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MEMORIAS
DO
MARQUEZ DE POMBAL
CONTENDO
E DA
POR
JOHN SMITH
TRADUZIDAS
POR
J. M. DA FONSECA E CASTRO
en de nt
LISBOA
LIVRARIA DE ANTONIO MARIA PEREIRA - EDITOR
50 - RUA AUGUSTA -52
1872
DP
GHI
A29
JOHN SMITH .
PROLOGO
mento que podemos concluir, que não seria ignorado por uma
princesa , cujos conhecimentos eram tão varios, quanto o seu
genio era profundo, um homem que tão boa reputação gosava
no seu paiz, e cujas felizes negociações em Inglaterra teriam
de certo feito echo e excitado a admiração geral. Terminados,
pois , os preparativos de viagem , partiu para Vienna , onde che
gou em 1745 ; e, depois de varios ajustes,mutuas concessões
e contractos, e com infinita satisfação do papa, de Maria The
resa e do seu soberano, resolveu os negocios amigavel e termi
nantemente.
Foi entretanto que se achava n’esta corte, que recebeu a
cruel noticia da morte de sua esposa, a quem o amor o ligara,
vivendo ambos na mais perfeita harmonia. Pombal soffreu esta
perda com verdadeira resignação christã ; porém , a monotonia
d'uma vida solitaria é que não convinha a um homem do seu
genio . A recordação dos felicissimos dias, que gosara, levou -o
a desejar outra vez aquelle estado, sentindo -se tanto mais in
clinado a esta segunda união, quanto a primeira fora de ephe
mera felicidade e esteril. Não tardou muito que , passado o tem
po do luto , fizesse a sua escolha entre as damas da côrte , na
pessoa da joven condessa Leonor Ernestina Daun , filha de Hen
rique Ricardo, conde de Daun , familia illustre nos annaes aus
triacos pela fama e victorias do celebre marechal d’este nome,
a quem Maria Theresa devia , segundo ella propria confessava ,
a posse da corða, e do qual, fazendo uma breve interrupção ,
direi algumas palavras para illucidar os leitores acerca do con
ceito , que d'elle terão de fazer .
Este insigne marechal, cheio de honras e conservando até
final a estima da nobre imperatriz , cujo throno firmara, falle
ceu em janeiro de 1766. Maria Theresa, annos antes da sua
morte, fizera - lhe mercê de 250:000 florins para que podesse
comprar bens, que se perpetuassem na sua familia. A impera
triz da Russia reconheceu os seus serviços com a dadiva d'uma
espada ricamente cravejada de diamantes, e avaliada em 30 :000
florins. Na sua casa de campo , a poucas leguas de Vienna ,
viam -se seis peças, que a imperatriz lhemandara, quando ga
nhou a batalha de Colin , tendo gravada uma inscripção que
honra a familia Daun .
24 MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL
todo o meu jardim com suas mulheres e filhos. Até agora não
tenho deixado de soccorrer a todos , e o continuarei a fazer
em quanto não me faltarem os meios, o que espero não succe
derá attendendo ás convenientes medidas, que o sr. Carvalho
para isso tem tomado.»
« Tem -se dado as melhores providencias possiveis para
impedir o roubo e o assassinio , de que ha tres dias tem ha
vido frequentes casos , vagando pela cidade turbas de deser
tores hespanhoes, que se valem da occasião para commetterem
taes delictos. Tendo-me sido confiadas consideraveis quantias
que alguns inglezes, que tiveram a felicidade de salvar alguns
dos seus bens, depositaram em minha casa , pelo que tive em
toda a noute a casa cercada de ladrões, escrevi esta manhã
ao sr. Carvalho pedindo -lhe uma guarda , o que espero me
será concedido. >
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«Ha n’elle, como uma força motriz geral politica, que der
rama por toda a parte. Esta força ou é reflexa , ou directa. Em
qualquer parte da Europa , que um de seus Estados augmenta
o seu poder, diminue necessariamente o do outro. Todos os Es
tados interessam , em entreter o equilibrio, porque d’isso depen
de a sua segurança. A distribuição geral do poder politico in
teressa todos os reinos, e republicas da Europa.
« Nas guerras geraes os pequenos Estados deviam mais,
que os outros, tomar parte, quando não fosse mais que para
tomarem o partido dos mais fracos, contra os mais poderosos.
Esta politica é necessaria , sem o que, os poderososGovernos,
adquirindo sempre mais forças,por fim engoliriam todos os mais
pequenos; porque nunca faltam pretextos ás grandes Monar
chias para declarar guerra ás fracas.
1 Montesquieu .
57
MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL
não ter sido estranho , visto que teve ordem , bem pouco de
pois, do seu governo para regressar a Paris . Mr. Castres in
forma-nos de que este embaixador, quando se despediu , rece
beu as barras de ouro do estylo no valor approximado de mil
e cem libras. « A Côrte, junta elle , parece ficar muito satisfei
ta vendo -se livre d’um ministro d’um genio turbulento como o
seu , o qual havia muito se tornara malquisto pelas suas in
cessantes disputas sobre bagatelas, e pela maneira livre e
absurda, com que se expressava fallando dos costumes e usos
da nação, não poupando mesmo ás vezes a pessoa do rei.»
CAPITULO VI
APOLOGIA
ctorias, como tem sido, ver por uma parte que dia em dia ir
mostrando a experiencia cada vez maiores progressos , não só
nos lucros da dita Companhia , em que consiste a sua esperan
ça , mas tambem a mesma proporção no consumo dos vinhos ,
na restituição do valor d'elles a preços racionaveis , no augmento
de cultura dos Vinhos, e na liberdade dos colonos, e senho
rios d'elles; e ver por outra parte que nenhum tempo lhe bas
tava para occorrer ás fortes opposições dos Inglezes, ás do
losas transgressões, com que os mesmos interessados na repu
tação dos vinhos inventavam para arruinal-o cada dia mais
com reprehensiveis fraudes, e as malversações e negligencias
dos Provedores, e Deputados da mesma Companhia.
« Os Inglezes, vendo que lhes tinham arrancado das mãos
aquelle importantissimo ramode commercio, e que se achayam
no Alto Douro dependentes dos mesmos lavradores, que antes
tratavam como escravos, dispondo dos bens alheios, como se
70 MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL
MARQUEZ DE POMBAL .
CAPITULO VII
1
Quatro dias depois, isto é, a 13 de dezembro, começou a
obra da justiça retribuitiva pela prisão do marquez de Tavora,
seus dous filhos, quatro irmãos, genros , o conde d'Atouguia e
o marquez d'Alorna , juntamente com D. Manoel de Sousa Ca
>
lhariz, os quaes foram todos, com alguns dos seus criados, met
tidos nos carceres de Belem .
A marqueza de Tavora foi encerrada n’uma casa de reli
giosas, sendo os outros membros da sua familia do mesmo mo
do presos, ou guardados em conventos. Entretanto foram tam
Deducção que o governo portuguez manda apresentar ao papa ; este nega audien
cia ao ministro portuguez ; Almada entrega a Deducção ao cardeal Orsini; quei
xas contra o cardeal Acciajuoli ; sua expulsão de Lisboa ; rompimento entre a
curia de Roma e Portugal; consequencia das pertenções do papado sol ogo
verno temporal de outros paizes ; & cardeal Torregiani; conceito em que o nun
cio mostra ter D. José e Pombal ; extractos dos officios da secretaria do estado
intercalados no capitulo .
