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Você Está A Caminho Do Inferno Do Áudio
Você Está A Caminho Do Inferno Do Áudio
áudio?
A questão: Nós audiófilos, estamos sempre tentando aperfeiçoar nossas habilidades de
avaliar componentes de áudio. No entanto, os próprios métodos que usamos podem
resultar em exatamente o oposto do efeito desejado, ou seja, tédio ou frustração com
o nosso sistema de áudio, antes mesmo de ter pago por ele, em outras palavras, o
INFERNO DO ÁUDIO. Faça o teste abaixo para ajudar a determinar rapidamente se
você viajou por esta estrada recentemente:
1. Você organiza comparações instantâneas A / B, de breves segmentos de música
para maximizar a sua retenção de memória?
2. Você leva o mesmo grupo de gravações de teste de "referência" para cada
teste, em um esforço para determinar as capacidades específicas de
desempenho e para evitar qualquer desorientação ou confusão que possam
resultar da utilização de música com o qual você não está familiarizado?
3. Você evita a utilização de música pela qual você é particularmente apaixonado
para que possa se ater adequadamente à análise objetiva, em vez de se distrair
com os prazeres da música ou pelo entusiasmo?
4. Você acredita que a verdadeira função de um sistema de áudio é recriar a
música, e que, portanto, você só pode avaliar com precisão a reprodução de
áudio, se você tiver um amplo conhecimento de música ao vivo?
5. Você acredita que, se puder se concentrar na avaliação de questões como
extensão da faixa de frequência, relação sinal / ruído, tamanho e profundidade
do palco, separação instrumental e equilíbrio, timbre e clareza contextual,
quaisquer outras considerações puramente musicais que possam haver não são
importantes?
6. Pela sua experiência, algumas caixa acústicas são especialmente adequados
para rock, outras para música clássica e, talvez, outras para o jazz intimista?
Como você explica esse fenômeno? Isso é mais ou menos inevitável?
7. Quando você pergunta a si mesmo: "Qual deve ser a referência correta, música
ao vivo ou uma sessão de gravação?" Você conclui que é um ou o outro? Você
está satisfeito com a sua resposta a esta pergunta?
Se você respondeu "sim" a pelo menos três destas perguntas, você pode se sentir
confortável sabendo que, como muitos outros audiófilos, você está no caminho para o
INFERNO DO ÁUDIO. Se você respondeu "sim" para a maioria delas, você pode estar
além da redenção, mas nós estamos aqui para ajudar, e há sempre uma esperança. Se
você respondeu "sim" à questão n º 3, seu caso provavelmente requer os serviços de
um exorcista de áudio, pois se a finalidade do seu sistema de reprodução de música
não é para envolvê‐lo emocionalmente, então por que você não vai fazer compras em
um supermercado?
Antes de lançar um olhar mais crítico para as implicações deste questionário e suas
respostas, pode ser útil rever os últimos anos para ver como chegamos a esta bagunça
em primeiro lugar.
O Inferno da Conformidade
A metodologia de Comparação por Referência resultará necessariamente em um
sistema de áudio que imbui uma mesmice, uma assinatura sônica do tipo, que em
última análise leva ao tédio que ilumina o Inferno do Áudio. A explicação para isso está
no fato de que existem diferenças qualitativas de gravação para gravação ‐
independentemente do estilo de música ‐ que têm o potencial de se realizar ou não,
dependendo da capacidade do sistema de reprodução. (Esta é uma das áreas onde a
indiscutível superioridade do LP para o CD é evidente, na medida em que há uma
imensurável, mas claramente audível, mesmice ‐ um tipo de conformidade sônica ‐ de
CD para CD que não persiste em um grau semelhante com o LP).
