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Incêndio.
Thermal-structural analysis of reinforced concrete beans under fire.
(1) Centro Universitário de Brasília UniCEUB, Faculdade de Tecnologia e Ciências Sociais Aplicadas,
FATECS, Divisão de Engenharia Civil.
(2) Ministéio Público Federal, Secretaria de Engenharia e Arquitetura, Divisão de Engenharia Civil
(DEC/SEA).
SAF Sul, Quadra 4, Conjunto C, s/n - Zona Cívico-Administrativa, Brasília - DF, 70050-900
Resumo
O incêndio sempre representou um risco às edificações, comprometendo a segurança estrutural e humana.
É de interesse da engenharia civil a análise de edifícios em situação de incêndio, para que se possa prevenir
o colapso prematuro da estrutura.Este trabalho tem como objetivo analisar, numericamente, a variação de
temperatura nas seções transversais de vigas de concreto armado em situação de incêndio, levando em
consideração a compartimentação do ambiente em chamas e material celulóstico como combustível. O estudo
utiliza o software ANSYS 16 com verificação do transiente do gradiente térmico na peça. Foram utilizados
modelos tridimensionais para a obtenção dos gradientes e determinação da envoltória de 500ºC. Os
resultados foram comparados com a ISO 834, NBR 14323 e EUROCODE 1-2,os quais apresentam ábacos
com as máximas temperaturas das seções transversais das vigas e linhas isotermas pré-estabelecidas.
Encontrou-se uma pequena divergência na angulação das isotermas em comparação com os ábacos
analisados, espera-se que em decorrência da discrepância de fatores utilizados nas simulações e no ábaco.
Palavra-Chave: Incêndio; Concreto; ANSYS.
Abstract
Fire has always represented risk to buildings, compromising structural and human safety. It is an interest of
structural engineering the analysis of buildings under fire conditions to prevent the premature collapse of the
structure. This paper has the objective to numerically analyze the temperature range in transversal sections of
reinforced concrete beans under fire circumstances, considering ambient divisions and cellulosic fuel. The
study uses the software ANSYS 16 within verification of the transient thermal gradient in the beam. There was
used three dimensional models to obtain the gradients and determine the 932 Fahrenheit envelopment,
including thermal structural analysis. The results were compared to ISO 834, NBR 14323 and EUROCODE 1,
which shows graphs with the maximum temperatures of the beams sections, and some pre-established
isothermal lines. There was found a little divergence in the angulation of isothermals in comparison with the
analyzed graphs, it is thought to be caused by the discrepancy of the simulation and the graph used data.
Keywords: Fire; Concrete; ANSYS.
A curva padronizada não depende do tipo de edificação, nem de suas dimensões. Admite-
se que a temperatura obedece uma relação logarítmica. Segundo COSTA & SILVA (2003),
deve-se utilizar este método com precaução, visto que não corresponde a um incêndio real.
Contudo, o modelo de incêndio-padrão pode ser utilizado como referência para se
estabelecer o tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF) (COSTA & SILVA, 2004). No
Brasil, de acordo com a NBR 14432 (2001) e a instrução técnica IT 08/11 (CB-PMESP
(2011)), o TRRF varia entre 30 e 180 minutos, em função das características dos materiais
empregados, método construtivo e do uso da edificação.
A partir da necessidade de uma curva padrão para materiais não-celulósicos e altamente
inflamáveis, como foi o caso do incêndio decorrente dos ataques terroristas no World Trade
Center em 2001, desenvolveu-se também a curva “H”, ou “hydrocarbon curve”, descrita
pela equação [2].
(a) (b)
Figura 2 – Variação da temperatura em função do tempo (a) Curva padrão (b) Curva “H”
Tabela 2 – Fator de correção da isoterma de 500ºC para Fck≥ 50 Mpa. (PrEN 1992-1-2 (2002))
𝜿𝒂𝟓𝟎𝟎 𝑭𝒄𝒌 → 𝑭𝒄𝒎[𝑴𝑷𝒂]
55 → 67
1,1
60 → 75
70 → 85
1,3
80 → 95
80 → 95
Utilizar outros métodos
90 → 105
4 Modelo Numérico
Para a construção do modelo numérico, foram escolhidas vigas retangulares com 30 x
0,150
60cm e 25 x 70cm. Todas com Fck=30Mpa, estribos e armadras longitudinais 𝐴𝑠𝑚í𝑛 = 100 ∙
𝐴𝑐. O cobrimento utilizado em todos foi cob = 30 mm e, para efeitos de isolamento, o topo
da viga foi considerado como termicamente isolado.