DEDUCÇÃO
20.° Minuta que pela sua inspecção mostrou logo ser con
cebida por quem a formulou com as mesmas sinistras inten
ções em termos evidentemente contradictorios, e incompativeis
com a letra , e com o sentido da carta regia de 20 d'abril do
mesmo anno, e da representação do procurador da coroa de
S. M. F., que acompanhou a mesma carta ; porque havendo - se
pedido um breve de consentimento amplo, e perpetuo para ne
cessaria precaução do futuro , se expediu o dito breve limitado,
e restricto ao caso preterito : Contradictorios e incompativeis,
por isso mesmo porque a dita minuta continha um breve tem
poral, com a letra , e com a disposição dos muitos outros bre
ves, que a séde apostolica costumou sempre expedir nos ca
sos similhantes não só a instancia das testas coroadas, mas dos
outros soberanos: E contradictorios, e incompativeis em fim com
o costume, que a justiça , e a decencia estabeleceram inaltera
velmente para a expedição das graças concedidas á instancia
116 MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL
á
gura de uma carta de Sua Santidade para servir de resposta
outra carta regia de 20 d'abril do mesmo anno , em que S. M.F.
havia recommendado a expedição do sobredito breve ; Narran
do n’esta minuta quem a formulou , que no dito breve (contra
dictorio e incompativel ) vinha largamente concedida a deseja
da , posto que extraordinaria faculdade: E passando a fazer
tambem contradictoria , e incompativelmente uma instantissima ,
e redundantissima instancia a favor dos mesmos identicos, je
suitas presos, e declarados por notorios , e immediatos co-réos
do execrando delicto de 3 de setembro de 1758 ; até se con
setembro, por uma parte, que de nenhuma sorte devia pôr nas
reaes mãos de S. M. F. o referido breve incompativel, indeco
roso, notoriamente obrepticio, e subrepticio , e contradictorio
com as puras, e paternaes intenções de Sua Santidade: Por
outra parte, que porem tudo o que fossem cartas do santissi
mo padre, separadas do referido breve, seriam recebidas por
S. M. F. com uma veneração muito igual ao seu filial, e cons
tante obsequio : E pela outra parte emfim , que elle secretario
de estado responderia á pro-memoria d'elle nuncio logo que
para isso recebesse as ordens, que ainda não tinha.
37. A segunda resposta foi a pro -memoria que S. M. F.
mandou expedir em 15 do mesmo mez de setembro ao seu mi
nistro plenipotenciario na curia de Roma: Com a ordem de a
fazer presente a Sua Santidade.
38.° Pro -memoria , que pela sua inspecçãomanifesta por
modo evidente e singular contemplação com que o mesmomo
narcha , ainda em tão escabrosas circumstancias procurou evitar
ao santissimo padre o que mais podia contristar, e affligir o seu
paternal animo em tudo o que a regia, e filial attenção de
S. M. F., e a necessidade publica , e instante podiam permit
tir - lhe.
39.º Pois que deixando -se em silencio n'aquella pro -me
moria , não só a individuação dos publicos, escandalosos, e de
cisivos factos da parcialidade do ministerio politico da curia de
Roma acima referidos ; 4 mas tambem os muitos estimulos, que
aos sobreditos attentados antecedentes havia accumulado o nun
cio de Lisboa com a exhibição dos quatro offensivos despachos,
que da mesma sorte ficam acima compilados : ? Deixando - se ,
digo em silencio a individuação de todas aquellas aggravantes
offensas, e pungentes estimulos, se reduziu o officio passado
n'aquella pro-memoria a representar S. M. F. com a mais fi
lial veneração , e exemplar reverencia a Sua Santidade, por
uma parte em termos mais particulares, e precisos, os eviden
1 Desde o § 1.º até o § 10.• d'esta deducção.
2 Desde o Š 11.º até o $ 30.• inclusivè da mesma deducção .
124 MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL
1 Como ficam acima manifestos desde o § 12.0 até o § 16.º inclusive d'esta
deducção .
126 MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL
sua habitação durante as referidas tres noutes, que não foi pos
sivel descobrir-se n’ella nem uma só luz . D. José, altamente
provocado por esta ultima affronta , determinou acabar com a
insolencia do nuncio . Por conseguinte , em 14 do mesmo mez
de junho de 1760, recebeu o cardeal uma carta de D. Luiz da
Cunha, na qual este ministro , por ordem de Sua Magestade,
intimava Sua Eminencia para que logo, immediatamente á apre
sentação da dita carta , houvesse de sair da côrte de Lisboa
para a outra banda do Tejo, e saisse via recta do reino de
Portugal no preciso termo de quatro dias, participando-lhe ao
mesmo tempo, que se achavam promptos os reaes escaleres na
praia fronteira á casa da sua habitação para o seu decente
transporte, e que uma decorosa , e competente escolta militar
o acompanharia até á fronteira do reino .
Um despacho de lord Kinnoul, de 14 d'abril de 1760 ,
prova -nos o máu procedimento d'este nuncio e as suas intrigas.
Tanto o embaixador francez, mr. de Merle , como o nuncio ,
não dissimulam o seu descontentamento, e fallam do conde
d'Oeiras sem reserva em termos desabridos. )
Em 14 de junho de 1760,Luiz de Mendonça , governador
interino da torre de Belem , apresentou -se ao nuncio , e disse
lhe que tinha ordem de Sua Magestade para acompanhal-o a
Aldea -Galega . Foi em vão que o nuncio contestou , e em tres
horas poz-se a caminho. A gente da plebe estava tão exaspe
rada pelo insulto que o nuncio fisera a El-Rei, que quiz lar
gar- lhe fogo á casa .
Por este tempo foram desterradas da côrte algumes pes
soas por cumplicidade nas maquinações do nuncio , ou por te
rem correspondencia secreta com os jesuitas. O visconde de
Ponte do Lima teve ordem de retirar -se para o Porto, e o con
de de S. Lourenço para Miranda. Em 21 de julho de 1760
Sua Magestade mandou que D. Antonio e D. José saissem
da sua quinta de Palhavā debaixo d’uma escolta militar, e fos
sem levados para cima de Coimbra, onde deviam ficar. D. José
era o inquisidor geral. Com quanto a bondade d’El-Rei fosse
illimitada para com estes bastardos, Motta e o Conde d'Oeiras
foram sempre avessos a que elles fossem elevados á cathego
ria de principes de sangue. Veio a descobrir -se que estavam
MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL 133
lidade publica .»
