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1. OBJETIVO
Padronizar a inserção de implante subdérmico liberador de etonogestrel 68mg no pós-parto e pós aborto
imediato em mulheres vulneráveis
2. INTRODUÇÃO
Atualmente existem inúmeras opções contraceptivas disponíveis, porem cerca de metade das gestações no mundo
não são planejadas. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), as gestações não planejadas estão
associadas a complicações materno-fetais, como abortos inseguros, mortalidade materna ou neonatal/infantil e
também a riscos sociais, como baixa escolaridade e desemprego. A gravidez não planejada é multifatorial e inclui,
em geral, casos de gestações não desejadas ou inoportunas. Sabe-se que gestações indesejadas são mais
frequentes (quatro vezes) em mulheres com idade menor ou igual a 19 anos de idade do que nas adultas, em
mulheres com baixa escolaridade (quanto menos anos de escolaridade, maior a frequência de gestação não
planejada), em populações de baixo nível socioeconômico (cinco vezes mais frequente, quando comparadas com a
população de alto nível socioeconômico) e em populações vulneráveis, para as quais o acesso aos métodos
contraceptivos continua a ser uma grande preocupação na correção da desigualdade global.
Somados a esse quadro, a gestação sucessiva em um intervalo menor de dezoito meses implica em 61% o risco da
criança nascer com baixo peso e 40% de parto prematuro.
Os métodos contraceptivos são prescritos na consulta de puerpério, em torno de 6 semanas após o parto. No
entanto, 10 a 40% das mulheres faltam a esta consulta, não recebendo aconselhamento e prescrição de
contraceptivo, o que favorece uma nova gestação não planejada com curto intervalo Inter gestacional. Além disto,
existem muitas mulheres, principalmente as em situação de vulnerabilidade que não têm acesso à consulta após o
parto para prescrição de contracepção.
Neste quadro, o pós-parto, assim como os pós aborto, constituem uma janela de oportunidade para o
aconselhamento e início da contracepção, uma vez que a mulher está motivada em evitar uma nova gestação. Desta
forma, iniciar a contracepção enquanto a mulher está na maternidade é uma boa estratégia para contemplar
aquelas que faltariam à consulta de puerpério (como usuárias de drogas ou moradoras de áreas distantes do serviço
de saúde) ou aquelas que não teriam acesso a esta consulta.
Em 2015, foi liberado, pela OMS, o uso de todos os LARCs nas primeiras 48 horas após o parto, desde que a mulher
não tenha contraindicação para estes métodos e opte por sair da maternidade com sua contracepção resolvida e o
restabelecimento da fertilidade ocorre após a suspensão do método.
O implante subdermico liberador de etonogestrel 68mg é uma opção segura, conveniente e eficaz para a
contracepção pós-parto e pós abortamento.
3. ABRANGÊNCIA
Maternidade, Clinica Ginecológica, CAISM, Patologia Obstétrica e Casa da Gestante
PROTOCOLO
No grupo de mulheres vulneráveis, como adolescentes e a camada mais pobre da população, a taxa de gestação
não planejada pode chegar a mais de 90%.
Em um levantamento feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ligada ao Ministério da Saúde, em parceria com
a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD) do Ministério da Justiça, revelou que 22,8% das mulheres
usuárias de crack engravidaram duas a três vezes desde que iniciaram o uso da droga. Outras 17,3% engravidaram
pelo menos uma vez e 6,5% engravidaram quatro vezes ou mais desde o início do consumo. O achado da pesquisa
é considerado preocupante devido às consequências do consumo do crack durante a gestação sobre o
desenvolvimento neurológico das crianças.
No mundo em torno de 16 milhões fazem uso de drogas ilícitas, sendo de 30-40% mulheres, com menor acesso a
saúde reprodutiva, menor uso de contraceptivos, levando a 8 em 10 gestações não panejadas, maior complicação
durante a gestação e parto, maior número de crianças em abrigos e aumento de IST (infecção sexualmente
transmissível),
A inserção de um LARC no pós-parto imediato em adolescentes foi associada à redução de mais de 80% no risco
de uma nova gestação em 12 meses. A taxa de continuidade em 12 meses destes métodos, quando iniciados no
pós-parto imediato, é alta, mesmo em adolescentes. Os LARCs oferecem segurança, taxa baixa de falha com
menos de uma gestação em cada 100 mulheres/ano
Para mulheres com acesso limitado à cuidados médicos, a possibilidade de inserção precoce é uma boa
oportunidade para abordar a necessidade de contracepção.