Uma parte significativa da atração do CD é a sua conformidade com um sentido não
musical de perfeição e repetição: sem erros de desempenho e uma combinação de
"ruído" de gravação e reprodução inferior ao ruído ambiente existente em qualquer
ambiente acústico onde a música real é ouvida. (Isso não deve ser tomado como uma
declaração de "uvas azedas" ao ruído de superfície do LP.) Todos nós conhecemos
ouvintes cuja atenção toda na avaliação do sistema de áudio é direcionada para a
presença de ruído ou a necessidade de igualdade absoluta de reprodução em
reprodução, em vez da reprodução da música. Sua queixa comum é "esta gravação não
parecia desta maneira da última vez que a ouvi". Você já ponderou que a busca da
perfeição e a necessidade de conformidade são os dois lados de uma mesma moeda,
sem dúvida, cunhada na pior parte do nosso caráter humano? Resta apenas que
sejamos conscientes de como essas "virtudes" operam em nós, como somos usados
por elas e por nossa vez nos transformamos em algo muito menos humano. (Star Trek,
Jornada nas Estrelas, aborda essas questões desde a primeira geração.) Talvez o maior
inimigo da civilização não seja a guerra, a doença ou o estresse, afinal, e sim o tédio! É
por isso que nós devemos tomar o tempo de nossas rotinas diárias para relaxar e
revigorar‐nos por ouvir (para aqueles de nós que não têm talento suficiente para
tocar), música. Para que isso aconteça de forma eficaz, o equipamento de reprodução
deve garantir a individualidade de cada gravação. Caso contrário, o tédio ‐ uma relação
muito estreita com a conformidade e um descendente direto do som colorido e
higienizado ‐ será o resultado. Este inimigo é tão sutil quanto insidioso; sempre estará
lá para nos enfrentar, o que devemos, ou vamos acabar como o papel de parede
acústico tranquilizante em que muito da nossa música está se tornando rapidamente...
Ou pior.
Incentivo Requerido
Diferenças qualitativas são facilmente ignorados se a nossa metodologia e objetivo é
alcançar uma identidade com uma referência; o nosso hábito de procurar as
semelhanças com uma referência trará, para alguns, momentos difíceis tentando
resolver questões de contraste. Este último exige uma atenção muito mais ampla e
convida cada conexão intelectual e emocional concebível que possamos fazer não com
apenas uma ou duas gravações, mas muitas, e não apenas com as suas semelhantes
análogas em gênero, mas com uma variedade de estilos completamente diferentes,
locais e métodos de gravação.
Quando a nossa atenção é dirigida para as semelhanças [entre aquilo que está sob
avaliação e outro sistema, ou a nossa memória de uma referência de música ao vivo,
ou do "melhor entre os melhores" áudio de referência], nós naturalmente focamos em
determinantes verticais (resposta de frequência) ou estáticas (palco). Mas a assinatura
sônica da igualdade não é para ser encontrada apenas no domínio das frequências,
que é onde geralmente pensamos em procurar por ela e no qual tentamos resolver a
"correção tonal", mas no domínio do tempo, onde vive o contraste dinâmico. Quando
a nossa atenção é dirigida aos contrastes, ficamos mais propensos a nos concentrar no
fluxo musical, resolução dinâmica e interação instrumental e vocal. Quando
comparamos o que nós consideramos ser a correção tonal usando a comparação pelo
método de referência, encontramos resultados que não exatamente foram gravados,
mas sim o efeito da complementaridade referido anteriormente. Quando julgamos um
sistema em falta por não uniformemente reproduzir grandes palcos ou vozes
aconchegantes, vamos acabar com um sistema que irá comprometer outros aspectos
de precisão, pois nem todas as gravações são capazes de reproduzir‐se em grandes
palcos ou vozes aconchegantes. Quando um sistema de reprodução pode reproduzir
palcos gigantescos ou vozes aconchegantes em algumas gravações e palcos achatados,
diminutos ou vozes metálicas em outras, entende‐se que tal sistema não é o
responsável por essas características.