Orā , um caso que muito commentado foi n'aquelle tempo ,
acha -se referido n’um despacho de mr. Hay de 24 de janeiro
de 1761, da maneira seguinte: Sabendo que frequentemente
se espalham falsidades acerca do que se passa n’este paiz, to
mo a liberdade de mencionar um caso que hontem occorreu , e
que causou certo abalo em principio aos negociantes,mas que,
segundo me informaram , muda muito de figura . Hontem de
manhã foi a casa de mr. Tremoul, negociante italiano , sitiada
por uma escolta militar, tendo -se ordenado ao seu socio Nico
lini, que habita outra casa, que comparecesse. Isto á primeira
vista tem seus ares d’um acto de prisão, mas, pelo que vim a
saber , é apenas o resultado da attenção que o governo deu ás
MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL 135
Regulações para Lisboa ser reedificada ; abolição da mesa dos homens de nego
cio ; estabelece uma nova mesa ; os seus fins ; é concedido á nobresa entrar
na companhia do Maranhão e Pará ; varios decretos ; civilisação dos indios;
meios excellentes que Pombal emprega ; creação da aula do commercio ; fun
da-se a companhia de Pernambuco e Paraiba ; meios de ensino ; estes mesmos
adoptados em Vienna; os jesuitas começam a perder a sua influencia n'aquella
capital ; lord Kinnoul é enviado a Lisboa para dar satisfação da conducta do
almirante Boscawen ; alguns conventos extinctos e outros reformados; extrac
tos dos officios da secretaria do estado intercalados no capitulo .
Eu sei que o vosso Gabinete tomou um grande imperio sobre o nosso ; mas
tambem sei que é tempo de elle acabar . Se meus antecessores tiveram a fra.
queza de vos conceder quanto quizestes, eu nunca vos concederei senão o que vos
dever. É esta a minha ultima resposta, regulae-vos sobre ella . Eu vos rogo, que
menão façaes lembrar das condescendencias, que o nosso Gabinete tem tido para
com o vosso : ellas são taęs que não sei, que alguma Potencia ashaja tido seme
Ihantes para com outra . É justo que este ascendente acabe por uma vez, e que
façamos ver a toda a Europa, que temos sacudido o jugo de uma dominação
estrangeira . Nós não podemos provar isto melhor, que obrigando o vosso Gover
no a dar-nos satisfação, que por nenhum direito nos deve negar. A França olha
ria para nós como para um Estado enfraquecido, se não podessemos obrigar - vos
a dar razão da offensa , que nos fizestes, vindo queimar defronte dos nossos por
tos, navios , que deviam ter ali toda a segurança .
Vós não fazieis ainda figura na Europa , quando a nossa Nação era a mais
respeitavel. A vossa Ilha não formava mais que um ponto na Carta Geografica ,
ao mesmo tempo que Portugal a enchia com seu nome. Nós dominavamos na
Asia, na Africa, e na America, quando vos dominaveis somente em uma Ilha da
Europa . A vossa Potencia era do numero d'aquellas, quenão podem aspirarmais,
que á segunda ordem ; e pelos meios que nós vos demos, a tendes elevado á pri
meira .
Esta impotencia physica vos inhabilitava para estenderdes os vossos domi
nios fóra do continente da vossa Ilha, porque para fazerdes conquistas precisa
veis um grande exercito, mas para ter um grandeexercito , é necessario ter meios
VOLUME 1 11
146 MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL
para lhe pagar : vós os não tinheis : a moeda de contado vos faltava : os que cal
cularam sobre as vossas riquezas acharam , que não tinheis com que sustenta
seis regimentos. O mesmo mar, que pode olhar -se como vosso elemento, não vo
offerecia maiores vantagens : com muito custo poderieis apenas equipar vint
navios de guerra .
Ha cincoenta annos porém a esta parte tendes vós tirado de Portugal mai
de mil e quinhentos milhões , somma enorme, e de que a Historia não fornect
exemplo, que alguma nação do mundo tenha enriquecido outra de um modo se
melhante. O modo de adquirirdes esses thesouros vos foi ainda mais vantajosci
que os thezoiros mesmos. Pelas artes é que a Inglaterra conseguiu fazer-se se ..
nhora das nossas minas. Ella nos despoja regularmente todos os annos do seu
producto . Passado um mez depois da chegada das frotas do Brazil, não fica em
Portugal uma só peça de oiro ; tudo tem passado para Inglaterra, o que contri
bue ainda hoje, e contribuirá sempre para augmentar a sua riqueza numeraria .
A maior parte dos pagamentos do banco são feitos com o nosso oiro .
Por uma estupidez, de que tambem não ha exemplo na Historia Universal do
Mundo Economico, nós vos démos a faculdade de nos vestirdes, e de nos forne
cerdes todos os objectos do nosso luxo, que não é pouco consideravel. Nós damos
de que viver a quinhentos mil artistas, vassallos do Rei Jorge; população esta
que subsiste à nossa custa na Capital d’Inglaterra : os vossos campos são quem
nos sustenta : vós substituistes os vossos trabalhadores aos nossos: se antiga
mente nós vos forneciamos o trigo , vos sois quem hoje nol-o fornece : vós tendes
roteado os vossos campos, nós deixamos tornar os nossos em baldios.
Mas se nos vos temos elevado a esse ponto de grandeza , na nossa mão está
o precipitar -vos ao nada d'onde vos arrancamos. Nós podemos melhor passar sem
vós, do que vós sem nós. Basta uma só lei para destruir a vossa Potencia , ou
pelo menos para enfraquecer o vosso Imperio . Nós não precisamos mais do que
prohibir com pena de morte a saida do nosso oiro , para elle não sair jamais .
Talvez respondereis a isto , que apezar da prohibição sairá sempre domesmomo
do, como sempre tem saido ; porque os vossos navios de guerra tem o privilegio
de não serem visitados na sua partida, e em consequencia do dito privilegio elles
transportarão todo o nosso dinheiro . Mas não vos enganeis com isto : eu fiz es
trangular vivo o duque d'Aveiro , por ter attentado contra a vida do Rei; eu po
derei fazer muito bem enforcar um dos vossos capitães, por ter roubado a sua
effigie com despreso das leis. Ha tempos em que nas monarchias um so homem
pode muito : vós não ignoraes que Cromwell na qualidade de protector da repu
blica ingleza , fez cortar a cabeça a Pantaleão de Sá , irmão de João Rodrigues de
Sá, embaixador de Portugal em Inglaterra, por se ter prestado a um tumulto :
sem ser Cromwell eu estou em estado de imitar o seu exemplo na qualidade de
MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL 147
ministro protector de Portugal. Fazei portanto o que deveis, senão quereis que
eu faça o que posso .
Que seria da Grã -Bretanha, se por uma só vez se lhe tirasse o manancial das
riquezas da America ! Como pagaria á immensa tropa de terra, e a essa grande
armada de mar ? Como daria ella ao seu Soberano os meios de viver com o es
plendor de um grande rei ? Donde tiraria os grandes subsidios, que paga ás po
tencias estrangeiras para escorar, e firmar a sua ? Como viveria um milhão de
vassallos inglezes, se se acabasse para sempre a mão d'obra , de que tira o seu
sustento ? Em que estado de pobreza não cairia todo o Reino, se este unico re
curso lhe faltasse ? Basta que Portugal regeite os seus grãos, quero dizer, o seu
trigo, para que metade de Inglaterra morra de fome. Vos direis talvez que se
não muda com facilidade a ordem das coisas, e que um systema ha muito tempo
estabelecido, não pode transtornar-se em um momento. Dizeis muito bern , mas
eu direi ainda melhor : o rodear do tempo e que pode trazer esta reforma : eu
estabelecerei um plano preliminar d'economia , que se encaminhará ao mesmo
objecto . Ha muito tempo que a França nos estende os braços para que recebamos
as suas manufacturas de lã ; na nossa mão está aceitar as suas offertas, o que sem
duvida anniquilará as vossas. A Barbaria abundante de trigos nos fornece melhor
mercado do que os vossos. Então vos vereis com a maior dor um dos principaes
ramos da vossa marinha ficar inteiramente extincto . Vos sois muito versados no
ministerio, e não ignoraes que isto é um viveiro de officiaes, e marinheiros de
que a marinha real se serve em tempo de guerra , e com isto é que vós tendes
elevado a vossa potencia .
