratura.
Proporção água/pó
O operador pode mudar o tempo de presa dos gessos alterando a proporção água/pó (A/P)
ou a extensão da manipulação.
Quanto mais água tiver a mistura de gesso, maior será o tempo de presa.
Material Proporção água/pó (mL/g) Giros de Tempo inicial (Vicat) de
espatulação presa (minutos)
Gesso comum 0,45 8
0,50 100 11
0,55 14
Gesso-pedra 0,27 4
0,30 100 7
0,33 8
Gesso-pedra de alta 0,22 5
resistência. 0,24 100 7
0,26 9

O aumento da espatulação diminui o tempo de presa, assim como o uso do misturador


elétrico.

Material Proporção água/pó Giros de espatulação Tempo de presa


20 14 minutos
Gesso comum 0,50 mL/g 100 11 minutos
200 8 minutos

Propriedades do gesso-pedra para troquel Mistura manual Mistura elétrica a vácuo


Tempo de presa 8,0 7,3
Resistência à compressão após 24h (Mpa) 43,1 45,5
Expansão de presa após 2h (%) 0,045 0,037
Viscosidade, centipoise (cp) 54000 43000

Efeito da viscosidade
Foram observadas mais bolhas nos modelos confeccionados com gesso-pedra com as
viscosidades mais altas.
O gesso comum para moldagem é utilizado com pouca freqüência, mas ele possui baixa
viscosidade, o que possibilita moldagens com um mínimo de força nos tecidos moles
(técnica mucostática).

Quanto MAIS ÁGUA for utilizada para a mistura, MENOR será a resistência à compressão.

Material Proporção água/pó (mL/g) Resistência à compressão (MPa)


0,45 12,5
Gesso comum 0,50 11,0
0,55 9,0
0,27 31,0
Gesso-pedra 0,30 20,5
0,50 10,5
0,24 38,0
Gesso especial 0,30 21,5
0,50 10,5

PROPRIEDADES REQUERIDAS
a) VISCOSIDADE
b)RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
c)DUREZA DE SUPERFÍCIE E RESISTÊNCIA À ABRASÃO
d)RESISTÊNCIA À TRAÇÃO
e)REPRODUÇÃO DE DETALHES
f)EXPANSÃO DE PRESA
g)MANIPULAÇÃO
PROBLEMAS SELECIONADOS

Problema 1: O troquel de gesso-pedra de alta resistência algumas vezes fratura durante a


sua separação dos moldes borrachóides. Como essa dificuldade pode ser minimizada?

Problema 2: As superfícies oclusais dos dentes de um modelo de gesso tipo 3 , vazado em


molde com alginato, estava esfareloso e friável. O que pode ter acontecido, e como esse
problema pode ser resolvido?

Problema 3: A superfície do troquel de gesso-pedra de alta resistência sofreu desgaste


durante a preparação do padrão de cera. O gesso tipo 4 pode ser tratado para criar uma
superfície mais resistente à abrasão que seja menos suscetível a danos durante a confecção
do padrão de cera e do acabamento da fundição?
Solução 3: Aparentemente não, pelo fato de as soluções endurecedoras disponíveis, e de
várias técnicas de impregnação, possuírem pouco efeito na resistência do gesso tipo 4 à
abrasão. As soluções endurecedoras resultam em expansão de presa discretamente maior
nos troquéis de gesso-pedra de alta resistência.

Problema 4: Um modelo de trabalho de gesso-pedra, para a confecção de uma prótese


total, foi colocado num recipiente com água antes dele ser montado no
articulador.Inadvertidamente, o modelo foi deixado em água durante toda a noite.Após o
modelo ser montado e seco, apareceu uma superfície rugosa anormal.O que aconteceu?

Problema 5: A extremidade externa do modelo de gesso-pedra foi recortada num cortador


de gesso, vários dias depois de ter sido vazado. O recorte foi muito mais difícil que quando
feito num período anterior, logo após a presa. Por que foi mais difícil recortar o modelo, e
como essa dificuldade pode ser corrigida?

TEMAS PARA PESQUISA

1-Mecanismo de presa
2-Contração volumétrica
3-Efeito da temperatura
4-Efeito da umidade
5-Efeito dos sistemas coloidais e do pH.
6-Mensurações
7-Fatores controlados pelo fabricante
Bibliografia:
- Materiais dentários restauradores CRAIG, R G; POWERS, J M.
- Materiais dentários: propriedades e manipulação CRAIG, R G; POWERS, J M ; WATANA, J C.
- Materiais dentários PHILIPS
- Materiais dentários de SKINER
- Química, ciências, tecnologia e sociedade. Ed FTD. REIS, Martha.
- Química do cotidiano. Ed Moderna. FELTRE, Ricardo.

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