Os valores de massa específica do concreto simples e do aço foram adotados, como
propostos pela NBR 6118 (2014) e NBR 7480 (2007), iguais a 2400kg/m³ e 7850kg/m³
ANAIS DO 58º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2016 – 58CBC2016 4
respectivamente. As propriedades dos materiais estão listadas na tabela 3. Uma seção
típica está ilustrada na figura 3.
No modelo numérico também foi considerado, como indica MORALES et al. (2011), a
diminuição do módulo de elasticidade do concreto em função da temperatura, como indica
a figura 4 a seguir.
5 Resultados
5.1 Viga 30x60cm
Observou-se que a isoterma de 500ºC somente começa a ficar visível por volta dos 45
minutos de exposição ao fogo. No tempo de 2h, 8% da seção transversal de concreto é
perdida.
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A seguir encontram-se cortes da mesma seção transversal obtidos entre 30 e 180 minutos.
As linhas isotermas da seção transversal são apresentadas nas figuras de 5 a 10 a seguir,
com ênfase na isoterma de 500ºC. Na tabela 4 encontram-se os dados de máxima e mínima
temperatura da seção transversal, distância da isoterma à face externa da viga e percentual
de área de concreto considerada com resistência igual a zero.
Figura 5 – Viga 30x60cm: 30 minutos de exposição Figura 6 – Viga 30x60cm: 60 minutos de exposição
Figura 7 – Viga 30x60cm: 90 minutos de exposição Figura 8 – Viga 30x60cm: 120 minutos de
exposição
Tabela 4 – Temperaturas na seção transversal e distância média da isoterma de 500ºC para a superfície
Isoterma de 500ºC Percentual de seção
Tempo [min] Tmáx [ºC] Tmín [ºC] Máximo transversal perdida
Mínimo [mm] [%]
[mm]
30 552,4 22,4 1,2 4,9 1%
60 723,0 52,0 12,3 21,5 8%
90 819,1 107,2 24,6 33,8 13%
120 888,0 174,0 43,0 58,4 23%
150 941,4 244,3 55,3 76,8 29%
180 984,9 314,4 79,9 108,8 40%
Tabela 5 – Temperaturas na seção transversal e distância média da isoterma de 500ºC para a superfície
Isoterma de 500ºC Percentual de
Tempo [min] Tmáx [ºC] Tmín [ºC] Mínimo Máximo seção transversal
[mm] [mm] perdida [%]
30 564,1 30,4 1,0 4,0 1%
60 719,8 85,4 6,1 30,7 7%
90 817,6 167,7 22,2 54,4 16%
120 888,6 255,4 23,2 65,8 18%
150 944,1 341,3 60,2 83,3 33%
180 989,3 422,8 94,3 115,0 48%
5.3 Conclusões
As duas vigas analisadas, com 30x60cm e 25x70cm, provavelmente não manteriam sua
capacidade de carga após decorrido 1h do início do incêndio padrão. Na figura 17 a seguir,
encontra-se um comparativo dos resultados obtidos com o ábaco presente no eurocode 1
– 2 – A. Importante ressaltar que a esbeltez da viga está diretamente relacionada com a
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quantidade de calor recebida durante uma situação de incêndio, uma vez que uma seção
mais esbelta possui maior área superficial e menor espessura.
Os resultados obtidos estão condizentes com o previsto em norma. Esperava-se curvas
mais acentuadas para um incêndio de 2h. A discrepância observada na angulação das
isotermas pode estar em função do cobrimento utilizado, da condutividade térmica do
concreto ou pelo fato de o eurocode ser conservador em comparação com a análise
realizada no ANSYS.
Figura 17 – Ábaco obtido na análise da viga 30x60cm em comparação com o sugerido pelo EUROCODE
(TRRF 120 minutos).
6 Referências
ALBUQUERQUE G.B.M.L. et. al., Thermo-Structural Analyses of RC Beams in Fire.
IFireSS – Internetional Fire Safety Symposium, Coimbra, Portugal, 2015.
BUCHANAN, A. H. Structural for design fire safety. Chichester (U.K.): John Wiley & sons
Ltd., 2001.
NINCE, A. A.; COSTA, C. N.; FIGUEIREDO, A. D.; SILVA, V. P. Influência das fibras de
polipropileno no comportamento do concreto de alta resistência endurecido,
submetido à ação térmica. In: 45 ° Congresso Brasileiro do Concreto. Anais