A satisfação que nós vos pedimos é conforme ao direito das gentes . Todos os
dias acontece haver officiaes de mar, que por zelo , ou inconsideração fazem
aquillo que não devem : ao governo cumpre punil- os, e fazer a reparação ao es
tado, que elles offenderam . Todos sabem que semelhantes reparações a não tor
nam depresivel. A nação que se presta ao que é justo, adquire a inelhor opinião ,
e da opinião é que depende sempre a potencia do estado.
CONDE D'OEIRAS.
148 MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL
nada mais serviram , senão para patentear cada vez mais a toda
a Europa , a magnanimidade e sabedoria de Vossa Magestade.
« A carta , que tenho a honra de appresentar a Vossa Ma
gestade confirma taes sentimentos do rei , meu amo, os quaes
eu acabo de expor mais desenvolvidamente a Vossa Magesta
de, bem como sua completa confiança na amisade reciproca de
Vossa Magestade, cuja experiencia lhe tem subministrado tan
tas provas. »
CAPITULO XII
den
para servir S. M. F. e condemna -o a prisão até reembolçar
a somma de que defraudou o governo .»
Como todos os actos governativos da administração de Pom
bal foram descriptos com cores tão falsas pelos jesuitas, e pelo
resto dos seus inimigos, esta passagem , e outras similhantes
que claramente referem os acontecimentos d'aquella época , se
rão um sufficiente documento, que constituirá uma plenissima
justificação .
É sem duvida uma cousa , que excita a curiosidade, o saber
>
AU DIESE
CES PEREZ
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WLADUSIKOI
pagina 168
SMARRITATE
I
D
I
vezes me tem dito que muito o penalisa que Portugal não pos
sa bastecer o Brasil , por isso que tem de recorrer a outro paiz,
e que nenhum se acha mais no caso do que a Gran Bretanha ,
que sempre foi a natural alliada de Portugal, e que se interes
sa em sustentar a mesma alliança , que outras nações despre
sam . A sua affeição aos francezes não é grande, e a idea da
independencia fal-o cerrar os ouvidos a quaesquer propostas
de estreitas relações com os hespanhoes. E um genio , como o
de Pombal, não esquece facilmente o despreso com este reino
foi tratado , tornando-o o primeiro e immediato objecto do Pa
cto de Famillia . »
Dissenção com a corte de Roma; vas pretenções da dita corte. Tentativas mali
ciosas dos jesuitas. São-lhes confiscados seus bens em Portugal.Desintelligen
cia entre Portugal e Hespanha. Insulto feito a D. José pela Curia Romana. In
dependencia de D. José . Descoberta devida ao acaso das doutrinas e praticas
dos jesuitas. A bulla Apostolicum Pascenti Munus. Má politica do Papa . Osje
suitas são olhados em Vienna com desfavor. É declarado um sophisma - a in
fallibilidade do Papa . A celebre these do padre Pereira. Propostas para uma
reconciliação . Procedimento do arcebispo d'Evora . A bulla in Coena Domini é
supprimida . Morte de Clemente XIII. Succede-lhe Ganganelli. Resolve -se uma
reconciliação . A ordem de Jesus é finalmente abolida. Regozijos. Chega o nun
cio a Lisboa. O Papa elogia Pombal, e manda -lhe presentes. Extractos dos
officios existentes na Secretaria do Estado intercalados no capitulo .
vangloriar-se. »
Seria fastidioso entrar em mais minuciosidades relativa
mente aos breves e promulgações, respostas e replicas, que nas
duas cortes se succederam umas a outras com rapidez. A dis
sensão continuava sem embargo das diversas tentativas da cu
ria romana para induzir o monarcha portuguez a ceder parte
dos seus direitos, e sem embargo tambem das diligencias, que
em 1767 fizeram o conde Piccolomini e o cardeal seu irmão ,
por intermedio da senhora de Tarouca , para que o ministro
portuguez em Vienna se empenhasse em conseguir uma recon
ciliação , recusando-se este a enviar communicação alguma
n'este sentido ao seu governo , quando a elle lha não entregas
sem por escripto. Parece que o cardeal Torregiani era quem
obstava a qualquer accommodação das partes.
O publico começava já a falar da separação ; e quanto mais
se fala n’um assumpto, por atterrador e repulsivo que seja em
principio , mais depressa nos familiarisamos com as suas cir
cumstancias, e perde a supposta importancia e imaginario hor
ror, em que era tido ; e, d’este modo , os portuguezes olhavam
com indifferença para um acto , de que viam ir-se approximan
do cada dia a realisação , porque era inevitavel e portanto in
deploravel. O clero depressa partilhou este sentimento, e o ar
cebispo d'Evora não hesitou em dar o exemplo na concessão
de dispensas de casamentos sem a intervenção da curia de Ro
ma. A primeira , que concedeu, foi em 1767 ao conde de Vi
meiro para poder casar com sua prima D. Theresa de Mello .
Todos os mais bispos lhe seguiram o exemplo , e o governo
passou ao mesmo tempo a preencher os varios beneficios vagos
desde 1760 .
Concorains, parnej
eepini Simon
Papa Clement
Byeriberta
I groga dedel .
MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL 203
30 DE MARÇO DE 1763
Influencia da superstição. Nova seita dirigida pelo Bispo de Coimbra. Suas opi
niões. Piedade de Pombal. Livros prohibidos pelo Bispo. É deposto de sua Sé,
e lançado n'uma prisão. Representação do Tartufo, em Lisboa. Seabra. Estado
do Ministerio em 1772. Resultados das medidas de Pombal. Despacho de mr.
Walpole . Morte de Clemente XIV . Opiniões ousadas e livres de Pombal. Con
cessão unica na historia da Egreja feita por Clemente XIV . Eleição do novo
Papa. Appendice . Extracto de um despacho.
é
ceios das consequencias d’uma eleição imprudente, porque
o que se pode inferir da conversação , que teve com mr. Wal
pole ; e que o ministro inglez assim refere :
«Na correspondencia que teve (conforme me disse o mar
quez ) com o duque de Choiseul durante o pontificado de Cle
mente XIII , o Marquez de Pombal não hesitou dizer que não
ficava bem ao governo francez mostrar-se supplicante para com
a Curia de Roma ; que a França devia ter feito marchar parte
das suas tropas para Roma; e, depois de separar o papa do
geral dos jesuitas e dos outros seus maus conselheiros, tratan
do -o com a honra devida ao seu caracter sagrado , metter to
dos estes em prisão . Se a França tivesse feito isto, disse elle ,
teria livrado o papa dos receios e apprehensões que tinha por
causa dos jesuitas, e a Europa ficaria expurgada de similhante
casta de gente, continuando tambem o duque de Choiseul a
dirigir os negocios da França.»