O Implante subdérmico liberador de etonogestrel 68mg, está aprovado pela ANVISA e é efetivo por até 3 anos:
▪ O efeito contraceptivo é alcançado pela supressão da ovulação e pelo aumento da viscosidade do muco cervical,
embora a dose de etonogestrel não seja geralmente suficientemente alta para suprimir estradiol endógeno.
▪ Implante subdérmico liberador de etonogestrel 68mg é uma haste simples com 4 cm de comprimento e 2
mm de diâmetro, composto por:
1. Um núcleo contendo etonogestrel
2. Uma membrana semi-permeável controladora de velocidade feita de EVA com uma dose moderada de
etonogestrel em estado estacionário
3. Sulfato de bário para torná-lo radiopaco.
▪ O implante é colocado subdermicamente no lado interno da parte superior do braço
PROTOCOLO
Todos os médicos capacitados poderão colocar o implante subdermico liberador de etonogestrel 68mg
no pós-parto e pós aborto imediato em mulheres vulneráveis.
5. ABREVIAÇÕES
CAISM – CENTRO DE ATENÇÃO INTEGRAL A SAÚDE DA MULHER
IST – Infecção sexualmente transmissível
LARC - long-acting reversible contraception
OMS - Organização Mundial da Saúde
TCLE – Termo de consentimento livre e esclarecido.
6. RESPONSABILIDADES
Equipe Médica da Obstetrícia;
Equipe Serviço Social;
Equipe da Assistência Farmacêutica;
Equipe de Psicologia;
Equipe de enfermagem.
7. DEFINIÇÕES
Diante da série histórica dos últimos 5 anos realizada pelo serviço social em consenso com o serviço de psicologia
do HMU/CAISM serão elegíveis para este protocolo as pacientes abaixo relacionadas:
1. Privadas de liberdade;
2. Portadoras do vírus da imunodeficiência humana (HIV);
3. Adolescentes (10 a 14 anos, com contraindicação para o uso do DIU T cu 380A);
4. Em situação de rua;
5. Usuárias de drogas ilícitas (com contraindicação para o uso do DIU T cu 380ª);
6. Psiquiátricas incapaz para o ato civil.
8. DOCUMENTOS RELACIONADOS
Não se aplica
PROTOCOLO
10. PROCEDIMENTO
(No pós-parto ou pós aborto imediato da mulher vulnerável (ver item Definição):
ETAPA RESPONSÁVEL AÇÃO DESCRIÇÃO
Solicitar avaliação das equipes de Serviço social e
Solicitar avaliação do Psicologia quando houver indicador de
01 Médico/ Enfermeiro
Serviço Social e Psicologia vulnerabilidade psicossocial (conforme descrito
no item 7)
Aplicar a triagem para classificação do cuidado a
fim de classificar o nível de vulnerabilidade social
da paciente;
Identificar se nível de vulnerabilidade
Identificar grau de
corresponde a indicação para colocação de
02 Assistente Social vulnerabilidade social para
Implanon;
indicação de Implanon
Verificar conhecimento e interesse em
planejamento reprodutivo;
Realizar orientação sobre planejamento
reprodutivo;
Avaliar paciente para identificação de
vulnerabilidade psíquica (presença de alterações
Avaliar riscos psíquicos para
emocionais e mentais);
03 Psicologia compor indicação de
Avaliar capacidade decisória;
Implanom
Identificar interesse em planejamento
reprodutivo.
Discutir caso com a equipe médica e enfermagem
Realizar parecer sobre o para comunicar sobre perfil de vulnerabilidade
Assistente social e perfil de vulnerabilidade psicossocial que indique colocação Implanon;
04
psicóloga para indicação de Implanon Confirmar pacientes que tenham interesse na
colocação do implante para seguimento do
protocolo.
