Pode-se perceber que os casos de sucesso tratados pela Universidade Estadual do Maranhão
(UEMA) se dão justamente no fato de apresentar como a EaD é um meio de democratizar a
educação. Cidades tão pequenas e tão distantes dos grandes centros onde se localizam as academias são capazes de levar às mais variadas pessoas a possibilidade de obter o diploma de Ensino Superior, tão distante da realidade de tantos brasileiros. Pensando em termos de acesso, a cidade de Timbiras, a 320 quilômetros da capital maranhense, foi capaz de formar cidadãos em cursos superiores. Como abordado no vídeo no caso da aluna Maria de Fátima, o grande número de desistências demonstra que não é pelo fato de não estar fisicamente presente que o curso que terá uma qualidade ou facilidade maiores, mas justamente o contrário, da necessidade da autonomia e do esforço pessoal do aluno para conclusão, da família em auxiliá-la a manter-se firme, resistente a todas as dificuldades. Muitas vezes esquecemos que o acesso ao ensino superior chega a ser um sonho. Pessoas de famílias que tem histórico de poucos estudos (quem nunca ouviu alguém dizer que os pais, avós e ascendentes em geral eram analfabetos ou terminaram razoavelmente o ensino fundamental) conseguem chegar a um espaço ainda elitizado e de ocupação de poucos. A discussão que se emerge é realmente pontuar que certos preconceitos se definem muito mais na resistência à mudança do ensino tradicional que a uma baixa qualidade do ensino ou desmerecimento das políticas públicas e que os casos de sucesso demonstrados ajudam a questionar e repensar tais fundamentos. Conheço um professor da cidade de Alto Paraná que se formou pela educação à distância. O que é interessante no caso dele é que, além de atuar diretamente no magistério, alçou carreira política e foi eleito vereador da cidade. Além do mais, o filho, amigo meu, formou-se em História pela FAFIPA, atual UNESPAR de Paranavaí e fez mestrado pela UEM e atualmente está trabalhando concursado para a União. Importante ressaltar que o pai não tinha condições de fazer um curso presencial pela indisponibilidade de tempo e dinheiro e foi justamente o esforço e o acesso ao EaD que possibilitou um crescimento profissional e público, além de abrir caminho para que o filho também tivesse oportunidades de estudo. Apesar de todos os problemas, a EaD continua sendo um meio de expandir as possibilidades educacionais em um mundo globalizado, extremamente tecnológico e desigual. Como já havia afirmado em algumas discussões do fórum, quem atualmente consegue se ausentar do meio virtual/eletrônico/digital? Estamos em meio a um processo de virtualização de corpos (vide Pierre Lévy) em concomitância à supremacia da aparência (vide Tatiane Trinca), um aspecto curioso do capitalismo avançado que não cabe nesta discussão.