“ Não duvido,» continua mr. Walpole , « que o Marquez de
Pombal ainda julgue (sem embargo da extincção dos jesuitas),
que umamedida, como a que recommendou ao duque de Choi
seul, venha ainda a ser precisa para constranger à Curia Ro
234 MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL
que tinha por fim subverter esta feliz constituição , e que, sen
do levados ao papa , que os sellou com o sello da inquisição,
foram depois remettidos á deputação dos cardeaes, à quem
exclusivamente está confiada a gerencia de tudo quanto tem
connexão com os jesuitas. Como é provavel que o Marquez de
Pombal, valendo -se das relações que tem em Roma, possa obter
estes documentos curiosos concernentes aos jesuitas, e , que
S. M. Britannica deseja ver, podeis expressar o desejo , sem
mencionardes o nome do rei, de que empregue o seu poder
para o fim referido, ao que me parece elle não deixará de
prestar-se, attendendo a que o Marquez é um inimigo declara
do da companhia de Jesus, e que não pouparia por isso esfor
ços alguns para expor os seus membros á geral animadversão.»
Todos os extractos precedentes são de interessante e ex
traordinaria importancia , e demonstram a energia de Pombal,
e os designios ainda mais vastos que de certo teria concebido
e executado , se a esphera d'acção em que se movia tivesse sido
mais ampla. Pouco depois chegou a noticia da eleição do novo
padres anto , não parecendo em principio que aquelle, em quem
ella caira , fosse obnoxio á côrte de Lisboa, porque Pombal
disse ao nuncio, em ar de gracejo , que, se soubesse que o que
elegeram era propicio aos jesuitas, o teria visto (a Pombal) fa
zer - se lutherano .
CAPITULO XX
tes foi feito com dinheiro portuguez. Todos estes jardins estão
reduzidos a um pequeno recinto, cercado de muros com as
commodidades indispensaveis, para um certo numero de ervas
medicinaes, e proprias para o uso da faculdade medica, sem
que se excedesse d'ellas a comprehender as outras ervas, ar
bustos, e ainda arvores de diversas partes do mundo, com que
se tem derramado a curiosidade já viciosa, já transcendente dos
sectarios de Linneo , e que hoje tem arruinado as suas casas,
para mostrarem um malmequer da Persia, uma assucena da
Turquia, e uma geração , e propagação de aloes com differen
tes appellidos, que as fazem pomposas. Debaixo pois d'estas re
gulares medidas deve v. ex.“ fazer delinear este plano, redu
zido somente ao numero de ervas medicinaes, que são indispen
saveis aos exercicios Botanicos, e necessario para dar aos es
tudantes as noções precisas, para que não ignorem esta parte
da medicina , como se está praticando em outras universidades
acima referidas com bem poucas despezas. E para tirar toda a
duvida, pode v. ex.a determinar por uma parte, que S.M.não
quer jardim maior, nem mais sumptuoso que o de Chelsea , da
cidade de Londres, que é a mais opulenta da Europa ; e por
outra parte, que debaixo d’estas idéas se marque o lugar e fa
ça a planta d'elle com toda a especificação de suas partes, e se
calcule , por justo orçamento, o que ha de custar o tal jardim
de estudo de rapazes, e não de ostentação de Principes, ou de
particulares , e d'aquelles extravagantes, e opulentes que estão
arruinando grandes casas para mostrarem Bredos, Beldroegas,
Poejos da India , da China, e da Arabia .
Marquez de Pombal. »
da es
negocios estrangeiros, a quem se distribuiram gravuras
tatua equestre, bem como aos mais ministros.
D. José, para mostrar a distincção em que tinha o seu mi
nistro, dignou -se mandar que uma effigie d'elle em bronze, in
alto relievo , fosse collocada no pedestal aos pés da sua esta
tua. Este monumento d’um reinado feliz e florescente será pa
ra o povo , durante seculos, uma recordação da epoca mais glo
riosa da sua historia ; e, á proporção que for passando o tem
po , que a todos faz justiça , assim o nome de Pombal irá sendo
proferido com maior respeito , admiração e gratidão por todos
os portuguezes, em cujos corações houver logar para abrigar
um sentimento d'honra pela sua patria.
Porem estes regozijos tiveram precedentes, que bem perto
estiveram de mudar o caracter da scena , convertendo a alegria
publica em tristesa , e uma festa de jubilo n’uma occasião de
effusão de sangue e de crime. Foi o caso um attentado diabo
lico para Pombal ser assassinado no primeiro dia dos festejos.
A descoberta prematura da conspiração obstou á execução das
intenções dos malvados, e a prudencia com que sobre isto se
guardou segredo durante aquelles dias, fez que os referidos
festejos não fossem adiados, e que Lisboa não fosse theatro de
consternação e horror. O autor principal da maquinação era
um italiano chamadº João Baptista Pelle , que, havia tempo,
residia em Lisboa. É de então que podemos datar a origem
d'aquellas machinas infernaes, que tanto damno e alvoroço tem
ultimamente causado em França. Ora, o segredo com que o tra
ma foi urdido não foi tanto , que Pombal não viesse a sabel-o ;
e , dada busca á casa do cabeça do attentado no começo da
n'oute do dia , em que devia ser posto em execução o referido
trama, encontrou -se -lhe no quarto uma machina de destruição
formada por 3 tubos metallicos com arratel e meio de polvora
cada um , 4 garrafas com um arratel de polvora cada uma, e
uma pequena barrica muito forte contendo tambem 4 arrateis
de polvora. Junto a este engenho horrivel estava uma mecha
de tal sorte disposta, que havia durar 15 horas accesa antes de
communicar o fogo á polvora. Foi tambem encontrado no quar
Marquez de Pombal.
Breve Pontificio para a suppressão de nove conventos . Suas rendas são trans
feridas para o convento de Mafra. Varios éditos. Casa de Pombal em Oeiras.
Canal em Oeiras. Real Companhia de Pescarias. Villa Real de Santo Anto .
nio. Decreto a favor dos christãos novos. Observação d’um embaixador in
glez . Manuel Fernandes de Villa Real. Conto popular. Varios decretos. Es
tabelecimento d’um novo hospital. Inquerito acerca das prisões particulares
dos conventos. Morte de D. Luiz da Cunha. Decretos. Estado do commercio
em 1774 e 1775. Extensa plantação de amoreiras. Fabrico das sedas. Asma
nufacturas são protegidas Tratado com Marrocos. Morte do Cardeal Salda
nha. Doença de D. José. Casamento do principe da Beira com sua tia. Morte
do Rei. Appendice. Extractos de despachos da Secretaria dos Negocios es
trangeiros.
O Marquez de Pombal .