Avaliar e ofertar se a Confirmar as pacientes com o perfil e ofertar para
mulher tem desejo de aquelas que tenham interesse na colocação do
05 Médico HMU utilizar o implante implante e seguimento ambulatorial.
subdérmico liberador de Perguntar para mulher sobre desejo de utilizar o
etonogestrel 68mg como implante como método contraceptivo e anotar
método anticoncepcional no prontuário.
PROTOCOLO
SIM
OFERTA
MULHER DESEJA UTILIZAR O IMPLANTE SUBDERMICO E NÃO APRESENTA CONTRA
NÃO PROTOCOLO
INDICAÇÕES PARA O METODO CONTRACEPTIVO?
ANTICONCEPÇÃO
SIM
SEGUIMENTO
MULHER ESTA DE ALTA? NÃO
CLINICO
SIM
12. OBSERVAÇÃO
Abastecimento do HMU – o implante será fornecido pelo Programa Municipal de IST/Aids e hepatites Virais do
município, deverá ser acionado nova compra quando houver consumo de 50% do estoque, contato
carlos.oliveira@saobernardo.sp.gov.br, coordenação da Obstetrícia: coord.obstetricia@chmsbc.org.br.
13. REFERÊNCIAS
. Secura GM, Allsworth JE, Madden T, Mullersman JL, Peipert JF. The Contraceptive CHOICE Project: reducing
barriers to long-acting reversible contraception. Am J Obstet Gynecol. 2010;203(2) :115.e1-7. 2. WHO 2011.
Family Planning: A Global handbook for Providers. Baltimore and Geneva:CCP and WHO, 2011.Available from:
http://www. who.int/reproductivehealth/publications/family_planning/9780978856304/en/index. htm.
Finer LB, Zolna MR. Unintended pregnancy in the United States: incidence and disparities, 2006. Contraception.
2011;84:478-485
GM, Allsworth JE, Madden T, Mullersman JL, Peipert JF. The Contraceptive CHOICE Project: reducing barriers to
long-acting reversible contraception. Am J Obstet Gynecol. 2010;203(2) :115.e1-7. 2. WHO 2011..
Kearney R, Miller JM, Ashton-Miller JA, Delancey JOL. Obstetric factors associated with levatorani muscle injury
after vaginal birth. Obstet Gynecol. 2006;107(1):144-9.
Agudelo, A.C. (2006). Birth Spacing and Risk of Adverse Perinatal Outcomes. Journal of the American Medical
Association, JAMA. Estados Unidos. Disponível em: http://jama.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=202711
Phillips SJ, Tepper NK, Kapp N, Nanda K, Temmerman M, Curtis KM. Progestogen-only contraceptive use among
breastfeeding women: a systematic review. Contraception. 2015. Sep 26. pii: S0010-7824(15)00585-5.
Centers for Disease Control and Prevention. Postpartum care visits--11 states and New York City, 2004. MMWR
Morbidity and mortality weekly report. 2007; 56(50):1312-6.
Bahamondes L, Bottura BF, Bahamondes MV, Gonçalves MP, Correia VM, Espejo-Arce X, et al. Estimated disability-
adjusted life years averted by long-term provision of long acting contraceptive methods in a Brazilian clinic. Hum
Reprod. 2014;29(10):2163-70.
Secura GM, Allsworth JE, Madden T, Mullersman JL, Peipert JF. The Contraceptive CHOICE Project: reducing barriers
to long-acting reversible contraception. Am J Obstet Gynecol. 2010;203(2):115.e1-7
PROTOCOLO
14. ANEXOS
Anexo 01 - TCLE, anexo 02 - Ficha para dispensação, na clínica
15. HISTÓRICO
Descrição de todas as emissões / revisões realizadas no documento, bem detalhada.
ELABORAÇÃO
Data Nome do responsável Setor
Coord.
21/12/2017 Silvana A. Giovanelli
Obstetrícia
Coord.
21/12/2017 Carlos Oliveira
IST/Aids
21/12/2017 Mariliza Henrique Rocha Infectologista
VERIFICAÇÃO
Data Nome do responsável Setor
26/12/2017 Taís Aparecida Zampieri Vassi NSP
APROVAÇÃO
Data Nome do responsável Setor
Diretoria
27/12/2017 Monica Carneiro
Técnica