O uso deste método de avaliação consome algum tempo, e leva algum tempo para se
acostumar, mas afinal nós audiófilos somos conhecidos por passar horas separando os
benefícios ou danos causados por condicionadores de energia ou dispositivos de
isolamento! Mais importante, depois de 2 ou 3 horas que leva para comparar
quaisquer dois componentes por este método, vamos ter descartado um deles, de
forma permanente! E se acharmos que nenhum é o vencedor decisivo, então podemos
provavelmente concluir que ambos são suficientemente imprecisos para excluir ambos
de uma análise mais aprofundada. Em outras palavras, nós temos agora um método
pelo qual podemos garantir a direção correta da atualização para um sistema de áudio
melhor e mais preciso.
Detalhe e resolução
Nós gostaríamos de examinar rapidamente um dos mais interessantes equívocos
comuns à crítica de áudio. Muitos ouvintes falam da qualidade de um sistema de
reprodução em termos de sua capacidade de articular detalhes, ou seja, fenômenos
despercebidos anteriormente. No entanto, é mais provável, que ao que esses ouvintes
estão respondendo quando dizem isso e aquilo tem mais "detalhe" são micro
acontecimentos desconexos nos domínios da frequência e do tempo. (Há eventos que,
se fossem devidamente conectados, teriam determinado a apresentação correta da
estrutura harmônica, ataque e legato.) Porque esses eventos são de duração
extremamente curta e porque não há absolutamente nenhum análogo para tais
eventos no mundo natural e que agora estão sendo revelado a eles pela pura
excelência do seu áudio, esses ouvintes acreditam que estão ouvindo alguma coisa
pela primeira vez, o que eles realmente estão! E em grande parte por causa disso, eles
são mais facilmente levados à crença de que o que eles estão ouvindo é relevante e
correto. O fenômeno tem a cumplicidade da certeza da percepção. Esses "detalhes"
inegavelmente existem; apenas o seu significado tornou‐se subvertido. A verdade é
que nós só percebemos tal "detalhe" em um sistema de reprodução de áudio, mas
nunca em uma performance musical ao vivo.
"Resolução", por outro lado, é o efeito produzido quando estes micro eventos estão
ligados... Em outras palavras, quando os eventos são tão pequenas que o detalhe é
imperceptível. Quando estes eventos estão conectados corretamente, nós
experimentamos uma sensação mais precisa de uma performance musical. Isto não é
muito diferente da maneira que percebemos a diferença entre vídeo1 e cinema. Vídeo
parece ter mais detalhes, eventos visuais individuais mais aparentes, mas o filme,
obviamente, tem uma maior resolução. Se não fosse pelo fato de que o detalhe no
vídeo é composto por partículas grandes, em comparação com os micro eventos que
existem em áudio, não teríamos sido enganados pelo termo "detalhe" e o teríamos
chamado por seu nome apropriado que é "grão". O grão cria a percepção de mais
eventos, particularmente na região dos agudos, porque eles são feitos para se destacar
da textura musical de uma forma não natural. Em sistemas de áudio de alta resolução,
o grão desaparece e é substituído por um fluxo contínuo de acontecimentos musicais
conectados. [Cf. "As Time Goes By" Revista Positive Feedback Magazine, Vol. 4, No. 4‐
5, Fall '93].
Desenvolvimento
1
O texto original é de 1993, o vídeo mencionado não é HD e o cinema é película de 35mm.
Voltando à nossa metodologia sugerida ‐ vamos chamá‐la de "Comparação por
Contraste" ‐ que recomendo vivamente, resistam ao reflexo de comparar dois sistemas
utilizando uma única gravação. Isso pode exigir algumas sessões de prática,
comparando coleções de gravações até que você tenha sido expurgado do hábito A / B
de comparação, o que tende a favorecer a atenção vertical, em vez de linear, para a
música. Se você ouvir analiticamente breves segmentos da música, mudando para
frente e para trás, não há nenhuma maneira possível de ter uma noção de sua
finalidade de fluxo e em termos puramente musicais. Música e sua execução (que são
ou deveriam ser inseparáveis) têm muito a ver com o desenvolvimento de expectativas
que são posteriormente prolongadas ou negadas. Não é possível responder a este
aspecto da música com uma comparação A / B e pode ser uma surpresa, mas a
capacidade de transmitir essa qualidade de drama musical é a única característica
distintiva mais importante de sistemas de áudio ou componentes.