«N’uma das digressões , que fiz em Portugal com o fim de visitar o interior
d'este reino , fui vêr o Marquez de Pombal. Eu lhe era recommendado d’am mo
do particular, motivo pelo qual me recebeu com todas as attenções possiveis. Co
nhecia este ministro de fama, e era inexprimivel o desejo, que en tinha de co
nhecel-o pessoalmente. Cheguei pois á villa de seu nome, e, da minha hospe
daria lhe escrevi com o fim de saber a hora en que lhe poderia entregar as car
tas, que tinha para elle. Alli me dirigi pelas dez horas da manhã, e fui introdu
zido na habitação d'este grande homem . Actualmente está algum tanto melhor
alojado, mas na épocha em que o vi, estava n'uma pobrissima casa, e dorinia
n'um quarto , cujas paredes tinham sido estucadas de novo .
«As maneiras do Marquez de Pombal são agradaveis e attenciosas em extre
mo. Fez -memil perguntas ; affectou ignorar completamente o que se passava pela
Europa. Pediu -me que o informasse dos acontecimentos . Até me fez perguntas
relativas a Portugal, e sobre o estado em que se achava Lisboa. Quiz saber que
motivo, ou acaso me conduzia aquelle logar tão affastado.- Costumado , lhe disse
eu , a viajar desde minha mocidade , visito sempre o interior dos paizes , que per .
corro , não melimitando as cidades principaes, e portos de mar , nos quaes nada
ha de novo a estudar. Mas além d'isto desejava conhecer quem tanto tinha be
neficiado o seu paiz . Entrámos pouco a pouco em conversa : convidou -me a pas
sar com elle oito dias, e fez-me ficar para jantar e cear n’aquelle dia . Exprimi
lhemeu espanto sobre o estado, em que tinha achado Lisboa , attendendo ao pou
co tempo decorrido depois desua catastrophe. Respondeu -me que presentemente
não cuidava em nada d'isso ; achava-se velho, e pensava em descançar ; porém
que, se a Providencia the tivesse conservado seu amo por mais tempo , ter -se -hia
esforçado em continuar com o mesmo zelo a empreza, cuja execução apenas pu
MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL 305
restava em
Pombal passou muito tempo do que ainda lhe
ordenar os seus negocios, em rever os seus papeis , e em escre
ver sobre varios objectos relativos á sua administração . Dos
poucos escriptos do seu punho , que as guerras civis, a emigra
ção , e outras calamidades deixaram chegar até nós, ha um que
dera esboçar ; e que, sem duvida , teria lançado os alicerces d’um palacio para o
rei. Patenteou -me o magnifico plano, que tinha adoptado para este edificio . Si
tuado n'uma pequena eminencia , perto de Belem , teria dominado o mar e a ci
dade, seria construido no centro d’um grande jardim , cercado de altos muros,
aos quaes estariam de distancia em distancia contiguos os palacios dos principaes
senhores da côrte, e os aposentos das pessoas, que n'elles fossem obrigados a re
sidir por causa de seus cargos.»
10 Marquez de Pombal trouxe comsigo muitos livros : ou lê , ou manda ler
continuamente : os livros são todos francezes. Falla nossa lingua tão facilmente,
como nós mesmos : sabe egualmente bem o allemão, inglez , e italiano. Não pro
nunciava sem grande ternura o nome de seu respeitavel amo. « Honrava -me, di
zia elle, com sua confiança. Perder seu rei e seu amigo ! É uma prova forte de
mais para eu poder resistir a ella ! Por isso o sol para mim perdeu o brilho de
seus raios ! Nada , nada me pode indemnisar da perda, que padecil, A isto al
gumas lagrimas caíam de seus olhos. Em vão procurava desviar a conversa para
um outro assumpto , para este me levava sempre.--Ao menos, continuava elle ,
aqui serei feliz . Vedes esta choupana ? Não éminha : tomo-a de aluguer. Aquelle
homem accusado de não ter pensado mais que ein si, nem mesmo na sua terra
inandou construir um aposento .) — Depoismostrando -me um grande edificio novo
É um armazem pertencente á villa . Mandei-o construir para n'elle se guardarem
os cereaes, dos quaes está cheio . Emfim , á maneira de Sully , viverei mais afor
tunado em meu retiro , que no meio dos grandes e da côrte. Deixaram -me trazer
meus livros, e por isso pouco me resta a desejar .,
Acabava , quando a marqueza de Pombal, sua mulher, chegou : teve a bon
dade de me apresentar a ella . Conserva ainda uma parte de seus dotes pessoaes;
e veste-se com muita arte e gosto . É discreta, sem duvida ; porém não possue a
força , nem o valor de seu marido para tolerar sua situação . No tempo da pros
peridade do Marquez de Pombal tinha a seus pès os grandes e o povo : sua casa
era uma especie de côrte. Quando os homens a iam visitar, punham -se de joelhos
para lhe beijarem a mão, segundo o costume do paiz . Sua vaidade, lisongeada
por tantas adulações, não se pode acostumar ao isolamento , a que foi condemna
da pela desgraça de seu marido. Desamparada de toda a gente , solitaria, n’uma
villa desviada de povoações, a unica satisfação que tem , é de vêr seus filhos , que
algumas vezes vão passar com ella quinze dias. Nascida allemã, tem o orgulho
das grandes familias da sua nação , e, depois de ter tido tanto de que lisongear.
se, geme em segredo na expiação. Tentou disfarçar suas máguas, mas não o pô
de conseguir por muito tempo . Passados dez minutos de conversação , achavam
se seus olhos arrasados de lagrimas. « Aquillo e proprio de seu sexo, me dizia o
Marquez ; consolal-a é para mim uma outra occupação,mas seguindo meu exem
plo, bem depressa aprenderá a supportar nosso infortunio ., Úm instante depois
Vieram participar, que o jantar estava na mesa . « Vinde, disse -me elle, tomar
parte na comida frugal d’um eremita.. Em vez de comida frugal, que me an
nunciava, encontrei uma mesa bem servida , e na qual nada se resentia de sua
desventura,nem mostrava o sainete da desgraça . Ao todo não passavamos de tres.
A conversa foimuito jovial. Entrei a fallar com a marqueza a respeito de Alle
manha, e por algum tempo fallamos na sua lingua. Foi breve o jantar, ou pelo
menos assim me pareceu : o calor era excessivo. »
Depois de nos levantarmos da mesa , cada um foi descancar por algunsmo
306 MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL
mentos. Approveitei-me d’este tempo para ir percorrer o logar habitado pelo il.
lustre par . Não é tão desagradavel, como em Lisboa m’o tinham pintado . N'uma
altura estão as ruinas d’um velho castello , offerecendo uma vista bastante pitto
resca ; as aguas são excellentes.)