Ao utilizar o método de Comparação por Contraste de avaliar os componentes, temos
em vigor um procedimento confiável para resolver os problemas do resto da cadeia de
reprodução, mesmo em um sistema pré‐existente, cujos componentes ainda não
foram colocados sob o mesmo teste. Uma vez que você tenha decidido por um
competidor como sendo mais preciso, ele vai cair fora da avaliação de algum aspecto
do som que seja menos do que completamente satisfatório; simplesmente porque
quanto mais preciso for o componente, mais revelador será de toda a cadeia de
reprodução cujos erros se tornam mais aparentes. O próximo passo é escolher um
componente de uma função diferente no sistema ‐ é geralmente mais fácil e mais
revelador trabalhar a partir da fonte ‐ e repetir o método de comparação por contraste
para cada mudança de componente. Isto inclui cabos, condicionadores de energia,
filtros de RF, dispositivos de isolamento etc, bem como amplificadores, alto‐falantes e
componentes de origem.
A metodologia da Comparação por Referência nos deixa sem a menor ideia de como
proceder quando o tédio inevitável e a frustração resultante de seus
comprometimentos aparece. O método da Comparação por Contraste, que também
resulta em comprometimento como qualquer sistema de áudio, sempre vai oferecer
mais indícios de uma performance ao vivo ‐ porque isso é o que geralmente é gravado
‐ uma vez que nos permite chegar mais próximos da gravação. E quanto mais
componentes são substituídos usando a Comparação por Contraste, o resultado será
sempre positivo em maior proporção à Comparação por Referência. A propósito, um
resultado delicioso em continuar a melhorar o seu sistema através do método de
contraste é que você não só vai ser obrigado a ampliar sua disponibilidade de
gravações até então desconhecidas para a execução do método, mas também vai
descobrir que a sua própria audioteca é repleta de gravações cuja sonoridade é muito
melhor do que você já tinha dado o crédito. Desta forma, você não só vai se
familiarizar melhor com uma, até então, parte esquecida da sua coleção, mas vai
descobrir quanta música emocionante está imediatamente disponível para você, e
"voilà", PARAÍSO DO ÁUDIO.
O falso profeta que desvia muitos audiófilos da estrada para PARAÍSO DO ÁUDIO é a
noção de que o seu sistema de áudio deve retratar cada tipo de música de uma certa
maneira, independentemente da metodologia de gravação. Um sistema de reprodução
exata reproduz a música como ela foi gravada no específico disco ou LP que está sendo
tocado; ele não reinterpreta essas informações para coincidir com algum preceito
sobre a maneira como a música deve soar através de um sistema de áudio. (Isso
explica por que muitas pessoas pensam que alguns alto‐falantes são especialmente
adequados para rock e outros para clássico; se for assim, ambos são imprecisos.) Dito
de outra forma, você não pode transformar um sapo em um príncipe sem ter
transformado alguns coelhos em ratos.
Só se o seu sistema de áudio é projetado para ser o mais preciso possível ‐ isto é, se for
dedicado à reprodução de alto contraste – você pode esperar recuperar a
singularidade de qualquer performance musical gravada. Só então ele pode,
eventualmente, atingir o ouvinte para uma conexão emocional com toda e qualquer
gravação ‐ não importa o meio instrumental ou vocal e não importa a mensagem.
Tédio e frustração são as alternativas inevitáveis. Pense nisso.
Leonard Norwitz
THE AUDIO NOTE CO. (USA)
San Jose, California
January ‐ April 1993
Peter Qvortrup
Audio Note (UK) Ltd.
Brighton, England
August ‐ December 1993
(Revisado por L. Norwitz para a presente edição dos ensaios publicados sob o mesmo
título em Positive Feedback Magazine, dezembro, janeiro e fevereiro de 1994).
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