« Ao sair de casa do Marquez deparei á sua porta com mais de duzentas pes.
soas, a quem se distribuia pão e caldo.D'este modo é que elle tem adquirido um
grande numero de partidarios, que o exaltam mesmo em sua desgraça : pareceu
me ser bem quisto de todos oshabitantes do lugar. Finalmente depois d'um pas
seio de cerca de duas horas, voltei para casa do Marquez, a quem encontrei no
meio de seus livros. Continuamos a conversa . Perguntou -me se tinha visto a ce
remonia da coroação da rainha. Advinhei onde queria chegar : respondi-lhe que
sim , e que me parecia ter-se celebrado com muita pompa e magestade. Quiz sa
ber se eu tinha reparado em todos os encommodos, a que seus inimigos se tinham
entregado para o perderem , e até me pediu alguns pormenores a respeito da ma
neira como o povo tinha procedido . Disse-lhe quanto sabia, e accrescentei que
esta circumstancia era mais um triumpho para elle, porque demonstrava não só
a impotencia de seus adversarios ,mas até sua animosidade. A estas palavras dis.
se-me com a maior vivacidade, a qual lhe fica muito bem — « Avançam um pa
radoxo, fazendo-se interpretes do povo : mandam -lhe dizer que me deteste ! Mas
isso é impossivel : minhas acções, meu procedimento , tudo me assegura do con
trario . O povo portuguez não me pode odiar, e vós ides ouvir a razão. Que é o
portuguez hoje ? Que era elle quarenta annos antes ? Não o puz eu em estado de
já não ter necessidade de seus visinhos ? Não estabeleci eu por toda a parte as
artes, as officinas, o ensino ? Não fiz além d'isso reedificar um terço da cidade
de Lisboa ? Não propaguei a actividade, e não derramei o bem estar por entre
os operarios ? Não : por todos os direitos, que eu creio ter ao reconhecimento
d'esse povo, tenho -o por assaz justo, para me querer devorar : e até não o fez.
Vou dizer -vos quaes os authores de quanto podereis ter ouvido e percebido no
tempo da coroação. Os fidalgos, que se obstinavam em suas insolentes prelen
sões, as quaes eu quiz anniquilar , empregaram todos os meios possiveis para me
perderem . Elles não podiam decentemente mostrar-se à frente do partido perse
guidor. Que fizeram ?'Escolheram algumas de suas creaturas, que disfarçadas em
barbeiros, cosinheiros, marinheiros etc., divagavam pelos lugares publicos, des
accreditando-me, e pintando-me com as mais horriveis cores. O povo , que facil
mente é seduzido , secundou um resentimento, ao qual lhe faziain crer ser um de
ver associar- se . Aborrecia-me, porque lhe diziam que assim era mister. Varias
pessoas, que vós conheceis, accrescentou elle, com o fin de malquistar-me, an
daram por alguns dias debaixo d’um tal disfarce , confundiram - se com a ralé , e
inventaram calumnias, que lhe apresentaram como verdades incontestaveis. Fi
nalmente quanto obrei, foi por ordem de meu amo, e nada tenho de que arre
pender-me. Accusaram -me principalmente de ter sido cruel ; mas obrigaram -me
a ser rigoroso . Quando eu annunciava as ordens do rei, e não faziam caso d'el
las, era indipensavel recorrer á força : as prisões e os carceres foram os unicos
meios, que encontrei para domar esse pavo cego e ignorante."
« D'esta forma passei em casa d'este ministro cinco dias nas conversasasmais
interessantes. Teve a bondade de communicar-me a respeito de Portugal varias
noções e reflexões, de que fiz uso no decurso de minha obra.
MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL 307
C
Compendio historico e analytico do juizo que tenho formado
das dezesete cartas continuadas na collecção estampada no
anno de 1777 em Londres no idioma inglez, e recebidas na
villa de Pombalnos principios de janeiro do anno de 1780. »
Incessantes ataques contra Pombal. Motivos que teve para escrever uma apolo .
gia de seus actos. Publica uma Contrariedade que mandou queimar. Nomeam
se juizes para o interrogarem sobre a sua conducta . Carta de Pombal a seu
filho . Grande interesse sobre o resultado de seu interrogatorio . É pronunciado
injusto e nullo o decreto de 12 de janeiro de 1759. São declarados innocentes
os conspiradores contra a vida de D. José. Decreto contra Pombal. Reflexões
sobre sua injustiça .
Pedi- lhe
sabes, que nunca quiz exceder nas minhas mais graves enfer
midades ; e tenho por desveladas enfermeiras, tua mãe, e duas
filhas, que são inseparaveis do meu leito. Somente será preci
so que as venhas buscar, quando eu chegue a fallecer. E adeus,
meu filho, até quando Deus Nosso Senhor for servido ; e o mes
mo Senhor te guarde, e felicite, como cordialissimamente te
deseja teu pae.-Sebastião José de Carvalho e Mello .»
DECRETO
10 marechal conde Daun foi o primeiro que (sem ser principe) teve a ordem
de Maria Thereza .
SUPPLICA
D. MARIA I
MARQUEZ DE POMBAL
SENHORA :
meios que tivera para haver os bens que tinha adquirido , e dos
mesmos bens adquiridos de novo, especificando quaes , e quan
tos elles eram , com os preços que lhe tinham custado, concluin
do, que para todo o referido , e para estabelecer as suas con
sideraveis rendas, se valera das applicações que tinha feito a
economia domestica , que sempre foi venerada entre as virtu
des dos grandes homens de todas as nações antigas, e moder
nas , e do bom uso que fizera das mesmas economias.
Esta é tambem a mesma identica defeza , que o supplicante
offerece contra asactuaes declamações das suas arguidas rique
zas, declarando antes de tudo, o que não teve e poderia ter se
o quizesse possuir , passando depois a especificar os meios que
teve para adquirir bens muito maiores, e mais importantes do
que são aquelles que possue, especificando ultimamente quan
tos e quaes fossem estes ditos bens adquiridos, pendente o seu
ministerio .
« d'El- Rei, era justo que El-Rei não perdesse de vista a casa
«do Marquez.)
Benignidades e expressões regias, que bastando por si só
mente para premiarem serviços muito maiores que os do sup
plicante, fizeram com que este não ousasse jámais dizer ao
graciosissimoMonarcha, que se achava gravado em dividas, por
não tentar a sua regia magnificencia ao pagamento d'ellas.
Não teve o mesmo supplicante interesse algum no commer
cio interior d'estes reinos e seus dominios , ou no dos paizes
estrangeiros , e por isso nada entrou pela barra de Lisboa que
lhe pertencesse , e nada despachou nem na alfandega grande ,
nem na casa da India , como n’ellas sempre foi publico, e será
notorio, exceptuando só uns poucos de castiçaes de cobre bran
co , que o piloto Dionizio Ferreira lhe trouxe na sua ultima via
gem da China, em retorno de vinte e oito mil e oitocentos réis ,
que para contental-o, lhe havia mandado dar na sua despedi
da , depois de muitos rogos seus, para aquelle insignificantissi
mo emprego .
Não teve donativo algum de qualquer especie que fosse,
ou de commerciantes, ou de outras pessoas de profissões diver
sas ; nem o seu nomese achará por isso notado em livro algum
de casa de negocio, com partida alguma de despeza , que con
tenha dadiva feita ao mesmo supplicante .
Não teve nunca diamantes consideraveis, dixes de valor
e cousas preciosas, ou quaesquer outras peças que fossem de
importancia , exceptuando somente um habito de Christo, que
a etiqueta da côrte de Vienna d'Austria o obrigou a fazer n’ella
para os dias de galla , e que depois das partilhas que o suppli
cante fez dos seus bens, deu a seu filho o conde de Oeiras, pa
ra o desmanchar e unir a outras pedras, que a condeça sua
esposa tirou das suas poucas joias para formar o outro habito
de que o sobredito conde usa nos dias mais festivos; sendo aliás
o que recebeu do supplicante, de tão pequena estimação , que
na referida partilha foi avaliado em seiscentos mil réis .
Não teve alguma d'aquellas grandes, custosas e delicadas
baixellas, que sempre tiveram os ministros que occuparam os
importantes lugares que o supplicante serviu . Sómente conser
vou a de que tinha usado nas cortes estrangeiras com alguns
344 MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL
EM CINTRA
OBRAS EM LISBOA
9 :000 $ 000
364 MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL
Transporte... 9 :0008000
de Louriçal, com faculdade e provisão regia ,
na quantia de .. 10 :0003000
Pela venda de outra pequena quinta , chamada
dos Regos, e fazendas a ella annexas, sitas
na villa de Montemor-o -Novo , feita a Anto
nio da Silva Laboreiro ,mercador na mesma
villa , o que consta da escriptura , que segun
do lembrança que ha , não foi menos de.... 1 :8003000
Pela venda de outra quinta da Barroca , sita na
Panasqueira , vendida a Joaquim Ignacio da
Cruz Sobral, com provisão regia , por ser de
morgado, como tambem constará da escriptu
ra de venda.. 10 : 0003000
Pela venda de outra quinta, sita no Carregado ,
feita com provisão , por ser tambem perten
cente a morgado , ao provedor dos armazens
José Joaquim de Larre.. 10 :0003000
Pela venda de umas apolices da companhia de
Pernambuco, pertencentes ao morgado de Lu
· cenas, vendidas a Polycarpo José Machado ,
para empregar em bens de raiz, para o mes
mo vinculo ... 4 :0858000
Pelas fazendas, e armazens do porto de Villa
Velha , vendidos a Francisco José Caldeira ,
por provisão regia, por serem tambem vin
culados, como constará da escriptura a quan
tia de.... 10 :000 $ 000
Pelas vendas dos prasos da Ega , e Alencarse,
e pelas terras das lezirias sitos no campo
da Villa de Pereira , junto a Montemor -o- Ve
iho , feitas com provisão regia ao desembar
gador João Pereira Ramos de Azevedo Cou
tinho , para as reunir as outras consideraveis
fazendas,que tem n'aquellas partes pela quan
tia de .... 6 :4009000
61: 2873000
MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL 305
SUPPLEMENTO
13:8309719
MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL 367
Transporte .. 13:8308719
Ao mestre serralheiro, Gonçalo José, das obras
de seu officio , que fez para as sobreditas ree
dificações , se achou agora dever-se-lhe de res
to .... 9008000
Ao mestre canteiro, Manuel Vicente, de outro
resto de pedrarias que forneceu para a obra
fronteira a Santa Maria Magdalena ... 2598272
A Guilherme Weingarthen , de umas cancellas de
ferro, que se ignorava acharem -se ainda por
pagar . 8698700
A Manuel Caetano de Mello , de umas duzias de
planchas que vendeu para as ditas obras ... 152$ 000
A Antonio Rodrigues Martins do resto das plan
chas que costumava comprar por minha con
ta na cidade do Pará (note-se que este di
nheiro se deve entregar a João Antonio Pinto
da Silva , que sempre se empregou, e recebeu
n'esta corte o dinheiro das planchas, queman
dei comprar pelo dito Antonio Rodrigues Mar
tins, para elle remetter, em razão de corres
pondencia que ficou conservando com o so
bredito desde que se recolheu d'aquelle esta
do a este reino ).
Á fabrica do engenho demadeira, que tambem
se ignorava . 600 $ 000
A Manuel José de Figueiredo , que tem loja de
bebidas na Rua Nova de El-Rei, os quaes lhe
pediu o contador do marquez, Estevão Anto
nio de Montes , na confiança da amizade que
com elle tem , e da sua abundancia de cabe
daes, para não pararem os pagamentos das
ferias das obras do Carmo, e dos jornaes dos
artifices, que n'ellas trabalhavam . 600 $ 000
A DanielGil deMeester, pelo valor de um adere
ço de diamantes, que se lhe comprou para o
17:2118691
VOLUME 20
368 MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL
Réis .. 44 :8158561
Pombal, 29 de março de 1777.
MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL 369
N.° 4
N.° 5
33 : 365 $629
372 MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL
Rs... 55 : 1808944
N.° 6
1970
1771
1772
1773
23:8538369
374 MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL
1774
N.° 7
4438300
MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL 376
1976
31:4838140
376 MEMORIAS DO MARQUEZ DE POMBAL
Transporte .. 31:4838140
FEVEREIRO. — Por importancia das semanas de 2 ,
9 , 16 , 23 e 29.. 2 :454 $ 137
Por importancia de vigamento e taboado de pi
nho de Flandres, comprado a diversos, e de
madeiras das terras dos pinhaes das Vendas
Novas , como consta da collecção junta á re
lação da despeza do dito edificio , que se não
incluem nas folhas .... 6 :799 $600
Por importancia de porção de terreno que se
adjudicou por arrematação feita pela inspec
ção do Bairro Alto ao chão do morgado da
casa , que n'esse sitio possuia . 7158850
O contador, Montes.
N.° 8
PRIMEIRA OBRA
SEGUNDA OBRA
QUARTA OBRA
DECRETO
FIM
INDICE
PAGI
CARTA AO EX.no sR . ROBERTO PEEL VI
PROLOGO . IX
CAPITULO XIII — Medidas fiscaes ; são supprimidos vinte e dois mil collecto
res de impostos ; o imposto militar é substituido pelo da decima; admi
ravel reducção na despesa da arrecadação da receita publica ; estado das
finanças na França anteriormente á administração de Sully ; modo de
Pombal conservar uma relação do dinheiro publico ; reformas na Ucharia ;
receita e população n’esta epocha ; Henrique IV e D. José : Sully e Pom
bal ; anedoctas de Pombal . 163
CAPITULO XXVI — Incessantes ataques contra Pombal; motivos que teve para
escrever uma apologia de seus actos; publica uma Contrariedade queman
dou queimar ; nomeam -se juizes para o interrogarem sobre a sua condu
cta ; carta de Pombal a seu filho; grande interesse sobre o resultado de
seu interrogatorio ; é pronunciado injusto e nullo o decreto de 12 de ja.
neiro de 1759 : são declarados innocentes os conspiradores contra a vida
de D. José; decreto contra Pombal; reflexões sobre sua injustiça .... 321
CAPITULO XXVII – Conclusão ; plano do author ; reflexões sobre D. José e
Pombal; estado do paiz depois da morte d'este ; seu desinteresse confron
388 INDICE
PAG .
tado com o de Sully ; Pombal apresenta á rainha uma relação dos seus
bens, rendimentos da casa; morte de Pombal; suas exequias; epitaphio
que lhe pozeram no tumulo ; é mandado apagar pelo governo; epilogo :
supplica á rainha apresentando-lhe uma relação minuciosa dos seus bens,
esiado d'elles e como os adquirira ... 331
31
339
89010333441
b8901033 34 4 1 a
89010333441
b 890103334 4 1 a